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[L] [Melkor & Forfirith] [Crônicas Eróticas] TEMPORADA 2005

Meu amore, minha vida, eu deu mais uma mudadinha, tentei dar uma aumentada, como falou, mas não consegui muito não...

Mafa, valeuzão!! Seguimos sua sugestão!
Beijocas
 
Capitulo 31 - Eu quero você, como eu quero – Por Melkor.


Tâmara está sentada na poltrona da sua casa, acariciando seu gato (ela o achou na rua e o chamou de Cazuza, adotando-o para tentar esquecer do amante). Jorge está dormindo no sofá, ela já pode ver o sebo do corpo dele grudando no sofá e – adivinhem quem – limpando toda aquela sujeira que ele sempre faz. As latas de cerveja caídas no chão, as meias na mesa e a televisão ligada (mas desintonizada) dão um ar de fim de vida do qual Tâmara não gosta.


Ela pega o controle e desliga a televisão. Está semidesacordada, já quase bêbada... E vê que há uma latinha ainda pela metade, com um pouco de pêlo de Jorge que ela não quer saber de onde vem... Sem pensar, ela sorve todo o líquido e grita: só a sobriedade a estava impedindo de faze-lo.
No seu interior, ela quer que Jorge acorde e bata nela... Ela quer apanhar... Quer aprender a deixar de ser ingênua como havia sido. É claro que Diogo faria aquilo, era homem! Tinha Tâmara, quando quisesse fugir da rotina, mas também tinha Magda, sua mulher, sempre presente, com quem poderia manter relações sem todos os problemas de um caso extraconjugal.


Alcança o controle do rádio com o pé e aperta um botão qualquer. O carrossel da disqueteira roda, para e começa a tocar uma música que lhe era especial porque o fora para Diogo, na sua adolescência. Ele sempre falava desta música.


Faz eu ficar muda, faz cara de mistério, tira essa bermuda que eu quero você sério...


Ela ri, imaginando Diogo tirando a bermuda e... Mas, talvez o sentido seja outro. Não importa! Arte é feita para ser interpretada, ela pensa. Continua ouvindo.


Uh... Eu quero você, como eu quero. Uh... Eu quero você, como eu quero.


Ela não consegue esquecer o maldito! Ela sabe que vai ser difícil, dado o seu corpo, o seu nariz, o seu jeito e, principalmente a sua barriga... E torce para que ele esteja bem longe (ela sabe que ele viajou, todo o bairro sabe), pensando nela como ela está pensando nele. Lembrando-se de que ela é linda, alta, tem seios fartos, lábios carnudos e olhos orientais... Que ela tem gosto de fruta árabe.
Porque uma coisa que ela aprendeu com Diogo foi a valorizar a si mesma. Os dois sempre souberam que eram especiais e que, como casal, eram ainda mais.


O que você precisa é de um retoque final, vou transformar o teu rascunho em arte final... Uh, eu quero você como eu quero.


Apesar de tudo, eles cresceram juntos. Os dois... E se ele errou... Bah! Ela não o culpa! É estranho, mas ela já aceita a traição. Ela o quer demais com ela, ao lado dela e dentro dela para importar-se com ciúmes.


Longe do meu domínio... Você vai de mal a pior. Vem que eu te ensino como ser bem melhor.


É isto! Ela não consegue viver longe dele. Se ele está errado, ela vai muda-lo. E eles vão construir uma história nova, cheia de mistérios, traições e muito sexo. Ela estava errada em fugir dele. Podia ser um mal entendido (seria sorte demais se o fosse, mas... Porque não?).


- Uh, eu quero você, como eu quero... – ela começa a cantar, pensando no que fará em seguida. Jorge acorda, limpa o que escorreu de sua boca enquanto dormia, olha para Tâmara, ajeita a cueca e se prepara para a noite.
 
Forfirith disse:
Meu amore, minha vida, eu deu mais uma mudadinha, tentei dar uma aumentada, como falou, mas não consegui muito não...

Mafa, valeuzão!! Seguimos sua sugestão!
Beijocas

Sinto-me lisonjeada!! heeh

este último capítulo.. nossa... muito bom!!

=****
 
Caríssimos fãs!Peço desculpas pela demora, mas havia uma raposa em meu caminho. Blasé.

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Capítulo 32- Um beijo, uma rosa.

Era hora então de Tâmara Subir ao sótão e achar uma caderneta dentro de seu cofre com alguns contatos antigos. Da última vez que a usara, fora para encontrar o telefone de Fábio, mas isso lhe parece muito distante no passado.

Ela espera Jorge sair para ir comprar vodka num bar próximo (ela pedira para ele ir comprar a vodka; Jorge só bebe cerveja), e sobe rapidamente ao porão.
Tudo está extremamente empoeirado e empilhado, ela tem que se esforçar muito para achar caminho entre a bagunça velha.
De súbito, tentando alcançar o cofre escondido embaixo de muitas caixas e baús, coberto por um pano e preso com um cadeado, ela tropeça, caindo em cima de uma outra pilha de caixas, e fazendo com que muitas outras caíssem em cima dela.
Um pouco tonta devido à queda e com o tornozelo um pouco dolorido, ela se levanta, e uma das caixas de cima dela cai no chão e se abre....

Ela mal acreditou quando viu, seus olhos se abarrotaram de lágrimas, e ela começou a soluçar um choro contente. Soluçante, ela estendeu os braços para o material caído, e deu um gemido emplastrado de saliva: suas roupas antigas, da época de sua adolescência! Como aquilo fora parar ali? Como? Como???
Bem, ela procuraria saber aquilo mais tarde.

Foi até o outro canto do sótão, e pegou um velho espelho que comprara para colocar ali, só para dar um toque de filme americano. Limpou a poeira dele, e começou a experimentar as roupas velhas...
Depois de duas peças experimentadas, ela começou a espirrar com a poeira, e achou melhor descer logo. Catou as roupas, jogou sótão abaixo, foi até o cofre, pegou a caderneta, e desceu.

No mesmo dia, à noite, a praça à frente da casa de Dona Ruth (que ficava do lado da de Tâmara) foi a cede de um encontro muito suspeito. Uma mulher de estatura normal, com um grande sobretudo de pele e um sapato com salto plataforma típicos da década de setenta aguardava em pé, próxima ao banco do coreto.
Quando a moça decidiu tirar o sobretudo de pele pois estava muito quente (era o verão que se aproximava!) e ela já se cansara de espirrar, foi interrompida pela chegada de um homem extremamente alto, com um sobretudo negro que lhe cobria o corpo até os pés, e um chapéu côco. Ele se dirigiu a ela.
_Tâmara.
_Gustavo. Me trouxe o que encomendei?
_Sim, o endereço. Num envelope amarelo, no chão do coreto. Assim que eu passar pela ponte, dou um sinal com o farol do carro e você pode pegar a encomenda. Quanto ao pagamento, é por minha conta. Há muito tempo não nos vemos, é o mínimo que posso fazer.
A garota se dirigiu a ele com os braços abertos, em princípios de lhe dar um abraço, mas ele a interrompeu:
_Podemos estar sendo observados - e olhou para os lados, sorrateiramente.
_Então me diga, como anda a Marinha?
_Linda, como sempre! - e nisso, ele se descontrolou - Eu realmente amo aqueles navios!!Não sei onde estava com a cabeça quando pensava em aviões... Mas, bem, tenho que ir. Até a próxima missão - e nisso, deu-lhe um beijo ardente e caloroso, acariciou as costas ma moça, tombando-a levemente para trás. Quando o beijo acabou, ele lhe entregou uma rosa vermelha e se foi.
Tâmara esperou o sinal ser dado por Gustavo e foi pegar o envelope. Entrou em sua casa, arrancando rapidamente o casaco - ele realmente não podia ser usado fora de Nova York, perdia todo o contexto - e admirou o conteúdo da encomenda: a localização de Diogo. Nada mais a segurava lá.
 
Capítulo 33 – Uma xícara de chá – Por Melkor


Diogo está debruçado na sacada da sua nova casa, na Itália. As pessoas passam por baixo dele sem se preocupar. Os pássaros estão pousados ali num canto sem se preocupar. Ele não se preocupa. Ninguém se preocupa com ele. Não há carinho, amor, cartas secretas, juras loucas, telefonemas de madrugada. Nada.

Ele não quer estar ali, longe do Brasil. Mas Magda... A libidinosa, quando descobriu, fez questão de passar um tempo com Diogo – sozinhos – para consertar seu casamento. Nesse meio tempo (alguns meses já tinham passado com o vento) eles viveram em uma constante lua de mel regada de presentes, passeios românticos e sexo. Muito sexo.

Mas Diogo não está feliz. Ele odeia a sua mulher. Os dias para ele eram perda de tempo... E a cada dia que passava, era um dia sem Tâmara. Sua vida acabando, ela lá longe...

Sua barba ainda estava por fazer. Sua calça por costurar. Seu chinelo por achar. Sentia-se sujo, velho, maltrapilho. O céu estava escuro, com cara de chuva. Ele tinha alguma coisa horrível presa na garganta, uma vontade de gritar...

A porta lá embaixo bate. Ele olha para seu reflexo no espelho oval do guarda-roupa. Suspira. Joga seu corpo já morto na cama, vê a poeira subir. Fica vendo o pó danças nos braços de luz que entram pelas venezianas... Seu quarto mais parece um sótão abandonado!
Magda está conversando. Sua risada suína irrita Diogo. A risada de Tâmara era tão doce... Praticamente pode ouvi-la...


Tâmara está sentada no sofá, olhando para Magda, que não para de falar. Ela tinha um plano: entrar na casa com uma arma (que estava escondida na cesta de flores), seqüestrar seu amante e fugir. Fugir para qualquer lugar. Um dia teriam que voltar, tinham seus filhos, seus conjugues... Mas... Um dia!
Quando viu Magda, no entanto, tão viva, tão alegre, naquela casa, na Itália... Sempre fora seu sonho morar na Itália... Ela estudara arte italiana quando jovem. Sonhava em ver a Capela Sistina, os museus, a Torre de Pisa... Sonhos.
Então, fraquejou. Fingiu ter olhar perdido, sentiu uma tontura forjada e disse, trêmula:

- Minha casa... Não sei... onde... é minha... Casa!
- O que? – Magda estava impaciente.
- Casa... – Tâmara, mesmo que arrependida, estava decidida a levar a farsa até o final e depois ir embora, sem falar com ele. Estava desgostosa com a situação.
- Moça, não estou entendendo... Non parlo Italliano!
- Sua burra, estou falando em português?
- O que? – Magda ofendeu-se
- Casa... – Tâmara passou os dedos agitados na batente da porta, olhando para dentro da sala – Posso casa?
- Pode casa?
- Casa! Casa! – começou a correr e pulou no sofá!
- Ei, Diogo! Diogo... – ela começou a gritar.
- Não! – Tâmara disse, aflita – Não Diogo! Sofá! Sim... Sofá!
- Está bem – Magda ficou de repente sóbria – Sofá.
- Sim. Eu estou perdida. Desculpe-me. Agora estou mais calma – Tâmara disse, pausadamente – Acontece que preciso de algum lugar para dormir enquanto não acho minha casa.
- Ah, pobrezinha – Magda ajoelhou-se no chão – Se eu não estivesse em lua de mel com meu Deus Grego...
- Eu não atrapalho – disse ela, surpresa consigo mesma, tentando esconder sua raiva – Por favor...
- Ah – Magda mordeu os lábios – Não sei.
- Por favor! – Tâmara implorou. Vendo, porém, a cara de Magda, começou a rir. Não conseguia acreditar no tamanho da burrice dela! Não reconhecera Tâmara, sua antiga vizinha!
- Ah – Magda também começou a rir – Está bem. Você é uma moça engraçada e parece ser boazinha. Você sabe lavar louça?
- Claro que sim.
- Então fique. Agora, deixe lhe apresentar meu marido. Diogo, desça aqui! Diogo! DIOGO!
- Fala, Magda – Diogo desceu, virando os olhos.
- ... – Tâmara engoliu seco. Seu coração estava explodindo de emoção. Ele estava tão sexy, barba mal feita, roupa rasgada... Parecia um pintor italiano... Ah, que delícia!
- O que? – ele assustou-se – O que... Mas... Magda, eu não...
- Essa moça está perdida, então vamos hospeda-la aqui por alguns dias. Não vamos, querido?
- Eu... Quer dizer... Como? – ele respirou, tentando controlar o riso. Ela estava angelical. Voluptuosamente angelical, toda provocativa. Sua roupinha branca rendada, a cesta de flores, o cabelo no rabo de cavalo, as unhas rosas... Aquela imagem o deixava louco - Está bem.
- Que ótimo! – Magda disse – Viu! Está tudo certo, então!
- Ahn, mô, vou subir pro meu quarto, ok? Estou um pouco... indisposto! – Diogo disse e correu escada acima.

Tâmara ficou um bom tempo ainda conversando com Magda. Agora o relógio marca oito horas e ela não agüenta mais de saudades, de amor, de tesão. Magda vê o horário, se assusta e diz que precisa sair. Pega sua bolsa e sobe para despedir-se de Diogo. Tâmara fica sozinha na sala.


Diogo está deitado na cama. Ele ficou ali, rindo e chorando. Não acreditava que aquilo tinha acontecido. Sua vida era irreal... De qualquer forma, está extremamente feliz, mais que isso! Está excitado como um adolescente esperando a primeira transa.
Magda entra pela porta, apressada, e diz que vai ter que ir ao cabeleireiro e depois desce. Diogo fica paralisado. Não sabe o que fazer. A porta bate, Magda já foi. Alguém começa a subir as escadas...
Então ela aparece na sua porta, enrolando o cabelo, envergonhada e encabulada. Ele fica de pé. Nenhum dos dois querem barreira alguma entre eles, nenhuma daquelas bobeiras de casais bem resolvidos. Eles não são bem resolvidos. Querem só se amar.
Ele a abraça forte, beijando seu pescoço. Ela morde o lóbulo da orelha dele. Ele sente o corpo dela com o seu. Vai surgindo entre eles uma coisa que ninguém vai separar até que Magda chegue. Talvez nem assim.
 
Perfeito, amore!! Abriu espaço pra bastante coisa acontecer...
(e olha só, continuei logo depois de você!Que coisa rara!)

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Capítulo 34 - A Nova Transa

Ambos se olham nos olhos, e mais que o desejo acumulado em tantos meses, ambos querem matar a saudade que os consome. Ao morarem na mesma rua e se encontrarem quase que diariamente, acostumaram-se um com o outro. Ficar tanto tempo distantes os angustiava.

Diogo não sabia se era a saudade que o inebriava, se eram seus olhos ou se era a Itália que mudava sua percepção, mas Tâmara parecia ligeiramente diferente. Tinha um ar mais jovial, mais leve. Acostumara-se a seus vestidos decotados e vermelhos, sensuais e libidinosos...Uma roupa clara e leve nela (que não fosse as de limpar a casa que sempre usava à presença de Jorge) a fazia parecer com uma brisa.

O estranho visual de Diogo também impressionou a moça. E a excitou de uma forma bela - ela estava nervosa como uma adolescente. Assim como Diogo.

Entrelaçaram os dedos, e ambos suavam frio. Diogo tremia levemente ao levar a mão ao corpo da moça; ela por sua vez se sentia como uma virgem. Mas queria não se lembrar de Madonna naquela hora, queria que tudo fosse diferente do que lhes era casual: devagar e delicado. E foi assim, ambos o desejavam.

Diogo a deitou na cama vagarosamente, como se deitasse uma flor. Ela se sentiu uma flor. Desabrochando. Sorriram. Abraçaram-se. Amaram-se como beija-flores. Como algodão.

A exaustão chegou e ambos adormeceram. Diogo estava tranquilo - os cabelos de Magda eram realmente incontroláveis, ela demorava horas, e certa vez até dias, para arrumá-lo. Os amantes podiam relaxar. E gozar: amaram-se mais uma vez. E mais outra. Só quando se aproximava o pôr-do-sol levantaram da cama e se trocaram.

Enquanto desceram as escadas, o moço a observava descer graciosamente. Nunca reparara em como ela era delicada...sempre notara que ela era um demônio voluptuoso e animal, uma cobra, uma deusa viperina, mas nunca que essa Afrodite poderia ser um anjo...Ele se apaixonava cada vez mais pela moça. Ainda mais do que já era apaixonado. Mais perdidamente do que já estava perdido.

Quando voltaram à sala, agiram como se nada tivesse acontecido na casa. Diogo foi ler jornal, e Tâmara foi lavar a louça. Assim que Magda voltou, ela mostrou o sótão à visita - ela iria ficar lá por toda sua estadia na casa. Tâmara não se importava - ou ela estaria na cama com Diogo, ou no Hotel onde estava hospedada. Magda não era um problema.
 
Fantástico!

Cada vez mais emocionante. Confesso que passei a acompanhar, e em breve publicarei uma resenha crítica num jornal local. Country. O jornal. Local. O jornal Country. Local, Country.
 
Capitulo 35 -A Chave Maldita - Por Melkor

Diogo acorda com o sol entrando pela janela do seu quarto. Magda está sentada na varanda, fumando um charuto. A fumaça vai dançando, inebriando-o. A cama de armação de ferro o amedronta, seu reflexo naquele espelho oval... Tudo naquele quarto parece familiar e assustador para ele.

- Magda... Charuto? - ele pergunta, meio cômico.
- Sim, amor. Eu estou ficando mais refinada, sabe? Depois que cheguei aqui na Europa me sinto outra pessoa.
- Eu também - ele diz, cínico.
- Mô... Você está gostando da nossa vida nova?
- A cada dia mais, Magda!
- O que você vai fazer hoje?
- Depende. O que você vai fazer hoje?
- Vou procurar emprego.
- O que? - ele se assusta
- É. Vou procurar emprego. Já era hora, né?
- Ahn... É? - ele está confuso - Não sei, pra mim tanto faz. Vou ficar em casa... Er... Arrumando meus papéis!
- Que papéis?
- Não te contei? Estou tentando escrever um livro!
- Ah, que bom, querido! A gente conversa na volta então! - ela o beija na testa, com aquela boca com gosto de charuto, veste um vestidinho curto, penteia o cabelo na penteadeira de mármore (tudo na casa tão sombrio!) e vai embora.

Ele começa a gargalhar. Está adorando enganá-la... Outrora diria: "Pobrezinha!..." Mas está feliz, desta vez! Não fora ela quem os separara? Era a punição, então. Magda iria sofrer até seu último fio de barba!
Logo Tâmara aparece na porta com uma bandeja com café na manhã... Dançando sob suas mãos estão dois pedaços de pão italiano, manteiga, roscas, uma maça vermelha e tudo mais que um bom desjejum pede.


O telefone toca. Tâmara, enquanto vê Diogo comer - ele parece uma criança, todo feliz -, atende. Ela desliga logo com cara de assustada.

- Mô, um monstro ligou pra gente - ela diz.
- Como assim?
- Grunhidos... Muitos grunhidos... Só grunhidos! Ah! Estou com medo!
- Medo do que?
- Eu... Eu acho que ouvi a voz dizer "Tâmara...".
- Hahaha - ele ri
- Não tem graça - ela grita e ele fica sério.

Os dois passam alguns instantes assim e depois começam a rir juntos. O problema é que Diogo não para de rir, fazendo a cama tremer tanto que derruba todo o café da manhã, o que lhe dá mais motivos para rir.
Tâmara, irritada, vai limpar a sujeira, mas escorrega e cai no chão em cima do iogurte. Ele está chorando de tanto rir... Ela desiste e pula em cima dele, toda suja. Ele limpa ela com a língua, feito gato.
Eles começam a brincar, se empurrando como se tivessem dez, onze anos. Estão muito felizes assim, espontâneos, juntinhos... Feito casados. E, quando percebem isso, ficam um pouco quietos. Não querem estar casados. Se bem que, por algumas semanas, alguns meses... Um ano...
Diogo resolve fazer uma brincadeirinha. Na ponta dos pés, vai até a sacada e fecha a janela. Depois, rindo sozinho, tranca a porta. Tâmara está sentada na cama, incrédula. Ele, com uma voz fina, diz:

- Oh, perdi a chave - e a joga dentro da sua cueca.
- Amor, não tem graça... E se a Magda vem e...
- Que Magda o que! - ele diz - Vamos brincar um pouco, Tâ!
- Está bem, meu Alexandre!
- Alexandre? - ele perde todo o tesão
- É! Alexandre, o grande! - ela ri como uma porca. Ele ignora a piada sem graça e continua seu caminho rumo à cama, se imaginando num documentário sobre guepardos do National Geographic Channel.

Mas alguém não limpou o iogurte. Ele escorrega e cai sentado. Mas a chave...

- AH! - ele grita.

Lá vão nossos amantes mais uma vez para o hospital.
 
Capítulo 36 - A Sacada e a Enfermaria



--A chave para destrancar o quarto se encontra indisponível no momento!! - berra Diogo.

Tâmara está desesperada, indo de um canto ao outro do quarto, e Diogo ainda sentado no chão, imóvel, as duas pernas escancaradas.

--Porque você foi fazer essa coisa idiota!Quem mandou enfiar a chave na cueca!Mas que droga!E se a Magda chega, hein?Hein??

A situação está caótica. Nenhum deles sabe o que fazer, e ambos estão nervosos. Então Tâmara dá alguns passos para trás, e corre de encontro à porta, lançando-se contra ela.
Não deu certo. Assim que a moça se atirou contra a madeira, bateu e caiu no chão, desmaiada. O estrondo assustou Diogo, que começou a chorar.

--Meu bem, acorda, por favor...Pelo amor de Deus, acorda! - chorava ele desesperado e com as pernas abertas, caído no chão.

Por vários minutos ele chorou, até que Tâmara acordou.
--Não deu certo... - grunhiu a moça, coçando a cabeça dolorida. Diogo nada conseguia fazer além de chorar como uma criança. Aquele choro desprotegido e infantil começava a excitar Tâmara, mas ela tentou se concentrar, não era hora de sexo. Era hora de medidas drásticas.

Embora fosse arriscado, ela deciciu sair pela varanda. Ela precisaria pular para o andar debaixo, mas estava de vestido, então pegou uma calça jeans de Diogo, vestiu, e tentou arquitetar a descida o mais rapidamente possível.

--O que está fazendo? - questionou Diogo, ainda no chão.
--Estou salvando você.

A garota passou uma das pernas pelo guarda-corpos; depois a outra. Agarrou-se ao metal, foi escorregando vagarosamente, depois segurou-se no chão na varanda, com os braços esticados. Dessa forma, não ficava tão distante do chão. Soltou-se, e caiu no chão, sem se machucar muito.

Foi então que descobriu que não sabia onde ficava o hospital, não tinha a chave da entrada da casa, e não sabia falar italiano. Era hora de se desesperar.
Não passava ninuém pela ruela onde estavam. Embora ela olhasse para os dois lados, ela não achava ninguém, então decidiu ir até alguma rua maior que estivesse próxima, para que alguék pudesse chamar uma ambulância, e tudo isso antes de Magda voltar.

Ela se foi, porém, sem avisar Diogo, que por muito tempo continuou chamando o nome da amante. Chamou, chamou, sem ter retorno - concluiu que ela tinha batido a cabeça ou algo do gênero, que sangrava incontrolavelmente caída na rua, e ninguém estava lá para ajudá-la. Passou a chorar ainda mais. Sentia-se indefeso e idiota. E chorava.

Tâmara viu-se obrigada a entrar em um bar suspeito e pedir ajuda. Tentou falar italiano, mas ninguém entendeu, e quando tentou algo em português, logo alguém a atendeu: havia um turista brasileiro lá dentro. Ela logo explicou que precisava de uma ambulância, ligaram e a disseram que só lhe restava esperar. Ela então se sentiu tranquila,e decidiu sentar-se e tomar um pouco de whisky para descontrair.

Aproximadamente meia hora depois, ela se levantou e, já amiga da maioria do público do bar, voltou para a casa, onde a âmbulância já a esperava.

Para descer Diogo de lá de cima, um enfermeiro grande, moreno e forte teve que escalar a sacada.

--Diogo és tu?
--Sim! - e esticou-lhe os bracinhos fracos e miudos ao homem, ainda choroso, ainda dolorido.

O enfermeiro desceu com Diogo nos braços, e o colocou de bruços na maca.
 
Mo, ótimo! Mas tá me dando aflição essa história toda! hahahahhaa

Adorei a parte que ela percebe que é hora de se desesperar, hehe

Beijos, já escrevo a minha, logo logo, me aguarde
 
Capitulo 37 – Café – Por Melkor

Diogo está com Tâmara num café, na Itália, conversando. Magda está numa conferência em algum lugar e Jorge... Bem, Jorge deve estar procurando sua mulher, lá no Brasil, desesperado.
Os dois acham a situação engraçada, mas por outro lado têm um certo receio. As coisas são delicadas e, apesar deles adorarem viver no limite, qualquer erro pode ser o fim de toda a história de amor deles.
Ela está especialmente bonita nesta tarde: vestido azul de alcinha, bordado na manga, amarrado na cintura com um fio desfiado, sandália branca... O cabelo está preso com dois palitos e a maquiagem é simples, somente lápis para realçar os olhos.
Ele está normal, no seu jeito recém-italiano: barba já até que grande, olhos pensativos, camisa branca com os dois últimos botões abertos, sapato preto, calça justa. Eles acham graça um do outro e se desejam secretamente (e, por baixo da mesa, não tão secretamente).
Já faz um bom tempo que Tâmara está fingindo ter perdido a memória, eles sabem que logo a mentira vai ter que acabar, no entanto, tentam esquecer. Aquelas “férias” na Itália estão simplesmente fabulosas. É como se fosse a lua de mel deles, a consolidação máxima do seu amor e da capacidade de superar toda a sorte de imprevistos e obstáculos.

Um italiano olha para a mesa deles e abre um sorriso. Ele é extremamente bonito, tem todo aquele charme vindo lá do sul, da Calábria. Aquela pele morena, olhos profundos, uma leve e sexy olheira... Tâmara fica vermelha. Diogo não acredita no que está vendo, fica indignado.
O homem vem, senta na mesa e fala alguma coisa em italiano para ela, que cora novamente.

- Ei, moço, ela está comigo! – Diogo diz para o italiano. Ele responde, em italiano, e Diogo se enfurece – Comigo! Está vendo? Com moi! Moi! Me, myself! Comigo, capice?
- Mo... Acho que ele não tá entendendo! – Tâmara fala, nervosa.
- Ele não pode sair dando em cima da mulher dos outros só porque não fala português!
- Eu não sou sua!
- Mas você é minha amante, capista! – Diogo grita e o homem sorri ao entender alguma coisa.
- Ei, moço – ela disse, ignorando Diogo – Está tudo bem, mas eu estou com ele e...

Ele, o italiano, é mais rápido que ela. Beija seus lábios, sorri e entrega uma rosa que estava na sua lapela. Caminhando, sai pela porta do café assobiando, todo feliz. Ela fica ainda mais vermelha.
Diogo fica paralisado. Ela balbucia qualquer coisa, quer consertar a situação... Ele grita, derruba a mesa e sai do café. Ela fica mais, mais vermelha e corre atrás dele pedindo desculpas para as pessoas atônitas.
Diogo está andando rápido demais, ela mal consegue acompanhá-lo. Ele vira, entra num beco e ela o segue. Ele se encosta na parede e começa a gargalhar.
- Mo... Você tá bem? – ela pergunta
- Claro que sim! – ele responde, por entre risos – É que eu tinha esquecido a carteira. Não vi outro jeito de sair do bar sem nos constranger.
- Ah, ainda bem, porque não foi nem um pouco constrangedor o modo com que saímos – ela diz, brava.
- Relaxa, foi você quem beijou um italiano bonitão, não eu!
- Mo, não foi minha culpa!
- Relaxa, eu já disse!
- Você... Você não se importa? – ela pergunta, suspeitando do modo leve com que ele está lidando com a situação.
- Não! Pelo amor de Deus, não foi sua culpa! E somos livres! Se você quiser beijá-lo, tudo bem, contanto que seja uma ou duas vezes e você continue a ser a minha amante. Se eu posso te dividir com o Jorge...
- Ah – ela está aliviada e feliz, mas ao mesmo tempo preocupada. Se ele age assim, talvez... Sim, se ele tivesse mais um caso, provavelmente agiria exatamente assim. Ela esconde seus pensamentos e resolve pensar melhor depois.

Agora, ela só quer beijá-lo.
 
Capítulo 38 - Um Livro Russo, Um Amor Italiano - Por Forfirith

Entediada e sentada sozinha em um café cult no centro de Roma, Tâmara fingia ler um livro. A cor monótona do céu a deixava com sono.

O livro era escrito em russo. Como ela nada tinha pra fazer naquele dia romano nublado, nenhum amante para transar, nenhum marido para dar banho, nenhuma Magda para odiar, ela decidiu caminhar.

Errou pelas ruas e ruelas da cidade, até chegar no centro. Lá, decidiu olhar algumas estátuas, igrejas, e...deparou com um homem maravilhosamente sensual dentro do tal café. Mas...não tinha nada "cult" à mão. Bem ao lado, havia uma tabacaria russa, e ela viu alguns livros sendo vendidos - sem hesitar, entrou e comprou o primeiro com a capa mais "cult" que achou, e foi para o café.

Sentou-se a uma distância detalhadamente calculada e estudada do italiano que a atraíra. Abriu o livro sensualmente, deixando-se ser vista deliberadamente. Ajeitou o decote da blusa, fez cara de reflexão, e pôs-se a ler o livro.

Várias horas depois, o italiano ainda apenas lhe lançava olhares insinuantes. Ela já deitava apoiada em um braço, na mesa, acariciava os cabelos e bocejava constantemente.

Quando tomou o último gole de seu sétimo expresso, o lascivo italiano se levantou, e se dirigiu com seu andar latino até Tâmara.

Meu Deus, ele era lindo. Era alto, era moreno, era forte e musculoso, tinha olhos verdes, o cabelo preto, e se chamava Marco. Sim, ele lhe disse o nome. Ele já estava nas mãos de Tâmara. Tentaram conversar em italiano. Não se entenderam, então tentaram espanhol. Também não dera certo, então passaram para o inglês.

O sotaque italiano de Marco que se impregnava em seu inglês era lindo e libidinoso. Mas o sotaque de Diogo....Não, ela não deveria pensar nele. Não queria, não devia...Bem, seu coração jamais se esquecia dele, nem por um milhonésimo de segundo sequer. Mas sua mente e seu corpo, às vezes...Bem, se rendiam à perdição. E Marco era mais que uma perdição...

Não demorou para irem ao apê dele - ele a chamara para lhe mostrar alguns livros, já que viu que ela gostava de literatura russa - e logo se beijaram. Minha nossa, e como...Ela tremia quando ele tocava aquelas mãos grandes em seu corpo delicado...se deliciava quando ele gemia coisas ininteligíveis em italiano ao pé do ouvido...se entregou totalmente ao corpo dele quando ele a jogou na cama.

Os lençóis de seda não lhe lembraram o Quarto, a meia luz do dia nublado não lhe lembrou sua cidade, Marco não lhe lembrou Diogo. Ele foi uma nova e excitante experiência. Sim, Tâmara provou de novas 'especiarias'. Por incrível que parecesse, ela não conhecia alguns "lados" do sexo - o que a impressionou, uma vez que acreditava ter provado de tudo com seu amante. Seu amante...no momento do orgasmo, quando ela e o sexy italiano se tornavam mais conectados do que jamais estiveram, Diogo se lhe transformou em apenas um lindo, maravilhoso, sexy, lascivo e apaixonado ponto distante, num avião, vindo com a esposa para Roma.

Horas mais tarde, ela se encontrava nua mais uma vez, envolta em lençóis impúdicos, com Diogo. Estavam exaustos de tanto sexo, tantos gritos, tanto prazer.

--Meu Deus, onde aprendeu essas coisas, esses movimentos, meu amor?
--Ah, Diogo meu bem, o amor me ensinou...

Ela admirava o rosto de seu amor, enquanto ele divagava sobre a plantação de oxicocos na Inglaterra... Gostaria de conhecer aquelas plantações algum dia.

Quando ele enfim se levantou para ir ao banheiro pegar o spray de própolis para a dor de garganta que começava a despontar devido aos gritos, viu, meio jogado no chão dentro da bolsa de Tâmara, o livro "Donstuski Flavinski Romanovni - Utch Libsto Pariskinoff". Ele não se conteve e deu outro grito:

--MEU AMOR!Eu adoro esse livro, onde você achou? Como você encontrou? Eu procuro esse livro desde os sete anos, e nunca encontrei, nem no Brasil, nem em nenhuma de minhas viagens, nunca!
--Ah, eu vi em uma tabacaria no centro e comprei...
--Não sabia que conhecia! Sabe ler russo também??
--Ah...é, eu...é...estou aprendendo - respondeu ela, mexendo nos cabelos. Ela sempre mexia nos cabelos quando mentia, e Diogo sabia disso.
--Você está mentindo. Era uma surpreza pra mim, não era?

Ela não precisou responder. Amaram-se novamente, em celebração ao livro.
 

Valinor 2023

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