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"1984" (George Orwell)

Hobbit Bonzinho disse:
Li esses dias e gostei muito pq achei muito interessante, sobretudo, a atualidade do livro. Não sei se foi só eu mas, qd li sobre a questão do manter a população sob uma clima de guerra, não pude evitar de pensar nos EUA. O que me faz pensar: "Será que Bush leu 1984?" (acreditando que ele saiba mesmo ler )

O filme é citado dessa maneira no filme Farenheint 11 de setembro, do Michael Moore.

Eu pensei nisso enquanto viajava no filme Tiros em Columbine.
 
*ressucitando o tópico*

Só eu que acho o livro exagerado e um tanto "fora da casinha"? :eh:

Falando sério, uma bela ficção, mas um tanto distante da realidade totalitária e até mesmo humana.
 
Discordo, Rô. É um retrato tão perfeito da realidade humana que eu tenho dificuldades para falar sobre a obra sem acabar misturando assuntos, então vou escolher só um tópico para não me perder, ok?

Sem sombra de dúvidas uma das coisas mais perturbadoras no livro é a questão de como a humanidade lida com sua História. Veja bem, não é algo que aconteça só em regimes totalitários, e disso eu acho que vem o brilhantismo da crítica construída por Orwell.

Eu não lembro bem porqu já faz mais de um ano que li o livro pela última vez, mas enfim, se não me engano o protagonista trabalhava em um setor que 'corrigia' informações. (Se ele não trabalhava nesse setor, eu lembro da existência dele =þ). Pessoas, fatos, etc. que pudessem prejudicar os poderosos eram simplesmente 'apagados', alterados.

É impossível ler esse livro e não ficar com um belo ponto de interrogação na testa: até que ponto isso não acontece conosco também? Quem conta a História são os 'vencedores', temos o ponto de vista deles. Quem não foi 'apagado', que fato não foi levemente alterado?

Compreende que é aquele tipo de questão "em-caso-afirmativo-isso-muda-muita-coisa-em-que-acredito", não? É por levantar questões assim que acho 1984 um livro foda. A parte de dizer que liberdade é poder afirmar que 2+2 é 5 (ou whatever) é clichê. Se o livro fosse só isso eu concordaria com você.

Ah, enfim. Difícil falar do livro só com fragmentos dele na cabeça. Tentarei encontrá-lo para reler e aí desenvolvo melhor minhas idéias para você. =*
 
Eu começei a ler o livro tem uns dois dias. Por enquanto, estou gostando muito.

Não acho que tenha sido exagerado nem nada. Digo, ele é exagerado propositalmente pra fazer uma sátira e uma crítica ao regime socialista (o que está bem dentro do seu contexto histórico, visto que o livro foi escrito em 1948).

Depois que acabar eu volto aqui para discutir melhor. =*
 
Ana Lovejoy disse:
É impossível ler esse livro e não ficar com um belo ponto de interrogação na testa: até que ponto isso não acontece conosco também? Quem conta a História são os 'vencedores', temos o ponto de vista deles. Quem não foi 'apagado', que fato não foi levemente alterado?

Eu senti exatamente o mesmo.
E sim, o Winston trabalha nesse departamento.
 
Última edição:
Ana Lovejoy disse:
Discordo, Rô. É um retrato tão perfeito da realidade humana que eu tenho dificuldades para falar sobre a obra sem acabar misturando assuntos, então vou escolher só um tópico para não me perder, ok?

Sem sombra de dúvidas uma das coisas mais perturbadoras no livro é a questão de como a humanidade lida com sua História. Veja bem, não é algo que aconteça só em regimes totalitários, e disso eu acho que vem o brilhantismo da crítica construída por Orwell.

Eu não lembro bem porqu já faz mais de um ano que li o livro pela última vez, mas enfim, se não me engano o protagonista trabalhava em um setor que 'corrigia' informações. (Se ele não trabalhava nesse setor, eu lembro da existência dele =þ). Pessoas, fatos, etc. que pudessem prejudicar os poderosos eram simplesmente 'apagados', alterados.

É impossível ler esse livro e não ficar com um belo ponto de interrogação na testa: até que ponto isso não acontece conosco também? Quem conta a História são os 'vencedores', temos o ponto de vista deles. Quem não foi 'apagado', que fato não foi levemente alterado?

Compreende que é aquele tipo de questão "em-caso-afirmativo-isso-muda-muita-coisa-em-que-acredito", não? É por levantar questões assim que acho 1984 um livro foda. A parte de dizer que liberdade é poder afirmar que 2+2 é 5 (ou whatever) é clichê. Se o livro fosse só isso eu concordaria com você.

Ah, enfim. Difícil falar do livro só com fragmentos dele na cabeça. Tentarei encontrá-lo para reler e aí desenvolvo melhor minhas idéias para você. =*
Sabe qual é a questão?

Eu vejo todo mundo colocando o livro em completa similaridade com a realidade, enquanto o livro serve mesmo é de crítica, mas uma crítica um tanto caricaturada, entende? Nenhum regime totalitário funfaria em semelhantes termos e dogmas, a mente humana é menos restrita do que o Duplipensar prega.

Basicamente é isso que me perturba, nem tanto o livro em si, mas a interpretação que as pessoas fazem dele.
 
Não sei se é uma maioria que interpreta 1984 dessa forma, Rô. Pelo menos não no meu meio. :eh:

Eu sei que 1984 não se apresenta como crítica da mesma forma clara que A Revolução dos Bichos, mas me parece óbvio que o Orwell não tentou fazer retrato fiel de sociedade alguma ali, apenas criou uma para usar como pano de fundo para expor suas idéias a respeito de questões políticas e sociais.
 
Umm, é só pegar uns tópicos toscos que alguns falam seguidamente: "Leia 1984".

Mas isso é só um exemplo, etc.
 
Sim, falam de 1984 como uma alegoria, não como um fato concreto. É tipo eu falar "Para vc entender o que senti naquela hora, leia 'o coração denunciador' do Poe".
 
duplipensar, é? hmmm...

Li a versão em inglês em pocket... se antes já fiquei confusa em como traduzir termos como duckspeak ou doubleplusunplease, agora que não consigo pensar mesmo.

Uma boa parte eu pulei :mrgreen:

Talvez porque eu ache o Winston meio devagar em uns pontos. Julia é devagar em outros. Os dois se complementam, suportam um ao outro. E é engraçado que aí vemos que mesmo este pequeno refúgio não é tolerado pelo Partido, mesmo que isso não conduza a nada (pelo menos na mesma geração/vida).

O ponto que Orwell foi pessimista demais, foi a total deterioração de Winston, onde ele sabia que o modo BB não funcionaria para sempre. O´Brien era fanático que acreditava piamente que funcionaria, mesmo que fosse inteligente.

Até concordo que o sistema BB é brilhante, mas como Winston disse, há uma falha primordial no sistema BB. E a meu ver, reside na existência de O´Brien.

Entendam que Winston é o mais próximo que pode pensar como O´Brien. Ele mesmo fala isso. Claro que O´Brien sem as restrições e tendo as fontes para pensar "livremente" (apesar de que ele não faz e acredita piamente que 2 e 2 dão 5 porque BB mandou) se tornou melhor e mais inteligente que Winston.

Mas se O´Brien não existisse... só haveria a primeira etapa de torturas. Ou seja, brutalidade física pura e simples.

A tortura que O´Brien inflinge é mil vezes pior que qualquer coisa que um acerebrado possa imaginar. E isto só é possível porque ele É brilhante.

A existência de O´Brien a meu ver teria de ser impossível. Se é necessário conformidade de pensamentos, de aceitação de 2 e 2 são 5, O´Brien é um produto inexistente. Ou se existe por alguma razão biruta da natureza, a criação de um segundo O´Brien é tremendamente improvável.

Claro que sabemos que é possível. Surgiu Winston, certo?

O fato é que ele teve o mesmo fim de Rutherford e outros. Ou seja, na remotíssima possibilidade de surgir um substituto para O´Brien (e ele já tem seus 60 anos) ele livrou-se do único que ele realmente apreciou como tal.

Por que é difícil encontrar alguém como Winston? Rebeldes eles acham de montes, e até acham que um tapado como Parson se rebelou contra o sistema. No geral, todos ficam como Julia-jovens: revoltados contra o sistema, sabem como fazem isso, mas nenhum nem se preocupa com o por que. Só detêm aquela rebeldia inerente de estar certa e o resto do mundo errado, sabe que precisam corrigir, mas não sabem porque precisam corrigir (para ter mundo melhor é indefinido demais)

Mas então O´Brien... no caso tresloucado de ser possível a existência de uma pessoa brilhante, que paradoxalmente também não admite a si mesmo contradizer as idéias do Partido, o ideal seria que ela encontrasse alguém que pudesse desempenhar seu papel depois de partir. Mas como eu disse ele não faz isso; ele destrói Winston completamente. O que anda por aí é casca.

E ele não faz isso, exatamente porque ele não questiona BB que não é boa idéia livrar-se de winston... não porque é perigoso matar hereges e torna-los mártires e toda aquela papagaiada de que eles precisam perceber que estão errados, senão indubitavelmente vão se tornar mártires. Mas porque para tal sistema continue a existir, é necessário O´Brien. Ou seja é necessário Winston, alguém que entenda O´Brien tanto quanto O´Brien entende Winston.

A simples continuação de um regime acerebrado ad infinitum os leva apenas ao nível neandhertal. Inventaram o avião? Pois é, mas ninguém falou em foguetes. Inventaram a máquina a vapor. Pois é, mas ninguém falou em usinas nucleares.

Para que seja possível a invenção de tais coisas é necessário o entusiasmo de Syme, o questionamento de Winston.

Mas essas coisas são proibidas. O importante é saber apertar os parafusos obedientemente.

O problema não é que as massas possam fazer algo. Eles continuarão ignorantes e manipuláveis.

O problema é quando lá em cima começa a faltar carne nova para substituir a que fica velha.

O Big Brother existe? Ele nunca vai morrer?

Isso só é verdade se existe alguém esperto o bastante para continuar a manipular o ignorante. Mas se o médio ficou tão ignorante quanto as massas, então não sobra muito lugar para procurar essa carne nova.

O substituto para O´Brien. O substituto para BB. De tal forma que eles REALMENTE nunca possam morrer.

Aqui um comentário sobre Duna de F. Herbert.

Em O Imperador-Deus de Duna, Leto II é um ditador relutante. Ele sabe que precisa ser o imperador deus, que as pessoas vão cometer massacres por amor a ele, etc.. Mas a(s) alternativa(s) que ele vê por sua presciência é(são) muito pior(es).

Mas de qualquer jeito ele É um ditador, e as pessoas estão morrendo por causa dele. Milhões. Não os bilhões e o extermínio total da raça humana, mas mesmo assim MUITA gente. E algo que ele queria evitar se pudesse.

O que importa é que apesar do monte de gente fanática acerebrada, ele tem assistentes de confiança dentro do círculo interno muito competentes. Não no sentido de ser zeloso e cumprir a obrigação bem, ou até mais do que pedido - tipo, muitas das soldadas dele por amor a ele matam milhões de infiéis, pensando que ele fica contente.

O seu chefe da segurança é na verdade o pai de uma rebelde que quer matar Leto II.

E depois descobrimos que na verdade, Leto II SEMPRE escolhe seus subordinados mais leais DENTRE os rebeldes.

Ele os prepara como uma afiada espada, malhando-a com bastantes esmero até conseguir a lâmina mortal. Mas todo ferreiro sabe que não é simplesmente malhar de qualquer jeito, malhar com força. Assim você só detona a espada e ela fica imprestável.

Como uma espada, o ser humano deve ser moldado e malhado até se tornar mortal e "cunning". Mas deve-se tomar cuidado para não bater demais senão ele fica imprestável. E ao contrário da espada, não é só uma questão de colocar na fornalha e recomeçar de novo: simplesmente você perde o seu trabalho todo em moldar aquela pessoa.

Então O´Brien ao quebrar Winston, jogou fora a pessoa que seria perfeito para continuidade do sistema. E sendo esse tipo de pessoa muito improvável de aparecer de novo entre os "rebeldes comuns", ele condenou o próprio sistema por que tanto lutou.
 
olha eu li 1984 a lguns anos.... e fui o autor de "leia 1084 depois venha falar comigo" a q o lord se referiu... pq? pq acredito q muito embora seja uma alegoria sim, uma extrapolaçao sim, ele nos da uma visao interessante do q seria um mundo comunista... uma realidade comunista....

o Revoluçao dos bixos tem um ponto de vista muito mais localizado, ele demonstra a corrupçao entre os homens... entre as pessoas pequenas... ja 1984 eh uma critica a TODO o sistema... um sistema q nao sobreviveria sem guerras onde a populaçao seria controlada como gado.... onde a historia em si seria apenas uma questao de interesses. Eh um extrapolaçao da realidade, mas costumamos a ver as coisas por extrapolaçoes....faz parte da nossa maneira de ver melhor o mundo. Pois com extrapolaçoes SIMPLIFICAMOS a visao.

espero ter me feito entender
 
1984 (George Orwell)

1984c.jpg


A primeira vez que eu li 1984, de George Orwell (no auge dos meus quatorze anos) o fiz por curiosidade. Nasci no ano de 1984 e queria saber o que um livro escondido em um canto da biblioteca da escola e com tal título poderia me dizer.

Fui criada para ser uma bitolada, tanto pela escola quanto pela família (não intencionalmente: família pobre e sem instrução). O gosto pela leitura (paradoxalmente incentivado por minha mãe) me desviou desse caminho agonizante. E ao ler 1984 lá em 1998 eu fiquei chocada com tudo aquilo. Pensei se tratar apenas de uma ficção científica politizada, uma crítica à sociedade que poderíamos criar. Não conhecia a história de como e porque o livro foi escrito.


Quando descobri isso, já mais madura (aos 17 anos) reli o livro e fiquei ainda mais assustada. Sabia o quanto daquilo era real, e o quanto estava próximo da realidade. Conhecia a história, do livro e da humanidade. Sabia em que circuntâncias George Orwell tinha pensado naquele futuro fictício.


Ao ler a coluna Ignorância é Força! no Jovem Nerd, fiquei pensando em visitar pela terceira vez as páginas do livro. Quem sabe a graduação em História e a minha trajetória pessoal complementem minhas interpretações anteriores. É sempre bom ler um livro diversas vezes, em fases diferentes de nossas vidas. Sempre serão livros diferentes.


E é bom lembrar que existe uma versão cinematográfica do livro. É um belo filme de Michael Radford, também recomendo.

Fonte.
 
Última edição:
Re: 1984 (George Orwell)

Curioso, também li pela primeira vez George Orwell com 14 anos, comecei lendo " A Revolução dos Bichos". Mas sempre ler por obrigação acaba sendo menos interessante do que ler por livre e expontânea vontade, por isso quando li novamente o livro gostei bem mais do que da primeira vez,que tinha sido lida como paradidático.
 
Re: 1984 (George Orwell)

O bom de 1984 é que ele tanto poderia ser uma crítica a URSS quanto aos EUA. Enquanto a Revolução dos bichos é totalmente dedicado a União Soviética.
 
Re: 1984 (George Orwell)

O bom de 1984 é que ele tanto poderia ser uma crítica a URSS quanto aos EUA. Enquanto a Revolução dos bichos é totalmente dedicado a União Soviética.

Na União Soviética, a Revolução dos Bichos lê VOCÊ....



:blah:
 
Re: 1984 (George Orwell)

Para quem gosta de discutir um pouco mais sobre os livros, lá no Meia Palavra rola o Clube do livro, o da vez é 1984
 
Re: 1984 (George Orwell)

1984 é ótimo, daqueles livros que realmente marcam quando você lê, e que assustam por mostrar um possibilidade não tão distante.

Na União Soviética, a Revolução dos Bichos lê VOCÊ....

Use a Reversal Russa direito, a frase termina com "você" em negrito e no mínimo duas exlamações em itálico, assim: "VOCÊ!!"

:g:
 
Re: 1984 (George Orwell)

Fico pensando se a ambientação do livro não é melhor que o nosso mundo banalizado...

Use a Reversal Russa direito, a frase termina com "você" em negrito e no mínimo duas exlamações em itálico, assim: "VOCÊ!!"


Na União Soviética, a Administração pentelha VOCÊ!!!
Melhorou??? :mrpurple:
 

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