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As Justas de Fornost

Aewena

Usuário
Arnor - Ano 40 da 4ª Era.

O clima de festa estava impregnado no ar e nas pessoas daquela cidade. Um burburinho frenético como aquele de uma colmeia com milhares de abelhas podia ser ouvido por todo lugar. O barulho dos bate-estacas que prenderiam às barracas de tecidos multicoloridos aos seus lugares se misturava ao riso dos trabalhadores que nem o trabalho pesado parecia arrefecer a excitação. Carroças com suprimentos disputavam espaço com os recém-chegados nas ruelas pavimentadas da cidadela. Donzelas acorriam alvoroçadas em buscas dos melhores trajos para a festa, pois quem poderia saber se ali não encontrariam um cavalheiro formoso de terras longínquas, ou nem tanto, disposto ao matrimônio.

Enfim as Justas de Fornost!! Assim eram chamadas as competições de cavalaria ou pelejas que ocorriam de dois em dois anos em Fornost Erain.

No princípio esses jogos não passavam de exercícios criados pelo comandante Etharion para manter o condicionamento e habilidades em batalha de seus soldados. Contudo, além do caráter de treinamento, as Justas agiam também como uma das poucas formas de diversão que possuíam aqueles homens durante aqueles duros anos iniciais da reconstrução do reino do Norte. Com o passar do tempo, esses jogos tomaram tamanha fama (a qual muitos imputam à participação do príncipe nas disputas) que passaram a fazer parte do calendário oficial da cidade. Até Annúminas, a capital do reino unificado de Arnor passou a imitar sua irmã caçula, criando suas próprias Justas, que tentavam (apenas tentavam) rivalizar em público e fama com as de Fornost.

A área em frente às muralhas da cidade já havia sido preparada. O terreno aplainado e as arquibancadas e pavilhões montados para receber os visitantes e competidores que viriam de todos os lugares da Terra Média. Estandartes com o brasão de Fornost (A muralha de Fornost, a Torre de Amon-Sûl e Árvore branca de Gondor) flanqueavam toda a área de competição.

A tribuna de honra ficava situada à esquerda da entrada principal, na parte central da arena, de onde o Príncipe e seus convidados poderiam acompanhar todas as provas da competição. Bandeiras multicoloridas enfeitavam o balcão, como uma guarda de honra à bandeira preta e branca de Fornost ao centro.

*No centro da área de combates, uma estrutura comprida, de madeira escura, foi montada para delimitar o campo dos cavalheiros que competiriam com as lanças longas sem ferro e com a ponta roma. Essa estrutura foi preparada de tal forma que poderia ser removida para dar lugar às outras modalidades da competição, tais como arqueirismo, cabo-de-guerra, luta livre entre outras. Competidores duelavam entre si usando uma variedade de armas e simulavam batalhas corpo-a-corpo com muitos cavaleiros de cada lado. As armas utilizadas eram conhecidas pelo nome de armas cortesias ou graciosas pois evitavam ferir com gravidade ou matar o adversário. Contudo, o evento mais esperado de toda competição era o combate individual com espadas.

Ossiriol, o capitão da guarda, era o responsável por acompanhar as provas e evitar que deslealdades, quebras de regras ou comportamentos que colocassem risco a vida dos oponentes ocorressem. Em casos mais complexos, o próprio príncipe Etharion poderia ser chamado a ajuizar uma disputa.

As regras da competição eram simples: não brigar fora das filas, não lutar vários cavaleiros contra um, não machucar o cavalo do rival, desferir os golpes apenas no rosto e no peito do adversário e não machucar o cavalheiro que levantasse a mãos espalmada sobre a cabeça.

Nos jogos o vencido e as armas ficavam a disposição do vencedor que era saudado com frenéticas aclamações e prolongados aplausos dos espectadores. Aqueles que triunfavam eram conduzidos como heróis a receber das mãos do príncipe ou das damas o justo prêmio de sua vitória. Para terminar era realizado um banquete no qual os cavaleiros participantes no evento eram cobertos de atenção.

Naquele ano em especial, as justas eram aguardadas com ansiedade, faltava agora menos de três dias para que o evento começasse.

* Fonte Wikipedia
 
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Finalmente o grande dia havia chegado. O céu estava límpido, de um azul radiante, com apenas alguns fiapos de nuvem aqui e ali levados preguiçosamente pela brisa que soprava do Oeste. O sol cálido do Norte fazia com que as pontas das lanças e metal das espadas refulgissem. Flâmulas coloridas tremulavam alegres como se também estivessem em festa.

O povo ia chegando aos borbotões para assistir ao primeiro dia dos torneios. Vendedores de guloseimas e quinquilharias já estavam a postos animados com a promessa de boas vendas aos visitantes. A tribuna dedicada aos convidados do regente estava parcialmente ocupada. Diferente do que se poderia esperar, aquele espaço especial não era reservado somente à nobreza ou para autoridades de Fornost e de outras cidades. A ela eram convidados todos aqueles que haviam demonstrado seu valor ou prestados serviços relevantes à cidade, independentemente de sua posição social. Era a forma que o regente havia encontrado para honrar aquelas pessoas e seus esforços. Havia também dois lugares reservados aos ganhadores de um sorteio realizado com o objetivo de angariar fundos (dinheiro, material, ou até mesmo mão de obra) para a manutenção das casas de passagem, de cura e orfanatos.

Apesar dos esforços de Ossiriol, Etharion nunca se considerou um “nobre”. Era um homem simples, um guardião dos ermos, um homem do povo como qualquer outro. Acreditava que só a ancestralidade não era suficiente para determinar o valor de uma pessoa. O título de Príncipe que recebera de Elessar, o filho de Halbarad bem o sabia, não tinha nada a ver com o parentesco dele com o rei, (que afinal vinha da linhagem materna de Aragorn e Etharion), mas sim com a confiança que o primo tinha nele. Fornost, uma cidade maculada pelo mal, jamais teria sido reconstruída se não fosse Etharion a aceitar o desafio. A nenhum outro Elessar confiaria tão árdua demanda.

É claro que o caráter democrático do regente não agradava a todos. Havia aqueles, descendentes das antigas famílias vítimas da “diáspora” do povo de Arnor, que haviam retornado à Fornost na esperança de retomar suas antigas posições de prestígio e poder na ordem social da nova cidade. Encontrar um príncipe que acreditava que um homem comum tinha tanta importância quanto aqueles que tinham linhagem e história e que parecia dar pouca prioridade às questões de protocolo e etiqueta foi de certa forma uma decepção. Contudo nem esses orgulhosos descendentes podiam reclamar da atenção que lhes era dispensada, pois sempre foram recebidos por Etharion com respeito e consideração às suas necessidades. Na verdade, o que lhes doía, era algum tipo velado de despeito, pois o príncipe oferecia o mesmo tratamento reverente que acreditam reservado a eles, a todas as outras pessoas.
 
A primeira modalidade a competir naquele dia era a de arco e flecha, em provas que eram disputadas individualmente e por equipes. Os participantes, que já se encontravam no campo atirando algumas flechas para aquecerem os músculos, seriam testados quanto à sua destreza em dois tipos de desafios: alvos parados e cavalheiros em movimento.

Os alvos parados eram posicionados à uma distância de 70 metros do arqueiro que tinha um tempo limitado para se preparar, mirar e atirar. Caso o disparo não fosse feito dentro do tempo estipulado, o competidor seria penalizado com a perda de pontos. Para aquele tipo de prova era utilizado um arco grande, em geral feito de malha. Se disparado a curta distância, o tiro daquele arco era capaz de penetrar em quase qualquer armadura, exceto aquelas de mithril, feitas pelos anões.

Já os competidores em movimento deveriam acertar seus alvos ao passar por eles à uma distância e velocidades pré-determinadas. Como na outra prova, essa era disputada por equipe de três participantes que poderiam realizar três disparos cada e também individualmente.

As arquibancadas estavam lotadas e a excitação do povo era vermelha em seus rostos. De fato, havia um motivo a mais para todo aquele frenesi: a participação pela primeira vez nas justas, de competidores dos assentamentos dúnedain, guardiões do Norte, de onde descendia o regente Etharion. Tal participação elevou o sentimento de lealdade dos habitantes de Fornost à sua equipe ao máximo. Na maioria das vezes, estavam acostumados a vê-los vencerem Annúminas (freguesa de sempre, pela qual nutriam uma rivalidade ferrenha) e até mesmo gentes de Belfalas. Mesmo na edição em que Aragorn mandou seus homens para participarem das justas, Fornost fez bonito e quase superou Minas Tirith, perdendo no quadro geral por uma diferença pequena de pontos. Afinal eles tinham Durandîr “olho de falcão”, o tiro mais certeiro entre os homens de Eriador, além de Eriol, três vezes campeão no combate individual com espada.

De fato, o jovem Eriol fazia jus à sua fama. Belo e forte como um garanhão jovem, trazia em si o orgulho exacerbado da velha aristocracia do Norte. Ansioso por feitos e glórias, era o preferido de nove entre dez apostadores, modelo para os mais jovens e o sonho de quase todas as jovens em idade de casar das redondezas. Contudo, o que lhe sobrava em qualidades físicas, faltava em maturidade e humildade. Como todo garanhão, Eriol desejava ardentemente superar seu líder em combate. Invejava a admiração e amor que Etharion despertava nos súditos, a qual atribuía aos feitos de um passado distante. Em sua mente só poderia haver um herói em Fornost e este tinha que ser ele, Eriol!

Com toda essa paixão pelos jogos, não era de espantar que houvesse uma bolsa de apostas movimentadíssima em torno das Justas de Fornost. Embora não fosse do agrado do regente, que desaprovava tais coisas, ele a tolerava. Ossiriol o convencera de que uma taxa de operação sobre as apostas seria extremamente benéfica para a cidade: - Não há mal do qual não possa advir um bem! Exclamava empolgado. É lógico que Etharion impusera regras severas de modo a evitar que o vício da jogatina se tornasse prática comum na cidade e que qualquer pessoa fosse roubada ou enganada.

Na verdade, naquele ano os operadores da banca e apostadores estavam loucos. Annúminas era prato feito, mas com esses dúnedain, ninguém sabia o que estava por vir. Confiavam na equipe de Fornost, mas se os visitantes lutassem como Aragorn e Etharion, eles estavam perdidos.

Os jogos seriam iniciados tão logo o regente e sua comitiva chegasse e ele era aguardado ansiosamente. Após uma espera que para muitos pareceu eterna, o clamor das trombetas se fez ouvir anunciando a chegada do regente. Todos os olhos então se voltaram para a tribuna.
 
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Um por um, os convidados foram ocupando seus lugares na tribuna, até que por fim Etharion surgiu. Mesmo em um dia de festa como aquele, ele trajava a austeridade de sempre: uma túnica de veludo, do mais profundo azul noturno com detalhes prateados na barra das mangas e gola, calças pretas e botas da mesma cor. Os cabelos ainda escuros estavam penteados para trás, um halo simples de prata cingia-lhe a face, o único adorno indicador da sua posição em Fornost.

O regente era daquela qualidade de pessoas que não precisava de nenhum adereço para impressionar. A beleza daquele rosto só era superada pela grandeza que havia em seu coração. Só os olhos dele mereciam um capítulo à parte, tamanha era a intensidade azul, na qual corria-se o risco de bom grado afogar-se. Tudo em Etharion gritava: Eis aqui um homem do Oeste!

Tais atributos aliados à regência, na verdade caíam-lhe mais como uma maldição do que uma dádiva. Era questionado continuamente pelos nobres sobre o porquê de ainda não ter se casado. Se por acaso trocava algumas palavras com a filha de lorde X, criava mal-estares com lorde Y. Um simples sorriso ou gentileza à uma dama levava a família dela a anunciar notícias de compromisso de casamento. Nem mesmo Ossiriol, seu amigo mais próximo, o poupava de tais incômodos, abordando-o com sugestões de consortes ou insistindo que Etharion tinha obrigação de dar um herdeiro à Fornost, não importa o quanto o dúnedain o lembrasse que o cargo de regente era concedido por indicação do rei de Arnor e Gondor e não algo que pudesse ser passado de pai para filho.

Diante de tal histórico, o leitor poderá imaginar o burburinho causado quando pela mão do regente subiu à tribuna uma jovem, desconhecida de todos, e ao lado direito dele sentou-se...
 
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