Terminei essa semana...nem acredito..., mas foi muito bom.
A última parte, sem dúvida, foi a que eu mais gostei, tanto por ela em si, que traz personagens interassantíssimos e traz ainda uma visão muito humanizada da 2ª GM, uma visão dos soldados alemães, que não se preocupavam com idelologias nazistas, mas tão somente em sobreviver ou desertar (há inclusive um momento que para mim foi muito poético, quando Hans se refugia na casa abandonada de Ansky e encontra seu caderno e ao lê-lo sente-se virtualmente muito próximo do rapaz, se preocupando sinceramente com ele), quanto pelo fato de que ela faz vc gostar do livro todo. Ainda bem que não desisti nos crimes - que é um campo magnético que atrai todas as outras partes para si, e é como diz Bolaño - "neles se esconde o segredo do mundo"
Passei o livro todo tentando entender o título e ele acaba sem explicação, mas na nota à primeira edição há uma pista: sobre um ano e um cemitério.
Algumas das partes que tomei nota:
Uma conversa entre poucos, em que todos se ouvem, refletem e ninguém grita, costuma ser mais produtiva, e no pior dos casos, mais descontraída que um diálogo maciço, que corre o risco permanente de se transformar em um comício ou, pela necessária brevidade das intervenções, numa sucessão de palavras de ordem tão prontamente formuladas quanto desaparecidas.
Pois toda virtude, salvo na brevidade do reconhecimento, carece de esplendor e vive numa caverna escura rodeada por outros habitantes, alguns muito perigosos.
É bem sabido que a história, que é uma puta simples, não tem momentos determinantes mas é uma proliferação de instantes, de brevidades que competem entre si em monstruosidade.
Não havia tempo para delicadezas...apesar de Lotte desconfiar de que era precisamente aquele o tempo das delicadezas, dos detalhes, das atenções sensíveis.
Eu me introduzo nos sonhos deles, eu me introduzo em seus pensamentos mais vergonhosos, estou em cada tremor, em cada espasmo das suas almas, eu me meto em seus corações, esquadrinho suas ideias mais primárias, escruto seus impulsos irracionais, suas emoções inexprimíveis, durmo em seus pulmões durante o verão e em seus músculos durante o inverno, e faço tudo isso sem o menor esforço, sem pretendê-lo, sem pedi-lo nem procurá-lo, sem coerção alguma, impelido tão só pela devoção e pelo amor.
Será que Jesus Cristo, que aparentemente tudo sabia, soube que a terra era redonda e que no leste viviam os chineses... e a oeste os povos primitivos da América? E respondeu a si mesmo que não, se bem que, claro, ter uma ideia do mundo, de certa maneira, é coisa fácil, todo o mundo tem, geralmente uma ideia circunscrita à sua aldeia, limitada ao torrão, às coisas tangíveis e medíocres que cada um tem diante dos olhos, e essa ideia do mundo, mesquinha, limitada, cheia de sebo familiar, costuma sobreviver e adquirir, com o passar do tempo, autoridade e eloquência.
E para terminar:
Parafraseando algo que está escrito na página 666:
2666, juro pelos astecas que nunca vou te esquecer.