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25 de Março – Dia de Ler Tolkien

Contra as expectativas, terminei o Retorno do Rei ontem! :joy:

E agora estou lendo "Contos Inacabados"... a parte do Tuor. Mas meldels, é água pra tudo que é lado, não é à toa que tem o Ulmo!! :lol:

Morri de rir na cena em que apareciam os cisnes dando a pena pro Tuor e ele as colocou no elmo... se acontecesse de verdade ia ficar engraçado! :mrgreen:
 
Uma das passagens mais tristes d' O Retorno do Rei: a morte de Théoden. Chorei litros lendo num ônibus cheio, indo para a faculdade.

E lá estava Meriadoc, o hobbit, em meio aos mortos, piscando como uma coruja à luz do dia, pois as lágrimas turvavam-lhe a vista; e através de uma névoa ele olhou para a bela cabeça de Éowyn, que estava deitada e imóvel; olhou então para o rosto do rei, que caíra em meio à própria glória. Pois Snawmana, em sua agonia, rolara o corpo outra vez para longe dele; apesar disso fora a ruína de seu senhor.
Merry abaixou-se e levantou a mão do rei para beijá-la, e foi tomado de surpresa: Théoden abriu os olhos, que ainda brilhavam, e falou numa voz tranquila, apesar da dificuldade.
— Adeus, Mestre Hobbit! — disse ele. — Meu corpo está destruído. Vou ao encontro de meus antepassados. E mesmo na poderosa companhia deles eu agora não me sentirei envergonhado. Derrubei a serpente negra. Uma manhã cinzenta, um dia alegre, e um ocaso de ouro!

Merry não conseguiu dizer nada, mas chorou mais uma vez.
— Perdoe-me, senhor — disse ele finalmente —, se desobedeci á sua ordem, e apesar disso não consegui fazer mais nada a seu serviço do que chorar na sua despedida.

O velho rei sorriu.
— Não chore! Está perdoado. Não se pode repudiar um grande coração. Viva feliz agora, e, quando estiver em paz fumando seu cachimbo, pense em mim! Pois nunca mais poderei me sentar ao seu lado em Meduseld, como prometi, nem escutarei você falando sobre o estudo das ervas. — Fechou os olhos, e Merry curvou-se ao lado dele. De repente o rei falou de novo. — Onde está Éomer? Pois meus olhos escurecem, e eu gostaria de vê-lo antes de partir. Ele deve me suceder como rei. E eu gostaria de mandar uma palavra para Éowyn. Ela, ela não queria que eu a deixasse, e agora não a verei de novo, ela que me é mais querida que uma filha.
— Senhor, senhor — começou Merry, gaguejando. — Ela está... – mas naquele momento houve um grande clamor, e por toda a volta cornetas e trombetas ressoaram.

Merry olhou ao redor: esquecera a guerra e o mundo ao seu lado, e tinha a impressão de que muitas horas haviam-se passado desde que o rei cavalgara em direção à própria morte, embora na verdade fizesse pouco tempo. Mas agora percebia que estavam correndo o perigo de ficarem presos bem no centro da grande batalha que logo começaria.
Novas forças do inimigo subiam depressa pela estrada que vinha do Rio; dos pontos sob as muralhas vinham as legiões de Morgul; dos campos do sul vinham a pé homens de Harad, precedidos por cavaleiros, e atrás deles assomavam os enormes lombos dos múmakil, carregando torres de guerra. Mas ao norte a crista branca de Éomer liderava a grande dianteira dos rohirrim, que ele outra vez reunira e ordenara; da Cidade veio toda a força de homens que lá havia, e o cisne prateado de Dol Amroth vinha na vanguarda, expulsando do Portão o inimigo.

Por um instante o pensamento passou pela mente de Merry: "Onde está Gandalf? Não está aqui? Não poderia ter salvo o Rei e Éowyn?" Mas neste momento Éomer se aproximava depressa, e com ele vinham os cavaleiros sobreviventes, que agora tinham dominado os cavalos. Olharam assombrados a carcaça do animal cruel que jazia ali, e seus cavalos recusaram-se a se aproximar. Mas Éomer saltou da sela, e a tristeza e o desespero desabaram sobre ele quando se acercou do rei e parou ao seu lado em silencio.
Um dos cavaleiros tomou a bandeira real da mão de Guthláf, o porta-bandeira que jazia morto, e a ergueu. Lentamente Théoden abriu os olhos. Vendo a bandeira, fez um gesto significando que ela deveria ser entregue a Éomer.
— Salve, Rei da Terra dos Cavaleiros! — disse ele. –Cavalgue agora para a vitória! Mande meu adeus a Éowyn! — Assim morreu, sem saber que Éowyn jazia ao seu lado.
 
Dentro do tema de paisagens, escolhi a passagem em que Pippin avista pela primeira vez Minas Tirith, no primeiro capítulo d'O Retorno do Rei:

Depois que Gandalf tinha cavalgado por algum tempo, a luz do dia aumentou no céu, e Pippin despertou e ergueu os olhos. À sua esquerda viu um mar de névoa, formando uma sombra desolada no céu ao leste, mas à sua direita grandes montanhas erguiam suas cabeças, formando uma cadeia que vinha do oeste e chegava a um final íngreme e abrupto, como se na formação daquela região o Rio tivesse irrompido através de uma grande barreira, esculpindo um poderoso vale a fim de transformá-lo numa terra de de batalha e debate nos tempos vindouros. E no ponto onde as Montanhas Brancas de Ered Nimrais chegavam ao fim ele viu, como Gandalf prometera, a massa escura do Monte Mindolluin, as sombras púrpuras e escuras de seus altos vales, e sua alta face branqueando no dia que avançava. E sobre o seu joelho protuberante ficava a Cidade Guardada, que com suas sete muralhas de pedra, tão fortes e antigas, não dava a impressão de ter sido construída, mas sim esculpida por gigantes nos próprios ossos da terra.

No momento em que Píppin olhava boquiaberto, as muralhas passaram de um cinza indistinto para um tom branco, levemente rosado pela aurora; e de repente o sol subiu acima da sombra do leste e enviou um raio que bateu na face da Cidade. Então Píppin deu um grito, pois a Torre de Ecthelion, erguendo-se altiva dentro das muralhas mais altas, brilhou contra o céu, reluzindo qual esporão de pérola e prata, alta, bela e elegante, com seu pináculo faiscando como se fosse de cristais; e bandeiras brancas se abriram e tremularam nos baluartes ao compasso da brisa da manhã, e alto e distante Píppin ouviu um toque cristalino, que parecia sair de trombetas de prata.
 
Li mesmo o Ainunlindalë e o Valaquenta. Mesmo não tendo descrições de paisagens, achei um bom trecho pra relembrar todo o processo da criação de Arda, o início da dissonância de Melkor e tudo mais. Sobre paisagens, eu gosto muito da descrição de Mordor quando os hobbits estão andando por lá. Achei a descrição tão intensa que me sentia sufocado com os ares fétidos do lugar (:lol:). Mesmo sendo um lugar horrível, é uma passagem que, pra mim, passa a realidade do que os hobbits sentiram naquele momento, mostrando a grande habilidade do Tolkien para falar de um lugar.
 
O Hobbit => Capítulo VIII Moscas E Aranhas (Floresta da trevas)

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ANDAVAM EM FILA INDIANA. A entrada para a trilha era como uma espécie de arco que conduzia a um túnel sombrio e era formada por duas grandes árvores que se inclinavam uma em direção à outra, por demais antigas e por demais estranguladas pela hera e cobertas de líquens para poderem suportar mais do que algumas folhas enegrecidas. A própria trilha era estreita e serpenteava em meio aos troncos. Logo depois, a luz na entrada era apenas um pequeno buraco brilhando lá atrás e o silêncio era tão profundo que seus pés pareciam retumbar no chão, enquanto todas as árvores se debruçavam para escutar.
À medida que seus olhos se acostumavam à escuridão, conseguiam enxergar, até certa distância dos dois lados da trilha, um vislumbre de luz verde e escurecida. Às vezes um fino raio de sol, que tivera a sorte de penetrar através de alguma abertura nas folhas lá em cima, e ainda mais sorte por não ficar preso nos galhos emaranhados e nos arbustos entrelaçados lá embaixo, cortava o ar, tênue e claro diante deles. Mas isso era raro, e logo cessou por completo. (...)

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Este é um trecho de O Hobbit através deste procurei a descrição de Mirkwood ou simplesmente Floresta das trevas, tendo em mente o tema “paisagem”. Mas Tolkien não fez exatamente uma “descrição” (da floresta), mas fez do lugar por onde a comitiva passou ou seja da trilha, nota-se a principio que o lugar é muito escuro tanto que o livro fala que era da cor de “Breu”.

(...) As noites eram a pior parte. Tudo ficava escuro como breu — não o que vocês chamam cor de breu, mas breu de verdade: tão negro que realmente não se podia ver nada. Bilbo experimentou abanar a mão na frente do nariz, mas não conseguiu enxergá-la de jeito nenhum (...)


É uma floresta muito sinistra; é onde habitam criaturas assustadoras, como é dito quando os anões tentam acender uma fogueira e vários “olhos” eram atraídos.

O fogo parecia atrair centenas de olhos ao redor deles, embora as criaturas, o que quer que fossem, tomassem o cuidado de nunca exibir seus corpos no bruxuleio das chamas. Pior ainda, atraía também milhares de mariposas cinza-escuras e negras, algumas quase do tamanho de uma mão, que batiam as asas e zumbiam em volta de seus ouvidos.

Logo se percebe que este não é um lugar super convidativo, em todos os momentos em que os personagens, ouvem falar dela é sempre algum ruim, do tipo não há muito o que comer lá, e isso desde os tempos remotos em que os hobbits viveram perto de suas proximidades. Nesta época ela ainda era, digamos assim pura, só depois que Sauron não tinha mais o que fazer plantou suas “garras” em Dol Guldor ao sul da floresta, e a tornou negra!!!

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Mas não para por aí não, há uma luz no fim do túnel em meio a tanta escuridão, os Elfos da floresta que eram diferentes dos Altos Elfos do oeste, além de mais perigosos e menos sábios que moravam ao norte. Também habitavam por lá e para eles a floresta era perigosa, mas nem tanto assim, pois este por muitas vezes gostavam de sair à noite a luz do luar para admirar as estrelas enquanto cavalgavam para caçadas, ou para montar e correr através das terras abertas.
De certa forma esta floresta (paisagem) afetava os personagens de forma diferente; se para uns era terrível e assombrosa para outros (habitantes da cidade do lago, elfos) era uma lugar tranquilo onde incômodo era coisa rara. :yep:
 
Última edição:
Na falta de tempo pra ler todo o Akallabêth, li apenas o finalzinho. Fica aqui a mesma citação que postei no facebook:

"Logo, diziam os mestres das tradições dos homens que uma Rota Plana deveria ainda existir para aqueles a quem era permitido encontrá-la. E ensinavam que, enquanto o novo mundo se afastava, o velho caminho e a rota da lembrança do oeste ainda continuavam, como uma imensa ponte invisível que passasse pelo ar da respiração e do vôo (que estava agora encurvado seguindo a curvatura do mundo), atravessasse Ilmen, que a carne desamparada não conseguiria suportar, até chegar a Tol Eressëa, a Ilha Solitária, e talvez ainda mais longe a Valinor, onde os Valar ainda moram e de onde observam os desdobramentos da história do mundo. E surgiram relatos e rumores, ao longo das costas do mar, sobre marinheiros e homens perdidos nas águas, que, por alguma sina, graça ou concessão dos Valar, haviam entrado pela Rota Plana e visto a superfície do mundo sumir abaixo deles, e assim chegaram aos cais Iluminados de Avallónë, ou mesmo às últimas praias no litoral de Aman; e ali comtemplaram, antes de morrer a Montanha Branca, bela e terrível."

O pós queda de Númenor é uma das minhas passagens favoritas do Silma, e já estava com saudades de ler. Toda essa descrição, mesmo que não tão detalhada, das terras à oeste chegam a arrepiar e me dão vontade sair rumando até Valinor...
 
Escolhi dois capítulos que contam de dois lugares que eu gosto bastante: A Floresta Velha e Lothlórien.
Li A Floresta Velha, porque eu amo os mistérios dessa floresta e acredito que o poder da Natureza está bastante contido nela, mesmo que seja de forma arisca e desconfiada. Mas no coração dela vive Tom Bombadil e Fruta D'Ouro, um ser enigmático que é a propria manifestação da natureza e Fruta d'Ouro, uma ninfa? Uma fada? Tudo na Floresta Velha é misterioso e maravilhoso. Não consegui escolher um trecho só, porque o capítulo todo descreve a Floresta Velha e seus mistérios e sustos, como o Salgueiro-homem.

Já Lothlórien eu escolhi a parte que fala do Nimrodel, porque consigo imaginar o barulho das águas correndo e isso me ajuda muito a meditar.

Tinham avançado pouco mais de uma milha na floresta quando encontraram um outro curso d'água que corria veloz das ladeiras arborizadas que de novo subiam para o Oeste, na direção das montanhas. Escutaram a água caindo numa cascata escondida nas sombras, à direita e um pouco mais adiante.
-Aquele é o Nimrodel! - disse Legolas. - Sobre esse riacho os elfos da Floresta fizeram muitas canções antigamente, e ainda as cantamos no Norte, relembrando o arco-iris sobre as suas cascatas, e as flores douradas que flutuavam sobre sua espuma. Tudo agora está escuro, e a ponte do Nimrodel está destruída. Vou molhar meus pés, pois diz-se que a água é curativa para os que estão cansados. - Foi à frente e desceu a margem íngreme, entrando com os pés na água.
 
Bem me esqueci por completo, confesso. Porém, reli algumas partes que eu gosto, como quando Lúthien chora para Mandos, quando Felagund duela com Sauron, quando Huan esculacha Sauron e quando Fingolfin deixa Morgoth perneta. O Duelo entre Felagund e Sauron me dá arrepios, imagino Felagun, nobre e altivo e Sauron, belo e terrível, ambos duelando, uma linda dança de palavras, mortal, poderosa e atemporal
 
Última edição:
Nenhuma passagem que descreve Gondolin.

#xateado

Comecei a ler Ainulindale, mas nem tive saco pra isso, affs
Vou ler outro dia, hoje não.

Só tava pensando: Quando Melkor mudou a afinação do Tema, e "alguns não foram fiéis e seguiram essa afinação", será que o Sauron não foi o primeiro a mudar, depois do Melkor? Aí explicaria o serviço que ele tem e tudo mais. Bem possível :think:
 
.

“Out of doubt, out of dark to the day’s rising
I came singing in the sun, sword unsheathing.
To hope’s end I rode and to heart’s breaking:
Now for wrath, now for ruin and red nightfall!

These staves he spoke, yet he laughed as he said them. For once more the lust of battle was on him; and he was young, and he was still unscathed, and he was king, lord of a fell people. But even as he laughed at despair he looked out again at the black ships and lifted his sword to defy them.
And then wonder took him, and great joy; and he threw up his sword in the sunlight and sang as he caught it. All eyes followed his gaze, and upon the foremost ship, a great standard broke, and the wind displayed it as she turned toward the Harlond. There flowered a White Tree, and that was for Gondor; but Seven Stars were about it, and a high crown above it, the signs of Elendil that no lord had born for years beyond count. And the stars flamed in he sunlight, for they were wrought of gems by Arwen daughter of Elrond; and the crown was bright in the morning, for it was wrought of mithril and gold.
Thus came Aragorn, son of Arathorn, Elessar, Isildur's heir, out of the Paths of the Dead, born upon a wind from the Sea to the kingdom of Gondor; and the mirth if the Rohirrim was a torrent of laughter and a flashing of swords, and the joy of the City was a music of trumpets and a ringing of bells. But the hosts of Mordor were seized with bewilderment, and a great wizardry it seemed to them that their own ships could be filled with their foes; and a black dread fell upon them, knowing that the tides of fate had turned against them and their doom was near at hand.” "TLOTR", "The Return Of The King", "The Battle Of The Pelennor Fields".

Velho trecho favorito de toda a sagrada trilogia :grinlove: .

.
 
Última edição:
já que eu ando doida pra ler O Silmarillion de novo, mas meio sem tempo, aproveitei o Dia pra ler o Capítulo XII - Dos Homens, que contém uma das minhas passagens favoritas:

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na falta de local e horário melhor, foi no cartório, durante o horário de almoço :amor:
 
Encontrei um artigo que fez lembrar desse tópico:

Tolkien’s Greatest Hits – The Most Impressive Wordplay from our Favorite Author

Most intimidating description of geography:

Ever and anon the furnaces far below its ashen cone would grow hot and with a great surging and throbbing pour forth rivers of molten rock from chasms in its sides. Some would flow blazing towards Barad-dûr down great channels; some would wind their way into the stony plain, until they cooled and lay like twisted dragon-shapes vomited from the tormented earth.
 
Resgatando o tópico (hoje é dia 25 de março :mrgreen:) - e em homenagem às cenas perdidas da animação de 1978, reli a luta de Gandalf contra o Balrog:

- Então conte-nos o que desejar, e o que o tempo permitir! - disse Gimli. - Vamos, Gandalf, conte-nos como se saiu com o Balrog!

- Não mencione esse nome! - disse Gandalf, e por um instante pareceu que uma nuvem de dor passava sobre seu rosto, e ele ficou sentado, com uma aparência mais velha que a morte. - Por muito tempo cai - disse ele finalmente, devagar, como se tentasse recordar com dificuldade. - Caí por muito tempo, e ele caiu comigo. O fogo dele me envolvia. Eu estava me queimando. Então mergulhamos em águas profundas e tudo ficou escuro. A água era fria como a maré da morte: quase congelou meu coração.

- Profundo é o abismo atravessado pela Ponte de Durin, e ninguém nunca o mediu - disse Gimli.

- Mas ele tem um fundo, além da luz e do conhecimento - disse Gandalf - Cheguei lá finalmente, às mais remotas fundações de pedra. Ele ainda estava comigo, Seu fogo estava extinto, mas agora ele era um ser de lodo, mais forte que uma serpente estranguladora.

- Lutamos muito abaixo da terra vivente, onde não se conta O tempo. Ele sempre me agarrava e eu sempre o derrubava, até que finalmente ele fugiu para dentro de túneis escuros. Estes não foram feitos pelo povo de Durin, Gimli, filho de Glóin. Muito, muito
abaixo das escavações d os anões, o mundo é corroído por seres sem nome. Nem mesmo Sauron os conhece. São mais velhos que ele. Agora, eu andei por lá, mas não farei nenhum relato para escurecer a luz do dia. Naquele desespero, meu inimigo era minha única esperança, e eu o segui, agarrando-me aos seus calcanhares. Assim ele me trouxe de volta, finalmente, aos caminhos secretos de Khazad-dûm: ele os conhecia muito bem. Fomos subindo sempre, até chegarmos à Escada Interminável.

- Ela está perdida há muito tempo - disse Gimli. - Muitos disseram que nunca foi construída, a não ser nas lendas, mas outros diziam que havia sido destruída.

- Foi feita, e não foi destruída - disse Gandalf - Da última masmorra ao pico mais alto ela subia, ascendendo numa espiral ininterrupta de muitos milhares de degraus, até finalmente atingir a Torre de Durin, entalhada na rocha viva de Zirakzigil, o pináculo do Pico de Prata.

- Ali, no Celebdil, havia uma janela solitária sobre a neve, e diante dela se deitava um espaço estreito, um ninho vertiginoso sobre as névoas do mundo. Lá o sol brilhava violentamente, mas tudo embaixo estava envolvido por nuvens. Ele saltou para fora, e no momento em que eu o alcançava explodiu em chamas novas. Ninguém estava lá para ver, ou talvez em eras posteriores alguém ainda cantasse sobre a Batalha do Pico. De repente Gandalf riu. - Mas o que diriam nas canções? Aqueles que olharam para cima de um ponto distante pensaram que a montanha estava coberta pela tempestade. Ouviram trovões; e relâmpagos, diziam eles, atingiam Celebdil e ricocheteavam em línguas de fogo. Isso não é o bastante? Uma grande fumaça se ergueu à nossa volta. O gelo caiu como chuva. Joguei o inimigo para baixo, e ele caiu e quebrou a encosta da montanha no ponto em que a atingiu ao ser destruido. Depois a escuridão me dominou, e eu me perdi do pensamento e do tempo, e vaguei muito por estradas que não vou contar.

- Estava nu quando fui enviado de volta - por um tempo curto, até que minha tarefa estivesse cumprida. E nu jazi sobre o topo da montanha. A torre atrás dela estava desfeita em poeira, a janela já não existia mais; a escada arruinada estava obstruída por rochas quebradas e queimadas. Eu estava sozinho, esquecido, sem possibilidades de escapar, sobre o duro chifre do mundo. Fiquei ali deitado, olhando para cima, enquanto as estrelas rodavam, e cada dia era longo como uma era na vida da terra. Chegavam aos meus ouvidos os rumores longínquos de todas as terras: o nascimento e a morte, o canto e o choro, e o gemido lento e eterno da rocha sobrecarregada. Então, finalmente, Gwaihir, o Senhor do Vento, me encontrou novamente, e me carregou para longe.
 
Hoje eu li um dos meus trechos preferidos, sobre meu personagem preferido, Théoden.
Nesse trecho, Tolkien o descreve em toda a sua glória e majestade... ele volta a ser o Rei e abandona a imagem de "velho louco gagá"

Retorno do Rei - Cap. A Cavalgada dos Rohirrim
Havia no ar um cheiro de fogo e uma sombra da própria morte. Os cavalos sentiam-se inquietos.
O rei estava montado em Snawmana, imóvel, assistindo à agonia de Minas Tirith, como se tomado por uma
angústia repentina, ou pelo terror. Parecia encolher-se sob o peso da idade. O próprio Merry se sentia como se um grande fardo de terror e dúvida houvesse caído sobre ele. Seu coração batia devagar. O tempo parecia se librar na incerteza. Haviam chegado tarde demais! Tarde demais era pior que nunca! Talvez Théoden vacilasse, talvez curvasse a cabeça e se virasse, indo embora furtivamente para se esconder nas colinas.
Então, de súbito, Merry finalmente a sentiu, sem sombra de dúvida: uma mudança.
Sentia o vento no rosto! Surgia uma luz fraca. Distantes, muito além e ao sul, era possível
divisar nuvens como formas cinzentas e remotas, subindo, flutuando: a aurora estava atrás
delas. Mas naquele mesmo momento houve um clarão, como se um relâmpago tivesse
saltado da terra sob a Cidade. Por um cáustico momento permaneceu feito luz
deslumbrante em negro e branco, com sua extremidade superior como uma agulha em
faiscas; e depois, quando a escuridão se fechou mais uma vez, veio retumbando pelas
colinas um grande estrondo.
Àquele som, a figura curvada do rei de repente se aprumou. Agora ele parecia alto
e orgulhoso novamente; e levantando-se nos estribos gritou numa voz poderosa, mais
cristalina do que qualquer um já ouvira um homem mortal produzir antes:
:cheer:
Acordem, acordem,
Cavaleiros de Théoden!
Duros feitos despertam;
jugo e massacre.
Quebrada será a lança,
trincado será o escudo,
em dia de espada,
vermelho, antes de o sol raiar!
Avante agora, avante!
Avante para Gondor!
:cheer:

E com isso tomou uma grande corneta da mão de Guthláf, seu porta bandeira, e
produziu um clangor tão forte que a corneta se partiu em dois pedaços. E imediatamente
todas as cornetas do exército se ergueram em música, e o toque das cornetas de Rohan naquela hora era como tempestade sobre a planície, e como um trovão nas montanhas.

Avante agora, avante! Avante para Gondor!

De repente o rei gritou para Snawmana, e o cavalo disparou. Atrás dele sua
bandeira tremulava ao vento, corcel branco sobre um campo verde, mas o rei era mais
veloz. Depois vieram numa carreira desabalada os cavaleiros de sua casa, mas o rei
sempre se mantinha à frente. Éomer cavalgava ali, o rabo- de-cavalo branco de seu elmo
solto ao vento, e a vanguarda do primeiro éored rugia como uma onda enorme que se
arrebenta em espuma na praia, mas não se podia alcançar Théoden. Parecia um
condenado à morte, ou então a fúria da batalha de seus antepassados corria como um fogo
novo em suas veias, e ele ia montado em Snawmana como um deus antigo, talvez mesmo
como Oromê, o Grande, na batalha dos Valar, quando o mundo era jovem. Seu escudo
dourado estava descoberto e era surpreendente ver seu brilho como uma imagem do Sol, ea relva se incendiava verde ao redor dos pés de seu corcel. Pois a manhã chegara, a manhã
e um vento do mar; a escuridão fora removida, e os exércitos de Mordor gemeram,
tomados de terror, fugiram e morreram, pisoteados pelos cascos da ira. E então todo o
exército de Rohan irrompeu numa canção, e cantando enquanto matavam, pois a alegria
da batalha estava neles, e o som de sua música, que era belo e terrível, chegava até a
Cidade.


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:amor::amor::amor:


playlist do youtube - 25/03
 
Última edição:
É de arrepiar esse trecho. Queria muito ver a corneta sendo quebrada no filme. Só que talvez não fosse possível fazer tal cena sem parecer algo caricato. Sei lá, na minha imaginação é foda. É um momento de pura inspiração divina, realmente como se o sopro dos Valar empurrassem os cavaleiros.

--

Só agora que vi a playlist. Nossa. Fodamente foda. <3
 
Última edição:
Um pouco longo, mas AMO esse poema que está na HoME!

Fiz desenho sobre ele e tudo mais...


lá vai:

You and Me
and the Cottage of Lost Play

We knew that land once, You and I,
and once we wandered there
in the long days now long gone by,
a dark child and a fair.
Was it on the paths of firelight thought
in winter cold and white,
or in the blue-spun twilit hours
of little early tucked-up beds
in drowsy summer night,
that you and I in Sleep went down
to meet each other there,
your dark hair on your white nightgown
and mine was tangled fair?

We wandered shyly hand in hand,
small footprints in the golden sand,
and gathered pearls and shells in pails,
while all about the nightingales
were singing in the trees.
We dug for silver with our spades,
and caught the sparkle of the seas,
then ran ashore to greenlit glades,
and found the warm and winding lane
that now we cannot find again,
between tall whispering trees.

There was neither night nor day,
an ever-eve of gloaming light,
when first there glimmered into sight
the Little House of Play.
New-built it was, yet very old,
white, and thatched with straws of gold,
and pierced with peeping lattices
that looked toward the sea;
and our own children's garden-plots
were there: our own forget-me-nots,
red daisies, cress and mustard,
and radishes for tea.
There all the borders, trimmed with box,
were filled with favourite flowers, with phlox,
with lupins, pinks, and hollyhocks,
beneath a red may-tree;
and all the gardens full of folk
that their own little language spoke,
but not to You and Me.

For some had silver watering-cans
and watered all their gowns,
or sprayed each other; some laid plans
to build their houses, little towns
and dwellings in the trees.
And some were clambering on the roof;
some crooning lonely and aloof;
some dancing round the fairy-rings
all garlanded in daisy-strings,
while some upon their knees
before a little white-robed king
crowned with marigold would sing
their rhymes of long ago.
But side by side a little pair
with heads together, mingled hair,
went walking to and fro
still hand in hand; and what they said,
ere Waking far apart them led,
that only we now know.
 

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