Cinderela
Pobre, pobre Cinderela.
Atrapalhada, atrapalhada Cinderela.
De repente, eis que surge a fada madrinha de Disney.
E a jovem gata Borralheira, que estava meio atrapalhada com um esfregão e não sabia direito como andar com sapatinhos de cristal quase cai com vestido, esfregão e tudo no chão da cozinha.
Não fosse a fada madrinha
E as palavras surgem no ar... literalmente falando, numa caligrafia de professora de 1a. série do ensino básico "sarabaduca, mixicabura, bipibobidibum"
Claro que Cinderela não sabe ler. Mas eu sei, e sei que a fada escreveu errado.
O ponto é que estavam fora da casa da madrasta, e Cinderela não caiu com tudo no chão sujo da cozinha. Estava em pé flutuando para não manchar o vestido no barro do jardim.
E a fada que a esta altura nem mais perguntava, fez surgir os ratos e uma caixa de sapato. E flamingos e um outro pássaro que ficaram na frente dos ratos. E a magia os transformou, e num balé de carne e penas, os flamingos se contorceram para formar o adereço frontal da parelha de cavalos.
E os ratos viraram, lógico, cavalos.
Mas isso é muito estranho... antes do seminário eu vi um filme de comercial de uma empresa que vende aparelhos de tomografia computadorizada. Primeiro foi a tomografia de um grão de café torrado. E depois foi de um rato branco dopado... ou morto, porque antes se mexia e uma vez no aparelho ficou imóvel. Exame não destrutivo de amostras, mas se o rato tava morto ficou na mesma para o roedor.
Mas os ratos... sim, viraram cavalos.
E Cinderela entrou dentro da carruagem. E o motorista da carruagem também já estava lá dentro.
E o motorista achava que pilotava um caça supersônico.
Pois tinham de chegar a tempo no baile.
E a casa de Cinderela ficava no meio da cidade. E não sabiam onde era o baile... sim, a madrasta sabia, mas Cinderela não sabia. E claro o motorista não ficou contente, pois vocês sabem como taxistas não ficam contentes quando não sabemos para onde vamos.
- Como estamos no centro da cidade, e os limites ficam em São Pitsburgo, a cada vez que nos distanciarmos de sua casa o perímetro que vamos ter de percorrer do círculo vai ser cada vez maior.
Então taca turbo.
Já falei que odeio altas velocidades? E bem, Cinderela também pareceu não gostar. Mesmo não sendo eu a me esborrachar caso a carruagem-Super-Mäquina batesse de frente com um caminhão, eu odeio velocidades altas.
Minto... virou a Falcum Millenium... porque as luzes começaram a ficar meio alongadas, indicativo de que alcançavam a velocidade da luz.
E disso Cinderela não sabia. E também não sabia porque tava tendo pelancas no rosto. (por conta da bruta aceleração para chegar próximo a velocidade da luz). E claro que mesmo que eu explicasse, ela não ia entender.
Afinal a estória era desconexa e non-sense, mas eu me divertia.
Como tudo na vida, "a última chave é a que serve".
Foi nos limites da cidade, perto de São Petesburgo que era o castelo do tal príncipe.
Cinderela saiu correndo com seu vestido azul cheio de fluflus escadaria acima. Acho que ela não percebeu que seu penteado - que já não era grandes coisas - ficou muito pior.
E o porteiro a barrou... claro que o porteiro tinha a cara do Bruce Campbell, por conta do filme do Homem Aranha que assisti faz algumas semanas.
O motorista chega do lado e tenta passar uma conversa. Cinderela boboca tenta fazer cara de coitadinha inocente, e o porteiro fica bravo.
E então por conta de "Devil May Cry" e "Simpons Hit & Run"eu começo a ver Cinderela dar saltos duplos em pleno ar para alcançar as bancadas superiores do castelo. E o motorista vai atrás. E o porteiro também.
E começa uma perseguição. Só que o porteiro confunde motorista com Cinderela e deixa Cinderela escapar.
Não é que ela vai parar na sala de som? Se esconde e fica a olhar com olhos esbugalhados...
(já sei de onde ela me é familiar... ela me lembra Peggy Sue, seu passado a espera, junto com Lucy Camargo... que pesadelo!! me tirem daqui!)
Lasers e efeitos de fumaça na pista de dança. E o principe entediado no trono dele.
"I am the one!" eu posso ouvir Cinderela pensar.
Graaande! Agora ela pensa que é Neo de Matrix. Tá certo que as piruetas duplas com vestido fluflu podiam ser associadas a Matrix, mas ainda mais parecido com Devil May Cry.
Nesse ponto eu me enchi de tanto non-sense e resolvi que tinha de acordar. Afinal hoje eu tinha de apresentar um seminário e ainda não havia terminado a joça.
Sexta feira, 13 de agosto de 2004.