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O Gabinete do Dr. Caligari (Kabinett des Dr. Caligari, 1920)

Fosco Cachopardo

Ghost of Perdition
O Gabinete do Dr. Caligari

caligari01.gif


Direção: Robert Wiene

Elenco:

Werner Krauss - Dr. Caligari
Conrad Veidt - Cesare
Friedrich Feher - Francis
Lil Dagover - Jane
Hans Heinrich von Twardowski - Alan
Rudolf Lettinger - Dr. Olson


Um dos maiores marcos do cinema mudo expressionista e talvez o grande ícone do cinema mudo alemão, este primeiro filme de Robert Wiene é até hoje um referencial e influência para muitos filmes.

Considerado um dos primeiros filmes de suspense e ainda um dos melhores sobre psiquiatria, O Gabinete do Dr. Caligari mostra muito além do que sua história simples sobre um sonâmbulo assassino e seu louco mestre aparenta. A dualidade do ser humano é o que verdadeiramente está em pauta aqui. Bem e mal, real e irreal, luz e sombras se misturam e mostram que todas nossas certezas podem vir por terra, pois, nossas mentes e nossos sentidos nos enganam.

O clima sombrio e macabro do filme é criado pela magistral direção de Wiene que não se prendendo ao convencionalismo cria ângulos de câmera e cenários inusitados e trabalha muito bem o jogo de luz e sombras, ressaltando a idéia da ambivalência da alma humana. A cenografia do filme é um destaque a parte e é o que faz o filme ser caracterizado como expressionista, pois a trama e a temática não se caracterizam tão fortemente. Edifícios cubistas e com estranhos ângulos desafiando as leis da física, corredores estreitos e às vezes intermináveis dão um clima psicológico tenso e claustrofóbico.

Também a trilha sonora que, neste caso, foi excelentemente apresentada ao vivo, como nos cinemas antigamente, pelo violoncelista Érico Amaral Júnior e pela pianista Cecília Bellato foi de grande valor para tecer a atmosfera do filme. A importância da trilha sonora pra um filme mudo é vital, e as obras de Bach, Albioni, Mozart, Beethoven, Brahms, entre outros, deram o tom perfeito para todas as cenas.

Ainda assim, o filme não teria êxito se não fosse pelas ótimas atuações, especialmente a de Wener Krauss, que estave totalmente imerso no personagem do Dr. Caligari. É interessante nota que, principalmente no que concerne à questão da expressão corporal, nos filmes atuais é considerado canastrice os exageros que havia nas interpretações dos filmes mudos, contudo, nestes é de extrema importância e beleza e, em O Gabinete do Dr. Galigari, são executadas com maestria, demonstrando, mesmo sem falas e som, os sentimentos dos personagens.

*Spoilers*

Porém a grande genialidade do filme está em trazer, já nesta época, uma história dentro da outra. Quando dávamos por certo a loucura do Dr. Caligari no momento este é desmascarado por Francis cuja amada Jane havia sido raptada pelo sonâmbulo Cesare, descobrimos, após Caligari ter sido trancafiado em um manicômio e seu fantoche encontrado morto em uma ravina que, ele era na verdade o diretor do tal manicômio. É então que o filme dá sua grande virada, pois tudo que havíamos visto até agora eram apenas os devaneios de Francis que estava internado no manicômio, assim como vários outros personagens do filme, como Jane e Cesare.

Deixa-se em aberto, no entanto, para o espectador decidir o que é realidade ou não. Pois o fato do Dr. Caligari ser diretor do manicômio pode ser uma ilusão produzida por sua própria loucura.

*Fim dos Spoilers*

Os delírios do filme brincam com nossas noções de normalidade e anormalidade.

Nota: 9

caligari.jpg


caligari.jpg
 
Eu adoro esse filme e é plenasmo dizer o quanto ele significou pra época, o quanto trouxe de inovação etc!
Eu acho que esse filme é o que melhor representa as caracteristicas que vieram a moldar o expressionismo alemão.

Aproveitando o tópico...quais outros filmes voces curtem de expressionismo? eu acho esse o melhor, mas tambem curto Nospheratu, que apesar de classico as vezes da sono. Eu acho o Golen bem louco também.
Mesmo fazendo parte dessa leva de produções eu acho que Metropolis se diferencia bastante desses outros filmes.
 
!!!

Vi o filme ontem, estou impressionado até agora, foi muito além das minhas espectativas e não dá pra explicar sem usar os spoilers (leia o primeiro post do thread). Assistam!!!

Nota 5/5
 
SPOILERS

Fosco disse:
Porém a grande genialidade do filme está em trazer, já nesta época, uma história dentro da outra. Quando dávamos por certo a loucura do Dr. Caligari no momento este é desmascarado por Francis cuja amada Jane havia sido raptada pelo sonâmbulo Cesare, descobrimos, após Caligari ter sido trancafiado em um manicômio e seu fantoche encontrado morto em uma ravina que, ele era na verdade o diretor do tal manicômio. É então que o filme dá sua grande virada, pois tudo que havíamos visto até agora eram apenas os devaneios de Francis que estava internado no manicômio, assim como vários outros personagens do filme, como Jane e Cesare.

Deixa-se em aberto, no entanto, para o espectador decidir o que é realidade ou não. Pois o fato do Dr. Caligari ser diretor do manicômio pode ser uma ilusão produzida por sua própria loucura.
Tem uma coisa muito curiosa nessa questão.

No roteiro original, Francis não era maluco. Janowitz e Mayer, os roteiristas, não haviam posto essa "estória-modulra" (ou seja, a história dentro de outra história). Esse elemento foi inserido pelo diretor. Isso deixou os dois roteiristas furiosos, pois não só negava, como revertia a intenção que eles tinham em mente.

Segundo eles, o personagem do Dr. Caligare e do Sonâmbulo (Cesare, né) são metáfores para, respectivamente, o governo de guerra alemão e o cidadão comum que era obrigatoriamente recrutado para o serviço militar e treinado para matar e morrer. Ou seja, o governo, a autoridade, é insana, engana e controla o público; o homem comum é a vítima. A intenção deles foi fazer essa crítica; uma coisa não muito imprevisível, considerando-se o contexto pós-guerra.

Mas o diretor mudou tudo. Enquanto a história original expunha a loucura inerente à autoridade, a nova versão glorificava a autoridade e condenava seu antagonista à loucura. Caligari era, assim, o psiquiatra que poderia "curar" (como ele diz na última fala do filme), e todas as cenas acusatórias em que mostravam-se as insanidades da autoridade não passavam de delírio.

Anyway, dito isso, eu acho o filme bem legal também. A caracterização do Cesare ficou muito cool... aquele rosto pálido, olhar morto e hipnotizado, olheiras e por aí vai. Uma sombriedade que foi claramente ressaltada pelo visual expressionista, como o Fosco já disse. Os cenários são tão surreais que em alguns momentos você demora a se situar.

Outra coisa maneira foi a presença da relação entre as atuações "físicas" e o cenário. Eu lembro de uma cena em que a marcação dos atores é tão perfeita que a princípio você consegue ver apenas uma pessoa e, aos poucos, outras vão aparecendo por detrás dela, dando a impressão de estarem "brotando" da primeira, ao mesmo tempo que todos parecem se mesclar com fundo escuro.

Tem também a parte em que o Cesare morre. Seu "último suspiro" é um entorpecimento corporal que, do ângulo em que a cena é filmada e do jeito que os efeitos de luz/sombra são usados, dá-se a impressão de que o sonâmbulo é mais um dos milhares de galhos mortos e secos ao seu redor.

Às vezes os personagens andam rastejando pelas paredes, com suas sombras projetadas disformemente pelo cenário. Enfim, tudo muito sombrio/bonito/inteligente/bizarro.

Curiosidade: o Tim Burton disse uma vez numa entrevista que se inspirou no Caligari pra caracterizar o Pingüim no filme do Batman. :mrgreen:
 
Um dos meus filmes preferidos. Grande expoente do expressionismo alemão
To sem tempo para falar o que mais acho do filme, mas é um obra prima ao meu ver.

Mais uma curiosidade que não citaram é que inicialmente o filme seria dirigido por Fritz Lang, que abandonou o projeto mais deixou pronto o prólogo doo filme.
 
O negócio é o seguinte: estava inocentemente lendo a comunidade sobre o filme lá no orkut quando um fulano em determinado tópico coloca um link para o IMDB. O link? Uma versão de Caligari para sair em 2006.

Tipo, wtf?! :eek:
 
O Cesare vai ser o ator Doug Jones, que fez o Abe Sapien do Hellboy :lol:

Enfim, eu acabei vendo a versão no cinema original e uma que a Natalia alugou no Goethe. Essa última, resolveram acompanhar o filme com uma "trilha" de fundo. Sinceramente não gostei nem um pouco disso. Os sons chegaram a irritar :tsc:
 
Ana Lovejoy disse:
O negócio é o seguinte: estava inocentemente lendo a comunidade sobre o filme lá no orkut quando um fulano em determinado tópico coloca um link para o IMDB. O link? Uma versão de Caligari para sair em 2006.

Tipo, wtf?! :eek:

Tenho que adicionar um novo item aos possíveis atentados que eu possa vir a fazer caso eu fique louco e tal
 

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