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[L] [Skylink] [O desejo]

Skylink

Squirrle!
[Skylink] [O desejo]

O desejo

Escuro... Meus olhos fechados, em plena luz do dia, buscam o vazio. Meus olhos percebem a luz, eles observam as árvores, em plena primavera. Eu vejo sorrisos e me alegro.

Minhas pálpebras se entreabrem lentamente, enquanto a claridade adentra em meus olhos. Dor... Tento me levantar, mas não consigo. Minhas pernas não se mexem. Meus braços ficam parados. Mamãe me chama pro café e, mais uma vez, me levanto em um só pulo. Escovo os dentes para então ir até ela e sorrir. Ela sai, dizendo que vai voltar mais tarde. Ela não volta. Volto até a cama para dormir mais um pouco, pois ela disse que ainda era cedo.

A luz fica mais forte e meus olhos passam a se acostumar com sua presença. Sede... Minha boca seca assume forma em minha mente, mesmo sem espelho . Pergunto a mim mesma se é apenas mais uma lembrança ou minha própria imaginação. O bebedouro está lá, mas está quebrado. Porque quebrou logo agora? Mas bem, posso ficar com a boca seca mais um pouco. Tenho mais coisas para fazer, tenho ainda de brincar com os outros.

Tento levantar novamente da cama. Meu corpo se mexe e consigo, dessa vez. Cambaleio através do corredor, para depois descer a pequena escada, que parece nesse momento se alongar. Sinto o suor escorrendo em meu rosto, enquanto confronto a escada. Apoio minhas mãos no corrimão, enquanto uso o que me resta de força para me equilibrar e continuar. Desço a escada escorregando pelo corrimão, mesmo sabendo que mamãe detesta isso. É divertido, de qualquer forma.

Venço a escada, embora o esforço decorrente já escureça meus olhos, enquanto minha testa parece pulsar. Ainda consigo continuar andando até a velha cozinha, embora muito lentamente. A pintura da cozinha está totalmente nova, assim como ela. Há também uma nova geladeira, cheia de coisas boas. Abro a geladeira e não deixo de me regozijar com o ar gélido que sai dela, num momento em que apenas o calor ocupava minha mente, mesmo sendo pleno inverno lá fora. Adoro o ar fresquinho dela, pois aqui faz muito calor no verão.

Estendo a mão para apanhar uma garrafa de água. O peso parece insuportável, mas a levo até a mesa. Minha mente se divide entre os olhos que já escurecem e a boca que parece pedir somente por uma gota do precioso líquido. O líquido da vida, como a professora acabou de me ensinar. Ela disse que logo consertariam o bebedouro. Enquanto não está consertado, bebo um gole da minha garrafa de água.

Sinto minha face pálida, mesmo sem a ver. O sangue se retira dela, por algum motivo. Meus olhos terminam de escurecer, enquanto me jogo no sofá. Local onde fico pulando e brincando com meus bichinhos de pelúcia, que ganhei há poucos dias. O tempo passa, embora eu não sinta.

De repente, o escuro ao meu redor se desfaz. Um lugar mágico surge e fico maravilhada com as delicadas flores que se encontram nos vários canteiros. O cheiro das flores inebria meus sentidos. Árvores, natureza. Um mundo perfeito, aos meus olhos. Vou correndo observar as pequenas flores, enquanto aspiro seus perfumes. Fadas surgem, de todos os lugares. Fadas com doces, maravilhosos doces. Fadas que cuidam das plantas e não permitem que ninguém destrua o equilíbrio da natureza local.

Andando por ali, eu a encontro. Uma moça alta e bela, que apesar da aparente fraqueza, cultiva muitos sonhos e desejos. Ela está lá, a menina que saltita alegre enquanto se lambuza com os doces. A menina que adorava flores, e que continuou adorando por toda a vida. A bela moça olha para as flores e vejo um sorriso em seu rosto, como se todo o significado do mundo estivesse nelas. Paro e vejo que também penso assim. Olho para a menina que parece perdida em pensamentos e a saudade toma minha mente.

- Resta esperança?- Uma voz familiar e aconchegante, que parece vir dos céus, atravessa o local, de repente.

-Faremos o possível.- Responde uma voz grossa, que não estava em minhas lembranças.

-O que há com ela?- A voz familiar pergunta novamente.

-Está delirando.- Responde a voz grossa.

Um som como o de lágrimas caindo parece vir de fora do mundo. A menina larga os doces e diz adeus as fadas. A moça percebe a necessidade e para de conversar com as fadas sobre ecologia. Ela começa então a flutuar, enquanto as fadas lhe sorriem. Cada vez mais rápido, ela por fim consegue atravessar as barreiras do mundo. E chega então ao local de onde vinham as vozes.

Mamãe... Mamãe me olha espantada, enquanto abro meus olhos. Vejo um teto branco, um homem barbado e pessoas num corredor. Sei agora onde estou. Não me lembro deste lugar. Observo os brinquedos ao redor, enquanto ela diz que vou ficar bem. Ela não fala nada e a cena parece se congelar.

-Me deixem delirar...- Falo antes de escurecer meus olhos novamente.

O negrume os tinge de preto enquanto a cena realmente se congela. Ninguém fala, ninguém olha. Mamãe está parada, o homem também. Estátuas parecem se formar no corredor. Eu infelizmente não consigo voltar até as fadas dessa vez. Meu pensamento nesse instante atende meu desejo, outrora não necessário. Ele coloca nossas palavras em algo que parece ser um papel, para então tudo ao nosso redor se apagar.
 
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Belo texto, Rafa :obiggraz:
Gostei especialmente do começo. Ele me lembra o que eu sinto quando vou na casa do meu pai, onde eu morei alguns anos da minha infância. Uma Nostalgia um tanto bucólica, em todos os sentidos. Não sei dizer, não tem como entender afinal.
Só posso dizer que gostei, me deu vontade de sonhar de novo :grinlove:
 
anh....gostei do texto.....o começo ta bem interessante, pelo fato de te prender, sei la eu fiquei pensando do q se tratava......gostei afinal hehehe!

ops.: :mrgreen:
 
Pra variar, adorei o texto!!
Muito bom...o final ficou bem parecido com os meus contos, com morte...
O delírio da garota...me deu a impressão de que eu já tinha visto aquele lugar, como se estivesse na minha memória...imaginei aquelas bordinhas embaçadas, como nos filmes...hehe...e uma musica de caixinha de jóias tocando de fundo...
Gostei da parte em que ela pede pra continuar delirando... :grinlove:
PARABÉNS MAIS UMA VEZ!! =D
 

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