Duas que certamente entrariam num top de minisséries, caso eu resolvesse fazer um:
Justiça LTDA. (Justice Inc., 1989)
Minissérie em duas edições, DC Comics
Texto: Andrew Helfer
Arte: Kyle Baker
Trata-se de uma reinterpretação moderna de um dos personagens mais clássicos dos
pulps: O Vingador.
Criado por Kenneth Robeeson (que também criou o Doc Savage), o Vingador era um agente secreto que podia alterar o próprio rosto e assumir as feições de qualquer homem.
Depois de uma origem chocante (que eu não vou descrever porque ela é reprisada de forma brilhante logo no início da minissérie), o Vingador passou a fazer parte de uma equipe chamada Justice Inc., que foi provavelmente a inspiração pra coisas como Missão: Impossível.
O Vingador já foi programa de rádio e até já teve uma série em quadrinhos nos anos 70, também pela DC.
Eu não conheço as histórias dos pulps, nem a HQ antiga, muito menos o programa de rádio, mas a minissérie de 89 é
foda. Aparentemente eles transformaram o conceito inicial em uma coisa muito mais complexa, onde o Vingador passa a fazer parte de um programa de espionagem política enquanto busca pela verdade sobre a própria origem.
O roteiro é de outro mundo: empolgante, mindfuck, dramático, relevante, etc. A arte é criativa e totalmente perfeita para a história, pois o Baker usou um estilo onde ele não define quase nada dos rostos, criando uma sensação de paranóia e se relacionando de forma perturbadora com a condição do protagonista.
É uma das melhores coisas que eu tenho aqui, IMO.
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Liberdade (Give me Liberty, 1990)
Minissérie em 4 edições, Dark Horse
Texto: Frank Miller
Arte: Dave Gibbons
Cores: Robin Smith
"Give me Liberty", que tem o subtítulo "An American Dream", é dividida em 4 partes: "Homes & Gardens", "Travel & Entertainment", "Health & Welfare" e "Death & Taxes". Quem sabe do que a história se trata acaba percebendo que esses títulos são exageradamente irônicos, pois tratam, respectivamente, de guetos, guerra, lavagem cerebral e vingança.
"Exageradamente" é algo que dá pra se acrescentar a qualquer adjetivo em Give me Liberty, e é exatamente por isso que ela é tão boa. O Frank Miller se permitiu dar vazão os seus delírios mais absurdos, e o resultado é uma história que não faz concessões, ou prisioneiros.
É uma das minhas histórias preferidas do Miller, em parte porque é uma das únicas coisas dele que não tem nada a ver com super-heróis, mas pricipalmente por ser única, irônica, selvagem, maluca e linda. E
sci-fi.
A história é difícil de resmir, então, aos que ainda não leram: façam um favor a si mesmos.