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07 Escritores que viram o sol nascer quadrado

Chatov

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Primo Levi

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Durante a 2ª Guerra Mundial, o escritor italiano Primo Levi, fez parte do movimento de resistência italiano contra o governo fascista. Sem o menor treinamento militar, ele e seus companheiros foram feitos prisioneiros pela milícia fascista. Assim que os milicianos descobriram que ele era judeu, enviaram-no para um campo de prisioneiros em Fossoli, perto de Modena.

Em 11 de fevereiro de 1944, os prisioneiros do campo foram transportados para Auschwitz. Levi ficou onze meses no chamado campo da morte, até ser libertado pelo Exército Vermelho. Dos 650 judeus italianos mandados para Auschwitz com Levi, apenas vinte sobreviveram.

Levi sobreviveu por causa de uma conjunção de fatores. Ele sabia um pouco de alemão, por causa das publicações sobre química que lia; ele percebeu rapidamente que precisava a todo custo passar despercebido, sem chamar a atenção nem dos guardas nem dos prisioneiros.

Alexander Soljenítsin

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O Prêmio Nobel de 1961 foi preso por agentes da NKVD por fazer alusões críticas a Stalin em correspondência a um amigo. Foi condenado a oito anos em um campo de trabalhos forçados, a serem seguidos por exílio interno em perpetuidade.

A primeira parte da pena de Soljenítsin foi cumprida em vários campos de trabalhos forçados; a "fase intermediária", como ele viria a referir-se a esta época, passou-a em uma sharashka, um instituto de pesquisas onde os cientistas e outros colaboradores eram prisioneiros. Dessas experiências surgiria o livro "O Primeiro Círculo", publicado no exterior em 1968. Em 1950 foi enviado a um "campo especial" para prisioneiros políticos em Ekibastuz, Cazaquistão onde trabalharia como pedreiro, mineiro e metalúrgico. Esta época inspiraria o livro "Um Dia na Vida de Ivan Denisovich". Enquanto neste campo retiraram-lhe um tumor, mas seu câncer não chegou a ser diagnosticado.

A partir de março de 1953, iniciou a pena de exílio perpétuo em Kol-Terek no sul do Cazaquistão. O seu câncer, ainda não detectado, continou a espalhar-se, e ao fim do ano Soljenítsin encontrava-se próximo à morte. Porém, em 1954 finalmente recebeu tratamento adequado em Tashkent, Uzbequistão, e curou-se.

Bocage

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Manuel Maria Barbosa du Bocage, ou simplesmente Bocage, foi um poeta português, que era conhecido por sua vida boêmia, irreverência e por seus versos satíricos, algumas vezes eróticos, que desnudavam a sociedade portuguesa de sua época. Como satírico, expôs as mazelas de seu tempo em uma linguagem quase sempre pesada. Os seus alvos prediletos eram eram a nobreza e o clero portugueses, mas também não poupou seus colegas de Academia. Sua produção satírica, entretanto, foi marcada pela temática sexual. Tanta ousadia, como era de se esperar, não agradou os poderosos e em 1797 o escritor foi preso sob a acusação de heresia, dissolução dos costumes e ideias republicanas. Durante a sua prisão, Bocage passou por diversos presídios portugueses. Após ser solto em 1799 o poeta, pobre e traumatizado pelo período de reclusão, mudou radicalmente o seu estilo de vida, abandonada a vida de boêmia e impondo aos seus contemporâneos uma nova imagem: a de homem arrependido e digno. Morreu pobre, traumatizado e esquecido em 1805, vítima de um aneurisma aos 40 anos de idade.


Graciliano Ramos

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Em 1936 o escritor brasileiro Graciliano Ramos passou uma temporada vendo o sol nascer quadrado por causa de sua militância comunista. No ano de 1936, após o fracasso da chamada Intentona Comunista, houve uma espécie de "caça as bruxas" no Brasil e qualquer pessoa que suspeitava-se ser comunista acabou o preso. Graciliano Ramos foi uma das vítimas desse movimento e por conta do seu envolvimento, exagerado por parte das autoridades, com a militância comunista acabou preso, sem que nenhuma acusação formal fosse feita. O escritor passou cerca de 11 meses preso e somente foi liberado devido a pressão política exercida por outros escritores como José Lins do Rego, Jorge Amado e Raquel de Queiroz. Suas experiências na prisão serviram de base para a publicação, póstuma, do livro Memórias do Cárcere, em 1954.

Oscar Wilde

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Homossexual assumido (o que era proibido por lei na Inglaterra), o escritor irlandês Oscar Wilde já possuía grande fama no meio literário quando conheceu o jovem Lord Alfred Douglas (16 anos mais novo e conhecido como Bosie) e apesar de Wilde ser casado e possuir 02 filhos, ambos passaram a se envolver numa relação amorosa.

O pai de Lord Alfred, Marquês de Queensberry, ciente do envolvimento do filho com o escritor, enviou uma carta a Oscar, ofendendo-o e recriminando a relação entre eles. Na carta, o Marquês cita ironicamente: "A Oscar Wilde, conhecido sodomita". Oscar, por sua vez, incentivado por Lord Alfred, decide processar judicialmente, por difamação, o Marquês. Após o processo iniciado, o escritor percebe o poder econômico e a influência política do Marquês. Por isso, tenta retroceder e retirar o processo. Mas, devido ao número e consistência das provas apresentadas, um novo processo é iniciado; desta vez contra o próprio autor.

No segundo julgamento do caso (o júri do primeiro não tinha conseguido chegar a um veredito) Wilde foi julgado culpado, tendo sido condenado a pena máxima: 02 anos de trabalhos forçados. O dramaturgo, então, foi transferido para penitenciária de Wandsworth, onde passou alguns meses, até finalmente ser transferido para a penitenciária de Reading, onde ficaria até o fim da sentença.

Jack London


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O escritor norte-americano Jack London foi acima de tudo um aventureiro. Filho de uma família pobre, cujo pai saiu de casa quando soube que a esposa estava grávida, teve uma infância terrivelmente difícil. Abandonou a escola aos 14 anos para trabalhar numa fábrica de enlatados, depois foi jornaleiro, varredor, balconista e com 17 anos viveu uma experiência traumática como empregado numa tecelagem de juta. A terrível época na fábrica de juta – dez horas por dia a dez cents a hora durante oito meses – seria retratado no conto The Apostate (O Herege), de 1906 e que foi usado na luta para a abolição do trabalho infantil nos Estados Unidos. Depois de outro emprego mal remunerado, agora em uma usina elétrica, o escritor se cansou de ser explorado e decidiu pegar a estrada. Com uns "vagabundos", London aprendeu a saltar nos trens de carga e neles cruzou os Estados Unidos. Em 1894, durante uma de suas viagens, quando visitava as Cataratas do Niágara, ele foi preso por vagabundagem e enviado para a Penitenciária de Erie County, em Buffalo, Nova Iorque. Antes de ser solto, passou um mês entre assassinos, facínoras e escroques.

Dostoievski

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Por pouco o mundo ficou sem conhecer as melhores obras de um dos mestres da literatura universal. Aos 28 anos, o russo Fiodor Mikhailovitch Dostoiévski tinha escrito apenas seu primeiro livro, Gente Pobre, quando foi preso e condenado à morte na Rússia – o escritor não agradava as autoridades por causa de suas atividades consideradas subversivas e as idéias taxadas de contrárias à moral e à religião do tempo dos czares.

Em 1849, Dostoiévski já estava enfileirado em posição de fuzilamento quando sua pena foi suspensa. Na verdade, tudo não passou de uma forma de tortura psicológica aplicada pelo czar Nicolau I. Embora “perdoado”, ele não foi solto, e seguiu para a Sibéria. Lá, ficou quatro anos preso em Omsk, obrigado a fazer trabalhos forçados (como extrair minérios) numa fortaleza que, anos mais tarde, após a Revolução Russa, inspiraria os gulagui, campos de trabalho soviéticos. Ficou também mais cinco anos servindo como soldado em Semipalatinski. Dessas experiências nasceu o romance Recordações da Casa dos Mortos.
 
Mas Camões era uma alma iluminada; na certa o sol sempre lhe nasceu redondinho.
 
Boa lista, bem diversa!
Acrescentaria aí também o Marquês de sade que foi preso algumas vezes por libertinagem.
 
Memórias do Cárcere é prova que esmo na cadeia Graciliano Ramos honrou o homem culto era.
 
Mais alguns que merecem destaque:

- O angolano (sim, eu sei que ele nasceu em Portugal) Luandino Vieira :grinlove: também foi preso, preso político. Ele escreveu boa parte do espetacular Luuanda (livro de contos) na prisão. Em 2006, ele recusou o Prêmio Camões. Achei coerente a recusa.

- o poeta moçambicano José Craveirinha, referência de 11 em cada dez escritores africanos, também esteve preso. Ele é o maior nome da poesia moçambicana.
 

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