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Que há interesses classistas é evidente... mas o Eriadan foi além e disse que a oposição era SÓ classista, e que todas outras oposições ao programa eram simulacros dessa oposição classista, isto é, não havia motivos não-classistas para se opor ao programa. Isso é reduzir todo o assunto a uma mera "luta de classes", e não é óbvio que seja adequado fazê-lo.
Mas enfim, se o Neithan concorda que tá repetindo "a mesma retórica" de gente "ignorante e maniqueísta",
e que os temores de seus colegas esquerdistas do fórum foram "previsões retardadas", fico satisfeito.
Você se referiu a argumentos não-classistas comuns como coisas que "sempre foram desculpas populistas para disfarçar a verdadeira causa, que era o lobby profissional". Deu a entender sim que argumentos não-classistas ao programa não existiam por si só, sendo mero instrumento de retórica desse lobby. E há médicos e médicos... em um extremo, há médicos que estão em vias de aposentar, que mudaram de carreira, que trabalham pouco e não se importam tanto para a carreira... ou até médicos tão bem estabelecidos que pouco se preocupam com o mercado... e em outro extremo há médicos de sindicatos ou órgãos de classe de algum tipo... Decerto uma parte considerável desse universo, especialmente ao redor do primeiro extremo, pode eventualmente pensar mais como cidadão e paciente do que como médico. Enfim, não cabe querer julgar a "causa verdadeira" da oposição, isso é, julgar a sinceridade ou a consciência alheia, muito menos, para tanto, generalizar toda uma classe de profissionais dos mais variados perfis... Cabe apenas analisar os argumentos em si.Não falei em "só" para qualquer caso, falei em verdadeira justificativa da oposição dos médicos, aquilo que realmente alimentou a luta da categoria. Podem haver justificativas não classistas dos setores que não são diretamente interessados, ou pode ter algum argumento elencado pelos próprios médicos que seja pertinente em si mesmo, mas - eis a questão - não acredito que nenhum deles tenha sido minimamente decisivo para fomentar uma mobilização contra o programa. Os médicos, como fazem todas as categorias, combateram um projeto que desvalorizava a carreira, porque oferecia piores condições de trabalho para outros exercerem um trabalho que lhe era exclusivo, e daí utilizaram todo argumento que pudesse validar a sua militância como em prol de toda a sociedade. Um bacharel que não passa no exame da OAB pode ter menos condições de prestar advocacia, mas a preocupação com os jurisdicionados passa longe de ser o motivo que leva a entidade a exigir esse requisito (e consequente filiação). Você acredita que tinha algum médico crítico ao programa porque estava sinceramente preocupado com o regime de trabalho dos cubanos?
Estava cheio de lacrador reclamando de suástica, falando de novo 1964 e um monte de previsão retardada,
Ué... Até quando eu transcrevo literalmente, discorda...Nem acho que eram previsões retardadas, pra mim foi uma tática ridícula também de tentar desqualificar o presidente meme na base do medo.
Acho isso muito mais resultado de um processo sócio-econômico mais ou menos determinista do que uma incompetência acidental da direita. Em um país de 200 milhões de habitantes, haverá competências das mais variadas, e percorrendo todo espectro político. Mas só assumem um papel público relevante historicamente quando condições sócio-econômicas apropriadas surgem. Não haveria competência o bastante para colocar um liberal no poder em 2003, por exemplo... A direita só começou a decolar após 2013, e não foi porque ela ficou menos incompetente, e sim porque o modelo vigente, de esquerda, se exauriu. De forma análoga, o momento pedia uma figura do tipo Trump, Bolsonaro, etc, não há competência que colocasse um Partido Novo no poder. A "onda laranja" vai ter que esperar... E daí, digo porque acho e não por "tática", acho que o momento do PT/PDT/cia, da esquerda desenvolvimentista, já era. Sucessores possíveis estão entre a esquerda de visão econômica mais ortodoxa, como Marina Silva e Tábata Amaral, mas tá muito rudimentar ainda. E a Tábata só colabora para essa rudimentaridade ao se aliar a Ciro Gomes... Enfim, se o bolsonarismo for ser sucedido, vai ser por algo de dentro da própria direita. E talvez de dentro do próprio bolsonarismo, vai saber, afinal é um movimento multifacetado, algumas das facetas podem subsumir as outras....Eu culpo muito mais a esquerda que a direita pela eleição do JENIO. A pauta em 2018 deles era Lula Livre e Bolsonaro Hitler. Ou outras pautas totalmente fora de hora, como aborto e legalização da maconha. Num país com 60mil mortes violentas por ano e com quase 25mi de desempregados, QUEM LIGA PRA ISSO? Fora que ignorar a parcela cristã da população em nome de pauta progressista é tiro no é de qualquer campanha. E enquanto a direita percebeu que a população enxergou política como futebol, e começou a usar memes e fake news, a esquerda quis ficar na ironia e nos posts inteligentões. Deu no que deu.
Mas a direita foi incompetente também. Teve 4 eleições seguidas do PT pra formar uma oposição sólida com alguma liderança decente, e não saiu nada, e desse vácuo, saiu Bolsonaro, justamente porque não conseguiram criar uma força política que antagonizasse com o petismo. O próprio bolsonarismo nada mais é que um movimento antipetista radicalizado e ignorante, ele não tem força própria. Se em 2022 o Brasil continuar na merda que está no atual governo, essa galera vai migrar pro Doria ou outra figura que personalize o antipetismo de novo. E isso só mostra como a direita br é nula e incapaz de criar uma liderança, uma força política que seja atrativa ao povo.
Grifei esses pontos porque talvez esteja aí a dificuldade de vocês. O propósito de se julgar a "causa verdadeira" da oposição não é simplesmente moral, mas prático: é o que origina e sustenta uma manifestação política. Quando eu digo que a luta classista é o real motivo do repúdio ao antigo programa e que o uso dos demais argumentos é somente para dar uma legitimidade extra-classista a essa oposição, a mensagem não é "nenhum dos outros argumentos é válido em si mesmo" ou "nenhum médico acredita de coração em algum desses argumentos", mas esta: não interessa, numa discussão que analisa o posicionamento dos médicos contra o programa, avaliar o mérito desses argumentos, como você propõe, porque enquanto subsistisse o principal - e que eu chamo mesmo de verdadeiro, porque não acredito que nenhum dos demais teria potencial para mobilizar a classe -, o posicionamento da categoria continuaria firme contra o programa, pois é o que realmente interessava para ela.Você se referiu a argumentos não-classistas comuns como coisas que "sempre foram desculpas populistas para disfarçar a verdadeira causa, que era o lobby profissional". Deu a entender sim que argumentos não-classistas ao programa não existiam por si só, sendo mero instrumento de retórica desse lobby. [...] Enfim, não cabe querer julgar a "causa verdadeira" da oposição, isso é, julgar a sinceridade ou a consciência alheia, muito menos, para tanto, generalizar toda uma classe de profissionais dos mais variados perfis... Cabe apenas analisar os argumentos em si.
Acho isso muito mais resultado de um processo sócio-econômico mais ou menos determinista do que uma incompetência acidental da direita. Em um país de 200 milhões de habitantes, haverá competências das mais variadas, e percorrendo todo espectro político. Mas só assumem um papel público relevante historicamente quando condições sócio-econômicas apropriadas surgem. Não haveria competência o bastante para colocar um liberal no poder em 2003, por exemplo... A direita só começou a decolar após 2013, e não foi porque ela ficou menos incompetente, e sim porque o modelo vigente, de esquerda, se exauriu. De forma análoga, o momento pedia uma figura do tipo Trump, Bolsonaro, etc, não há competência que colocasse um Partido Novo no poder. A "onda laranja" vai ter que esperar... E daí, digo porque acho e não por "tática", acho que o momento do PT/PDT/cia, da esquerda desenvolvimentista, já era. Sucessores possíveis estão entre a esquerda de visão econômica mais ortodoxa, como Marina Silva e Tábata Amaral, mas tá muito rudimentar ainda. E a Tábata só colabora para essa rudimentaridade ao se aliar a Ciro Gomes... Enfim, se o bolsonarismo for ser sucedido, vai ser por algo de dentro da própria direita. E talvez de dentro do próprio bolsonarismo, vai saber, afinal é um movimento multifacetado, algumas das facetas podem subsumir as outras....
Jair Bolsonaro: “O PT colocou cerca de 10 mil cubanos disfarçados de médicos nos lugares mais pobres pra fazer células de guerrilha e doutrinação”.
Aí o jornalista pergunta sobre provas sobre essa afirmação, e o grande presidente:
E PrEssiza de PRova!?
FATOS ALTERNATIVOSO melhor é que depois q ele diz "Precisa de prova? Você acha que está escrito em algum lugar isso aí?", o cara atrás do Bolsonaro dá um sorrisão, provavelmente feliz da vida com a mitada. É a nova era do "foda-se, eu crio a minha realidade".
Que cara, o que não é associado ao CFM? Só com constrangimento ilegal. Se ele entrar via programa do governo federal, ele tem contrato válido com o Estado, não se submete a nenhum outro controle profissional que não estivesse previsto no edital.Eles (CFM) podem impedir o cara de exercer?
Então fodas o que o CFM pensa.Que cara, o que não é associado ao CFM? Só com constrangimento ilegal. Se ele entrar via programa do governo federal, ele tem contrato válido com o Estado, não se submete a nenhum outro controle profissional que não estivesse previsto no edital.
Grifei esses pontos porque talvez esteja aí a dificuldade de vocês. O propósito de se julgar a "causa verdadeira" da oposição não é simplesmente moral, mas prático: é o que origina e sustenta uma manifestação política. Quando eu digo que a luta classista é o real motivo do repúdio ao antigo programa e que o uso dos demais argumentos é somente para dar uma legitimidade extra-classista a essa oposição, a mensagem não é "nenhum dos outros argumentos é válido em si mesmo" ou "nenhum médico acredita de coração em algum desses argumentos", mas esta: não interessa, numa discussão que analisa o posicionamento dos médicos contra o programa, avaliar o mérito desses argumentos, como você propõe, porque enquanto subsistisse o principal - e que eu chamo mesmo de verdadeiro, porque não acredito que nenhum dos demais teria potencial para mobilizar a classe -, o posicionamento da categoria continuaria firme contra o programa, pois é o que realmente interessava para ela.
Isso me soa papo de sindicalista, que compra a causa da classe independente de qualquer coisa, como um advogado defende seu cliente criminoso independente de qualquer coisa. Não vejo como você possa afirmar que, se um argumento não é verdade, "não faria diferença para nos opormos". A não ser que, de novo, que, quando fala "nós", não esteja se referindo a pessoas concretas, de carne e osso, mas a um conjunto abstrato e massificado chamado "categoria". Ainda assim, jamais eu me incluiria, através do uso da primeira pessoa, num grupo com argumentos com os quais eu não concorde genuinamente. Se eu fosse servidor concursado, por exemplo, e certos servidores defendessem algum benefício descabido ou defendessem algo que não entendo ser real ou verdadeiro.... jamais diria "nós, os servidores, se opomos", sequer diria "os servidores se opõem", mas sim, apenas, "grupos de servidores se opõem". O quão esses grupos serão relevante no universo total dos servidores, dependerá sim da validade dos argumentos, entre outros fatores, como a habilidade de persuasão dos grupos em questão, recursos que eles têm disponíveis, etc.Vou dar outro exemplo para ilustrar. No momento, a minha própria categoria está em confronto com a administração devido a um projeto que extingue vagas de concurso público em prol da contratação de comissionados. Sim, é a pura verdade o que alegamos: aumentam os riscos de contratação por critérios subjetivos, em detrimento da eficiência, de atos com desvio da finalidade pública (que é o grande trunfo da estabilidade), enfim, vai de encontro a todos os princípios da Administração Pública. Tudo isso é real e é grave. Mas, mesmo que não fosse, não faria diferença para nos opormos. A nossa grande preocupação, o que nos mobiliza de fato, é a defesa da classe. Assim como o médico, o servidor concursado que optou pela carreira estudou e se dedicou e fez (faz) algumas renúncias para conseguir desempenhá-la, tendo em vista as condições de trabalho: remuneração, carga horária etc. A gente sabe que tudo isso pode se desvalorizar se o Estado decidir abrir mão de todos os requisitos legais e oferecer piores condições para outras pessoas desempenharem as mesmas funções. Afinal, para desempregados (ou cubanos), as exigências podem ser muito menores. E é isso que une nossa categoria e nos dá voz relevante no confronto político.
Quotando só esse pedaço, porque toda a celeuma parece vir daí. Vou tentar me fazer compreender pela última vez.Ué, numa discussão sobre o posicionamento dos médicos, "não interessa avaliar o mérito desses argumentos"?