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[Nausicaa][Essa é uma longa história...][L]

Nausicaa

Usuário
Autor: Eliane Dino
Gênero: Romance/Drama
Título: A Guerra -Universe Force-


Segue-se uma série de narrativas de vários eventos e personagens diferentes. O ritmo é um pouco puxado, mas foi como eu consegui organizar as coisas mais ou menos na minha cabeça pra escrever. Adiante a história irá se aprofundar em personagens específicos e ficará mais clara a conexão entre todos eles, inclusive os de épocas diferentes.
O ambiente da história é muito vasto: pensem em planetas, sistemas estelares e bases militares espaciais. Como vocês verão, o tempo também.
Haverá alguns termos de baixo calão, mas por ora não consegui imaginar o texto sem eles. Estes serão pontuais, a maioria por expressão de alguns personagens: se acharem que ficaria melhor de outra forma, por favor me corrijam.

Esse texto é uma reedição de uma história que comecei a publicar aqui em 2005, na minha conta antiga [https://www.valinor.com.br/forum/topico/l-ikarus-ikarus-universe-force.31231/] . Mas estou começando por partes diferentes da mesma história. E espero que agora fique bem melhor.





------UM INÍCIO----



-Fronteira com WasteCreek, a caminho da atual capital de Virgo Coma - 33 anos após o marco zero

Aquelas palavras ecoavam como um grito, e não saiam da sua mente.

No meio daquele barulho infernal pouco importava que horas eram. O que toda aquela multidão em pânico tentava se assegurar era de que o próximo momento não seria o momento de suas mortes. Para ela porém, fazia um bom tempo que a vida e a morte não lhe faziam diferença alguma.

As únicas coisas que a mantinham em pé naquele momento eram o seu filho a puxando insistentemente aos gritos pela multidão, e aquelas palavras malditas. Foi pensando nessas palavras que ela, olhando para um hangar que parecia intocável a uns 200 metros a sua esquerda, tomou sua decisão.

Ela fez sua mão perder-se, e começou a atravessar sozinha o rio de pessoas correndo, deixando o pobre Raj mais desesperado do que já estava.

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- Capital do antigo Virgo Coma, atual Mausoléu - 2 dias após o marco zero

-Porque você não vai conosco para nova capital?
-Eu já te expliquei.
-Você não me explicou. Me recuso a chamar aquelas palavras de "explicação".
-Chame do que quiser. Antes de vocês partirem, preciso te deixar algumas instruções.
-Se quiser me dar instruções, venha comigo.
- Você é quem sabe.
-Não vire as costas para mim seu velho covarde! -ele pára e a encara com parte do corpo ainda de costas, entediado.
-Quem você pensa que é pra falar desse jeito com ele, Dafnes?
-A pessoa que ele vai deixar com toda a regência nas costas, é isso que eu sou. -Se é realmente isso o que vai fazer, velho, vá embora logo. Suma da minha frente!
-Eu vou, não se preocupe. -ele faz uma pausa- Falhei com você, Dafnes. -ele se aproxima. -E me parece que você vai falhar também, mas não comigo.
-Eu não vou falhar, eu não sou covarde como você. -ela o encara, como se fosse muito mais velha do que seus 17 anos.
-Há várias formas de covardia, pequena Dafnes. Várias.

-Gez, eu decidi vir com eles. Eu vou cuidar dela.
-Ela não quer ser cuidada por alguém -ele responde- se tornou um pequeno escorpião. Preparada para se decepcionar, Astra?- ele encara Dafnes com firmeza.
-Palavras doces. Tomando as dores do Jacob? Me abandonando pelo meu mau comportamento. Não sabia que era tão infantil.
-Não. Vou deixá-la porque a minha hora chegou. Tudo tem uma hora e lugar, e finalmente chegou o meu lugar e o fim do meu destino - ele embarga a voz e se recompõe- Eu não pertenço ao seu futuro, Dafnes, mas ao seu passado. O chão que você pisa e que a sustenta contem o sangue e o suor de uma era que lutou para que você estivesse viva nesse instante. Um deles o Regente Arauto, o seu pai.
-Nossa, se você não me lembrasse... -retruca com sarcasmo. -Você gosta de jogar sujo, querido padrinho.
-Dê o seu melhor, Dafnes. Honre os ombros que te sustentam.
-Só isso?
-Eu tinha mais, mas não será necessário. Você se recusa a ouvir o que quer que seja, e essa será a sua ruína.
-Se você diz...

-Quando tudo der errado, não hesite em voltar atrás, Dafnes. Porque ninguém é poupado de cumprir sua missão. Muito menos pessoas como nós.-Astra, não se responsabilize demais por ela. Você não terá muito tempo.

-Eu sei. - silêncio entre os três - Você já falou com a Maire Anne e os outros?
-Sim.
-Quero falar com você antes de partir. Já terminou com a Dafnes?
-Infelizmente sim. -Adeus, menina. Se cuide.
Dafnes vira as costas e se retira, deixando o seu padrinho no vácuo.

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-Fronteira com WasteCreek, a caminho da atual capital de Virgo Coma - 33 anos após o marco zero

-Mãe! Puta que pariu, mãe! Onde você está?! Mãããe! - Raj avista a figura esquálida que ele chama de mãe chegando perto da entrada do hangar com dois sujeitos mal encarados na porta.

Raj tem 16 anos de uma existência de merda, mas parece ter mais do que isso. Filho de um traficante com uma indigente drogada da qual ele nem mesmo sabe o nome, mas que sempre chamou de mãe, a vida para Raj nunca foi nominalmente "normal".
Dos encontros, mortes, abandonos e desencontros da vida, sua mãe era a única família que lhe restava, e ele a única pessoa que se importava com ela a ponto de ajudá-la a se manter mais ou menos longe da sarjeta. Fisicamente diferentes, com poucas coisas em comum, não interessava a ele se havia realmente uma ligação biológica entre os dois. Ela o amava e lhe era apegada, e ele a amava, apesar de seu estado de saúde deplorável, e do mal hálito horrível que ela espalhava por onde passava, fora os transtornos que lhe causava.

Há três coisas que ela sabe fazer bem, segundo ele: sumir quando se droga e passar mal, fazer ele odiar seu prato favorito (ela cozinha muito mal, mesmo quando está sóbria para tentar), e ajudá-lo a fazer suas tarefas de casa quando mais novo (ele nunca percebeu o quão absurdas eram as coisas que sua mãe lhe ensinava, mas isso é para outra hora). Tem uma quarta coisa, que ele não costuma falar, porque ele odeia muito quando acontece. E essa quarta coisa ela estava prestes a fazer.

Ele a viu se aproximar da entrada do hangar. Ela pegou alguns objetos pontiagudos do chão, possivelmente restos dos escombros que estavam em toda a parte. Escolheu dois especialmente curvos e pontiagudos. Ele queria gritar, mas não conseguiu. Teve um péssimo pressentimento do que ela iria fazer, e não querendo, parou a observar o show de horror que presenciou a seguir.

Aqueles homens aparentemente intocáveis atiravam em qualquer um que tentasse se abrigar nas dependências do hangar. As pessoas, desesperadas demais em escapar, apenas iam em frente ao ver a pilha de corpos que parecia uma trincheira ao redor do mesmo. E ela se aproveitou disso.

Com os objetos pontiagudos que retirara dos escombros, começou a cortar partes dos corpos que jaziam no chão e os atirou na direção dos guardas. Raj assistia a isso atônito, escapando das hordas de gente correndo: queria tirá-la de lá, mas tinha nojo demais do que estava acontecendo pra chegar perto dela.

A precisão de seus movimentos era assustadora. Eles atiravam e acertavam mais pessoas, o que lhe dava mais munição. No meio do pânico de pessoas correndo, sendo acertadas entre ela, a pilha de corpos, os escombros e os guardas, a cada pessoa que eles acertavam ela ia se aproximando. Assim, usando os corpos de escudo ela finalmente chegou perto deles e lhes cortou a garganta com os mesmos objetos que usara para esquartejar os corpos que estavam no solo, usando o caos da situação ao seu favor. Raj a essa altura tinha acabado de vomitar no chão, e seu medo o impedia de olhar a sua frente, mas precisou fazer isso para não ser arrastado pela multidão.

Quando olhou de volta, ela lhe fazia sinal para se aproximar, segurando dois coletes, armas e munição. Jogou para Raj a parte que lhe cabia, para desgosto dele. Depois disso tudo, ela ainda usou um dos guardas mortos para a identificação, e conseguiu sabe-se como descobrir a senha de entrada. Raj, atônito, apenas a seguiu.
Não era a primeira vez que Raj via coisas tenebrosas como essa, e não era a primeira vez que essas coisas aconteciam com sua mãe no meio delas.

Seu falecido pai certa vez lhe disse coisas sobre ela, mas não sabia se era verdade ou não. Nem tinha coragem de perguntar. Só ficava feliz por ser seu filho, não seu inimigo.
Raj sabia bem o ofício de não fazer perguntas.

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Continua...
 

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