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[L] [Litzhel][Sem Sentido]

Litzhel

Delirium
[Litzhel][Sem Sentido]

Dois homens estavam sentados encostados na parede. Um levantou e caminhou até uma mulher no chão, se agachou e logo depois levantou, retornando a onde estava o outro homem.

- Ela morreu?
- Morreu.
- Então vamos levá-la daqui.
- Não. Se quiseres ir, vá. Depois eu mesmo levarei ela. Por enquanto ficarei mais um pouco aqui.
- E porque isto homem?
- Porque a morte tem uma beleza que eu não sei explicar, simplesmente me deixa extasiado.
- Oras, mas você é louco? Que beleza podes enxergar na morte?
- Já disse que não sei explicar.
- Bom, se queres ficar realmente, fique. Eu irei.

O homem sai

- Louco... que ser totalmente sã de consciência, estaria vivendo? Ou melhor, o que é a loucura se não a existência?

O homem entra novamente

- Pois voltou.
- Está chovendo.
- Um homem que tem medo das lágrimas do céu...
- Lágrimas do céu? Que coisa mais gay. Estás lendo muita poesia... estás se tornando dramático demais, meu amigo.

O homem acende um cigarro e traga calmamente. Soltando a fumaça, diz

- Não sou dramático, sou apenas um observador da vida.
- Logo és dramático. Não seria muito mais útil em sua vida, apenas vive-la? Quando estiveres velho, terás lembranças do viu e não do que viveu. Isso não é triste?
- Mas ver é de alguma forma fazer.
- Talvez, talvez. Mas de uma forma muito mais incerta e demorada.
- Não importa.

Silêncio

- Vês este corpo?
- Claro que sim, rapaz.
- Enxergas beleza nisto?
- Obviamente que não.
- Mas nem um pouco? Não te agradas ver que é fruto seu?
- Você realmente acha que me agrado em matar essas pessoas?
- Não vejo outro sentido, a não ser esse.
- Pois eu necessito disto, se fosse me dado a escolha, não faria dessa forma. Você sabe disso, creio que se sentes assim também.
- Não. Não me sinto. Passei a gostar disto.
- Mas que espécie de ser tu és? Que horror. Como podes gostar de tirar a vida de quem mais quer viver?
- Não é qualquer forma de rancor, eu creio. Eu simplesmente gosto. Como não tenho outra escolha, assim como você é e diz, de alguma maneira tentei encontrar o prazer nisto.
- Novamente afirmo que és louco.

O homem acende outro cigarro e fala

- Se você pensar você tem uma escolha sim.
- Como? Não há outra escolha.
- Há sim. Deixar de viver.
- Mas isso eu não posso fazer, minha família? As pessoas que amo? Como isso fica?
- Prefiro ser louco como dizes, do que um egoísta, com consciência de estar sendo egoísta. Você mesmo disse que é horrível tirar a vida dessas pessoas, que não sente se quer prazer, mas mesmo assim prefere tirar-lhes a vida do que a sua própria.
- Não digas besteira.
- Não é besteira.
- Pois eu tenho que continuar vivendo... de alguma forma sinto que tem de ser assim.
- Você é medroso.
- És um também. Ou esqueces-te que continuas vivo?
- Mas eu tenho prazer em fazer isso.
- Isso não passa de uma justificação pro seu medo.

Silêncio

- Tá, talvez seja. Mas não creio que eu tenha medo de algo.
- E porque? És o bom da humanidade agora? És o melhor no mundo que te rodeia?
- Quando alguém sente medo, é que ainda tem seus sentimentos puros. Ainda não tem inteligência o suficiente, para evitar o mesmo. Veja nas pessoas que julgamos fúteis, se perdem em coisas enfadonhas. Mas são felizes. Quando há muita inteligência, há automaticamente pouco contentamento com as coisas. São prazeres vagos, passageiros.
- O que o medo tem a ver com isso tudo?
- Parece tão simples entender isso. Mas é difícil explicar... você não me compreenderia.
- Eu detesto quando fazes isto, diz que não entenderia o que tens a dizer. Nem te esforças para que eu tente entender.
- Alguém já lhe disse que o homem que pensa, não é feliz?
- Vejo que mudas-te de assunto. Já, já li ou ouvi isto em algum lugar, mas não me recordo. E na verdade nem sei se concordo.
- Me diga então, és feliz meu amigo?
- Sou, sou feliz.
- Mesmo matando quem você diz não querer?
- Não me faça perguntas difíceis.

O homem riu e continuou

- Então fique feliz por seres feliz.
- Porque dizes isso?
- Porque é a verdade.
- E o que tem de verdade nisto?
- Quem é triste só enxerga tristeza.
- Triste é só quem nunca conheceu a felicidade.
- Estás errado, ao meu ver. Como poderia as pessoas serem tristes, sem nunca ter provado da felicidade? A tristeza não é nada além do desejo de ser feliz.
- Acho que viajas muito. E você, é feliz?
- Não.
- Porque julgas não ser?
- Só a tristeza enxerga a verdadeira beleza nas coisas.

O homem riu e disse

- Me julgas inerte a beleza, apenas por ser feliz?
- A felicidade maquia a beleza com as cores que quer. A felicidade pode ser muito verdadeira, mas por instantes. Nada é mais verdadeiro que a tristeza.
- Não respondes-te minha pergunta.
- Você não me deixou continuar... ficas aí rindo feito um tolo.
- Desculpa, continua ó grande sábio.
- O que eu quero dizer com aquela frase é que muitas vezes nos enganamos. Porque a felicidade não é nada mais que uma grande ilusão apartir de um ponto.
- E sabes qual é esse ponto?
- Não, ainda não sei.
- A tristeza por acaso não é uma grande ilusão de um ser que quer parecer diferente dos outros? Te vejo assim, como um grande insatisfeito a alegria alheia, e querendo se tornar triste apenas para parece mais sábio. Parece sábio aquilo que diz coisas diferentes do que estamos acostumados a ver, ler, ou qualquer coisa do tipo. E ainda tem gente que leva isso a sério! Que grande piada.
- Ai ai. Só é feliz quem não conhece a vida.
- Discordo.
- Claro, és feliz...

Silêncio

- Você acabou de me dizer que a felicidade não é mais nada que uma grande ilusão, agora diz que sou feliz e por isso não entendo o que você disse. Não passas de um pateta achando que sabe todas as verdades do mundo.
- Mas você mesmo me disse que és feliz.
- Sim, e eu sou. Mas isso não muda o que você disse.

O homem se levanta e anda devagar até a porta e sai da sala. Volta instantes depois.

- Parou de chover. Vamos agora? Ou ficarás aí mais um tempo para apreciar " a beleza que a morte possui"?
- Não, irei com você. Tu conseguis-te acabar com todo o meu tesão.
- É, não estás acostumado com as pessoas que te contrariam.
- Deixe-mos isto pra lá. O que diremos à eles?
- Eles quem?
- Aos pais da garota.
- Hum... que agora ela está mais bela?
 
Excelente! Comecei a ler o conto meio perdido, eram apenas dois caras e uma pessoa morta. Mas não dúvido que essa foi a intenção da Litz. Os diálogos para indicar tudo. Eu gosto de histórias assim, que possuem uma narrativa, uma história para contar, mas não se reduzem apenas a isso. Uma boa história esta sempre levantando questões que são as mais universais possiveis, como essa. Passando além do prazer mórbido do assassino, estão em questão dúvidas existenciais e morais que eu me identifiquei.

Quase todo o texto é formado por (bons) diálogos que evoluem de forma adequada. A pequena história é trasmitidade, e principalmente o embate de idéias, ponto central do conto.
 
Nossa, essa discusão foi ótima. O melhor de tudo no modo como ela foi regida, é que o autor (:kiss:) não tomou partido nela, de forma alguma. Apenas apresentou dois lados e deixou por isso mesmo. :clap:

Isso é dificil de se fazer quando se escreve algo assim.

E outra coisa muito é que o cenário não é nada mastigado.

Há os indícios do que pode ser, mas é deixado em aberto sempre, com pequenos detalhes. :D

F*da mesmo, Ba. Você ta se superando. :grinlove:
 
Fox disse:
Nossa, essa discusão foi ótima. O melhro de tudo no modo como ela foi regida, é que o autor (:kiss:) não tomou partido nela, de forma alguma. Apenas apresentou dois lados e deixou por isso mesmo. :clap:

Isso é dificil de se fazer quando se escreve algo assim.

E outra coisa muito é que o cenário não é nada mastigado.

Há os indícios do que pode ser, mas é deixado em aberto sempre, com pequenos detalhes. :D

F*da mesmo, Ba. Você ta se superando. :grinlove:


:oops:

Obrigada vocês dois :kiss:
E Fox, você sempre entende bem os meus textos! Isso é incrível.

Brigadão, de coração mesmo :grinlove: :kiss:
 
Eu gostei muito do texto!!
o diálogo está muito bem formulado!!
eu me indentifiquei com o seu texto porque eu gosto mais de díalogos entre pessoas no texto. Só tive dúvida e curiosidade em uma coisa, como a mulher morreu??
 
Eu não sou de comentar muito os textos aqui no CdE, mas esse eu tive que parar pra falar algo.

Litz, seu texto tá excelente mesmo. Adoro textos assim: só com diálogos que fluem bem. Uma coisa que eu gostei foi que você conseguiu mudar de um assunto pro outro sem parecer forçado. Ok, é difícil comentar debaixo de Fox e Jorge, mas é isso aí. Parabéns. :clap:
 
Você disse que não sabe de nada que faça bem feito ou direito. Então você não passa de uma mais um tijolo na parede, cego diante do mundo que predestinou sua função e seu lugar.
O texto foi increvelmente bem conduzido, Litz. Sonhe com isso. :wink:
 
Focks disse:
Nossa, essa discusão foi ótima. O melhor de tudo no modo como ela foi regida, é que o autor () não tomou partido nela, de forma alguma. Apenas apresentou dois lados e deixou por isso mesmo.

Vemos frequentemente muitos textos onde o autor coloca apenas dois personagens dialogando sobre temas controversos, mas que, ao final da conversa, percebe-se que ambos não são nada mais nada menos do que duas vozes de um mesmo autor. Não há confronto. Não há oposição. É um personagem em dois.

Aqui neste conto, a corrente se quebra. E já era hora! Só que o conto tem muito sentido, ao contrário do que o título diz.

A ironia flue naturalmente, a metafísica flue naturalmente. Quem será a mais louca das duas personagens?
 
:clap: :clap: :clap:

Pow, parabéns mesmo. Ficou muito irado o texto. Esse eh o único texto (q naum seja do Heurost :roll: ) q eu realmente páro p/ comentar. Acho q jah disseram quase tudo q tinha p/ dizer/elogiar. O Fox e o Jorge falam tudo p/ naum deixar os outros falarem :disgusti:

Me indentifiquei bastante com o texto, e a idéia q vc tentou passar pelo assassino infeliz. E o contraste das idéias expostas por ele, com o fato de ele ser um assassino, e acabar de tirar a vida de uma mulher, ficou perfeito. E as ironias do assassino feliz, ficaram perfeitas, espelhando o pensamento (quase) geral da sociedade. Puts, acho q jah tou escrevendo m.erda, e num sei se eu conseguí expressar direito umas paradas, mas teu texto ficou muito phoda :wink:

Acho q tem uma frase q eu ví na assinatura de um certo peludinho ranzinza ( :mrgreen: ), q meio q exprime a idéia central (eu acho) do texto:

"A ignorância eh uma bençaum mas, a sabedoria naum eh uma maldiçaum" (eh isso? :eh: )
 
Gostei... mas ainda preciso de mais pistas para saber se a erudição dos personagens se justifica.

O final foi hilário! :lol:
 
Eu cheguei a escrever a continuação do texto, o Farofa leu e achou bom... mas nós dois concordamos em uma coisa, muitas vezes é bom deixar um "filme" só no primeiro, do que arriscar a fazer o segundo e cortar todo o contexto de "interessante e duvidoso" do primeiro. :|


Eu vi muito erro de portugues agora quando li o texto denovo :mrgreen:


E Pri, quando eu escrevi a ultima parte também fiquei rindo sozinha.. :lol:
 
Sim, ficou muito bom! Talvez tenha sido impressão minha, mas acho que você colocou muito de você nesse texto! E o legal disso tudo é que em momento algum ficou entediante.

Não vou ficar falando muito, porque o que já tinha de ser dito, já foi!
O únicio defeito que eu achei no texto, é que a fala dos personagens ficou meio confusa, isto é, para distinguir entre os dois personagens... às vezes ficou complicado na mudança de "cena", porque não há nada indicando se quem está falando foi o primeiro ou o segundo homem.

Mas, parabéns :D
 
Laurelin Vox disse:
Não vou ficar falando muito, porque o que já tinha de ser dito, já foi!
O únicio defeito que eu achei no texto, é que a fala dos personagens ficou meio confusa, isto é, para distinguir entre os dois personagens... às vezes ficou complicado na mudança de "cena", porque não há nada indicando se quem está falando foi o primeiro ou o segundo homem.

Mas, parabéns :D


Obrigada ;)

Sobre distinguir as falas, é só prestar atenção. Eu coloquei "ligaçoes", que da pra você reconhecer quem está falando.
 
A estrutura é interessantíssima. A abstração do ambiente e situação faz de maneira infalível que o leitor leia ávido. Sem contar que a mesma característica ainda dá uma tônica especial ao assunto em questão, que aliás é de uma flexibilidade lindamente sutil, não fazendo com que o leitor se prenda a detalhes mórbidos.

Não tenho críticas a fazer quanto ao enredo, discorre perfeitamente, porém quanto a estrutura ainda me falta algo a comentar:

Primula disse:
Gostei... mas ainda preciso de mais pistas para saber se a erudição dos personagens se justifica.

Justamente pela descritiva do ambiente e situação ser abstrata, acredito que uma linguagem coloquial cairia melhor do que uma erudita. Isto porque esta última não é comum, e pede certo contexto para poder entrar em harmonia com o enredo. Acredito que foi algo meio que sem porque de ser, ou melhor, com um porquê, mas este não sendo translúcido no texto faz com que não soe natural.

Acabei falando demais de um detalhizinho besta... Parbéns Litz, ficou foda!
 
Gostei...um ótimo diálogo com uma atmosfera densa talvez justamente por não ter ambientação.
Primeiro pensei que era um fan fic de Vampiro...até se encaixaria...hehehe...inclusive, nos questionamentos do personagem infeliz até aparece a luta do vampiro contra a perda da própria humanidade. O vampiro feliz é o ingênuo, apesar de ser um assassino. Mas a sacada final dele é ótima.
 
Gostei...um ótimo diálogo com uma atmosfera densa talvez justamente por não ter ambientação.
Primeiro pensei que era um fan fic de Vampiro...até se encaixaria...hehehe...inclusive, nos questionamentos do personagem infeliz até aparece a luta do vampiro contra a perda da própria humanidade. O vampiro feliz é o ingênuo, apesar de ser um assassino. Mas a sacada final dele é ótima.
 

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