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Poesia Sempre!!! (versão 2- não fui eu quem escreveu)

É meu espírito hoje:

Todas as Cartas de Amor são Ridículas

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
 
ahhhnnnnnnn
eu tava pensando nele também
mas naum sei pq eu achava que fosse mais do Manuel Bandeira...
bom, ambos são maravilhosos poetas! >:)))
muito obrigado!! >:)
 
É meu espírito hoje:

Todas as Cartas de Amor são Ridículas

Sei perfeitamente q espírito é esse!

Ótima essa poesia do Álvaro de Campos!



(Obs: Valeu, mas fiquei impaciente e acabei dando um jeito! Mesmo assim, obrigado! Fico te devendo essa!)
 
Ahh xD Tinha esquecido que existia esse tópico. As vezes acho uma ou outra poesia muito foda, mas lá no tópico do CdE não pode postar.

Eba :grinlove:

Eu
Florbela Espanca

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que alguém sonhou.
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!
 
Perseverando

A águia é o gênio... Da tormenta o pássaro,
Que do monte arremete o altivo píncaro,
Qu'ergue um grito aos fulgores do arrebol,
Cuja garra jamais se peia em lodo,
E cujo olhar de fogo troca raios
– Contra os raios do sol.

Não tem ninho de palhas... tem um antro
– Rocha talhada ao martelar do raio,
– Brecha em serra, ant’a qual o olhar tremeu...
No flanco da montanha – asilo trêmulo,
Que sacode o tufão entre os abismos
– O precipício e o céu.

Nem pobre verme, nem dourada abelha,
Nem azul borboleta... sua prole
Faminta, boquiaberta espera ter...
Não! São aves da noite, são serpentes,
São lagartos imundos, que ela arroja
Aos filhos pra viver.

Ninho de rei!... palácio tenebroso,
Que a avalanche a saltar cerca tombando!
O gênio aí enseiba a geração...
E ao céu erguendo os olhos flamejantes
Sob asas de fogo aquenta as almas
Que um dia voarão.

Por que espantas-te, amigo, se tua fronte,
Já de raios pejada, choca a nuvem?...
Se o réptil em teu ninho se debate?...
É teu folgar primeiro... é tua festa!...
Águias! Pra vós cad’hora é uma tormenta,
Cada festa um combate!...

Radia!... É tempo!... E se a lufada erguer-se
Muda a noite feral em prisma fúlgido!
De teu alto pensar completa a lei...
Irmão! – Prende esta mão de irmão na minha!
Toma a lira – Poeta! Águia! – esvoaça!
Sobe, sobe, astro-rei!...

De tua aurora a bruma vai fundir-se,
Águia! faz-te mirar o sol, do raio;
Arranca um nome no febril cantar.
Vem! A Glória, que é alvo de vis setas,
É bandeira arrogante, que o combate
Embeleza ao rasgar.

O meteoro real – de coma fúlgida –
Rola e se engrossa ao devorar dos mundos...
Gigante! Cresces todo dia assim!...
Tal seu gênio, arrastando em novos trilhos
No curso audaz constelações de idéias,
Marcha e recresce no marchar sem fim!...

(Tradução de Victor Hugo, feita por Castro Alves) 8-)


Editando em 14 de Março de 2004:

Aproveitando para lembrar do Aniversário do caríssimo Castro Alves
&
do Dia da Poesia!
:D
 
Eu postei esse haikai do Leminski no meu brógui, mas vou deixar aqui tb. Aliás, aconselho uma visitinha a essa página aqui (http://www.leminski.hpg.ig.com.br/home.htm que não é meu brógui, diga-se de passagem :obiggraz: )

winterverno2.gif
 
Nossa! O tópico de poesias!!!! Bom, hoje estavamos discutindo Fernando Pessoa em casa então aqui vai uma que tem aver com meu ultimo mes.


Chove. Que fiz eu da vida?
Fiz o que ela fez de mim...
De pensada, mal vivida...
Triste de quem é assim!


Numa angústia sem remédio
Tenho febre na alma, e, ao ser,
Tenho saudade, entre o tédio,
Só do que nunca quis ter...

Quem eu pudera ter sido,
Que é dele? Entre ódios pequenos
De mim, 'stou de mim partido.
Se ao menos chovesse menos!


Fernando Pessoa, 23-10-1931
 
Deixando minha pegadas por aki, aí vai o poema completo d Vinícius de Moraes, do qual eu tirei um trecho para minha assinatura ... Naum é super legal qd achamos q um poema tem tanto a ver conosco?... :think:


Poética

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
- Meu tempo é quando
 
Em homenagem aos gauches da vida ;)

Poema de Sete Faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.


Drummond :obiggraz:
 
Suicídio no quarto
Formigas indiferentes
Passeam pelo móvel


Esse é do cara do 1936.blogger, adoro aquele blog..
 
Esse é do Bocage.

Meu ser evaporei na lida insana
do tropel de paixões que me arrastava.
Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
em mim quase imortal a essência humana.
De que inúmeros sóis a mente ufana
existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe Natureza escrava
ao mal, que a vida em sua origem dana.
Prazeres, sócios meus e meus tiranos!
Esta alma, que sedenta e si não coube,
no abismo vos sumiu dos desenganos.
Deus, ó Deus!... Quando a morte à luz me roube
ganhe um momento o que perderam anos
saiba morrer o que viver não soube.


Em negrito é a minha parte preferida! :obiggraz:
 
Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.


Drummond
 
Ai! Se Sêsse!...

Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dos se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cum insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?...
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!!!

Severino de Andrade Silva (Zé da Luz)
 
Oba, tópico de poesias!

Irene no Céu
(Manuel Bandeira)

Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.

Imagino Irene entrando no céu:
-Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
-Entra, irene. Você não precisa pedir licença.
 
Bem.... seria um pecado eu visitar um tópico tão massa e não deixar nenhuma contribuição.... então vamo nóis :P

Cheguei em casa e tive a impressão
de que tardo um século em chegar
de que tardo um ano em subir
de que tardo uma hora em entrar
e um segundo em ver-te e sorrir

(Silvio Rodriguez)
 
shamm disse:
Bem.... seria um pecado eu visitar um tópico tão massa e não deixar nenhuma contribuição.... então vamo nóis :P

Cheguei em casa e tive a impressão
de que tardo um século em chegar
de que tardo um ano em subir
de que tardo uma hora em entrar
e um segundo em ver-te e sorrir

(Silvio Rodriguez)

Que lindo... esse eu não conhecia, e me tocou especialmente!

Tem alguma referência de livro dele?

Pode responder por MP se quiser. :D
 
Lá vai outra...

"O que não escreví, calou-me
O que não fiz, partiu-me
O que não sentí, doeu-se
O que não viví, morreu-se
O que adiei, adeu-se"

Affonso Romano de Sant'ana 8-)
 
Al Berto....é um poeta que vem cada vez mais me fascinando



há-de flutuar uma cidade...

há-de flutuar uma cidade no crepúsculo da vida
pensava eu... como seriam felizes as mulheres
à beira mar debruçadas para a luz caiada
remendando o pano das velas espiando o mar
e a longitude do amor embarcado

por vezes
uma gaivota pousava nas águas
outras era o sol que cegava
e um dardo de sangue alastrava pelo linho da noite
os dias lentíssimos... sem ninguém

e nunca me disseram o nome daquele oceano
esperei sentado à porta... dantes escrevia cartas
punha-me a olhar a risca de mar ao fundo da rua
assim envelheci... acreditando que algum homem ao passar
se espantasse com a minha solidão

(anos mais tarde, recordo agora, cresceu-me uma pérola no
coração. mas estou só, muito só, não tenho a quem a deixar.)

um dia houve
que nunca mais avistei cidades crepusculares
e os barcos deixaram de fazer escala à minha porta
inclino-me de novo para o pano deste século
recomeço a bordar ou a dormir
tanto faz
sempre tive dúvidas que alguma vez me visite a felicidade


Al Berto

União dos Escritores Anônimos
http://www.uniaoea.com/forum/
 

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