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O Homem do Castelo Alto (Philip K. Dick)

Tataran

Usuário
Tão logo terminei Os Três Estigmas de Palmer Eldritch, fui atrás desta outra obra do Philip K. Dick, em edição da Aleph.

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Segundo a resenha do site da Editora:
Neste livro que é considerado por muito o melhor trabalho do autor, Dick apresenta um cenário sombrio: a Segunda Guerra Mundial foi vencida pelos Nazistas. O mundo vive sob o domínio da Alemanha e do Japão. Os negros são escravos. Os judeus se escondem sob identidades falsas para não serem completamente exterminados. É nesse contexto que se desenvolvem os dramas de vários personagens. Ao apresentar uma versão alternativa da história, Dick levanta a grande questão: “O que é a realidade, afinal?”

Como esse livro foi ganhador do Prêmio Hugo em 1963 e é considerado o melhor exemplo do sub-ramo História Alternativa da ficção científica, fui com altas expectativas. Infelizmente, acho que me decepcionei um pouco.

Não que o livro não seja bom, mas não tem aquela insanidade/estranheza que permeavam os três livros que já li dele: O Caçador de Andróides, Ubik e Os Três Estigmas de Palmer Eldritch.

Até este momento, Ubik continua sendo meu favorito e aquele que indico para quem tiver o desejo de conhecer alguma coisa de Philip K. Dick.
 
Olá Tatarana,

Eu entendo seu desapontamento ao ler "O Homem do Castelo Alto". Mas a explicação se encontra no fato de não ter sido o primeiro livro a ser do PKD. Quando se lê Ubik ou Valis, cria-se a expectativa de que a confusão sobre real e imaginário alcance o ápice no Homem do Castelo Alto. Mas esta obra foi apenas um início das suas divagações sobre a realidade.

Se você quiser se aventurar de verdade nas maluquices deliciosas de PKD, leia VALIS. Neste livro, o autor vai ao limite e de forma corajosa, reconhece para o leitor toda a confusão mental que o assolava. É difícil saber até que ponto VALIS é uma obra de ficção ou uma confissão de PKD da própria insanidade.

Daqui a um tempo, quando você tiver se aventurado mais pelo universo de PKD, dê uma segunda chance ao Homem do Castelo Alto. Tenho certeza que você apreciará muito mais as sutilezas do romances e perceberá toda a profundidade do assunto nas pequenas nuances do texto.

Um abraço!
 
Foi o único livro que li do Dick. Mesmo assim li com expectativas ALTÍSSIMAS, dizem realmente que é o melhor livro dele, e talvez por isso tenha me decepcionado um pouco também.
Não sei, eu li o livro rápido até, talvez esperando algum grande acontecimento no final, mas aí o livro acabou e eu fiquei com aquela sensação de que faltou alguma coisa. Não achei o livro ruim, mas também não cai de amores por ele. Apesar disso, a realidade paralela com a segunda guerra vencida pela Alemanha não deixa de ser bem interessante.
Estou com um livro de contos dele aqui, (Minority Report) mas queria saber se é bom mesmo... não estou muito animada pra começar. >< Talvez leia Dick de novo com Ubik mesmo.
 
Luciano, obrigado pela dica. Na verdade, VALIS já estava na minha lista de compras desde que li que ele foi eleito o melhor livro dele por um forum americano de fãs do Philip K. Dick.

Penny Lanne, pode pegar Ubik sem medo. Não posso garantir que você vá gostar, mas ele guarda muita diferença para O Homem do Castelo Alto.
 
Tatarana disse:
Luciano, obrigado pela dica. Na verdade, VALIS já estava na minha lista de compras desde que li que ele foi eleito o melhor livro dele por um forum americano de fãs do Philip K. Dick.

Com certeza, VALIS é um dos livros mais corajosos e bem escritos que já li na vida. Logo na primeira página o narrador (que você pode entender ser a voz do próprio PKD) reconhecer não ter condições de narrar a história com precisão e, por isso, prefere contá-la em 3ª pessoa, olhando e falando de si mesmo como se fosse outro, confessando sua insanidade ou, ao menos, duvidando da correção da própria mente.

No decorrer da história, em meio a dezenas de conceitos malucos, o livro troca de narrador algumas vezes. Em um certo momento, narrador, escritor, protagonista, se misturam de uma maneira que nunca tinha visto.

VALIS é uma daquelas obras que te deixam cansado. Você termina o livro, mas o livro ainda não terminou com você. Ele ressoa na sua cabeça por muito tempo, fazendo reviver tudo o que leu e refletir se aqueles fatos realmente ocorreram.

Ah! Outra dica. Quando puder, procure ler o conto "A Formiga Atômica". Ele está em uma coletânea de contos lançada pela LP&M chamada "História de Robôs". É bem pequeno, mas você vai adorar. É leitura obrigatória para entender PKD e a confusão entre real e imaginário. Confusão que começou a brotar na cabeça dele exatamente com "O Homem do Castelo Alto".

No final das contas você vai perceber que "O Homem do Castelo Alto" é uma introdução ao mundo de PKD. às vezes criamos as expectativas erradas, quando olhamos esse livro com esse olhar, de ser uma introdução, percebemos como os seus detalhes são magníficos.

E como é magnífico se aventurar pela mente louca de PKD.

Um abraço!
 
Quando fui comprar o Laranja Mecânica entrei no site da Aleph e li a sinopse desse livro. Achei muito interessante, coloquei na lista... e deixei por lá. Na biblioteca aqui só tem O Caçador de Andróides. Eu vi o filme e gostei, mas sei lá. Achei a ideia muito melhor que a execução. Abre margem pra uma discussão muito interessante (já discuti esse filme na faculdade, na disciplina de Economia Marxista XD), mas se prende muito aos tiroteios e afins, quando eu acho que seria melhor tocar na questão política e social. Aí nem animei tanto com o livro. Gostaria que alguém comparasse o filme ao livro. :p

E bem, depois disso tudo (principalmente desse último post do Luciano) o PKD avançou demais na minha lista de leitura. Quero ler "O Homem...", "Ubik" e principalmente "Valis". Duro é o preço.

Droga, não deveria ter entrado nesse tópico. :rofl:
 
Já li o Homem do Castelo Alto e gostei. O caçador de andróides também é muito bom :sim:, mas tendo em vista o tempo que vi não me arrisco a a fazer comparações.... Das edições da Aleph, estou com Ubik e Valis na fila, mas gostaria também de ler o livro em que se baseou o filme o Vingador do Futuro, um dos melhores filmes que vi baseados nas histórias do K Dick.
 
Li quando tava no colegial. Acho que foi o primeiro livro de ficção científica que tratava de realidades alternativas que li até então - posteriormente leria "Pátria Amada", de Robert Harris, com enredo semelhante mas em outro gênero. Nossa, o livro é quase um tratado filosófico! Agora que peguei um volume com várias obras dele, vou ver se releio o quanto antes. :)
 
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A opinião geral é justamente a qual critiquei, visto que há desconhecimento da literatura oriental e/ou um detrimento da mesma em favor da ocidental. Mesmo quando há um reconhecimento do valor da literatura ocidental, o mesmo é feito de forma condescentente, ficando implícito a sensação de "aquelas coisas estranhas estão ali só para constar e, por terem sido criadas em paralelo durante as eras, temos que reconhecer a existência, mas não necessariamente o valor" - o que é utterly crap, claro. As pessoa em geral não conseguem entender - ou mesmo não fazem um esforço para tal - a literatura oriental e por sua própria deficiência/preguiça particular acaba ostracizando milhares de obras como "aquilo lá que os orientais escrevem no mundo doido deles".
 
Bom saber quem tem gente aqui que curte o PKD, tão difícil achar alguém que conheça o autor, mais ainda de achar alguém que gosta. =D
 
This Artwork For A New Man In The High Castle Edition Blows Our Minds
Andrew Liptak


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Philip K. Dick’s famous novel, The Man in the High Castle has recently gotten special treatment from The Folio Society, a publisher notable for their exquisite editions of classic literature. With the release, they’ve provided us with a special look at some of the artwork inside.

This new edition of the book is now out, and in addition to the fantastic artwork by Shan Jiang, it’s introduced by Ursula K. LeGuin, who proclaims that The Man in the High Castle “may be the first big, lasting contribution science fiction made to American literature.” She’s not wrong about that, and her introduction serves as an excellent explanation for the novel’s place in science fiction history.

Here’s a selection of the artwork included in the book:

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Art credit: Shan Jiang / The Folio Society

Fonte: http://io9.com/this-artwork-for-a-new-man-in-the-high-castle-edition-b-1711092821
 
Se existe uma coisa na qual Philip Dick é mestre ela é a capacidade de nos deixar com “a pulga atrás da orelha” após cada livro. Não existe – arrisco dizer – na literatura do último século nada que chegue perto do vislumbre enigmático que são os livros dele. E com “O Homem do Castelo Alto” (primeiro livro de Dick) não é diferente.

O livro narra a vida de algumas personagens vivendo em uma realidade onde a Alemanha Nazista e o Japão venceram a guerra. Os EUA (e boa parte do globo) foram divididos entre os dois e a tecnologia tomou rumos bastante inesperados.

Na obra, Dick constrói um mundo ficcional bastante detalhado. Ele se preocupa em mencionar como aspectos culturais e cotidianos se modificaram nessa realidade alternativa. Carros se tornam opcionais, viagens transcontinentais são feitas em foguetes (ao invés de aviões), bicitaxis são o meio de transporte comum, favelas se espalham por toda a costa Oeste dos EUA, nazistas conseguiram colonizar a lua e também Marte, e outras coisas.

Durante todo o livro Dick se preocupa em descrever as banalidades da vida das personagens, sendo algumas vezes até mesmo tedioso. Tudo isso, entretanto, tem um propósito sutil mas importante: mostrar ao leitor que não se trata dos EUA que conhecemos, nem mesmo do mundo como conhecemos.

Na história, acompanhamos diversos personagens: Sr. Childan, um dono de loja de antiguidades americanas (que agora são itens de colecionador entre os japoneses); Frank Frink, um artesão judeu especializado em fabricação peças de colecionador falsificadas; Juliana Frink, ex-esposa de Frank que fugiu para os Estados Neutros (interior dos EUA); e o Sr. Tagomi, um japonês imperialista, líder da missão comercial japonesa (algo que, segundo o livro, seria um cargo quase político dentro do mundo japonês). A trama de cada um deles vai, aos poucos, se entrelaçando umas com as outras de maneiras improváveis. Frank começa a vender peças para Childan, Childan revende peças para Tagomi e etc. Em diversos momentos não sabemos aonde Dick quer nos levar, ficamos apenas assistindo as vidas cotidianas deles. Dick porém pontua pequenas intrigas e problemas a cada página, construindo um esquema político de tensão entre os japoneses e os nazista, algo próximo a guerra fria que nosso mundo enfrentou.

É necessário saber que o autor não tem intenção nenhuma em explorar profundamente esse lado politizado da história. Apesar de termos alguns debates políticos entre as personagens, todos eles são puramente esteriótipos criados para expor o ridículo das teorias políticas do século passado. Temas como Marxismo, Socialismo, Corporativismo são tratados como puras criações caprichosas de lideres inescrupulosos, o que não chega a ser mentira. O objetivo de Dick, como em todos os seus livros, é questionar a validade daquilo que chamamos de “realidade”.

Seria isso que vemos é a realidade?

A resposta não vem de forma direta. Na trama as personagens (quase todas) consultam o famoso livro-oráculo I Ching. As vidas deles são pautadas pelo que o oráculo revela e decisões importantes acabam se tornando obra do puro acaso (ou ao menos aparentam ser). O final aberto do livro é – até os dias de hoje – alvo de grande discussão, justamente por tratar a realidade como algo subjetivo.

O autor também trabalha a meta-ficção, pois dentro do livro existe um escritor que publica um livro chamado “O Gafanhoto se torna pesado”, contando como seria o mundo se os Aliados tivessem ganhado a guerra. O livro se torna obsessão para Juliana Frink que passa a querer conhecer o autor (que é referido como o Homem do Castelo Alto, por isso o título do livro).

Com relação a escrita, Dick mostra sua tendência utilitarista de somente nos passar as informações que ele julga serem essenciais à trama. Não existem lirismos ou descrições vazias, tudo é objetivo. Ainda assim, a leitura pode ser trabalhosa pois Dick utiliza constantemente termos japoneses e alemães. Palavras como Tokkoka, Abwehr, Wu, Partei e etc., já são familiares àqueles que costumam estudar a 2° Guerra Mundial, mas podem ser totalmente desconhecidas daqueles com pouca intimidade no assunto. A dica é não hesitar e pesquisar qualquer palavra que acredite não conhecer. Esse também é um livro que é melhor apreciado por quem domina um pouco de história americana e história do entre-guerras devido a grande quantidade de referências à eventos desses períodos.

Superando algumas possíveis dificuldades na leitura, “O Homem do Castelo Alto” traz ao leitor questionamentos inquietantes e quando termina nos deixa procurando algo mais nas entrelinhas de suas páginas.
 
Você achou dificuldades ao ler esse, @Shakhbûrz ? Desses livros em que ele brinca com a realidade, senti que Ubik foi mais desafiante que O Homem do Castelo Alto. Tô pra ler Valis, que já me adiantaram ser uma viagem e tanto. :lol:
 
Você achou dificuldades ao ler esse, @Shakhbûrz ? Desses livros em que ele brinca com a realidade, senti que Ubik foi mais desafiante que O Homem do Castelo Alto. Tô pra ler Valis, que já me adiantaram ser uma viagem e tanto. :lol:

Na verdade, a leitura dele é fácil... difícil é tentar achar o que se prender na narrativa. Tudo é muito trivial e quando chega o final, você percebe que 80% do texto era dispensável ou não contribuiu para a trama.

Valis é legal, mas é muito esotérico para o meu gosto. Essa fase mais "religiosa" do Dick, com esses devaneios de ter visto E.T e etc. deixou a obra dele meio estranha (mais do que o normal). Meu preferido dele continua sendo Ubik.
 
Na verdade, a leitura dele é fácil... difícil é tentar achar o que se prender na narrativa. Tudo é muito trivial e quando chega o final, você percebe que 80% do texto era dispensável ou não contribuiu para a trama.

É que o trabalho do Dick aí é basicamente zoar com o leitor pensando na história "vista de baixo". :lol: É algo diferente da necessidade de um thriller do Robert Harris ou dos dramas do Scott Westerfeld nesse gênero de realidade alternativa, que precisam fazer isso para instigar o leitor. Pensar o cotidiano desses indivíduos é uma meta ambiciosa e, pelo texto final, crível, embora ele também faça esse jogo meta pra falar sobre o que constitui a realidade.
** Posts duplicados combinados **
Valis é legal, mas é muito esotérico para o meu gosto. Essa fase mais "religiosa" do Dick, com esses devaneios de ter visto E.T e etc. deixou a obra dele meio estranha (mais do que o normal). Meu preferido dele continua sendo Ubik.

E eu que ainda tô pensando em ler Exegesis... :lol:
Agora que vai sair a biografia do Carrère sobre o Dick, tô tentado a ver o que havia de tão impressionante nesse apelo místico que ele inseria nos últimos livros.
 
Basicamente, Dick acreditou ter sido abduzido e após isso ele começou a pensar que os tais E.T.s eram uma espécie de entidade sobrenatural enviados por Deus. Ele começou a ficar obcecado com isso e Valis (último livro dele) é uma semi-autobiografia, onde a personagem principal é inspirada nele mesmo.
 

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