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Poesia Sempre!!! (versão 2- não fui eu quem escreveu)

Green Arrow disse:
Isso é Tolkien, amigos!
NAMARIË - J.R.R.TOLKIEN

Que cuti.

Tem legendas? :mrgreen:
Ok, falando sério agora: entendo perfeitamente sua boa intenção, mas não esqueça que o Literatura não trata de questões Tolkien-based, ok? Indo mais além, é realmente interessante que se coloque a tradução do poema, afinal, ler isso e nada para quem não entende dá na mesma.

Bom, eu vou colocar aqui um poema que eu amo de paixão, de um autor que eu amo de paixão, traduzido por outro que eu SURPRESA! também amo de paixão :mrgreen:

Annabel Lee(Edgar Allan Poe)

Foi há muitos e muitos anos já,
Num reino de ao pé do mar.
Como sabeis todos, vivia lá
Aquela que eu soube amar;
E vivia sem outro pensamento
Que amar-me e eu a adorar.

Eu era criança e ela era criança,
Neste reino ao pé do mar;
Mas o nosso amor era mais que amor --
O meu e o dela a amar;
Um amor que os anjos do céu vieram
a ambos nós invejar.

E foi esta a razão por que, há muitos anos,
Neste reino ao pé do mar,
Um vento saiu duma nuvem, gelando
A linda que eu soube amar;
E o seu parente fidalgo veio
De longe a me a tirar,
Para a fechar num sepulcro
Neste reino ao pé do mar.

E os anjos, menos felizes no céu,
Ainda a nos invejar...
Sim, foi essa a razão (como sabem todos,
Neste reino ao pé do mar)
Que o vento saiu da nuvem de noite
Gelando e matando a que eu soube amar.

Mas o nosso amor era mais que o amor
De muitos mais velhos a amar,
De muitos de mais meditar,
E nem os anjos do céu lá em cima,
Nem demônios debaixo do mar
Poderão separar a minha alma da alma
Da linda que eu soube amar.

Porque os luares tristonhos só me trazem sonhos
Da linda que eu soube amar;
E as estrelas nos ares só me lembram olhares
Da linda que eu soube amar;
E assim 'stou deitado toda a noite ao lado
Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado,
No sepulcro ao pé do mar,
Ao pé do murmúrio do mar.


(tradução: Fernando Pessoa)
 
Esse tópico me arrepiou! Sou fanática por poesia!!!!! E tenho minha grande paixão arraigada nos modernistas:

" As minhas grandes saudades
São do q nunca enlacei
Ah! Como tenho saudades
Dos sonhos q nunca sonhei "

Mario de Sá Carneiro


E do Pessoa tenho q colocar esse ( pena q o Hora Absurda não tem em site algum e eu não vou digitar 4 paginas aqui :osigh: ):

POEMA EM LINHA RETA
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


Álvaro de Campos
 
Não pude resistir em postar mais um... não modernista, mas o poema me faz muito bem...


Dois e dois: quatro

Como dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
embora o pão seja caro
e a liberdade pequena

Como teus olhos são claros
e a tua pele, morena

como é azul o oceano
e a lagoa, serena

como um tempo de alegria
por trás do terror me acena

e a noite carrega o dia
no seu colo de açucena

- sei que dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena

mesmo que o pão seja caro
e a liberdade, pequena.


Ferreira Gullar
 
Poema XX

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.

Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".

O vento da noite gira no céu e canta.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.

Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.

Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.

Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.

Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo.

A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.

Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.

De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.

Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.

Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.

Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.



Pablo Neruda (Vinte Poemas de Amor)
 
Joyjoy,

esse poema que vc postou, o Funeral Blues, eu acho que ele é recitado no filme quatro casamentos e um funeral, vc sabe se é ele? se não for, é um muuuuuito parecido e essa parte que vc colocou em negrito, essa é falada com certeza
vou ter que ver este filme pela 67ª vez pra ver esse poema.. hehehe

adorei o tópico, eu amo poesia... vou vir aqui mais vezes.. hehehe...
pra começar vou postar uma do meu amado Vinícios de Moraes

Tomara!

Tomara que você volte depressa
que você não se despeça
nunca mais do meu carinho
E volte, se arrependa e pense muito
que é melhor se sofrer junto
que viver feliz sozinho

Tomara que a tristeza te convença
que a saudade não compensa
e que a ausência não dá pé

Que o verdadeiro amor de quem se ama
tece a mesma antiga trama
e não se desfaz
Que a coisa mais bonita
desse mundo
é viver cada segundo como nunca mais.
 
Genial este tópico.
Momento exato para existir, tb. Ontem resgatei o livro "Testamento de Passárgada", com poemas de Manuel Bandeira, da estante de mamãe. Este livro sempre foi muito especial pra mim, por diversos motivos.
Postarei muitos poemas nesse tópico, sem dúvida. Principalmente de Bandeira. Começando por uma que não pode faltar.

Estrela da Manhã

Eu quero a estrela da manhã
Onde está a estrela da manhã?
Meus amigos meus inimigos
Procurem a estrela da manhã

Ela desapareceu ia nua
Desapareceu com quem?
Procurem por toda a parte

Digam que sou um homem sem orgulho
Um homem que aceita tudo
Que me importa?
Eu quero a estrela da manhã

Três dias e três noites
Fui assassino e suicida
Ladrão, pulha, falsário

Virgem mal-sexuada
Atribuladora dos aflitos
Girafa de duas cabeças
Pecai por todos pecai com todos

Pecai com os malandros
Pecai com os sargentos
Pecai com os fuzileiros navais
Pecai de todas as maneiras
Com os gregos e com os troianos
Com o padre e com o sacristão
Com o leproso de Pouso Alto

Depois comigo

Te esperarei com mafuás novenas cavalhadas comerei terra e direi coisas de uma ternura tão simples
Que tu desfalecerás

Procurem por toda parte
Pura ou degradada até a última baixeza
Eu quero a estrela da manhã



Manuel Bandeira, é claro.
 
Vou postar um poema q me marcou muito num sarau, mas eu não lembro se é do Vinicius! Acho até q deve ser do Para Viver um Grande Amor . Será q alguém pode me auxiliar a ter certeza?


" Não é o grito a medida do abismo?
Por isso eu grito
Sempre que cismo
Sobre a sua vida
Tão louca e errada
Q grito inútil!
Q imenso nada!"
 
Ok, falando sério agora: entendo perfeitamente sua boa intenção, mas não esqueça que o Literatura não trata de questões Tolkien-based, ok? Indo mais além, é realmente interessante que se coloque a tradução do poema, afinal, ler isso e nada para quem não entende dá na mesma.

foi malz...

Agora o Adeus de J.R.R.Tolkien


Ai, como ouro caem as folhas ao vento,
Longos anos inumeráveis como as asas das árvores!
Os longos anos se passaram como goles rápidos
Do doce hidromel em salões altos além do Oeste
Sob as abóbadas azuis de Varda
Onde as estrelas tremem
Na canção de sua voz, de santa e rainha.

Quem agora há de encher-me a taça outra vez?

Pois agora a Inflamadora, Varda, a Rainha das Estrelas
Do Monte Semprebranco ergueu suas mãos como nuvens
E todos os caminhos mergulharam fundo nas trevas
E de uma terra cinzenta a escuridão se deita
Sobre as ondas espumantes entre nós
E a névoa cobre as jóias de Calacirya para sempre
Agora perdida, perdida para aqueles do leste está Valimar!

Adeus! Talvez hajas de encontrar Valimar!
Talvez tu mesmo hajas de encontrá-la. Adeus!


Eu sei que não pode ser Tolkien-based, mas esta poesia é bem bonita. :grinlove:
 
Mila Telcontar disse:
Joyjoy,

esse poema que vc postou, o Funeral Blues, eu acho que ele é recitado no filme quatro casamentos e um funeral, vc sabe se é ele? se não for, é um muuuuuito parecido e essa parte que vc colocou em negrito, essa é falada com certeza
vou ter que ver este filme pela 67ª vez pra ver esse poema.. hehehe

Acertou em cheio, Mila :wink:

Eu vi essa poesia pela primeira vez no filme, aliás. Depois que fui atrás da versão completa :lily:

Green Arrow disse:
Eu sei que não pode ser Tolkien-based, mas esta poesia é bem bonita.

Não entendi. Você sabe que não deveria ser Tolkien-based mas ainda assim posta? Poxa, tem tanto poeta legal aí... deixa o Tolkien lá para o obras :wink:

Bom, vou aproveitar o post e colocar mais uma :mrgreen:

O Vampiro (Baudelaire)

Tu que, como uma punhalada,
Em meu coração penetraste,
Tu que, qual furiosa manada
De demônios, ardente, ousaste,

De meu espírito humilhado,
Fazer teu leito e possessão
- Infame à qual estou atado
Como o galé ao seu grilhão,

Como ao baralho o jogador,
Como à carniça o parasita,
Como à garrafa o bebedor
- Maldita sejas tu, maldita!

Supliquei ao gládio veloz
Que a liberdade me alcançasse,
E ao veneno, pérfido algoz,
Que a covardia me amparasse.

Ai de mim! Com mofa e desdém,
Ambos me disseram então:
"Digno não és de que ninguém
Jamais te arranque a escravidão,

Imbecil! - se de teu retiro
Te libertássemos um dia,
Teu beijo ressuscitaria
O cadáver de teu vampiro!


(adoro Baudelaire :grinlove: )
 
Hoje li outra poesia do meu livrinho do Bandeira que eu adorei... não só uma, na verdade, mas essa é a que eu mais gostei:

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto

Meu verso é sangue. volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias, amargo e quente
Cai, gota a gota, do coração

E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca,

Eu faço versos como quem morre.
 
Hmmm.. esse eh bobinho, mas eh legal...
eh do filme 10 coisas q eu odeio em vc:

Hate Poem

I hate the way you talk to me (eu odeio o jeito q vc fala comigo)
And the way you cut your hair (e o jeito q vc corta seu cabelo)
I hate the way you drive my car (eu odeio o jeito q vc dirige meu carro)
I hate it when you stare (eu odeio qdo vc encara)

I hate your big dumb combat boots (eu odeio seu grande e idiota coturno)
And the way you read my mind (e o jeito q vc lê minha mente)
I hate you so much it makes me sich (te odeio tanto q me deixa doente)
And even makes me rhyme (e a teh me faz rimar)

I hate the way you're always right (odeio q jeito q vc esta sempre certo)
I hate it when you lie (odeio qdo vc mente)
I hate it when you make me laugh (odeio qdo vc me faz sorrir)
Even worse when you make me cry (e pior qdo vc me faz chorar)

I hate it when you're not around (odeio qdo vc naum esta por perto)
And the fact you didn't call (e o fato de não ter ligado)
And the mostly (e mais ainda)
I hate the way I don't hate you (odeio o jeito q eu não odeio vc)
Not even close (nem perto)
not even a little bit (nem um pouco)
not even at all.... (de forma alguma)
 
Ah, tem esse tb
eh bem grandinho, mas vale mto a pena
eh do meu idolatrado Shakespeare :clap: :clap: :clap: :clap: :clap:
num sei qm fez a tradução, mas tah legal..

Um dia você aprende...

Depois de algum tempo você aprende a diferença,
A sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se,
E que companhia nem sempre significa segurança.

E começa a aprender que beijos não são contratos
E presentes não são promessas.

E começa a aceitar suas derrotas
Com a cabeça erguida e olhos adiante,
Com a graça de um adulto
E não com a tristeza de uma criança.

E aprende a construir todas as suas estradas no hoje,
Porque o terreno do amanhã
É incerto demais para os planos,
E o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

Depois de um tempo você aprende
Que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.

E aprende que não importa o quanto você se importe,
Algumas pessoas simplesmente não se importam...
E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa,
Ela vai feri-lo de vez em quando
E você precisa perdoá-la por isso.

Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.

Descobre que se leva anos para se construir confiança
E apenas segundos para destruí-la,
E que você pode fazer coisas em um instante,
Das quais se arrependerá pelo resto da vida.

Aprende que verdadeiras amizades
Continuam a crescer mesmo a longas distâncias.

E o que importa não é o que você tem na vida,
Mas quem você tem na vida.
E que bons amigos são a família
Que nos permitiram escolher.

Aprende que não temos que mudar de amigos
Se compreendemos que os amigos mudam,
Percebe que seu melhor amigo e você
Podem fazer qualquer coisa, ou nada,
E terem bons momentos juntos.

Descobre que as pessoas
Com quem você mais se importa na vida
São tomadas de você muito depressa,
Por isso sempre devemos deixar
As pessoas que amamos com palavras amorosas,
Pode ser a última vez que as vejamos.

Aprende que as circunstâncias e os ambientes
Têm influência sobre nós,
Mas nós somos responsáveis por nós mesmos.

Começa a aprender Que não se deve comparar com os outros,
Mas com o melhor que pode ser.

Descobre que se leva muito tempo
Para se tornar a pessoa que quer ser,
E que o tempo é curto.

Aprende que não importa aonde já chegou,
Mas onde está indo.
Mas se você não sabe para onde está indo,
Qualquer lugar serve.

Aprende que, ou você controla seus atos
Ou eles o controlarão,
E que ser flexível não significa
Ser fraco ou não ter personalidade,
Pois não importa quão delicada e frágil
Seja uma situação, Sempre existem dois lados.

Aprende que heróis são pessoas
Que fizeram o que era necessário fazer,
Enfrentando as conseqüências.

Aprende que paciência requer muita prática.

Descobre que algumas vezes
A pessoas que você espera que o chute quando você cai
É uma das poucas que o ajudam a levantar-se.

Aprende que maturidade tem mais a ver
Com os tipos de experiência que se teve
E o que você aprendeu com elas
Do que com quantos aniversários você já celebrou.

Aprende que há mais dos seus pais em você
Do que você supunha.

Aprende que nunca se deve dizer a uma criança
Que sonhos são bobagens,
Poucas coisas são tão humilhantes
E seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando está com raiva
Tem o direito de estar com raiva,
Mas isso não te dá o direito de ser cruel.

Descobre que só porque alguém não o ama
Do jeito que você quer que ame,
Não significa que esse alguém
Não o ame com tudo o que pode,
Pois existem pessoas que nos amam,
Mas simplesmente não sabem
Como demonstrar ou viver isso.

Aprende que nem sempre é suficiente
Ser perdoado por alguém,
Algumas vezes você tem que aprender
A perdoar-se a si mesmo.

Aprende que com a mesma severidade com que julga,
Você será em algum momento condenado.

Aprende que não importa
Em quantos pedaços seu coração foi partido,
Mundo não pára para que você o conserte.

Aprende que o tempo não é algo
Que possa voltar para trás,
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma,
Ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.

E você aprende que realmente pode suportar...
Que realmente é forte,
E que pode ir muito mais longe
Depois de pensar que não se pode mais.

E que realmente a vida tem valor
E que você tem valor diante da vida!
Nossa dádivas são traidoras
E nos fazem perder
O bem que poderíamos conquistar,
Se não fosse o medo de tentar.
 
A Kementari jah postou uma parte deste poema aqui, mas eu faço questão de postá-lo completo, por ser um poema que me marcou bastante quando eu era mais nova:

Meus oito anos


Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!

O céu bordado d'estrelas
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberto o peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas à roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!


Casimiro de Abreu


*******

Correndo o risco de deixar o post grande demais (aliás, é impossivel ele não ficar grande demais :roll:
Este eh um dos poemas de que eu gosto mais, dentre todos os poemas do Drummond... :grinlove:

Eu te amo


Eu te amo porque te amo.

Não precisas ser amante,
e nem sempre saber sê-lo.

Eu te amo porque te amo.

Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.

Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque te amo
Bastante ou demais em mim.

Porque amor não se troca,
Não se conjuga nem se ama.

Porque amor é amor a nada,
Feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
E da morte vencedor,
Por mais que o matem
(e matam )
A cada instante de amor.


Carlos Drummond de Andrade
 
Quanto a esse Meus Oito Anos, eu sempre adorei ele! Eu até me dei o trabalho de traduzi-lo para o Inglês para poder colocá-lo no meu livrinho de poemas sobre memórias... era mó bunitinho, eu até fiz uma capa dura :D

Sem mais comentários, Bandeira:

Poema de Finados

Amanhã que é dia dos mortos
Vai ao cemitério. Vai
E procura entre as sepulturas
A sepultura de meu pai.

Leva três rosas bem bonitas.
Ajoelha e reza uma oração.
Não pelo pai, mas pelo filho:
O filho tem mais precisão.

O que resta de mim na vida
É a amargura do que sofri.
Pois nada quero, nada espero,
E em verdade estou morto ali.

A Morte Absoluta

Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.

Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão - felizes! - num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.

Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?

Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento,

Em nenhuma epiderme.
Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?..."

Morrer mais completamente ainda,
- Sem deixar sequer esse nome.

Preparação para a Morte

A vida é um milagre.
Cada flor,
Com sua forma, sua cor, seu aroma,
Cada flor é um milagre.
Cada pássaro,
Com sua plumagem, seu vôo, seu canto,
Cada pássaro é um milagre.
O espaço, infinito,
O espaço é um milagre.
O tempo, infinito,
O tempo é um milagre.
A memória é um milagre.
A consciência é um milagre.
Tudo é milagre.
Tudo, menos a morte.
- Bendita a morte, que é o fim de todos os milagres.
 
RECEITA PARA FAZER UM HERÓI
Poeta : Reinaldo Ferreira


Tome-se um homem,
Feito de nada, como nós,
E em tamanho natural.
Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente,
Duma certeza aguda, irracional,
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois, perto do fim,
Agite-se um pendão,
E toque-se um clarim.

Serve-se morto.
 
Muito interessante a poesia q vc postou, Ptah! :D
Bem... essa eu deixei pra postar agora, pq tava com medo de alongar ainda mais o ultimo post...
Eu sempre gostei muito desta poesia do Bilac, e agora ela lembra a minha "maninha", e uma outra pessoa, o que a torna ainda mais especial :grinlove:

Ouvir estrelas


"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: " Amair para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".


Olavo Bilac
 
Bem, vou tentar diversificar um pouco... não postarei agora Bandeira, mas Carlos Drummond de Andrade... perdão pelo tamanho da poesia, mas eu gosto dela demais da conta...

Todo Mundo e Ninguém

Ninguém: Tu estás a fim de quê ?

Todo Mundo: A fim de coisas buscar
que não consigo topar.
Mas não desisto, porque
O cara tem de teimar.

Ninguém: Me diz teu nome primeiro.

Todo Mundo: Eu me chamo Todo Mundo
e passo o dia e o ano inteiro
correndo atrás de dinheiro,
seja limpo ou seja imundo.

Belzebu: Vale a pena dar ciência
e anotar isto bem, por ser fato verdadeiro:
Que Ninguém tem consciência
e Todo Mundo, dinheiro.

Ninguém: E o que mais procuras, hem?

Todo Mundo: Procuro poder e glória.

Ninguém: Eu cá não vou nessa história.
Só quero virtude...Amém.

Belzebu: Mas o pai não se ilude
e traça: Livro Segundo.
Busca o poder Todo Mundo
e Ninguém busca virtude.

Ninguém: Que desejas mais, sabido?

Todo Mundo: Minha ação elogiada
Em todo e qualquer sentido.

Ninguém: Prefiro ser repreendido
quando der uma mancada.

Belzebu: Aqui deixo por escrito
o que querem, lado a lado:
Todo Mundo ser louvado
e Ninguém levar um pito.

Ninguém: E que mais, amigo meu?

Todo Mundo: Mais a vida. A vida, olé!

Ninguém: A vida? Não sei o que é.
A morte, conheço eu.

Belzebu: Esta agora é muito forte
e guardo para ser lida:
Todo Mundo busca a vida
e Ninguém conhece a morte.

Todo Mundo: Também quero o Paraíso,
mas sem ter que me chatear.

Ninguém: E eu, suando pra pagar
minhas faltas de juízo!

Belzebu: Para que sirva de aviso,
mais uma transa se escreve:
Todo Mundo quer Paraíso
e Ninguém paga o que deve.

Todo Mundo: Eu sou vidrado em tapear,
e mentir nasceu comigo.

Ninguém: A verdade eu sempre digo
sem nunca chantagear.

Belzebu: Boto anúncio na cidade,
deste troço curioso:
Todo Mundo é mentiroso
e Ninguém fala a verdade.

Ninguém: Que mais, bicho?

Todo Mundo: Bajular

Ninguém: Eu cá não jogo confete.

Belzebu: Três mais quatro igual a sete.
O programa sai do ar.
Lero lero lero lero,
curro paco paco paco.
Todo Mundo é puxa-saco
e Ninguém quer ser sincero!
 
Ela partiu...

Ela partiu e quando o trem sumia,
na curva da saudade, entre barrancos.
Notei que meus cabelos em magia
de pretos que eram, se tornaram brancos.

Ela partiu e, cambaleando, aos troncos,
Sem ver a lua, a noite, e o sol, ao dia,
eu andei como um cego em versos mancos,
extravasei à minha nostalgia.

Ela partiu! Embora ela partisse, no
instante da partida ainda lhe disse
que voltasse à cadeia de meus braços...
mas não voltou...também já restara pouco
dessa vida de que gosto como um
louco, entrebeijos fingidos e devassos.

Lincoln Feliciano
 
Pranto Para Comover Jonathan

Adelia Prado

Os diamantes são indestrutíveis?
Mais é meu amor.
O mar é imenso?
Meu amor é maior,
mais belo sem ornamentos
do que um campo de flores.
Mais triste do que a morte,
mais desesperançado
do que a onda batendo no rochedo,
mais tenaz que o rochedo.
Ama e nem sabe mais o que ama.



Não resisti, vou ter que colocar duas poesias :mrgreen: !!!


Que Este Amor Não Me Cegue Nem Me Siga

Hilda Hilst

Que este amor não me cegue nem me siga.
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua de estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.
Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas. E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas.
Que este amor só me veja de partida.
 
Largo Cavafundo disse:
Bem, vou tentar diversificar um pouco... não postarei agora Bandeira, mas Carlos Drummond de Andrade... perdão pelo tamanho da poesia, mas eu gosto dela demais da conta...

Eu conheço essa como sendo de autoria do Gil Vicente, inclusive cheguei a postar no tópico sobre ele.
 

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