Destruiu na resposta (mais uma vez), Ilmarinen. Daqui a pouco você vai ter mais karma do que posts! Não sei se interpretei corretamente, mas seria essa citação de Tolkien ("ambos eram redondos e a semelhança termina aí") uma resposta mal-educada justamente por o autor não concordar com os elementos de Wagner? Afinal de contas, ele efetivamente falou isso, né?
De qualquer forma, parabéns e obrigado pela ótima resposta.
Thanks!!
A respostinha mais resumida pro motivo do Tolkien ter dado essa réplica mal-educada e simplista pode ser achada na Wikipedia em inglês Tolkien influences em
Influências Wagnerianas, parte escrita por mim, onde eu expliquei, tintim por tintim, e botei os links a respeito da mutreta com o tradutor sueco do Senhor dos Anéis, Ake Olhmarks, crônica completa dela
pode ser achada no meu blog.
Também pode ser muito bem compreendida com a leitura dos posts de Geirve
nesse tópico do fórum de discussão da Lord of the Rings Plaza
Quanto à rejeição dos acréscimos wagnerianos, não,na verdade não, (embora Tolkien, se estivesse aqui, JURARIA o oposto): Tolkien "concordava" com os elementos de Wagner,tanto é que ele aproveitou noções pivotais definidas por ele, como o de que o Anel, em si mesmo, era maligno até ANTES de ter sido amaldiçoado por Alberich, porque sua CRIAÇÃO, por si só, fazia dele algo pervertido e contrário à natureza, a começar da matéria-prima usada, o Sagrado Ouro do Reno, e que essa malignidade destilada "vazava" pro portador, independente de quais fossem seus motivos pra querer o Anel.
**a inclusão deles serve de "liga" entre os elementos desconexos e contraditórios das versões míticas, de um modo tal que a iteração wagneriana é a primeira que faz completo sentido.
Ele TAMBÉM aproveitou a noção de que o incesto entre irmãos( Siegmund e Sieglinde, pais de Siegfried) da história acontecia por "desígnio" e maracutaia do deus Odin, assim como o incesto entre Túrin ( análogo de Sigurd confessado) e Nienor acontecia por desígnio e "coincidências" armadas por Melkor/Morgoth EXTREMAMENTE similares às do Anel do Nibelungo.
Ele TAMBÉM incorporou a idéia de que Mime era um anão, coisa que não acontecia no mito original e diversos ítens de sua personalidade e relação disfuncional com o herói, viril e pujante, que, no fim das contas, ele trai, assim como acontecia entre Mîm e Túrin do Children of Húrin.
Tem N outros exemplos no meu post linkado aqui pro fórum onde eu falei de outras correspondências e analogias que estão FORA do tema central do Anel.
IMHO (in my humble opinion pra quem não sabe), o problema real de Tolkien era com, provavelmente,
o final*, e que mostra o Crepúsculo dos Deuses, já que os deuses do Wagner acabam sendo tão FDP quanto os de God of War,e com a IDEOLOGIA, lida nas entrelinhas do que Wagner fez lá, cuja existência real, ou pelo menos correspondência REAL com o que Wagner pensava no íntimo é,
no mínimo, controversa pra caramba e discutida até hoje, já que Wagner era do tipo que não tinha escrúpulo nenhum de FINGIR uma posição política ou ideológica, CONTANTO que ela lhe facilitasse conseguir o que queria: patrocínio pro seu projeto artístico monumental, já que esse era o único compromisso real que ele julgava verdadeiro e vinculante, a devoção do artista pela própria criação artística, ideologia está que, também, não contaria com a aprovação de Tolkien ( vide a crítica implícita dela na parábola Aulë/Anões).
*diferente do original que o próprio Wagner tinha esboçado antes ( bem mais parecido com o do SdA, com os deuses sendo redimidos do Mal do Anel e ficando vivos ao invés de serem queimados num "holocausto", a terceira versão inclusive acrescenta a noção deles sofrerem um "fading" e cederem lugar à humanidade, bem a la elfos do SdA),
“I believe in God, Mozart and Beethoven, and likewise their disciples and apostles; - I believe in the Holy Spirit and the truth of the one, indivisible Art; - I believe that this Art proceeds from God, and lives within the hearts of all illumined men; - I believe that he who once has bathed in the sublime delights of this high Art, is consecrate to Her for ever, and never can deny Her; - I believe that through Art all men are saved.”
Vale acrescentar: o final de Sigurd e Gudrun do Tolkien, na parte que diz respeito à Brunhilde e Siegfried, é MUITO SIMILAR às primeiras versões de Wagner porque Siegfried também tem um papel cristológico.
Original Ending (early December 1848) – Wagner's first ending for the cycle was optimistic and confident. The ring is returned to the Rhine; Alberich and the Nibelungs, who were enslaved by the power of the ring, are liberated. In her closing speech, Brünnhilde declares that Wotan is all-powerful and everlasting; she gives up her own life and leads Siegfried to Valhalla, where he is reconciled with Wotan and order is restored. Siegfried and Brünnhilde are depicted rising above Siegfried's funeral pyre to Valhalla to cleanse Wotan of his crime and redeem the gods, rather as The Dutchman and Senta ascend above the clouds at the end of Der fliegende Holländer. A major difference between this draft and subsequent revisions is that there is no suggestion here that the Gods are destroyed. Brünnhilde's final oration stresses the cleansing effect of Siegfried's death:
"Hear then, you mighty Gods. Your guilt is abolished: the hero takes it upon himself. The Nibelungs’ slavery is at an end, and Alberich shall again be free. This Ring I give to you, wise sisters of the watery deeps. Melt it down and keep it free from harm."
Quem quiser um LIVRO INTEIRO a respeito do que é que Wagner inventou pra história e do que tinha REALMENTE nas fontes nórdicas e teutônicas vai achar um excelente ítem pra download gratuito aí graças à cortesia da
VIKING SOCIETY WEB PUBLICATIONS.
Árni Björnsson: Wagner and the Volsungs
Lá vocês também acham a tradução do Christopher Tolkien pra The Saga of King Heiðrek the Wise que tem a espada mágica amaldiçoada Tyrfing
uma das fontes (umas sete nas minhas contas) da espada mágica do Túrin Turambar.
The Saga of King Heiðrek the Wise. Ed. Christopher Tolkien
A Saga de Wagner está recebendo uma magistral adaptação/recriação em quadrinhos na Europa nas mãos de um brilhante quadrinhista europeu que fez essa vinheta animada quando a idéia original era fazer uma animação. O artista faz numerosas alterações na saga, como, por exemplo, combinando Fafner e Alberich num personagem só, mas, dessa forma, atualiza o material, escoimando o viés pretensamente racialista e refundindo a saga de maneira que ela se torna "nova" pra quem quer lê-la agora, mesmo conhecendo, como é o meu caso, a história "original".
Assistam e babem vendo e ouvindo o portentoso Ouro do Reno de Wagner recriado por Alex Alice
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