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Erro fatal nessa lógica: supus errôneamente que cada página leva um minuto pra se ler. Não importa, o princípio ainda vale: uma página, um minuto de jogo, etc.
 
Eu estou atrasado no cronograma. :dente: Vou devagar, mas chego lá.
Por mim, podem fazer as considerações de todo o resto do livro, pois já o conheço, e não me estragarão a surpresa. Não precisa ninguém ficar restrito ao cronograma, ao menos por mim.

Tem alguém aí lendo pela primeira vez e indo aos pouquinhos, conforme o cronograma? :think:
@Zirak-tarâg ?
 
Capítulos 17 a 20:

Achei que o livro deu uma caída. Parece que o autor subestima a inteligência do leitor.
Fica repetindo a todo momento que "Ufa, ainda bem que a Mina está fora disso, assim não se expõe ao perigo".
Além da insistência de repetir o mesmo argumento a todo momento, chega ao absurdo dela não poder nem saber o que eles estão fazendo, para preservá-la. Pô, ela datilografou todos os diários e cartas pra galera, que tratavam dos detalhes de até então, inclusive do banquete das criancinhas e das mortes da sua amada Lucy (quando viva e quando morta-viva), mas não pode saber dos caras procurando umas caixas de terra pela cidade? Ridículo.
Fora que eles sabem que a propriedade ao lado é usada pelo conde, que o Rensfield tem conexões com ele, mas ninguém pensa que não é uma boa ideia deixar a Mina lá, nem depois que ela começa a apresentar sintomas parecidos com os da Lucy logo após os avisos do lunático. Nem mesmo tentam proteger a casa com crucifixo, alho e hóstia. No mínimo o Rensfield devia estar guardado com alho até o teto.
 
Gente, a cena da "segunda morte" da Lucy é muito significativa. Toda aquela coisa nobre de deixar o Arthur pôr fim ao sofrimento da amada pode ser vista sob outro viés: já que ele não teve o prazer sexual, que tenha o prazer advindo da demonstração de sua virilidade como guerreiro. De um jeito ou de outro, preserva-se o estatuto do homem que é muito homem.

Dr. Seward disse:
Todos olhamos para Arthur. Ele também havia decifrado aquela sutil gentileza: era sua mão que deveria resgatar nossa Lucy, transformando-a de novo em uma memória sagrada, em vez de uma memória demoníaca. (grifo meu)

Tá, agora, sem deboche, só uma constatação, mesmo: romantismo em sua mais pura essência, né? A ideia da mulher como anjo, não maculada, e tudo o mais. Bora lá manter a ideia da Lucy platônica, idealizada, a Lucy por quem todos se apaixonaram; a Lucy a quem não era preciso temer, porque era assexuada, não um ser desejante.

Dr. Seward disse:
Arthur colocou a aguçada ponta de madeira sobre o peito do cadáver; fixei os olhos no ponto em que a estaca pressionava a carne branca. E então Arthur golpeou com toda a força. (grifo meu)

espanhola necrófila, Arthur? Sério? :rofl:

Dr. Seward é muito voyeur, né? :dente:

Dr.Seward disse:
Mas Arthur não fraquejou. Parecia uma imagem de Thor: seu braço implacável subia e descia, fazendo a estaca penetrar cada vez mais fundo, enquanto o sangue jorrava do coração trespassado em violentos esguichos, para todos os lados. O rosto dele estava duro e impassível, totalmente concentrado em seu dever; essa visão dos encheu de coragem e nossas vozes retumbaram ainda mais alto entre as estreitas paredes do jazigo. E então as convulsões diminuíram, as mandíbulas se aquietaram, a face deixou de se contorcer. O corpo ficou totalmente imóvel. A terrível missão estava cumprida. (grifo meu)

"Mas Arthur não fraquejou": CHUPA, BOLSONARO!

"Seu braço implacável subia e descia": braço, né? Sei.

"a estaca penetrar cada vez mais fundo": sim, a estaca. hahahaha

Tá, agora, falando sério: o trecho citado suscita inúmeras interpretações, né? Certamente, há incontáveis análises do teor sexual da cena em questão. Isso foi tão bem escrito que é melhor do que cenas eróticas em livros que se dizem eróticos. A descrição do orgasmo não poderia ter sido melhor ficcionalizada.

Outra coisa: não sei se vocês notaram, mas, quando se trata da morte de vampirAS, as descrições são mais pormenorizadas, e a coisa é bastante violenta; com requintes de crueldade, até. A morte do Drácula, a meu ver, é bastante sem graça; é quase como que "um ato de respeito" ao grande homem que ele supostamente foi.

Sobre o que o Finarfin comentou:

Meu Deus, sim! Embora a Mina estivesse sob o domínio do conde, aqueles homens é que pareciam mentalmente escravizados pelo Drácula. Ninguém percebe que a mulher começa a ficar chorosa, começa a ficar sonolenta, começa a ficar emotiva e tem lapsos de "não raciocínio lógico", sendo que uma de suas características mais visíveis era o "cérebro de homem" (no contexto do livro, isso é um elogio :roll:), o que deveria significar um cérebro astuto.

Apesar de irritante e, como bem disse o Finarfin, "subestimar a inteligência do leitor", as patacoadas que esses homens cometem denotam um comportamento "tipicamente"* masculino: o de decidir a vida das mulheres como se elas não estivessem ali, sem perguntarem a opinião delas, sem perguntarem o que elas querem. (Mais uma vez, preciso dizer: não me esqueci do contexto do livro; só quero apontar o fato de que essa é uma prática que persiste).

*Tipicamente por causa da socialização por que passam os homens, né? Eles são criados para tomarem decisões; são criados para governarem o mundo; são criados para serem foda pra caralho, e tudo o mais. Para a sociedade, o homem deve esconder quaisquer vestígios de vulnerabilidade no mais profundo do inconsciente, e fingir que tá tudo bem, o tempo todo.
 
Essa cena da estacada na Lucy, com todo mundo em volta olhando, foi comparada, simbolicamente, a um estupro coletivo por alguém, citado de passagem na introdução do meu livro. :lol:
 
Uma coisa que eu acho fantástica, e tá lá no capítulo XVIII, acho, é quando diz que "o vampiro pode fazer o que desejar". BINGO! Desloca-se o desejo, algo intrinsecamente humano, para o monstro. É aquela coisa: o monstro revela, e o maior pavor que ele nos causa é o de revelar o que nos obrigamos, social e moralmente, a esconder.

Como não amar a literatura gótica, meu Deus do céu?​
 
Nāo, não estragaram nada, não. Eu gosto dos clubes de leitura justamente pra ver a forma como as pessoas entendem as histórias. Eu sou um leitor bem superficial, então eu não costumo ter grandes insights com os livros.

Talvez o leitor crie a história tanto quanto o autor. Na vida também é assim: você recebe o que você entrega.
 
Apesar de irritante e, como bem disse o Finarfin, "subestimar a inteligência do leitor", as patacoadas que esses homens cometem denotam um comportamento "tipicamente"* masculino: o de decidir a vida das mulheres como se elas não estivessem ali, sem perguntarem a opinião delas, sem perguntarem o que elas querem. (Mais uma vez, preciso dizer: não me esqueci do contexto do livro; só quero apontar o fato de que essa é uma prática que persiste).​

Mas não é só isso. O fato deles não quererem que a Mina saísse caçando o vampiro, pela sua segurança, eu compreendo perfeitamente. Não dá pra esperar uma Buffy em um livro do fim do século XIX.
Mesmo se eles não quisessem que ela soubesse sobre o vampiro, para preservar sua mente, coração, espírito, ou seja lá o que for, também seria compreensível pelo mesmo motivo supracitado.
O que me incomodou é que ela toma parte ativamente nos pré-planos. Se informa sobre tudo, tem acesso a todos os detalhes mais repugnantes, para logo em seguida não poder saber que eles estão procurando caixas com terra pela cidade. Não consigo ver coerência nisso.

Mas a parte que mais "subestima a inteligência" é a necessidade do autor citar diversas vezes como eles estão aliviados pela Mina não estar mais lidando com assunto, portanto, segura. Sério, não precisa ficar repetindo isso a todo momento, já deu pra entender. Ele claramente quer criar um impacto maior quando os caras descobrirem que a Mina não estava nada segura, mas eu acho exagerado essa insistência em bater a todo momento na mesma tecla e acaba tendo o efeito reverso. Nem expectativa no leitor ele cria com isso, porque pra quem lê já dá pra sacar que a Mina tá se dando mal. Sei lá, não gostei dessa parte.
 
Última edição:
Alguns comentários ainda do cronograma anterior:
- Quando o Van Helsing entrega pro Seward o diário do Jonathan contando seus causos com o conde e diz que o que está ali dito pode ser o começo do fim de ambos e de outros, mal imaginaria ele que séculos depois tal preocupação com o ocaso da humanidade pelos pecaminosos hábitos do vampiro seria parafraseada em um debate presidencial no Brasil pela frase "aparelho excretor não reproduz"
- Contudo, Van Helsing dá mostras de ter alguns lapsos progressistas quando diz, logo em seguida, para o Seward ler o diário com a mente aberta. Quem sabe ele mesmo já não esteja sendo cooptado pela sedução do vampiro e esteja em busca de certa aprovação social.

Agora, seguindo o cronograma dos capítulos 21 a 24:
- "all the man in him awake in exertion" aqui o Stoker demonstra toda a sua habilidade com a palavras ao descrever a ereção de Jonathan com a classe e dignidade que o romance merece.
- Temos também a cena em que a Mina se reputa como suja, impura e indigna de tocar ou beijar seu amado Jonathan, pois está maculada com sangue. Uma referência histórica ao tabu do sexo durante a menstruação que ainda se reproduz em parcela significativa da população. Curioso que ainda hoje em dia ouço associações de tal prática com o termo vampiro.
- Fecho minhas observações com a descrição da Mina com o Drácula, pegos no flagra, e sua confissão, envergonhada "ó meu Deus, o que eu fiz", quando o conde abre a roupa, põe pra fora e ela o chupa, sucumbindo ao desejo, com clara associação do prazer com o pecado, seguido do arrependimento e culpa típicos da moral cristã. Irônico pensar como uma seita que surge das catacumbas, com práticas hematófagas e canibais como seu principal sacramento se torna um bastião contra os pecados da carne e vincula os vampiros e ghouls a manifestações demoníacas sob influência de satanás.
 
com práticas hematófagas e canibais como seu principal sacramento
Off Topic: O Novo Testamento não apresenta nenhuma doutrina clara e completa sobre a eucaristia. Mas eu entendi o que você quis dizer, você deve estar se referindo a denominações cristãs que consideram a eucaristia o corpo e o sangue de Cristo de forma literal, diferente das que a consideram o corpo e o sangue de Cristo de forma simbólica (ou apenas um memorial).

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Continuo não entendendo direito como o Renfield foi se envolver com o Drácula. Terminei o livro há algumas semanas, talvez eu esteja de novo esquecendo alguma coisa.
 

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