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A Crônica do Matador do Rei (Patrick Rothfuss)

Incoerente é a última coisa que se pode dizer desse livro, é a minha opinião. Pra mim, todos os eventos estão perfeitamente ligados numa cronologia muito bem trabalhada. Até porque, o livro é narrado pelo ponto de vista de Kvothe, então a ênfase vai estar nos eventos que ele achar importante citar.

Não creio que tenha comparado com Filhos do Éden.
A Crônica do Matador do Rei não tem uma narrativa... "forçada" e... outras coisas que não tenho capacidade para descrever.
A Crônica do Matador do Rei tem uma narrativa fácil de acompanhar e autoexplicativas (mesmo que a explicação venha posteriormente). É uma leitura envolvente também.


E tem a capa. ah.. a capa. Quando eu bati o olho na do Nome do Vento foi amor à primeira vista. Daí peguei o livro pra ler a sinopse atrás e confesso que fiquei meio que decepcionado - tem lá algo como "vai a uma universidade para aprender todo tipo de magia" -, mas tinha uma senhora capa. Inegável. Comprei o livro. Não me decepcionei.
 
então...
eu estava vendo o blog do Drunkwookie (que faz umas teorias muitcho loucas sobre os livros do G.R.R.M.) e acabei me deparando com umas teorias e conjecturas que ele fez sobre o nosso querido e saudoso Kvothe (sim, saudoso, pq titio Rothfuss tá demorando mais do que o G.R.R.M. pra liberar esse livro, néam?)
bom, então é o seguinte, o cara fez dois posts, com citações, e cara, não sei se eu que li meio despreocupadamente ou o que, mas eu não peguei metade das referências que ele colocou ali quando li os livros, inclusive, acho que vou ter que reler, mas enfim, seguem os links das teorias e os textos copiados pra quem não quiser/puder acessar o site dele (embora eu indique demais o acesso pra dar uma olhada em outras coisas bacanas que tem por lá)
O que esperar de “A Crônica do Matador do Rei”? – parte I
O que esperar de “A Crônica do Matador do Rei”? – parte II

“Toda a verdade do mundo está contida nas histórias, você sabe”. Temor do Sábio, capítulo 49 – O Edena Ignorante, página 347.
Essa frase dita por Elxa Dal resume exatamente a essência da Crônica do Matador do Rei.
São nas histórias, nos versos e nas músicas que encontraremos a verdade sobre Kvothe e toda a sua jornada. Os mistérios antigos estão todos ali, aguardando nossa interpretação.
E eu resolvi que era hora de me voltar à obra primorosa de Patrick Rothfuss e voltar a fazer teorias.
Sim. Depois de um grande período adormecido, o blog voltou, e dessa vez com teorias sobre A Crônica do Matador do Rei.

As canções, histórias e poemas
Se nos pautamos nas histórias da Velha Ama para encontrar alguns indícios sobre o futuro de As Crônicas de Gelo e Fogo, em A Crônica do Matador do Rei me pautarei nas músicas e nas histórias contadas pelos personagens na trama.
Rothfuss nos dá, de maneira lúdica, informações sobre o passado e também sobre o futuro. Se percebermos com atenção, está tudo ali. Segredos escondido nas entrelinhas das estrofes de músicas cantadas na Eólica, ou nas estradas de Modeg, está camuflado em histórias de criança ou cantigas de ninar, ou até mesmo esquecidos nas páginas de antigos livros.
O livro traz muito disso em sua trama. A música e as histórias caminham intimamente interligadas a narrativa.
Então se um latoeiro cantar uma música, preste atenção.
Se uma criança na beira da estrada cantar alguns versos, preste atenção.
Se algum mercenário contar uma história ao redor de uma fogueira, preste atenção.
Se alguém for ler novamente os livros, procurem nas entrelinhas das músicas, poesia e histórias.
Agora se não quiserem ler novamente o livro ou procurar pistas, é so aproveitar os posts e usar o espaço para discutirmos sobre essa obra.

Sobre a obra de Rothfuss
Há um bom tempo, fiz um post sobre O Nome do Vento. Quem quiser dar uma olhada é só clicar aqui.
Não vou me estender aqui com novos elogios ao Rothfuss, pois sei que não vou parar tão cedo e o post ficará em segundo plano.
Mas só para não perder a oportunidade, Pat é, na minha opinião, o cara que vai elevar a literatura fantástica à um novo patamar.
É visível o conhecimento que ele tem e a paixão com a qual ele escreve. A narrativa é fascinante e os elementos criados por ele são sedutores.
Tenho certeza que A Crônica do Matador do Rei será sempre lembrada, por décadas e décadas.

As Portas de Pedra
O primeiro post da série “o que esperar de As Crônicas do Matador do Rei” tratará sobre o mistério que envolve o nome do terceiro livro: As Portas de Pedra
A escolha por esse tema faz sentido, pois é bom traçarmos ou tentarmos traçar qual o plot do próximo livro e, após, desvendarmos tudo o que está ao redor disso.
Então esse é o ponto de início das teorias do blog.
Mas é claro, assim como em todas as outras teorias que fiz, no decorrer do texto vocês perceberão que uma coisa puxará a outra e fatalmente estaremos tratando de assuntos que até então pareciam desconexos.
Eu iniciei minha pesquisa pelos livros, procurando pelas tais Portas de Pedra e para minha surpresa, encontrei muita coisa.
Sim, as Portas de Pedra já apareceram e já foram citadas algumas vezes no decorrer da trama.
Elas são citadas como algo quase sagrado por Bast.

"Você não faz ideia de quem eu sou.
O Cronista permaneceu muito quieto, mas não desviou o olhar.
– Juro por minha língua e por meus dentes – disse Bast, ríspido. – Juro pelas portas de pedra. Estou lhe dizendo três mil vezes: não há nada no meu mundo ou no seu que seja mais perigoso que o Cthaeh.” O Temor do Sábio – Interlúdio – Uma certa Doçura
Além de Bast, a Feluriana também cita as tais portas, mas essa citação eu vou mostrar mais a frente, pois tem uma importância ainda maior e serve para embasar alguns outros pontos da teoria.

A localização da Porta ou das Portas de Pedra
Ao que tudo indica, existe mais de que uma porta de pedra. Todos que citam elas, sempre as citam no plural.
Por isso fui pesquisar se havia mais de uma porta que se encaixasse. Teriam que ser portas misteriosas, que chamassem atenção de alguma forma mais contundente. E encontrei. Há pelo menos dois locais diferentes em que há portas assim.
Na Universidade, mais precisamente no Arquivo
No Arquivo existe uma estranha porta feita de pedra, sem fechadura e dobradiças (ao menos não aparentemente) que despertou a curiosidade de Kvothe.
"O garoto deu de cara com ela em sua primeira ida ao Arquivo.
Foi por mero acaso que topei com a porta das quatro chapas.
Era de um pedaço sólido de pedra cinzenta, da mesma cor das paredes circundantes. O umbral tinha 20 centímetros de largura, também cinzento e também feito de uma única peça inteiriça de pedra. A porta e o umbral tinham encaixes tão justos que seria impossível enfiar um alfinete em suas frestas.
Sem dobradiças. Sem maçaneta. Sem janela ou painel corrediço. Sua única característica eram quatro chapas duras de cobre. Ficavam grudadas na lâmina da porta, que se nivelava com a frente da moldura, a qual era nivelada com a parede ao redor. Podia-se passar a mão de um lado ao outro da porta praticamente sem notar qualquer divisão.
Apesar dessas ausências notáveis, aquela vastidão de pedra cinzenta era sem dúvida uma porta. Cada chapa de cobre tinha um furo no centro e, mesmo não sendo do formato convencional, certamente se tratava de fechaduras. Lá estava ela, imóvel como uma montanha, serena e indiferente como o mar num dia sem vento. Não era uma porta para ser aberta. Era uma porta para permanecer fechada.
No centro dela, entre as chapas imaculadas de cobre, se via uma palavra “gravada na pedra, em baixo-relevo: VALARITAS.
Havia na Universidade outras portas fechadas, locais em que coisas perigosas eram guardadas, onde dormiam segredos antigos e esquecidos, silenciosos e escondidos. Portas cuja abertura era proibida. Portas cujas soleiras ninguém cruzava, trancadas por segurança ou porque suas chaves tinham sido destruídas ou perdidas.
Mas todas se apequenavam se comparadas à porta das quatro chapas. Pus a palma da mão em sua superfície fria e lisa e empurrei, na vã esperança de que ela pudesse abrir-se ao meu toque. Mas era sólida e imóvel como um monólito cinzento. Tentei espiar pelas fechaduras nas chapas de cobre, mas não pude ver nada além da luz de minha vela.
Tamanha foi minha vontade de entrar que cheguei a saboreá-la. Provavelmente um componente perverso da minha personalidade transpareceu no fato de, apesar de estar finalmente dentro do Arquivo, cercado por segredos infindáveis, eu ter-me sentido atraído pela única porta fechada que encontrei. Talvez seja da natureza humana procurar coisas ocultas. Talvez fosse apenas a minha natureza.” O Nome do Vento, capítulo 34, O Caminho Bruxuleante.
Eu não prestei muita atenção nessa porta quando li O Nome do Vento pela primeira vez. E depois, quando voltei a ler em busca de evidências, fiquei extremamente intrigado.
Outro fato interessante de citar é… Percebam que Rothfuss já prepara Kvothe para voltar aqui. Voltar para essa porta. A curiosidade é o que move Kvothe muitas vezes e nessa passagem é possível ver a vontade que o garoto de cabelos vermelho tem de descobrir o que há ali.
O garoto até decide perguntar a Elodin sobre a misteriosa porta em O Temor do Sábio.
"À sua menção de segredos, minha mente se deteve em um que vinha me incomodando fazia meses. O segredo que estava no coração do Arquivo.
― E a porta de pedra do Arquivo? Aquela de quatro placas. Agora que sou Re’lar, o senhor pode me dizer o que há por trás dela?
Elodin riu.
― Ah, não. Não, não. Você não almeja segredos pequenos, não é? ― comentou, dando-me um tapinha nas costas, como se eu tivesse acabado de contar uma ótima piada. ― Valaritas. Santo Deus! Ainda me lembro de como fiquei, parado diante daquela porta, olhando, intrigado.” O Temor do Sábio, Capítulo 86 – O Fogo em Si
É praticamente um prelúdio do que nos espera. Grandes segredos envolvendo as Portas de Pedra e Kvothe. Disso não resta dúvidas. E ao decorrer do post provarei que isso realmente acontecerá.
Outra porta. Nos domínios da família Lackless
Existe uma outra porta de pedra, sem fechaduras ou dobradiças, bem parecida com a porta descrita no Arquivo.
Essa porta é considerada uma antiga relíquia familiar que pertencem aos nobres da família Lackless.
"– Que relíquia era essa? – indaguei.
Caudicus lavou as mãos numa cuba de porcelana e as sacudiu para secá-las.
– Ouvi dizer que, nas partes mais antigas das terras dos Lackless, na área mais antiga de sua propriedade ancestral, existe uma porta secreta. Uma porta sem maçaneta nem dobradiças.
Ele me olhou para se certificar de que eu prestava atenção e prosseguiu:
– Não há maneira de abri-la. Ela fica trancada, mas, ao mesmo tempo, não tem fechadura. Ninguém sabe o que há do outro lado” O Temor do Sábio, capítulo 59 – Propósitos
Sabemos então que há, pelo menos, duas portas de pedra na história e elas são cercadas de mistério. Nos resta saber o que ou quem essas portas guarda.

A família e o nome Lackless
Antes de adentrar no assunto “quem está atrás das portas de pedra” acho interessante passarmos a entender um pouco melhor sobre os nobres da família Lackless.
Até agora sabemos que os Lackless são uma família nobre e antiga em Vintas que guardam alguns segredos.
Há um mistério sobre o fato deles terem mudado tanto de nome conforme veremos, e por que guardam uma porta sem fechaduras ou dobradiças.
Chamo a atenção de vocês, pois desde O Nome do Vento, o nome dessa família é citado, e também é possível ver a citação das portas de pedra.
Algo que nem passou pela minha cabeça quando li pela primeira vez.
“Uma noite, quando eu preparava o fogo para meus pais cozinharem, mamãe me surpreendeu cantando uns versos que eu tinha aprendido na véspera. Sem que eu me desse conta de sua presença atrás de mim, ela me entreouviu recitar, distraído, enquanto batia com um graveto no outro:
Lady Lackless tem sete coisas não reveladas
Sob o vestido negro guardadas.
Uma é um anel, não para enfeitar,
Outra, uma palavra ardente, não para xingar.
Bem junto à vela do marido, secreta,
Fica uma porta sem maçaneta.
Numa caixa que nem tampa ou chave tem
Ficam as pedras do marido também.
Há um segredo que ela anda guardando:
Lackless não vem dormindo, mas sonhando.
Numa estrada que não é para viajar
Agrada-lhe seu enigma enredar.” O Nome do Vento, capítulo 11 – A Conexão de Ferro
Como eu disse, essas informações estão em uma singela música que Kvothe aprendeu em uma cidade pela qual sua família passou.
Então, receio que precisamos ir a fundo na história dessa família.
O nome Lackless deriva da palavra Lockless, em inglês “sem fechadura”. Só nessa explicação já sabemos da importância da família e de sua ligação intrinseca com as portas de pedra.
A visita de Kvothe ao maer em Modeg é extremamente rica em informações sobre essa família.
Lembrando que Kvothe está fazendo uma pesquisa sobre essa família a pedido do mear, pois ele quer cortejar a herdeira Lackless, e conta com a ajuda do garoto para realizar tal ato.
Segundo informações de Caudicus, eles são uma família muito antiga, e que mudaram de nome várias vezes no decorrer dos séculos.
"Às vezes os sobrenomes se baseiam em outros mais antigos. Quanto mais velho o nome, mais se aproxima da verdade. Lackless é um sobrenome relativamente novo na família, não tem muito mais de 600 anos.
Para quebrar a monotonia, não precisei fingir espanto.
– Seiscentos anos são uma coisa nova?
– A família Lackless é antiga – disse ele. Parou de andar de um lado para outro e se acomodou numa poltrona puída. – Muito mais antiga do que a casa de Alveron. Mil anos atrás, a família Lackless gozava de um poder pelo menos tão grande quanto o dos Alveron. Partes do que hoje são Vintas, Modeg e uma grande área dos Pequenos Reinos já foram terras dos Lackless um dia.
– Qual era o sobrenome deles antes disso?
Caudicus puxou da estante um livro grosso e folheou as páginas com im- paciência. – Aqui está. A família chamava-se Loeclos ou Loklos, ou Loeloes. Todos se traduzem com a mesma acepção de falta de trinco ou fechadura, na forma Lockless. A grafia era bem menos importante naquela época. O Temor do Sábio, capítulo 62 – Crise, página 566

Os Lackless e as Portas de Pedra
É possível presumir que os Lackless e a Porta de Pedra tem uma certa afinidade, não?
Eu acredito que essa família vem, desde sua origem, mantendo fechada essa porta.
Pode ser que hoje, os herdeiros da família nem se lembrem o que há atrás daquela porta, e nem saibam mais abri-la.
Passou-se tanto tempo que ninguém mais se lembra de sua missão e guardam a porta como se fosse uma relíquia antiga. Mas uma hora lembrarão.
Fatalmente as perguntas que surgem disso tudo, são:
- Será que algum Lackless sabe o que existe atrás daquela porta?
- Será que apenas um Lackless pode abrira aquela porta?
- Se for isso, quais Lackless temos na trama?

Meluan Lackless
A única (será?) Lackless que conhecemos até o momento é Meluan Lackless. Meluan é a mulher que se apaixonou pelo maer, graças as cartas escritas por Kvothe.
Sabemos que ela é herdeira dos Lackless. Uma mulher bonita que guarda um ódio mortal pelos Edena Ruh.
Essas três informações bastam para iniciarmos uma pesquisa aprofundada sobre a personagem.
O sentimento de ódio pelos Edena Ruh
Sobre o ódio pelos Edena, até eu me assustei quando vi a frieza de Meluan. Até então um ódio infundado.
"– Como lhe pareceram as estradas, em sua vinda para Severen? – perguntei. Todos gostam de reclamar das estradas. É um assunto tão seguro quanto o clima. – Ouvi dizer que tem havido certas dificuldades com bandidos no norte – acrescentei. Tinha esperança de animar um pouco a conversa. Quanto mais ela falasse, mais eu poderia conhecê-la.
– As estradas estão sempre repletas de bandidos Ruh nesta época do ano – foi a resposta fria de Meluan.
Não só bandidos, mas bandidos Ruh. Ela proferiu a palavra com uma aversão tão fria pesando na voz que senti um calafrio ao ouvi-la. Meluan odiava os Ruh. Não era a simples antipatia que a maioria das pessoas sentia por nós, mas um ódio verdadeiro, nítido, contundente.” O Temor do Sábio, capitulo 67 – Observando Rostos
A beleza e o rosto familiar de Meluan
Simplesmente ter um rosto bonito não seria motivo para chamar atenção. Feila é bonita, assim como Denna, assim como Kvothe.
Mas apesar dela ter um rosto bonito, o que mais chama atenção na história é o modo como Kvothe fala de Meluan.
É necessário levarmos em consideração a insistência de Kvothe em deixar claro que já viu essa mulher em algum lugar. Ele acredita que aquele rosto lhe é familiar.
“Enquanto me sentava, tentei imaginar onde poderia tê-la visto. Se as terras dos Lackless não ficassem a 1.600 quilômetros de distância, eu teria suposto conhecê-la da Universidade. Mas isso era ridículo. A herdeira dos Lackless não estudaria tão longe de casa.
Meus olhos vagaram por aquelas feições irritantemente familiares. Eu a teria conhecido na Eólica?
“Não parecia provável. Eu me recordaria. Ela era admiravelmente encantadora, de queixo forte e olhos castanho-escuros. Eu tinha certeza de que, se a tivesse visto por lá…” O Temor do Sábio, capitulo 67 – Observando Rostos
Depois disso passei a prestar atenção a todas as passagens que citavam Meluan, e asei evidências interessantes, que comprovam minha teoria sobre quem é Meluan Lackless.
Ela não é uma simples personagem que apareceu na trama sem motivos. há um motivo para Kvothe conhece-la.
Vejamos:
O motivo do ódio pelos Edena Ruh
Depois de descobrir o motivo do ódio de Meluan pelos Edena, tudo se torna esclarecedor.
Há um momento em que Kvothe está lendo um livro que contém informações sobre os Lackless.
A passagem é bem simples e Rothfuss deixa tudo muito jogado, como quem não quer dar importância ao assunto. Mas a verdade é que ali reside informações importantes demais.
“Eu havia começado uma segunda garrafa de vinho quando li que a jovem Netalia Lackless tinha fugido com uma trupe de artistas itinerantes. Os pais a haviam deserdado, é claro, deixando Meluan como a única herdeira das terras dos Lackless. Isso explicou seu ódio pelos Ruh e me deixou duplamente satisfeito por não ter tornado público o meu sangue de Edena em Severen.” O Temor do Sábio, capítulo 74 – Boatos
Sendo assim, aqui encontramos mais uma integrante da família Lackless.
Netalia Lackless, a irmã de Meluan.
Uma garota que fugiu com uma trupe de Edena, deixando para trás sua vida de nobre, e desonrando a família. Tanto que a garota foi deserdada pelos pais. Sendo assim, Meluan passou a ser a herdeira da família.
Juntando esses indícios, chego a uma conclusão sobre a identidade da irmã de Meluan…
Quem é a irmã fugitiva de Meluan Lackless?
A mãe de Kvothe é Netalia Lackless, a irmã que fugiu de casa para se aventurar com seu amor Edena Ruh.
Se voltarmos em O Nome do Vento, encontraremos indícios que comprovam minha afirmação.
“Minha mãe tinha um talento natural para as palavras. Ambos eram bonitos, de cabelos pretos e riso fácil, eram Ruh até os ossos, e isso, a rigor, é tudo o que precisa ser dito; exceto, talvez, que mamãe tinha pertencido à nobreza antes de participar da trupe. Ela me contou que papai a seduziu a deixar “um inferno enfadonho e miserável” com melodias doces e palavras mais doces ainda.” O Nome do Vento, capítulo 08 – Ladrões, hereges e prostitutas
Isso explicaria o motivo pelo qual Kvothe acha Meluan estranhamente familiar, mas não se lembra de onde a conhece.
Uma mulher com o rosto vagamente parecido como de sua mãe.
É mais provável isso, do que acreditarmos que ele viu Meluan andando por Tarbean, ou nas redondezas da Eólica, sendo que as terras dos Lackless ficam há quilometros de distância da Universidade.

O Sangue Lackless
E se Netalia Lackless é a mãe de Kvothe, Kvothe tem sangue Lackless.
Com essa revelação, caso seja verdade que apenas um Lackless possa abrir as Portas de Pedra, Kvothe tem o que é necessário.
Lembrando que “para abrir as portas de pedra, talvez seja necessário ser Lackless” é apenas uma suposição minha, sem qualquer base. Mas que Kvothe faz parte dessa família nobre e misteriosa, isso está provado.
Quem está por trás das Portas de Pedra?
Feluriana sabe quem é o homem e já disse isso a Kvothe.
"Seu sorriso se desfez.
– mas havia um moldador que era maior que os demais. para ele, a criação de uma estrela não bastava. ele estendeu sua vontade pelo mundo e a puxou de sua casa.
Erguendo a pedra lisa para o céu, Feluriana fechou cuidadosamente um dos olhos. Inclinou a cabeça, como se tentasse encaixar a curva da pedra nos braços vazios da lua crescente acima de nós.
– aquele foi o ponto de ruptura. os antigos conhecedores compreenderam que discurso algum jamais deteria os moldadores. – Deixou a mão cair novamente na água. – ele roubou a lua e com isso veio a guerra.
– Quem foi? – perguntei.
A boca de Feluriana curvou-se num sorrisinho e ela piou como um mocho:
– quem-quem? quem-quem?
– Ele era das cortes dos Encantados? – insisti, com gentileza.
Feluriana balançou a cabeça, com ar divertido.
– não. como eu disse, isso foi antes dos encantados. o primeiro e maior dos moldadores.
– Como era o nome dele?
– nada de nomes aqui. não falarei daquele, ainda que esteja trancado além das portas de pedra. O Temor do Sábio, capítulo 102 – A Lua em Eterno Movimento
Um homem que roubou a lua e por causa de seu ato uma guerra começou. Ele era um grande moldador, o primeiro e maior de todos. E é ele que está do outro lado das Portas de Pedra.
Isso remete a uma história, contada ao redor de uma fogueira.

A história de Jax, o Sem Sorte
Lembram da história que Hespe, a mercenária?
Há um momento em que o grupo de mercenários de Kvothe, param para descansar e a mercenária do grupo conta uma história sobre um rapaz que se apaixonou e queria a Lua. (e quem é capaz de não se apaixonar e querem a lua?).
Quando li, achei a história bem inocente, mas a medida que ela se desenvolvia comecei a prestar atenção.
"– Era uma vez, há muito tempo e longe daqui – disse Hespe, ao nos sentarmos ao redor da fogueira depois do jantar –, um garoto chamado Jax, que se apaixonou pela lua. Jax era um menino estranho, pensativo. Um menino solitário. Algumas pessoas falavam: “O que se pode esperar de um menino que mora sozinho numa casa em ruínas, no fim de uma estrada destroçada?” Outras diziam que o problema era ele sempre ter sido orfão. E havia quem dissesse que ele tinha uma gota de sangue encantado nas veias e que era isso que impedia seu coração de conhecer a alegria. Era um menino sem sorte, não havia como negar. ”O Temor do Sábio, capítulo 86, A Estrada Destroçada.
Um menino sem sorte. Essa frase chama atenção.
Se voltarmos à citação de Caudicus, quando explica a origem e mudança do nome da família Lackless, podemos ver que há a grafia Luckless, ou seja “Sem Sorte”.
Algumas coisas fazem mais sentido em inglês. Eu espero que não haja mais elementos que façam sentido em inglês, e não façam em português. Existe uma preguiça em reler tudo em inglês. Mas… quem sabe.
Mais revelador é o infortúnio que vem de dentro: como pode uma família prosperar, quando o herdeiro primogênito abandona todos os deveres familiares? Não admira que seus detratores comumente os chamem de “Luckless”, “sem sorte”.”O Temor do Sábio, capítulo 64 – A Fuga
Sendo assim, Jax provavelmente é o primeiro da linhagem dos Lackless. Foi ele quem roubou a lua. O grande moldador, que está atrás das Portas de Pedra.

A caixa de Jax Luckless
Em resumo o garoto se apaixona pela Lua, e tenta prender seu nome dentro de uma caixa, sem fechadura, nem trincos.
"– E a caixa? – indagou Jax, que estendeu a mão e a apanhou. Era escura e fria. Tão pequena que ele podia encerrá-la no punho.
O velho estremeceu e desviou os olhos da caixa.
– Está vazia – disse.
– Como é que o senhor pode saber sem ver o interior?
– Escutando – respondeu o eremita. – Fico admirado por você mesmo não poder ouvi-la. É a coisa mais vazia que já escutei. Ela ecoa. Foi feita para guardar coisas em seu interior.
– Todas as caixas são feitas para guardar coisas em seu interior. O Temor do Sábio, capítulo 88 – Escutar
Mas ele não consegue fazer as coisas direito, e apenas uma parte do nome da Lua, fica presa.
"Talvez Jax tenha demorado muito a fechar a caixa. Talvez tenha-se atrapalhado com o fecho. Ou talvez fosse simplesmente azarado em tudo. Mas, no fim, só conseguiu pegar um pedaço do nome da lua, não a coisa toda. O Temor do Sábio, capítulo 88 – Escutar
O nome da Lua foi aprisionado, ao menos metade dele, dentro de uma caixa.
E se a caixa era de Jax, e ele é um Lackless, receio que a caixa que o maer e Lady Meluan mostram para Kvothe continha o nome da Lua.
"Com expressão reverente, Meluan entregou-me um pedaço de madeira escura, do tamanho de um livro grosso. Segurei-o com as duas mãos.
A caixa tinha um peso inusitado para seu tamanho e sua madeira era lisa como pedra polida. Ao deslizar as mãos sobre ela, descobri que as laterais
[...]
– Como se faz para abri-la? – perguntei. Virei-a nas mãos e senti algo mudar de lugar em seu interior. Não havia dobradiças ou tampa óbvias, nem sequer uma junção que pudesse indicar uma abertura. A coisa tinha toda a aparência de ser uma única peça de madeira escura e pesada. Mas eu sabia que era um tipo de caixa. Dava a sensação de caixa. Pedia para ser aberta. O Temor do Sábio, capítulo 139 – Sem Fechadura

A idade e os segredos da relíquia dos Lackless
"– É uma relíquia de família – respondi, com naturalidade. – Muito antiga…
– Que idade você diria que tem? – interrompeu avidamente Alveron.
– Talvez 3 mil anos. Mais ou menos. O Temor do Sábio, capítulo 139 – Sem Fechadura

Perceberam que a caixa talvez tenha mais idade do que o início da família Lackless?
“É muito regular para ser acidental. Como é possível que a senhora não o tenha notado até hoje? Não é mencionado em nenhuma das suas histórias?
Meluan assombrou-se.
– Ninguém pensaria em escrever sobre a caixa Lockless. Eu já não disse que este é o maior de todos os segredos?” O Temor do Sábio, capítulo 139 – Sem Fechadura
Tenho certeza que nessa caixa está escondido o nome da Lua.
Mas há algo ainda estranho nisso tudo. Não sabemos se o Luckless é bom ou mal. Ao que me parece, aos encantados ele iniciou um guerra. E aos não encantados?
Algo que me intrigou, foi o fato dos olhos do grande moldador ser semelhante com os olhos de Kvothe. Mas se o maior de todos moldadores for ancestral de Kvothe, é possível entender a mutabilidade no olhar, e o grande poder do garoto.
Feluriana cita ele como alguém que tem um olhar diferente.
"– esse moldador de sombrio e mutável olhar a mão estendeu para o puro céu negro tocar. arrancou a lua, mas não a manteve parada. e agora ela oscila entre mortal e encantada.” O Temor do Sábio, capítulo 102 – A Lua em Eterno Movimento
Os segredos permeiam essa série, e tentaremos desvendar todos, ou quase todos, até termos As Portas de Pedra em mãos para lermos a conclusão dessa saga fantástica.

Conclusão
Bom… Chegamos ao fim do primeiro post, e chegamos a algumas conclusões:
- As Portas de Pedra existem e já apareceram na história.
- Sabemos que a família Lackless tem uma grande importância relacionada à essas Portas, desde o significado do nome familiar, até a relíquia que eles guardam em suas terras ancestrais.
- Concluímos também que Kvothe tem sangue Lackless, pois sua mãe era Netalia Lackless, herdeira que fugiu com um artista de trupe (Arliden).
- Sabemos quem está atrás das Portas de Pedra. É o maior moldador de todos. E ao que tudo indica ele é ancestral de Kvothe.
- O nome da Lua está em poder dos Lackless, mas até o momento é impossível abrir a caixa onde ele está preso.
Kvothe está muito mais ligado às Portas de Pedra, do que eu pensava no início. Disso não tenho dúvidas.

Essa é a segunda parte da série de post O que esperar da Crônica do matador do Rei?
No post anterior eu falei um pouco sobre a teoria em relação as Portas de Pedras e a Família Lackless e muitas dúvidas surgirão e algumas coisas ficaram em aberto, eu sei.
Mas hoje não amarrarei essas pontas soltas. Falarei sobre outro assunto, e no final, ao concluir minhas suposições, tenho certeza que chegaremos próximo ao Chandriano.
Nessse post, decidi falar sobre um personagem bem diferente.
Acho que se descobrirmos realmente quem ele é, por onde ele passa, quais são suas motivações, encontraremos um personagem que está a serviço do Chandriano.
O personagem que vou abordar hoje é o misterioso mecenas de Denna.
Primeiro vou destacar as características mais marcantes dele, acho importante para que possamos individualiza-lo corretamente.
A marca registrada dele, que podemos perceber tanto em O Nome do Vento e em o Temor do Sábio é a importância que ele dá para sua privacidade.

Privacidade
Até agora, não sabemos quem é o misterioso Mecenas de Denna.
Desde o início, quando ela contou a Kvothe ter encontrado um mecenas, Denna deixou claro que ele era um homem que gostava de privacidade, acima de tudo.
Então, a trama do livro se desenrola de tal forma, que pouco sabemos sobre esse personagem. E passamos a ter apenas alguns vislumbres de seu jeito, de suas características, e de suas motivações.
"― …um cavalheiro mais velho se apresentou a mim. Conversamos, travamos conhecimento um com o outro… ― disse ela, encolhendo os ombros e me olhando de lado, quase envergonhada. ― Tenho me encontrado com ele desde então. Se tudo continuar a correr bem, acho que ele será meu mecenas antes do fim do ano.
― É mesmo? ― comentei, sentindo-me borrifado pelo alívio como se fosse água fria. ― Isso é maravilhoso, e já não é sem tempo. Quem é ele?
Denna abanou a cabeça, fazendo o cabelo escuro cair em volta do rosto.
― Não posso dizer. Ele é obcecado com a sua privacidade. Não quis me dizer seu nome verdadeiro por mais de uma onzena. Até hoje não sei se o nome que me deu é real. O Nome do Vento, capítulo 72 – Mordzulmo
Essa é a primeira menção sobre e ele, e há várias outras passagens em que Kvothe continua perguntando a Denna algumas informações sobre seu mecenas, mas sem sucesso.
Não repetir todas essas passagens, mas só por aqui já percebemos que ele quer manter sua identidade em sigilo.
E aí vem algo que aprendi lendo As Crônicas de Gelo e Fogo. Se o autor quer criar um mistério para o leitor, é claro que deverá haver um clímax quando o mistério for revelado. E para que esse clímax tenha algum impacto, o personagem misterioso deve ter aparecido na trama.
Sendo assim… o tal mecenas já apareceu.
Para chegarmos até ele, eu procurei destacar as caraterísticas e detalhes dele e encontrar algum personagem que tem as mesmas características.
Mas antes de falar das caraterísticas físicas e sociais, eu queria falar de uma coisa importante.

A forma violenta do mecenas de Denna
Denna já confidenciou a Kvothe que apanhou de seu mecenas e em algumas passagens em que apareceu machucada atribuiu os ferimentos a uma queda qualquer.
Como é normal pessoas que sofrem violência e não tem coragem de assumir.
Um momento em que tenho extrema dó de Denna é quando ela quer confirmar se Kvothe bateria nela.
"Ela se agitou no sono:
― Sei que você não estava falando sério ― disse com clareza.
― Falando sério sobre quê? ― indaguei, baixinho. A voz dela estava diferente, não mais sonhadora e cansada. Perguntei-me se estaria falando enquanto dormia.
― Naquela hora. Você disse que me daria um murro e me obrigaria a comer o carvão. Você nunca me bateria ― afirmou, virando um pouco a cabeça. ― Não bateria, não é? Nem se fosse para meu próprio bem… O Nome do Vento, Capitulo 79 – Conversa Sedutora
Bem… Com essa atitude de Denna, podemos ver que seu mecenas não é um homem bom. A sugestão de que ele bate nela não para por aqui. Há relatos mais diretos ao longo da história.
"― Ele não fez aquilo a troco de nada. Certificou-se de que era mesmo o que eu queria. Eu sabia que não pareceria convincente se eu mesma o fizesse. Ele se assegurou de que eu queria que fosse ele. Fez eu lhe pedir para me bater. Só para ter certeza. E ele tinha razão ― prosseguiu, sem se mexer enquanto falava.
― Mesmo assim, acharam que eu tivera alguma coisa a ver com aquilo. Se ele não houvesse me batido, tal vez agora eu estivesse na cadeia. Eles me enforcariam.
Meu estômago revirou-se, produzindo ácido. O Nome do Vento, capítulo 79 – Conversa Sedutora
E novamente os dois voltam nesse assunto, em O Temor do Sábio, e Denna deixa escapar mais um incidente.
"- Denna, ele bateu em você a ponto de deixá-la desacordada.
Ela ficou muito quieta.
– Não – protestou. Sua mão correu para a mancha já esmaecida no rosto.
– Não bateu, não. Eu lhe disse. Eu caí quando estava cavalgando. O idiota do cavalo não sabia diferenciar um graveto de uma cobra.
– Estou falando do outono passado, em Trebon – insisti, meneando a cabeça. O Temor do Sábio, capitulo 64 – Fuga
Bem, até agora temos um homem que procura sempre se manter oculto e tem um prazer mórbido em violência.
Com essas características apenas, eu não consegui chegar a nenhuma conclusão. Se eu tivesse que escolher, apenas com essas informações, eu diria que o mecenas de Denna é o pai de Ambrose. Mas muita coisa não se encaixa.
Acontece que há muitas outras informações sobre o mecenas, espalhadas pelo livro, levam a crer que é outro personagem.
Um homem que está bem próximo de Kvothe.

Características do mecenas de Denna
Continuando a busca por mais evidências, tentei separar todos os momentos em que temos a descrição física do mecenas e informações sobre o lugar onde ele se relaciona, e as pessoas com quem ele se relaciona.
"― Ela não é mesmo o tipo de garota que passe muito tempo sozinha… ― disse, lançando um olhar simpático. ― Dispensou alguns, mas acabou saindo com um sujeito. Acho que não estava realmente com ele, se você entende o que quero dizer. Ela anda procurando um mecenas, e esse sujeito tinha aquele tipo de aparência. Cabelos brancos, rico, você conhece o tipo. O Nome do Vento, capitulo 66 – Volátil
Então o mecenas é um homem de meia idade e rico.
Há uma passagem em que Denna está com Kvothe e ela cita que seu mecenas tem negócios com o Maer.
Sendo assim ele é do círculo de amigos do Maer. Faz parte da Corte de Alveron.
"– A verdade é que tenho certa desconfiança de que a música é para o próprio Alveron. O Mestre Freixo deixou implícito que tem negócios com o maer. – Deu um sorriso malicioso e acrescentou: – Quem sabe? Circulando nas rodas em que circula, talvez você já tenha conhecido o meu mecenas sem nem saber disso. O Temor do Sábio, capitulo 73 – Sangue e Tinta
As informações vão se tornando cada maiores, e conseguimos diminuir o número de “suspeitos”.
Será que Kvothe já o viu? Isso foi um dos motivos que eu comecei a procurar as pessoas que se relacionaram com Kvothe.
Há mais uma informação sobre ele que aprece bem jogada ou sem muita importância, mas é uma evidencia interessante de ser citada.
"– O que você pode me dizer sobre ele?
Denna bateu com um dedo nos lábios, pensativa.
– Ele dança surpreendentemente bem. Acho que isso eu posso dizer, sem nenhuma traição. É muito gracioso – continuou e riu da expressão que fiz. O Temor do Sábio, capitulo 64 – Fuga.
Enfim… essas foram as informações que eu consegui colher sobre o mecenas de Denna e cheguei a uma conclusão.
E só cheguei nessa conclusão quando li o capítulo em que Kvothe conversa com Chtaeh, a “árvore-spoiler”.
"Ele bate nela, sabe? O mecenas. Não o tempo todo, mas com frequência. Às vezes, numa explosão de raiva, mas é quase sempre um jogo para ele. Até onde pode ir sem que ela chore? Até onde pode forçar a mão antes que ela tente partir e seja preciso seduzi-la de novo?
– Há dois dias – prosseguiu –, ele usou a bengala. Essa foi novidade."
Essas duas informações foram extremamente importantes.
A bengala e o jogo.
Bem… então quem seria rico, influente, faria parte do círculo de amigos do maer, tem cabelos brancos, dança bem, gosta de jogos e usa bengala?
Chegamos a um homem. Bredon.

Bredon
O homem que visita regularmente Kvothe em seus aposentos na casa do Maer, em Severen.
Lembram dele?
"Conheci Bredon no meu quarto dia em Severen. Era cedo, mas eu já andava de um lado para outro em meus aposentos, quase louco de tédio. Fizera o meu desjejum e ainda faltavam horas para o almoço. O Temor do Sábio, capítulo 57 – Um Punhado de Ferro
Percebam as evidências…
"Por isso, foi uma grande surpresa deparar com aquele cavalheiro mais velho, parado do lado de fora do quarto. Obviamente um nobre, mas não anunciado nem convidado.
– Pode me chamar de Bredon – disse ele, fitando-me nos olhos. – Sabe jogar tak? O Temor do Sábio, capítulo 57 – Um Punhado de Ferro
Bredon é um nobre de Vintas, e ao que tudo indica tem uma grande influência na corte.
E mais informações tornam a teoria mais crível.
"Bredon era mais velho. De modo algum chegava a ser idoso, mas o que considero idade de avô. Suas cores nada tinham de cores, eram mero cinza como freixo e negro como carvão. O cabelo e a barba eram de um branco puro, cortados no mesmo comprimento, criando uma moldura para o rosto. Sentado ali, espiando-me com seus vivos olhos castanhos, ele me lembrou uma coruja. O Temor do Sábio, capítulo 57 – Um Punhado de Ferro
E…
"Tornou a me olhar diretamente nos olhos. – Agora tenho gostos mais simples. Viajo. Gosto de vinhos e de conversar com pessoas interessantes. Estou aprendendo a dançar. O Temor do Sábio, capítulo 57 – Um Punhado de Ferro
As viagens de Bredon dão força aos vários lugares que ele encontrou-se com Denna em Trebon e Severen. E ele dizer que está aprendendo a dançar, e Denna diz que ele dança bem, é uma informação muito sutil que tenho certeza que Pat Rothfuss quis deixar plantada.
"Bredon baixou o queixo e deu um risinho gutural, lembrando ainda mais uma coruja que de hábito.
– Posso imaginar – disse, segurando o anel de prata. – Isto aqui conta uma história e tanto. Mas esse… – apontou com a bengala para o anel branco – esse é uma coisa completamente diferente… O Temor do Sábio, capitulo 65 – Um Belo Jogo
Então temos a confirmação dos cabelos, sabemos que ele é rico e poderoso, tem acesso a corte do Maer Alveron, dança e usa bengala.
Mas o mais interessante é o modo como ele fala. Tudo parece um jogo. Esse é um personagem que dará trabalho para Kvothe. Ele tem um modo intrigante de falar e de mostrar que está a todo momento jogando.
"Deu outro sorriso caloroso e bateu com o nó de um dos dedos no tabuleiro.
– Também nisso há certa verdade – disse Bredon, enquanto começava a dispor as pedras. Seus olhos castanhos e curiosos tornaram a sorrir para mim. – Ah, sim, creio que vou me divertir bastante jogando com você. O Temor do Sábio, capítulo 57, Um Punhado de Ferro
Quais os objetivos de Bredon, o Mecenas de Denna?
– Ele não é apenas sigiloso, Denna – protestei. – Pelo modo como você o descreveu, eu diria que é paranoico ou está metido em negócios escusos. O temor do Sábio, capítulo 64 – Fuga
Eu acredito que ele trabalhe para o Chandriano.
Lembram que Denna tocou em um casamento, e logo depois que seu mecenas apareceu, o Chandriano apareceu e acabou com tudo?
"― Ele é a razão de eu estar aqui. Disse-me para aparecer nesse casamento. É muito mais rural do que eu esperava, mas… ― Tornou a dar de ombros, num comentário silencioso sobre os desejos inexplicáveis da nobreza. ― Eu esperava que meu futuro mecenas estivesse presente…
[...] ― Toquei antes da cerimônia de casamento e voltei a tocar quando eles se preparavam para a ceia. Fiquei esperando que o meu… ― interrompeu-se, com um sorriso pálido ― …que Mestre Freixo aparecesse.
[...]
― Ele tem um jeito de fazer sinais. De me deixar saber que está perto. Pedi licença e o encontrei perto do celeiro. Fomos andar um pouco pelo bosque e ele me fez perguntas. Quem estava presente, quantos eram, que aparência tinham.
[...]
Denna encolheu os ombros:
― Passeamos por cerca de meia hora, conversando. Depois ele ouviu alguma coisa e me disse para esperá-lo. Saiu em direção à casa da fazenda e ficou muito tempo ausente.
[...]
― Enfim, achei que tinha ouvido gritos e voltei andando para a fazenda. Quando saí de trás de uma penha, decididamente ouvi uma gritaria. Então cheguei mais perto e senti cheiro de fumaça. E vi a luz do fogo por entre as árvores…
― E de que cor era o fogo? ― perguntei, com a boca meio cheia de maçã. Denna me lançou um olhar incisivo, com a expressão subitamente desconfiada. ― Por que você está me perguntando isso?
[...]
― E o fogo?
Ela hesitou.
― Azul" O Nome do Vento, capítulo 71 – Estranha Atração
Viram? Ele está a trabalho do Chandriano.
Ele colocou Denna naquele casamento para que pudesse lhe dizer exatamente quem eram as pessoas que estavam ali, depois a deixou, e provavelmente avisou o Chandriano, que apareceu e chacinou toda a família.


A Música de Denna
Outro fato interessante que comprova mais uma vez o interesse ou contato dele com o Chandriano é a música que ele ajudou Denna a compor.
"– Tive de montá-la com base em uma centena de pequenos fragmentos – explicou, com um gesto conciliador. – Eu e o meu mecenas, devo dizer. Ele ajudou.
Essa música culminou na briga de Denna e Kvothe por que ambos tinham visões diferentes sobre a música.
Denna teve acesso e ajuda de seu mecenas, e o produto final cita Lanre como um herói injustiçado…
"– Encontrei uma versão da história num livro antigo, quando fazia uma pesquisa genealógica para o meu mecenas. Quase ninguém se lembra dela, o que a torna perfeita para uma música.
… uma versão bem diferente daquela que Kvothe ouve em Tarbean.
Mas, antes que 10 versos lhe saíssem dos lábios, fiquei pasmo por outras razões. Denna cantava a história da queda de Myr Tariniel. Da traição de Lanre. Era a história que eu ouvira de Skarpi, em Tarbean.
Mas a versão de Denna era diferente. Em sua canção, Lanre era pintado em cores trágicas, era um herói injustiçado. As palavras de Selitos eram cruéis e contundentes; e Myr Tariniel, um labirinto humano que mais mere- cia a fogueira da purificação. Lanre não era um traidor, mas um herói vencido. o Temor do Sábio, capítulo 73- Sangue e Tinta
Essa versão mostra Lanre como um bom homem… e quem mais teria intenção em mostra Lanre como um herói?
Pessoas que acreditem na causa do Chandriano e o próprio Chandriano. Uma vez que Lanre é o próprio Haliax.
"Já não sou o Lanre que conheceste. A mim pertence um novo e terrível nome. Sou Haliax, e nenhuma porta é capaz de barrar minha passagem. Está tudo perdido para mim: nem Lyra, nem a doce fuga do sono, nem o abençoado esquecimento; até a loucura foge ao meu alcance. A própria morte é uma porta aberta para meu poder. Não há como escapar. O Nome do Vento, capítulo 24 – As Próprias Sombras
E é aqui que termina meu post, e no próximo trataremos mais sobre Lanre/Haliax e o Chandriano. Também abordarei a suposição que tenho sobre o interesse de Bredon no maer Alveron e em Kvothe.
 
não sei se eu que li meio despreocupadamente ou o que, mas eu não peguei metade das referências que ele colocou ali quando li os livros, inclusive, acho que vou ter que reler
Haha, por isso que eu só quero ler quando pelo menos houver uma noticia concreta da data do lançamento do terceiro, para que eu leia os três com pouco tempo de intervalo entre eles...
 
Haha, por isso que eu só quero ler quando pelo menos houver uma noticia concreta da data do lançamento do terceiro, para que eu leia os três com pouco tempo de intervalo entre eles...
aahh mas eu com certeza vou deixar pra reler quando estiver pra lançar o terceiro, imagina? vai ser muito amor ler os três em sequência :amor:
 
Uma das minhas séries favoritas. Devorei o primeiro e o segundo livro e foi o que me salvou da ressaca literária dps de ler A Dança dos Dragões.

Tenho minhas dúvidas sobre se isso vai ser mesmo uma trilogia. Porque o segundo livro acabou e a impressão que eu tenho é que a história está muito longe de acabar. Acabar de contar a história do Kvothe é ok, apesar de parecer estar muito longe o ponto onde o segundo livro parou e o ponto onde estamos no presente, mas o presente também está aparentemente uma loucura. Mesmo se esse terceiro livro tiver umas 1600 paginas (meio impossivel que alguma editora publique isso), me parece dificil acabar (acabar mesmo!) a história com um livro só.
 
Já li os três livros do Rothfuss... ele acabou se tornando um dos meus autores preferidos... ele é o rei da prosopopeia.
 
Lembro que fui até onde ele botou fogo no cara. Depois disso...

Ver anexo 69829

Eu até acredito que o resto do livro seja legal. Eu estava me interessando pela relação entre o passado religioso com o passado histórico (talvez folclórico). Quando Kvothe entrou na Universidade, começou aquele clima Harry Potter e desanimei uns 50%. No capítulo sobre o amor da vida dele eu desanimei os outros 50%.
 
Eu achava que o rei da prosopopeia era o Esopo. :lol:

Em tempo, nunca li nada do Rothfuss. Mas lembro do JLM dizendo que parecia fanfic, e agora o Grimnir quase dormiu com esse... Está ficando difícil dar moral para o cara.
 
O único contra dos livros são serem extensos demais... a história muitas vezes se arrasta, mas depois que engrena é fantástico. O segundo livro é ainda melhor pois é passado quase todo fora da universidade.
 
Eu até ia falar que pra mim não existe isso de que a história demora para engrenar e tal, mas eu gosto de Tolkien, então não tenho muita moral p falar isso.
 
Eu até ia falar que pra mim não existe isso de que a história demora para engrenar e tal, mas eu gosto de Tolkien, então não tenho muita moral p falar isso.

Tolkien tem livros que nem sequer engrena pois não tem compromisso com criar climax, tensão e etc. Silmarillion é um exemplo disso.
 

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