Fosco Cachopardo
Ghost of Perdition
O Gabinete do Dr. Caligari
Direção: Robert Wiene
Elenco:
Werner Krauss - Dr. Caligari
Conrad Veidt - Cesare
Friedrich Feher - Francis
Lil Dagover - Jane
Hans Heinrich von Twardowski - Alan
Rudolf Lettinger - Dr. Olson
Um dos maiores marcos do cinema mudo expressionista e talvez o grande ícone do cinema mudo alemão, este primeiro filme de Robert Wiene é até hoje um referencial e influência para muitos filmes.
Considerado um dos primeiros filmes de suspense e ainda um dos melhores sobre psiquiatria, O Gabinete do Dr. Caligari mostra muito além do que sua história simples sobre um sonâmbulo assassino e seu louco mestre aparenta. A dualidade do ser humano é o que verdadeiramente está em pauta aqui. Bem e mal, real e irreal, luz e sombras se misturam e mostram que todas nossas certezas podem vir por terra, pois, nossas mentes e nossos sentidos nos enganam.
O clima sombrio e macabro do filme é criado pela magistral direção de Wiene que não se prendendo ao convencionalismo cria ângulos de câmera e cenários inusitados e trabalha muito bem o jogo de luz e sombras, ressaltando a idéia da ambivalência da alma humana. A cenografia do filme é um destaque a parte e é o que faz o filme ser caracterizado como expressionista, pois a trama e a temática não se caracterizam tão fortemente. Edifícios cubistas e com estranhos ângulos desafiando as leis da física, corredores estreitos e às vezes intermináveis dão um clima psicológico tenso e claustrofóbico.
Também a trilha sonora que, neste caso, foi excelentemente apresentada ao vivo, como nos cinemas antigamente, pelo violoncelista Érico Amaral Júnior e pela pianista Cecília Bellato foi de grande valor para tecer a atmosfera do filme. A importância da trilha sonora pra um filme mudo é vital, e as obras de Bach, Albioni, Mozart, Beethoven, Brahms, entre outros, deram o tom perfeito para todas as cenas.
Ainda assim, o filme não teria êxito se não fosse pelas ótimas atuações, especialmente a de Wener Krauss, que estave totalmente imerso no personagem do Dr. Caligari. É interessante nota que, principalmente no que concerne à questão da expressão corporal, nos filmes atuais é considerado canastrice os exageros que havia nas interpretações dos filmes mudos, contudo, nestes é de extrema importância e beleza e, em O Gabinete do Dr. Galigari, são executadas com maestria, demonstrando, mesmo sem falas e som, os sentimentos dos personagens.
*Spoilers*
Porém a grande genialidade do filme está em trazer, já nesta época, uma história dentro da outra. Quando dávamos por certo a loucura do Dr. Caligari no momento este é desmascarado por Francis cuja amada Jane havia sido raptada pelo sonâmbulo Cesare, descobrimos, após Caligari ter sido trancafiado em um manicômio e seu fantoche encontrado morto em uma ravina que, ele era na verdade o diretor do tal manicômio. É então que o filme dá sua grande virada, pois tudo que havíamos visto até agora eram apenas os devaneios de Francis que estava internado no manicômio, assim como vários outros personagens do filme, como Jane e Cesare.
Deixa-se em aberto, no entanto, para o espectador decidir o que é realidade ou não. Pois o fato do Dr. Caligari ser diretor do manicômio pode ser uma ilusão produzida por sua própria loucura.
*Fim dos Spoilers*
Os delírios do filme brincam com nossas noções de normalidade e anormalidade.
Nota: 9
Direção: Robert Wiene
Elenco:
Werner Krauss - Dr. Caligari
Conrad Veidt - Cesare
Friedrich Feher - Francis
Lil Dagover - Jane
Hans Heinrich von Twardowski - Alan
Rudolf Lettinger - Dr. Olson
Um dos maiores marcos do cinema mudo expressionista e talvez o grande ícone do cinema mudo alemão, este primeiro filme de Robert Wiene é até hoje um referencial e influência para muitos filmes.
Considerado um dos primeiros filmes de suspense e ainda um dos melhores sobre psiquiatria, O Gabinete do Dr. Caligari mostra muito além do que sua história simples sobre um sonâmbulo assassino e seu louco mestre aparenta. A dualidade do ser humano é o que verdadeiramente está em pauta aqui. Bem e mal, real e irreal, luz e sombras se misturam e mostram que todas nossas certezas podem vir por terra, pois, nossas mentes e nossos sentidos nos enganam.
O clima sombrio e macabro do filme é criado pela magistral direção de Wiene que não se prendendo ao convencionalismo cria ângulos de câmera e cenários inusitados e trabalha muito bem o jogo de luz e sombras, ressaltando a idéia da ambivalência da alma humana. A cenografia do filme é um destaque a parte e é o que faz o filme ser caracterizado como expressionista, pois a trama e a temática não se caracterizam tão fortemente. Edifícios cubistas e com estranhos ângulos desafiando as leis da física, corredores estreitos e às vezes intermináveis dão um clima psicológico tenso e claustrofóbico.
Também a trilha sonora que, neste caso, foi excelentemente apresentada ao vivo, como nos cinemas antigamente, pelo violoncelista Érico Amaral Júnior e pela pianista Cecília Bellato foi de grande valor para tecer a atmosfera do filme. A importância da trilha sonora pra um filme mudo é vital, e as obras de Bach, Albioni, Mozart, Beethoven, Brahms, entre outros, deram o tom perfeito para todas as cenas.
Ainda assim, o filme não teria êxito se não fosse pelas ótimas atuações, especialmente a de Wener Krauss, que estave totalmente imerso no personagem do Dr. Caligari. É interessante nota que, principalmente no que concerne à questão da expressão corporal, nos filmes atuais é considerado canastrice os exageros que havia nas interpretações dos filmes mudos, contudo, nestes é de extrema importância e beleza e, em O Gabinete do Dr. Galigari, são executadas com maestria, demonstrando, mesmo sem falas e som, os sentimentos dos personagens.
*Spoilers*
Porém a grande genialidade do filme está em trazer, já nesta época, uma história dentro da outra. Quando dávamos por certo a loucura do Dr. Caligari no momento este é desmascarado por Francis cuja amada Jane havia sido raptada pelo sonâmbulo Cesare, descobrimos, após Caligari ter sido trancafiado em um manicômio e seu fantoche encontrado morto em uma ravina que, ele era na verdade o diretor do tal manicômio. É então que o filme dá sua grande virada, pois tudo que havíamos visto até agora eram apenas os devaneios de Francis que estava internado no manicômio, assim como vários outros personagens do filme, como Jane e Cesare.
Deixa-se em aberto, no entanto, para o espectador decidir o que é realidade ou não. Pois o fato do Dr. Caligari ser diretor do manicômio pode ser uma ilusão produzida por sua própria loucura.
*Fim dos Spoilers*
Os delírios do filme brincam com nossas noções de normalidade e anormalidade.
Nota: 9