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Poesia Sempre!!! (versão 2- não fui eu quem escreveu)

Hoje comprei um livro de obras completas de Edgar Allan Poe, e vi um poema que gostei muito. Vou postar tanto a versão original quanto a traduzida...

Alone

From childhood's hour I have not been
As others were - I have not seen
As others saw - I could not bring
My passions from a common spring.
From the same source I have not taken
My sorrow; I could not awaken
My heart to joy at the same tone;
And all I lov'd, I lov'd alone.
Then - in my childhood - in the dawn
Of a most stormy life - was drawn
From ev'ry depth of good and ill
The mistery which binds me still:
From the torrent, or the fountain,
From the red cliff of the mountain,
From the sun that'round me roll'd
In its autumn tint of gold -
From the lightning in the sky
As it pass'd me flying by -
From the thunder and the storm,
And the cloud that took the form
(When the rest of Heaven was blue)
Of a demon in my view.




Não fui, na infância, como os outros
e nunca vi como outros viam.
Minhas paixões eu não podia
tirar de fonte igual à deles;
e era outra a origem da tristeza,
e era outro o canto, que acordava
o coração para a alegria.
Tudo o que amei, amei sozinho.
Assim, na minha infância, na alba
da tormentosa vida, ergueu-se,
no bem, no mal, de cada abismo,
a encadear-me, o meu mistério.
Veio dos rios, veio da fonte,
da rubra escarpa da montanha,
do sol, que todo me envolvia
em outonais clarões dourados;
e dos relâmpagos vermelhos
que o céu inteiro incendiavam;
e do trovão, da tempestade,
daquela nuvem que se alterava,
só, no amplo azul do céu puríssimo,
como um demônio, ante meus olhos.
 
A primeira vez que ouvi falar em poemas Hai-kai, foi quando assisti Clube da Luta, quando jack evia poemas Hai Kai pro mundo todo, de seu trabalho.

Não lembro do poema citado no filme, mas no livro eu pude encontrar esses aki (Não sei se foram feitos pelo autor do livro ou não.[Chuck Palahniuk]

Sem ninho
O Pássaro faz do mundo sua casa
Da vida sua Profissão

As flores nascem e morrem
O vento traz borboletas ou neve
A pedra nem percebe

Aproveitando pra fazer propaganda do filme/livro, que eu gosto tanto...

"Se você pudesse ser o pior inimigo de Deus ou não ser nada, o que escolheria?
Somo os filhos do meio de Deus, segundo Tyler Durden,e não temos um lugar na história nem merecemos atenção especial.
Se não conseguirmos chamar a atenção de Deus, não teremos a menor chance de condenação ou de redenção. O que é pior o inferno ou nada?
Só se formos pegos e punidos poderemos ser salvos.
-Pôr fogo no Louvre-diz o mecânico- e limpar a bunda com a Mona Lisa. Pelo menos assim Deus vai saber qual é o nome da gente. "
 
Excelente tópico! Adoro haikais também.

Um gosto de amora
comida com sol. A vida
chamava-se "Agora".


Este é de Guilherme de Almeida.

Originalmente o haikai não possui rima, mas no Brasil ele é tradicionalmente rimado.
O haikai é composto de 17 sílabas distribuídas em 3 versos. O primeiro de cinco, o segundo de sete e o terceiro de cinco sílabas.
 
Tambem adoro. Minha mãe faz um trabalho artezanal na qual ela compoe haikais( medestia a parte muito bons) e os dispoem em caixinhas pintadas por ela pra vender. Fica muito bonito o trabalho. Depois eu seleciono algum dela pra por aqui.
 
Para tentar reanimar o tópico um pouco de Mario Quintana:


OBSESSÃO DO MAR OCEANO

Vou andando feliz pelas ruas sem nome...
Que vento bom sopra do Mar Oceano!
Meu amor eu nem sei como se chama,
Nem sei se é muito longe o Mar Oceano...
Mas há vasos cobertos de conchinhas
Sobre as mesas... e moças na janelas
Com brincos e pulseiras de coral...
Búzios calçando portas... caravelas
Sonhando imóveis sobre velhos pianos...
Nisto,
Na vitrina do bric o teu sorriso, Antínous,
E eu me lembrei do pobre imperador Adriano,
De su'alma perdida e vaga na neblina...
Mas como sopra o vento sobre o Mar Oceano!
Se eu morresse amanhã, só deixaria, só,
Uma caixa de música
Uma bússola
Um mapa figurado
Uns poemas cheios de beleza única
De estarem inconclusos...
Mas como sopra o vento nestas ruas de outono!
E eu nem sei, eu nem sei como te chamas...
Mas nos encontramos sobre o Mar Oceano,
Quando eu também já não tiver mais nome.


ps: lendo Jorge Luis Borges descobri q tenho obssessão por poemas q falem de mar...
 
A Rosa de Hiroshima

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada


Vinicius de Morais
 
Carranca de Proa --> :grinlove:
A menina de madeira nao chegou caminhando:
ali esteve de subito sentada nos ladrilhos,
velhas flores do mar cobriam sua cabeca,
seu olhar tinha tristeza de raizes.

Ali ficou olhando nossas vidas abertas,
o ir e ser e andar e voltar pela terra,
o dia descolorindo suas petalas graduais.
Vigiava sem ver-nos a menina de madeira.

A menina coroada pelas antigas ondas
ali fitava com seus olhos derrotados:
sabia que vivemos numa rede remota

de tempo e agua e ondas e sons e chuva,
sem saber se existimos ou se somos seu sonho.
Esta e a historia da moca de madeira.
Pablo Neruda
 
Sobre saudade né..

Noite de Saudade *Florbela Espanca*

"A Noite vem poisando devagar
Sobre a Terra, que inunda de amargura...
E nem sequer a bênção do luar
A quis tornar divinamente pura...

Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura...
E eu oiço a Noite imensa soluçar!
E eu oiço soluçar a Noite escura!

Por que és assim tão escura, assim tão triste?!
É que, talvez, ó Noite, em ti existe
Uma Saudade igual à que eu contenho!

Saudade que eu sei donde me vem...
Talvez de ti, ó Noite!... Ou de ninguém!...
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho
!!"
 
Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.

Antonio Machado.

Simplesmente fenomenal!
 
CANÇÃO DO VENTO E DA MINHA VIDA - Manuel Bandeira

O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.

O vento varria as luzes,
O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos.

O vento varria os sonhos,
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres.
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.

O vento varria os meses,
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.

Apesar de simples esse poema tem um significado belíssimo. Manuel Bandeira é sensacional!
 
hiihihihihihihhiiihihihihiihihi.... do Gregório de Matos

1 Anica, o que me quereis,
que tanto me enfeitiçais,
uma vez quando cantais,
e outra quando apareceis:
se por matar-me o fazeis,
fazei esse crime atroz
de matar-me sós por sós,
para que eu tenha o socorro,
que vendo, que por vós morro,
viva de morrer por vós.
2 Matar-me eu o sofrerei,
mas sofrei também chegar-me,
que ter asco de matar-me
jamais o consentirei:
fugir, e matar não sei,
Ana, como o conseguis?
mas se a minha sorte o quis,
e vós Ana, o intentais,
não podeis matar-me mais,
do que quando me fugis.
3 Chegai, e matai-me já;
mas chegando estou já morto,
causa, que me tem absorto
matar-me, quem não me dá:
chegai, Ana, para cá
para dar-me essa ferida,
porque fugir de corrida,
e matar-me dessa sorte,
se o vejo na minha morte,
o não vi na minha vida.
4 Não sei, que pós foram estes,
que n'alma me derramastes,
não sei, com que me matastes,
não sei, o que me fizestes:
sei, que aqui aparecestes,
e vendo-vos com antolhos,
topei com tantos abrolhos
na vossa dura conquista,
que me tirastes a vista,
e me quebrastes os olhos.
 
Epitáfio - Walt Whitman

Eu parto com o ar - sacudo minha neve branca ao sol que foge
Desfaço minha carne em redemoinhos de espuma,
Entrego-me ao pó para crescer nas ervas que amo;
Se queres ver-me novamente, procura-me sob teus pés.
Dificilmente saberás quem sou ou o que significo;
Não obstante serei para ti boa saúde
E filtrarei e comporei teu sangue.
E se não conseguires encontrar-me, não desanimes;
O que não está numa parte esta noutra
Em algum lugar estarei a tua espera.
 
Poesia que aparece em Os Portais de Anúbis (de Tim Powers) como sendo de autoria de Colin Lepovre:

Por esse emaranhado de ruas frias que já foram palco
De luzes e bebidas, agora ecoam meus passos
Quando sozinho vagueio. A brisa da noite percorre
Seu caminho solitário pelos salões empoeirados,
E através das vidraças quebradas leva para a rua
Velhas idéias e antgas lembranças.
- Distante está o jovem que as acalentava,
E de seu espírito agora nada resta.


No original (inglês):
These cold and tangled streets, that once were gay
With light and drink, now echo to my tread
As I pass by alone. Night breezes thread
Through dusty rooms their solitary way
And carry out, through broken windowpanes,
Into the streets, old thoughts and memories.
- The lad is far away who cherished these,
And nothing of his spirit now remains



Ah, e eu posso postar uma q foi escrita pelo Bilbo? Posso, posso, posso!? E, pra mim, não adianta dizer "está na página X" pq eu não gostei da tradução q fizeram...
 
Filho da Floresta, Água e Madeira

Thiago de Mello

Filho da floresta,

água e madeira

vão na luz dos meus olhos,

e explicam este jeito meu de amar as estrelas

e de carregar nos ombros a esperança.





Um lanho injusto, lama na madeira,

a água forte de infância chega e lava.





Me fiz gente no meio de madeira,

as achas encharcadas, lenha verde,

minha mãe reclamava da fumaça.





Na verdade abri os olhos vendo madeira,

o belo madeirame de itaúba

da casa do meu avô no Bom Socorro,

onde meu pai nasceu

e onde eu também nasci.





Fui o último a ver a casa erguida ainda,

íntegros os esteios se inclinavam,

morada de morcegos e cupins.





Até que desabada pelas águas de muitas cheias,

a casa se afogou

num silêncio de limo, folhas, telhas.







Mas a casa só morreu definitivamente

quando ruíram os esteios da memória

de meu pai,

neste verão dos seus noventa anos.





Durante mais de meio século,

sem voltar ao lugar onde nasceu,

a casa permaneceu erguida em sua lembrança,

as janelas abertas para as manhãs

do Paraná do Ramos,

a escada de pau-d’arco

que ele continuava a descer

para pisar o capim orvalhado

e caminhar correndo

pelo campo geral coberto de mungubeiras

até a beira florida do Lago Grande

onde as mãos adolescentes aprendiam

os segredos dos úberes das vacas.





Para onde ia, meu pai levava a casa

e levava a rede armada entre acariquaras,

onde, embalados pela surdina dos carapanãs,

ele e minha mãe se abraçavam,

cobertos por um céu insuportavelmente

estrelado.





Uma noite, nós dois sozinhos,

num silêncio hoje quase impossível

nos modernos frangalhos de Manaus,

meu pai me perguntou se eu me lembrava

de um barulho no mato que ele ouviu

de manhãzinha clara ele chegando

no Bom Socorro aceso na memória,

depois de muito remo e tantas águas.





Nada lhe respondi. Fiquei ouvindo

meu pai avançar entre as mangueiras

na direção daquele baque, aquele

baque seco de ferro, aquele canto

de ferro na madeira — era a tua mãe,

os cabelos no sol, era a Maria,

o machado brandindo e abrindo em achas

um pau mulato azul, duro de bronze,

batida pelo vento, ela sozinha

no meio da floresta.





Todas essas coisas ressurgiam

e de repente lhe sumiam na memória,

enquanto a casa ruína se fazia

no abandono voraz, capim-agulha,

e o antigo cacaual desenganado

dava seu fruto ao grito dos macacos

e aos papagaios pândegas de sol.





Enquanto minha avó Safira, solitária,

última habitante real da casa,

acordava de madrugada para esperar

uma canoa que não chegaria nunca mais.





Safira pedra das águas,

que me dava a bênção como

quem joga o anzol pra puxar

um jaraqui na poronga,

sempre vestida de escuro

a voz rouca disfarçando

uma ternura de estrelas

no amanhecer do Andirá.









Filho da floresta, água e madeira,

voltei para ajudar na construção

do morada futura. Raça de âmagos,

um dia chegarão as proas claras

para os verdes livrar da servidão.



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Este poema faz parte do livro Amazonas Pátria da Água, ‘In’ Vento Geral, Ed. Civilização Brasileira, e nele se inspirou Soares Feitosa para compor o poema Thiago.
 
Soneto da perdida esperança

Perdi o bonde e a esperança.
Volto pálido para casa.
A rua é inútil e nenhum auto
passaria sobre meu corpo.

Vou subir a ladeira lenta
em que os caminhos se fundem.
Todos eles conduzem ao
princípio do drama e da flora.

Não sei se estou sofrendo
ou se alguém que se diverte
por que não?
na noite escassa

com um insolúvel flautim
Entretanto há muito tempo
nós gritamos: sim! ao eterno.


Drummond

(o negrito é para marcar os versos que eu mais gosto)
 
Tem a Balada das dez Bailarinas do Cassino, da Cecília Maireles,que eu amo de paixão

Dez bailarinas deslizam
por um chão de espelho.
Têm corpos egípcios com placas douradas,
pálpebras azuis e dedos vermelhos.
Levantam véus brancos, de ingênuos aromas,
e dobram amarelos joelhos.

Andam as dez bailarinas
sem voz, em redor das mesas.
Há mãos sobre facas, dentes sobre flores
e com os charutos toldam as luzes acesas.
Entre a música e a dança escorre
uma sedosa escada de vileza.

As dez bailarinas avançam
como gafanhotos perdidos.
Avançam, recuam, na sala compacta,
empurrando olhares e arranhando o ruído.
Tão nuas se sentem que já vão cobertas
de imaginários, chorosos vestidos.

A dez bailarinas escondem
nos cílios verdes as pupilas.
Em seus quadris fosforescentes,
passa uma faixa de morte tranqüila.
Como quem leva para a terra um filho morto,
levam seu próprio corpo, que baila e cintila.

Os homens gordos olham com um tédio enorme
as dez bailarinas tão frias.
Pobres serpentes sem luxúria,
que são crianças, durante o dia.
Dez anjos anêmicos, de axilas profundas,
embalsamados de melancolia.

Vão perpassando como dez múmias,
as bailarinas fatigadas.
Ramo de nardos inclinando flores
azuis, brancas, verdes, douradas.
Dez mães chorariam, se vissem
as bailarinas de mãos dadas.
 
Kementari disse:
Ah que saudade que eu tenho
da Aurora da minha vida
da minha infancia querida
Que os anos nao trazem mais
O tardes
O flores
Aquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras
De baixo dos laranjais.

vou dar minha opnião pessoal sobre esse trecho: ODEIO CASIMIRO DE ABREU, e esse é talvez o poema mais mela-cueca e sem-graça que eu já li... ele trata a infância com grandiloquência, uma grandiosidade atípica da infância; na infância tudo é simples, tudo , até mesmo o grande, é simples. sem contar que denota um comportamento que eu naum aprovo muito que é um saudosismo extremado, parece cousa de quem acha que só a infância nos permite ser feliz, pra quem pensa assim qeu só tenho a recomendar a música do chaves, que apesar de tosca é linda, e absolutamente elucidativa, pois, tal como a nossa infância, às vezes, as cousas mais significantes estão naquilo que é mais simples, como um beijo do papai e um beijo da mamãe...
" se você é jovem ainda , jovem ainda, jovem ainda
amanhã velho será, velho será, velho será
a menos que o coração,que o coração sustente
a juventude que nunca morrerá!"
foda isso!!!
poesia no Chaves!
depois eu posto umas poesias das quais eu gosto aqui.
 

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