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Clube de Leitura 12º Conto - Noites Brancas (Fiódor Dostoiévski)

Clara

Perplecta
Usuário Premium
Conforme indicações e enquete, o conto escolhido para a 12ª edição do Clube de Leitura foi Noites Brancas, de Dostoiévski.

A discussão começa no próximo sábado, 10/06/2017.
Enquanto isso, fique à vontade para escrever sobre o autor e edições disponíveis, apenas evitando referências a pirataria e sites suspeitos.

Lembrando que todos podem participar da discussão, sempre levando em conta as Regras e Diretrizes do Clube de Leitura.
 
Noites Brancas é uma novela ou conto de Fiódor Dostoiévski, tendo sido escrito em 1848, portanto antes de sua prisão.

"Noite branca" refere-se a um fenômeno comum na Rússia em que, mesmo com o Sol se pondo ele permanece um pouco abaixo da linha do horizonte, deixando a noite clara, causando uma atmosfera onírica.

Neste conto, diferentemente da maioria de suas outras obras, em que a preocupação social é a diretriz para o enredo, desta vez encontramos um Dostoiévski mais romântico e lúdico. O personagem principal, que não tem nome, e é apenas chamado de sonhador, vaga errante pelas "noites brancas" de sua cidade São Petersburgo. Em uma dessas noites ele encontra Nástienka, que aceita revê-lo outras vezes, com a condição de que ele permita lhe contar a sua história.
 
alguém tem link da obra? é domínio público, correto?
 
A quem interessar, há duas ótimas adaptações para o cinema desse conto: Um Rosto na Noite (1957), de Luchino Visconti, e com Marcelo Mastroianni e Maria Schell, e Amantes (2008), de James Gray, com Joaquin Phoenix e Gwyneth Paltrow - este último é uma adaptação mais livre do conto. O filme de Visconti é mais fiel ao texto.
 
Acabei de ler o conto, mas como ainda não chegou o dia estabelecido para começarmos a tecer comentários a respeito da obra, irei aguardar.

Enquanto isso pergunto, alguém começou a ler Noites Brancas ou já leu?
 
Comentário geralzão:

Noites Brancas, de Fiódor Dostoiévski, é um conto de estrutura quinária em que o conflito da trama envolve o amor de uma das duas personagens por uma terceira que mal e mal aparece na história. Diferente da narrativa romântica piegas ocidental - bem exemplificada no modo como o público americano "precisava" de um beijo entre Elizabeth e Darcy no final de Orgulho e Preconceito, de Joe Wright -, tudo que se passa na história é basicamente dialógico. Ao mesmo tempo, a narração é um estudo introspectivo que por vezes soa como algo religioso - afinal, o próprio narrador diz que ver Nastenka o tirou do torpor - relacione isso com Dante e Beatriz. O "triângulo" amoroso ocorre na diferença entre o amor ideal e o amor concreto - quando chega a quarta noite, o ideal de ambos cai por terra. O amor é vislumbrado no conto como um momento extático/místico que lança a personagem ao terceiro céu - quem leu a Bíblia conhece a referência. Curiosamente, sinto na história, apesar do tom, algo semelhante com Notas do Subsolo - apesar da visão crítica e cínica e indecisa do narrador deste conto, a necessidade de conseguir se exprimir, de botar para fora tudo que se passa na alma, mesmo que seja hermético, é algo comum a ambos. Nenhum dos dois se permite uma simplificação de tipos, mas antes procuram ser os mais exclusivos possíveis, os mais conscientes de sua condição - e ao mesmo tempo ressentem que isso não seja captado pelos demais. (Pessoalmente falando, não me foi difícil identificar com ambos.) Mesmo que na forma de uma história romântica, Dostô se mantém focado no "estranho", no alheio - pensem bem: outro "estranho", o Lobo da Estepe de Hesse, passa por uma individuação que o redefine por meio do "resgate" de uma mulher; para a personagem de "Noites", esse "resgate" não existe; e em "Notas", esse "resgate" é vislumbrado, mas não concretizado. Assim, o único resgate possível para uma personagem assim seria transcender o concreto e o ideal - é insistir na busca da felicidade que não foi possível obter por alguém que não lhe abriu os braços. Conhecendo o religioso Fiódor, imagino quem ele tenha em mente para fazer o resgate derradeiro desses "estranhos" torturados. Mas talvez haja algo positivo aí: se o ideal do amor no conto trouxe uma felicidade assim à personagem, mesmo que por pouco tempo, é de se pensar no que ela não alcançaria encontrando o amor maior que tudo - Dante e Beatriz novamente.
 
Noites Brancas é uma história simples, de amor e de suspense, no qual nosso protagonista e narrador da história tem características que irão reaparecer em personagens importantes de seus grandes romances, como o príncipe Michkin (O Idiota) e Alexei Karamazov (Os Irmãos Karamazov), servindo, dessa maneira, como uma pequena amostra do herói dostoievskiano. Enquanto o sonhador faz observações angustiantes sobre a sua vida, ele caminha sem rumo pelas ruas de São Petersburgo; assim, entramos no universo de Dostoiévski vagando por essa cidade tão presente em sua obra.
 
Gostei especialmente da parte em que o narrador conta sobre seus sonhos e devaneios, e principalmente sobre a solidão. :think:
 

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