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Bem, meus dois centavos sobre os capítulos, bem atrasadão... :timido:

1) Pessoal reclamou que o capítulo 5 estava sonífero. Eu acho normal que, depois daquela tensão toda no relato do Jonathan Harker, fosse preciso diminuir o passo e recomeçar bem devagar. É como se o diário do Harker fosse um prólogo, daí vem o título do filme... tchananã... "Drácula"... E o filme começa de fato numa cena bobinha qualquer, passarinhos chilreando num dia de sol, meninas bonitas dando risadinhas etc. Aliás, é consenso que em obras longas (sejam filmes ou até poemas compridos), é impossível — e mesmo indesejável — manter a voltagem alta o tempo inteiro. É tipo imaginar um peça de teatro toda feita de clímax. Eu gosto dele e é importante pra ir introduzindo os pretendentes à mão da Lucy, que irão depois compor o grupo responsável por caçar o Vampirão. É importante mostrar como eram todos excessivamente nobres, honrados e dispostos a defendê-la mesmo depois da friendzone etc. Fazem quase um pacto à semelhança do pacto feito pelos gregos para defender Helena, fosse quem fosse o escolhido por ela. E, claro, o capítulo serve també pra introduzir a Lucy e a Mina. A Lucy e sua safadezinha peculiar de quem gostaria de poder casar-se com todos (vale nada, ordinária... #amo).
No desenvolver da narrativa faz sentido essa apresentação. Ela não está ali à toa. Mas não deixa de ser bem bléh.

3) O capítulo 7 é uma delicinha e já retoma, em parte, a tensão que fora abandonada nos dois anteriores, com aquele relato bacana sobre o navio. No 8, mais informações sobre Lucy sendo chupinhada pelo Vampirão e sobre Renfield. Alguém questionou se o Drácula já o influenciava muito antes. Acho que não. A loucura dele, de comer animais pra sugar a essência vital, acho que era genuína dele mesmo, enquanto louco. Acho apenas que o Drácula o percebeu como um perfeito candidato a servo fiel e o manipulou desde que aportou na cidade. Tanto mais que ele não fazia nenhuma menção ao "Mestre" antes disso.
Mas o Renfield menciona a certa altura que estava adorando o Mestre por muito tempo e à distância:
"I have worshipped You long and afar off."
 
Pois é. É uma declaração estranha. Talvez ele identifique no Drácula alguma entidade divina/demoníaca à qual prestasse culto anteriormente, em suas loucuras. Não vejo como o Vampirão o teria podido influenciar desde lá na Romênia, por exemplo. Talvez uns poucos dias antes de aportar no navio ele já pudesse exercer alguma vaga influência... :think:
 
Dracula e Jonathan..... Lucy e Mina......
Jonathan convalescendo em Budapeste, em estado de negação, sem querer lembrar sobre o que o Drácula fez a ele, pedindo para a Mina não lhe mostrar o seu próprio diário. A freira que, apesar de não contar à noiva as coisas abomináveis que ele falava em seus delírios, afirmou a ela que não tinha outra mulher na jogada. O casamento apressado como forma de cura do passado.
Bom, não quero afirmar nada, mas, ao que parece, os pecados que o conde cometeu com o Jonathan eu não ouso nomear em fórum tão cristão como este.

Todo o desenrolar da trama da Lucy nos próximos capítulos confirma que a lenga lenga do capítulo 5 não foi a toa, temos aqui, além do médico holandês, os três pretendentes, nobilíssimos, dispostos a dar o sangue para salvar sua amada, mesmo que preteridos por ela. Também reforça a escolha da Lucy, destacando como Arthur é mais tudo que todos os outros - que homem, meus Deus! - só faltou descrever-lhe o sangue como sendo literalmente azul.
Apesar de toda a afetação do cap 5 e destes seguintes, da pra entender que faz parte do estilo da época.

Ainda na trama da Lucy, que povo burro, Santo Cristo. Toda vez que ela fica sozinha dá ruim, já quando tem alguém de guarda tudo passa bem. E os caras insistem em deixá-la sozinha. Tem as desculpas, mas pra mim não colam muito. A única justificativa plausível é pra fazer a narrativa seguir o caminho, mostrando os nobres homens dando o sangue pela Lucy e o seu final trágico que vai ter a consequência que sabemos ser fundamental pra história mas vou fingir que não sei porque ainda não chegamos lá, apesar do Dr. Van Helsing já deixar escapar algo em seus misteriosos e fatídicos comentários.

Eis que aqui retorna minha grande dúvida que persiste desde da primeira leitura. O Van Helsing usa FLORES de alho, e não o bulbo. Até fui verificar se em inglês eles chamam o bulbo de flor de alho, mas não, flor é flor mesmo. Alguém aqui já viu ao vivo uma flor de alho e sabe dizer se ela é fedida? Acho curioso que em todas as mídias eu sempre encontrei o bulbo ou os dentes de alho sendo usados, mas no livro do grande clássico estão flores, como assim?
Eu sei que dente de alho é repelente a insetos hematófagos, mas da flor nunca ouvi falar nada além desse livro. Sabem dizer se a lenda do alho contra vampiros é anterior ao livro e se era usada o dente/bulbo ou as flores? e por que tudo (ou ao menos a maioria) que veio depois não reproduziu as flores do livro?

A cena descrita pela Lucy no papel encontrado em seu peito é um primor. Eu estava lendo de madrugada aqui e quase fui verificar na janela se não tinha nada estranho lá fora.
 
Última edição:
"Com uma sensação de orgulho pessoal, vi um toque de cor ressurgir nos lábios e na face de minha doce menina. Esta é uma experiência que nenhum homem pode entender, até que tenha passado por ela: sentir o próprio sangue sair de seu corpo e entrar nas veias da mulher amada."

Stoker, seu safadinho...
E o diário é do médico, não do noivo.
:hxhx:

Por enquanto só quis trazer esse trechinho pra vocês. Depois volto ao tópico. :tchau:
 
Gente, passei para dizer que tô AMANDO o fato de vocês não se esquivarem de uma análise que aponte as interpretações sexuais referentes ao livro (mesmo que estejamos fazendo isso num tom jocoso). As insinuações são muito intensas para que possamos olhá-las de modo inocente.

Não li o tópico da discussão anterior sobre o livro, mas duvido que ele tenha sido tão divertido quanto este. Sem querer puxar a sardinha para o nosso lado, mas acho que, provavelmente, esta é a melhor edição do Clube de Leitura.

Agora, um problema: se eu não comentar os capítulos da semana é porque já tô com a leitura adiantada, e vou começar a confundir, tudo, na hora de comentar. Eu empolguei, e tô lendo uns três capítulos por noite.
 
Em que parte vocês estão no cronograma, se é que estão seguindo as datas? Li até o capítulo XX. Estou curioso pra saber o que os leitores de primeira viagem estão achando do Van Helsing. Uma dúvida sobre algo que o doutor disse nos capítulos posteriores:
então, o vampiro só pode entrar aonde ele foi convidado e, uma vez convidado, ele pode voltar sempre que quiser. Mas como ele estava de tempo em tempo mordendo a Lucy se ela estava dentro da casa dela? Provavelmente estou esquecendo alguma coisa óbvia, então digam aí.
 
Giu:
Ele a mordia na janela, eu acho. Como a própria Mina relatou uma vez ter visto a Lucy no parapeito com um morcegão em volta dela.
 
Como avisei, ali em cima, fui além do cronograma (acho que tô no vigésimo capítulo, mas tô lendo outra coisa, agora, e não vou ligar o Kindle para conferir; só leio Drácula à noite) e, por isso, já tô confundindo tudo. Vou tentar falar um cadinho sobre a Lucy (porque os capítulos que narram seu martírio são muito bons!) e, se eu falar coisa que tá fora do cronograma, cês me avisem, por favor, pra eu correr aqui e editar.

O senso de humor do Van Helsing é algo que aprecio muito. Por exemplo, quando Arthur, ao chegar a casa e ser informado pelo médico de que Lucy precisaria de sua ajuda, respondeu: "O que posso fazer? Farei tudo o que me pedir. Minha vida pertence a ela; por Lucy, eu daria até minha última gota de sangue!" a resposta de Van Helsing foi maravilhosa: "Meu jovem senhor, não peço tanto. Com a última gota de sangue você pode ficar". :rofl: Quando Van Helsing entra em cena, ele ocupa todos os espaços, né? Ele usa de uma retórica admirável ao fazer a ponte entre a Ciência e as superstições.

A personalidade da Lucy sempre fascinou a todos os que a rodearam. Acho bonito, e triste, quando ela, num gesto de altruísmo extremo, encenava estar bem, para que a mãe e o noivo não ficassem preocupados. Chega a dar um aperto no peito ao pensar no destino da moça. Quando Lucy já estava bem adoentada, acho que quase nos seus momentos finais de vida, Arthur chegou para visitá-la, e ela disse, com "uma voz voluptuosa" [grifo meu], as seguintes palavras: "Arthur! Meu amor, você veio para mim! Estou tão feliz... Me beije!" Sobre esse momento, o dr. Seward comentou, no seu diário: "Van Helsing, como eu, ficara assombrado pela voz lasciva de Lucy — mas sua paralisia durou apenas um segundo". [grifo meu].

É interessante que, desde sua primeira aparição no romance, Lucy é descrita como uma pessoa angelical, que é gentil e doce com todos. E ela o é, enquanto o Sol predomina. Com o anoitecer, a moça tem sonambulismo e, imersa em sonhos intranquilos, comete pequenas transgressões, como querer sair, se arrumar para sair, entre outros. Talvez, essa sua suscetibilidade aos mistérios noturnos tenha sido o principal motivo pelo qual Drácula conseguiu dominá-la. Nesse ponto, uma vez sob as garras do vampiro, cujos dentes sugavam sua vida, noite após noite, a personagem encarna a figura do duplo: com os olhos abertos, a doce Lucy; com os olhos fechados, e longe da luz, a Lucy de feições sensuais e assustadoras.

Afinal, mulheres sensuais assustam; não nos esqueçamos do contexto em que o romance foi escrito e dos pressupostos da literatura gótica. Aqui, inclusive, entram os meus grifos, nas citações anteriores, porque ambas as palavras pertencem ao campo semântico sexual, o que significa que a equiparação entre sensualidade e mal é bastante intensa e explícita no romance. Repito: não estou fazendo uma análise anacrônica, porque já fiz a ressalva sobre o contexto, só não podia deixar passar o comentário.

Aquela Lucy cujo pescoço fora tomado pelos dentes, afiados (e fálicos), do Drácula, começou a prevalecer, o que significa que a Lucy domada estava com os dias contados. Aquela Lucy que, como as pulsões, atuava na penumbra, ao aparecer diante da luz (quando expressou o seu desejo de beijar o noivo, na frente de todos), condenou-se à morte. É interessante o deslocamento que se dá de algo intrinsecamente humano, isto é, o desejo sexual, para a figura do vampiro, isto é, do que, no plano do real, não existe. O monstro, nessa perspectiva, personifica o retorno do que foi recalcado, né? Boa literatura é um trem atemporal, mesmo. :grinlove:
 
Um trechinho do capítulo XXI; vou colocar no spoiler porque alguns ainda não chegaram nessa parte:
"Van Helsing, Art, and I moved forward to Mrs. Harker, who by this time had drawn her breath and with it had given a scream so wild, so ear-piercing, so despairing that it seems to me now that it will ring in my ears till my dying day."
É de arrepiar a forma como a coisa toda é narrada. Sobre o Van Helsing, ele é mesmo um dos personagens que mais chamam a atenção no livro, dominando a cena quase sempre que aparece.

A Lucy, no trecho citado pela Melian, fica com um comportamento parecido com o das mulheres no castelo do Drácula, mas não sei dizer o quanto da individualidade dela (personalidade, memórias, etc.) se manteve. Ela reconhece o Arthur e o chama pelo nome, mas é uma Lucy distorcida, tanto que nos capítulos posteriores, Mina se refere a ela como "a falsa Lucy".

Li até o capítulo XXIII, então faltam só alguns pra terminar o livro.
 
Seguindo o cronograma (capítulos 13 a 16):

- Jonathan se depara com um homem, a quem ele reconhece como o conde rejuvenescido, nas ruas de Londres, enquanto este encarava uma bela mulher. Jonathan tem um siricutico, tudo indica que uma crise de ciúme e do choque do encontro inesperado com o seu ex-abusivo, com quem o término do relacionamento fora mal resolvido.

- Jonathan retorna de seu siricutico com amnésia, sem lembrar que avistara o conde, em claro sinal de negação.

- Van Helsing diz que vai deixar o Jonathan "manly" (com características de homem, viril), evidenciando o preconceito que o pobre Jonathan devia sofrer à época, que pode ter contribuído em muito para seu estado de negação.

- Van Helsing também se refere a Jonathan com o adjetivo "queer". Ok, eu sei que essa palavra não tinha a mesma conotação de hoje, assim como quando se usa gay para a Mina não significa que ela queria abocanhar a Lucy (será?), mas pelo bem da diversão, a gente relava essas informações

- Dr. Seward diz em dado momento que o Van Helsing está histérico como uma mulher. Não precisa ir no século XIX pra esse tipo de associação, lembro de quando eu ainda tinha dicionários impressos em casa que o verbete para Histeria fazia uma associação clara à condição feminina. Hoje em dia, procurando no Google, o verbete aparece assim:
  1. HISTÓRIA DA MEDICINA
    doença nervosa que, supostamente, se originava no útero, caracterizada por convulsões.

  2. comportamento caracterizado por excessiva emotividade ou por um terror pânico.
    "h. coletiva"

- Ai, Arthur, que homem cristão perfeito, uma pena que não teve tempo de constituir uma família de bem com a Lucy. (Parece que quanto mais velho eu fico, menos saco eu tenho para o idealismo do período romântico.) Toda essa exacerbação da magnanimidade e pureza cristã me fez lembra do "Eu sou a Lenda" que li logo antes do Drácula, em que o narrador, em dado momento, se questiona se um Vampiro ateu, judeu, ou muçulmano, por exemplo, sentiria repulsa da cruz? Se a Lucy fosse hinduísta, a hóstia utilizada para selar a sua tumba teria algum efeito? Ou seria melhor usar manteiga clarificada?

- Tem a passagem que a Lucy morta-viva é comparada à Lucy viva, e o contraste é que a primeira tem uma boca voluptuosa e a segunda é pura. Bom, acho que a Melian já comentou o suficiente sobre isso em post anterior. Só queria apontar que com isso temos o selo de moralidade aprovada pelo comitê de fãs beatas de Tolkien.

- Curiosidade amena para fechar: Tem uma passagem que é dito que Arthur treme como um álamo (trembling like an aspen). Eu li Drácula a primeira vez já deve ter pelo menos uns 15 anos. Com toda certeza esse é o tipo de metáfora que me passou batido à época. Já nessa leitura o apoio tecnológico é muito maior, e pude colocar no Youtube pra ver como é um álamo tremelicante:
 
Última edição:
O tanto que eu gargalhei do post do Finarfin, meu Deus do céu! :rofl::rofl::rofl:

Aproveito o gancho para comentar um trem:

Ao saber que o casamento de Lucy se aproximava, Mina escreveu uma carta para a amiga, e isto aqui quase me matou de rir:

Jonathan pediu que eu lhe enviasse suas "respeitosas saudações", mas acho que isso não é o bastante para o sócio júnior da importante firma Hawkins & Harker; então, já que você me ama, e ele me ama, e eu amo os dois em todos os tempos e modos do verbo "amar", prefiro dizer simplesmente: Jonathan lhe envia todo o seu amor.

Se a Lucy não tivesse partido tão cedo, rolaria um threesome. 🤭
 
Última edição:
Três noites, seguidas, de futebol ferraram com o meu ritmo acelerado de leitura. Se não fosse por isso, eu já teria terminado, também. Eu sou muito viciada em futebol, e se tiver jogo na TV aberta, não consigo ficar sem ver. Agora, por exemplo, verei Internacional x São Paulo. 🤭
 
Três noites, seguidas, de futebol ferraram com o meu ritmo acelerado de leitura. Se não fosse por isso, eu já teria terminado, também. Eu sou muito viciada em futebol, e se tiver jogo na TV aberta, não consigo ficar sem ver. Agora, por exemplo, verei Internacional x São Paulo. 🤭
Sugiro que você leia uma página, aí olhe para o jogo por um minuto; aí você lê mais uma página, vê mais um minuto do jogo, e assim por diante. No final do jogo, você terá lido 45 páginas e visto 50% do jogo, sem contar o intervalo que dá pra ler umas pagininhas também, caso não pare pra descansar.
 

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