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Batman vs Superman: A Origem da Justiça (Batman v Superman: Dawn of Justice, 2016)

Qual sua nota para o filme?

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** Posts duplicados combinados **
Só lembrando que tem um detalhe aí: tecnicamente, o Alexander Luthor lá é mesmo um Luthor JR....e nós não sabemos como era o pai....mas, pelos comentários, fica sugerido algo nível Michael Jackson com o pai dele....

Dá pra ver vários elementos homage ao Jackson no Luthor do Eisenberg e a um personagem que imitou os trejeitos histriônicos e Asperger like do cara: Willy Wonka no filme do Tim Burton.

E claro que há ecos da relação totalmente doentia entre Lex Luthor do Smallville e seu pai, ainda pior do que ele, Lionel Luthor.

E olhem só que logo mais maneiro:

Ver anexo 69708

E ....hora da descontração:



E mais um bônus

Ver anexo 69709

Olha, assisti o filme na terça, curti pra caramba, de verdade mesmo, gostei muito, não quero nem saber de críticas e tudo o mais falando mal, queria, desde criança ver esses dois personagens na telona, e finalmente vi! Sonho infantil realizado! Ponto!
 
(Obs.: Tudo isso estou falando com base no que as críticas tem apontado e na impressão que elas passam. Agora, @Ilmarinen , ela é um pouquinho "catequizada" sim, rs.)

Catequizada só no sentido de conhecer o que rola com os personagens em outras mídias tirando os comic books. Situação que, a essas alturas do campeonato, incluindo quem cresceu com os Superamigos, seriado do Batman, Liga do Timm ou viu alguma das outras séries animadas da DC ou mesmo alguma das sequências cinematográficas de Superman e Batman, ambas as séries, já inclui um bom pedaço da população. Ela não é leitora dos quadrinhos e isso aparece bem no texto em alguns equívocos que ela comete. Mas, "catequizado" no sentido dela, virtualmente, todo mundo que curte cultura pop "enlatada" e tem menos de 60 anos, também é.

O grau maior de familiaridade do público em geral com a maioria dos conceitos por detrás dos membros da Liga em contraste com os da Marvel , excluindo X-Men e Homem Aranha, é o motivo em função do qual a DC optou por "queimar etapas" e fazer a coisa com o "Bonde andando"....é uma abordagem que é diferente do da Marvel, mas que eu achei revigorante....Cria aquela impressão de profundidade "beowulfiana" que o Tolkien emulava quando fez o Hobbit e o SdA.

Não funciona para todo mundo do mesmo jeito. Tem gente que gosta, tem gente que fica completamente impassível com a abordagem e acha chato, hermético, obscuro, "elitista". Já, eu, mesmo quando estive nessa posição de "não iniciado" em situações análogas, ficava intrigado, curioso, absorvido pela coisa. E isso é inteiramente pessoal e não implica, necessariamente, na "superioridade artística" de um sobre o outro nem em dizer que quem tem preferência por um take em detrimento do outro é burro ou elitista.

É exatamente o contraste que se vê por exemplo entre o Movie do X do Taro Rin de 1996 ( filme que tem uma porrada de semelhanças com MoS em termos de "estética da destruição" e outros tantos paralelos, talvez, nem tão concidentais também), adaptando o mangá da Clamp e a adaptação televisiva do mesmo mangá feita pelo Yoshiaki Kawajiri de 2002. Uma analogia MUITO boa , creio, até pq Bruce Torres mencionou Death Note no seu post anterior, que também tem um contraste enorme com os filmes live-action que deram um final melhor e mais amarrado pra história, sem ter que substituir o protagonista por um "clone" ficcional backup, o personagem que substitui o L, mas que também são algo mais difíceis de acompanhar emocionalmente....

Eu tive que ver o filme do X OITO VEZES*
antes de achar que entendi quando comprei o VHS em 1999 e antes de ter acesso a porções extensas do mangá. Fiz até um texto para lidar com isso por causa da Brainstorm resultante.
Já a série do Kawajiri segue o mangá linearmente, é muito mais fácil de entender sem ter lido o mangá mas simplifica e altera certas coisas cruciais que meio que ferram com a mensagem que a Clamp estava esboçando. Já o movie do Taro Rin , que tinha que dar uma finalização pra trama muito antes da Clamp chegar perto de concluir a história, coisa que até agora não aconteceu, SUGERE melhor o que está de fato se passando no background e na mente dos protagonistas sem deixar isso "jogado na cara" do público.

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CLAMP - O Jogo das fantasias distópicas
por Paulo Eduardo

AVISO: O texto abaixo contém alguns spoilers de obras do CLAMP, especialmente X 1999 - O Filme



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A fantasia é comumente descrita como um gênero caracterizado pelo escapismo, pela evasão às mazelas do cotidiano por meio da construção de realidades utópicas onde o que deve predominar são formas de pensamento lineares nas quais considerações mais sofisticadas, quer sejam elas sobre a natureza humana , quer sobre temas relativos ao nosso próprio mundo, são, via de regra, totalmente estranhas. Sob essa ótica, as obras qualificadas como tal devem evitar os matizes, os meios-tons., limitando-se a expressar juízos de valor puramente maniqueístas a fim de não comprometer a integridade daquele palco habilmente elaborado para proporcionar momentos de inócuo entretenimento. O maior grau de complexidade admitido seria o equivalente ao de um tabuleiro de xadrez com suas seções de preto- e -branco, sem misturas, nem contradições.

É evidente que tal teoria não se sustenta diante da experiência, haja vista que há inúmeras obras literárias e cinematográficas que, conquanto não recebam o rótulo de “fantasia”, apresentam inúmeras características peculiares desta espécie sem, entretanto ,deixar de constituir críticas mordazes a hábitos sociais e mesmo ao clero e às diversas concepções de Estado.( citemos como exemplos As Viagens de Gulliver, Gargantua e Pantagruel, Macunaíma, etc.) E, mesmo no caso de produções que recebem a alcunha, é notório o fato de que nelas se encontram espelhadas reflexões bastante contundentes sobre o mundo que nos rodeia e bem pouco apropriadas para quem pretende conceber a fantasia como diversão inconseqüente e alienada.( O Senhor dos Anéis, A História sem Fim, Peter Pan, As Brumas de Avalon, Moonshadow, O Silmarillion, As Crônicas de Narnia, Nausicä, Mononoke hime. )

No caso especifico dos trabalhos do grupo CLAMP, tais observações também são válidas, com o traço distintivo de que suas integrantes se valem de todo o vasto manancial de obras já clássicas no gênero para criar efeitos inusitados ao subverter e reinterpretar clichês que a proliferação deste tipo de obra tornou inevitáveis ( tendência também observada em autores como Neil Gaiman e Terry Pratchet) ,notadamente, nos casos de trabalhos que apenas se contentam em patentear conceitos e situações já exaustivamente apresentados no decorrer do tempo. A tônica dos trabalhos do CLAMP sugere classificá-los, lembrando que rótulos são sistematizações e não camisas de força, como exemplos do que se convencionou chamar de dark fantasy.
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Desta forma, o grupo, a meu ver, possui o mérito de fazer um bom uso do legado de seus predecessores, utilizando as expectativas geradas por suas muitas e espirituosas citações no intuito de fazer o público presumir que já sabe o que vai ocorrer quando, na verdade, as autoras tencionam seguir um caminho totalmente diverso. São, portanto, características constantes nos trabalhos do CLAMP, a metalinguagem, o anti-clímax, a paródia e a ironia. Também são bastante freqüentes o recurso a inúmeras referências simbólicas e esotéricas que ,no meu entender, não são gratuitas e lançam muita luz sobre a forma de interpretar os seus trabalhos.

Tema recorrente nos trabalhos do CLAMP são as questões referentes à tensão existente entre liberdade e responsabilidade individuais com as demandas e exigências ditadas pela vida em comunidade . Este conflito encontra-se representado no caso do “ X” nas personagens Hinoto e Kanoe ao passo que, em Rayearth, Esmeralda e Zagard é que desempenham este papel. Parece que isto ocorre porque, no Japão, a coesão social é um elemento muito mais poderoso do que para nós, ocidentais, e o indivíduo, freqüentemente, é tratado como uma mera engrenagem de um maquinismo imenso que tolda a iniciativa e a privacidade do cidadão. A cadeia de responsabilidades típica da sociedade nipônica, a julgar por uma entrevista dada à revista Animerica pela roteirista Nanase Okawa, é algo com a qual ela, em particular, não se resigna, motivo pelo qual esta indignação encontra eco na sua obra.

No tocante aos gostos de Okawa, a mentora intelectual do grupo, parece que são muito ecléticos, se bem que, segundo suas próprias palavras, a ficção científica conte mais com a sua predileção do que a fantasia. O terror e o suspense também constam da lista de suas preferências, que incluem Hitchcock, Brian de Palma , e filmes como Zona Morta e Coração Satânico.

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Toda esta discussão justifica-se em função de que, no caso das obras do CLAMP, as aparências são trabalhadas de forma a, deliberadamente, confundir a sua audiência e, em nenhum outro caso, esta afirmação é mais verdadeira do que no filme em longa metragem do X. Assim sendo, começo agora a exprimir as minhas deduções sobre o anime em questão, sobre o seu enredo, a sua mensagem, etc.

Para começar : por que o nome “X”? Os motivos podem ser vários, o 1º deles refere-se ao fato de que o formato do X evoca um cruzamento , um cross-over, cruzamento este que, na história, encontra repercussão nos destinos das personagem principais que se intercruzam e “permutam” entre si. “X” também pode se referir à variante, ao elemento incógnito que transtorna o futuro dos protagonistas tornando-o imprevisível. Esta interpretação pode ser extraída do anime nas seqüências que mostram uma porta na base dos dragões da terra, vista contra a luz, o seu formato fala por si mesmo. É esta porta que deixará o elemento “X”entrar próximo ao final da história, pois este elemento não seria outro além do próprio Fuma, a anomalia que distorce o fluxo do destino. Cumpre destacar que o “X” aparece na tela do computador Fera ao lado da figura de Fuma, fato que me parece muito elucidativo. O cruzamento de destinos pode estar, inclusive, simbolizado no entrechoque das espadas durante o transe de Kamui e Fuma logo quando os dois se reencontram. O “X”, no caso, aparece ,de forma tonitruante, em close. No filme, a letra também é utilizada como uma forma de referência a outro representante do gênero thriller sobrenatural, a série Arquivo X . A idéia não parece assim tão mirabolante se lembrarmos que Okawa é fã da série, e que parece ser realmente o rosto de David Duchovny que aparece na transição entre a cena da destruição do prédio do governo japonês e a seqüência final na torre de Tóquio.

Em suma, qual seria no caso do “X” a surpresa preparada pelo CLAMP? Para chegar à conclusão que acredito ser provável torna-se necessária uma discussão que pretendo fazer da forma mais rápida possível: o que significam,dentro do anime, detalhes como as pétalas de cerejeira e o “parto” das espadas?

Bem, as flores de cerejeira constituem o símbolo do próprio Japão, mas, devido ao seu tempo de floração curto e exuberante, as flores personificam, de forma mais abstrata, todas as coisas movediças e transitórias, tudo que é efêmero e fugidio. Como tal, as pétalas de cerejeira podem aludir à brevidade da vida humana ou ao fluxo inexorável do tempo e do destino (representando, às vezes, as próprias personagens e/ou suas almas) . Quanto às espadas, venhamos e convenhamos, a possibilidade de que as mesmas devam ser entendidas de forma literal é bastante remota . A mim, parece que as espadas místicas que surgem no anime são de natureza similar à espada espiritual da personagem Magia da Marvel, a irmã do Colossus dos X-men, Ilyana. As seqüências em que as mulheres que Kamui ama “ dão à luz”espadas podem ser entendidas da seguinte maneira: o que, de fato, estaria ocorrendo seria o equivalente espiritual de uma cópula, na qual o espírito da mulher estaria sendo assimilado pelo homem de par com toda a gama de poderes místicos possuídos por ela. Indício que aponta para esta conclusão, reside no fato de que as espadas de Fuma e Kamui apresentam como adornos nas respectivas empunhaduras estrelas de seis pontas, os hexagramas que simbolizam a comunhão entre yoni e lingam, os órgãos genitais feminino e masculino ( o hexagrama possui a forma de dois triângulos equiláteros que se interpenetram, deixando seus vértices na parte externa - a mesma simbologia ocorre em Rayearth no momento em que as personagens se fundem aos seus machims ). Destarte, as espadas seriam a materialização dos espíritos de Kotori e da mãe de Kamui. A lâmina empunhada pela personagem Arashi também é espiritual, e o fluido que a recobre ao surgir do corpo da paranormal seria matéria ectoplásmica.

Feitas estas considerações, a conclusão parece-me ser a seguinte: o dragão da terra eleito pelo “destino” era, na verdade, Kamui, enquanto o dragão do paraíso era, originalmente, Fuma. Prevendo que o destino de Kamui poderia ser se tornar o destruidor da humanidade, possuindo como arma a espada espiritual que seria o espírito cativo de Kotori, a mãe de Kamui teria tentado evitar esta possibilidade munindo-o com o seu próprio espírito, materializado através do ritual chamado shadow sacrifice. Segundo esta hipótese, a mãe de Kamui teria tomado o lugar de Kotori como a mulher sacrificada para prover a arma mística do dragão a fim de impedir que ele tivesse que arrancá-la da mulher que amava. De maneira similar, ao tomar consciência do possível futuro do amigo mostrado a ele por Kanoe, Fuma teria optado por roubar este destino para si próprio para, logo em seguida, se auto-destruir. Em outras palavras, ao invés de arriscar que Kamui se tornasse o dragão da terra, situação em ele teria que enfrentá-lo como sua contraparte celestial, o amigo de infância do “herói” escolheu se tornar o dragão da terra à revelia dos decretos do destino. Feito isto, o suposto shinoryu eliminou todos os dragões remanescentes de ambos os lados, com exceção do próprio Kamui, visando anular todas as variantes, todas as probabilidades suscetíveis de alterar o destino que ele havia escolhido. Tal plano, intrincado e terrível, incluía que ele mesmo se apoderasse do espírito da irmã destinado a ser possuído pelo “Kamui” (aquele que detém o poder de Deus) . Fuma chegou até mesmo a se induzir a acreditar que era Kamui, daí as suas reiteradas afirmações nesse sentido.

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No momento do combate final, a personalidade suprimida de Fuma voltou a se manifestar .Sendo as espadas de natureza espiritual, o que as mantinha coesas era a força de vontade de seu portador ( vide a série Rayearth, onde, no segundo ano da série, a espada da guerreira do fogo, Hikaru, se partiu porque a sua própria personalidade estava fendida em duas.) tanto é que Kamui só manifestou a sua espada no momento crucial porque Fuma o havia feito crer que estava agindo em legítima defesa. Feito isto, a consciência de Fuma começou a oscilar entre uma personalidade e outra, de sorte que, no instante da colisão das lâminas, a sua espada se partiu, libertando a alma de Kotori ali confinada.

Ao longo do anime há numerosas cenas que conferem respaldo a esta teoria, senão vejamos:

* nas seqüências em que aparecem os dois alter- egos do “Kamui” como, por exemplo, no sonho premonitório de Kotori, o que ostenta asas de anjo apresenta um semblante malévolo ( e deixa, inclusive, que o orbe simbolizando a Terra caia de suas mãos primeiro)

* quando são mostradas as antevisões da morte de Kotori, onde os empalamentos seriam uma versão transfigurada do roubo de sua alma sob a forma de uma espada mística, o Kamui com asas coriáceas de demônio( visto por Fuma) extrai sangue do corpo trespassado enquanto que o Kamui celestial( visto por Kamui) arranca pétalas de cerejeira (este é , com efeito o destino que se concretiza no fim). Isto é uma premonição da seqüência final na qual, após a destruição da espada brandida por Fuma, pétalas espectrais partem do corpo de Kotori, representando sua alma que se liberta, ganhando os céus.

*o duelo final entre os protagonistas, nele fica claro que a aura de Fuma, como dragão da terra, é de cor escarlate ao passo que a de Kamui é azul, entretanto, quando Fuma começou a efetuar o movimento descendente com a sua espada, a cena, vista em slow, revela que a sua aura começou a mudar constantemente de cor, evidência da sua instabilidade. No momento final, Fuma reassume sua verdadeira personalidade, libertando a alma de Kotori, e se sacrificando como forma de atingir a expiação

*depois da morte de Yuzuriha, quando Kamui e Fuma se defrontam pela 1ª vez depois da transformação deste último surgem sobre as costas do mesmo um par de asas de anjo.

*no transe em que ambos estiveram no início do anime no qual foram prefigurados os eventos da torre de Tóquio, tanto Kamui quanto Fuma se viram como dragões do paraíso ( vide o detalhe das asas) mostrando que, no fim, a batalha se deu entre seres da mesma natureza, ou que haviam partilhado as mesmas escolhas, determinando o “destino” e o “futuro” de ambos.( “só pode haver um”)
.

“X” é um filme que apresenta muitas dificuldades, sobretudo para o espectador que não teve contato com o mangá . As personagens são muito complexas e, dentro da estrutura dramática do anime, virtualmente insondáveis porque estão ausentes todas as pistas que permitiriam avaliá-las de forma mais minuciosa. As limitações impostas pela exígua duração do longa metragem impõem aos roteiristas a necessidade de recorrer a artifícios um tanto quanto melodramáticos para solucionar problemas como o de dar mortes condizentes para um elenco composto de mais de uma dúzia de indivíduos superpoderosos. O resultado é que a estrutura dualista do enredo ( se bem que longe disso ) pode acabar sendo confundida com a simplificação maniqueísta de outras produções do gênero, induzindo a maioria das pessoas a julgar simples e simplista um desenho altamente hermético (no sentido literal do termo, já que o caduceu ,símbolo de Hermes, com suas serpentes antepostas, representando a resolução dos contrários, aparece no uniforme das personagens) e complexo. O principal problema, provavelmente, repousa no fato de que a única pessoa realmente onisciente de todo o filme era o próprio Fuma e a ausência de alguém que explique o que de fato está ocorrendo reduz, e muito, a inteligibilidade da história. Isto, somado à pletora de elementos místicos e simbólicos, contribui para fazer da versão animada deste mangá uma das mais enigmáticas e mal interpretadas dos últimos tempos, problema, aliás, também presente em outro anime dito “ esotérico” o famoso e polêmico Neo Genesis Evangelion.

Não se pretende aqui dar a palavra definitiva sobre o assunto, mas esforcei-me para elaborar, na medida do que me foi possível, uma teoria que fosse consistente consigo própria ( na verdade a tese toda foi produto de uma “brainstorm”). O anime ainda deve ser discutido para encontrar sua melhor interpretação .É provável que na Internet a questão tenha sido solucionada.

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(1)
IF “ FATE” HAS ALREADY BEEN DECIDED,
CAN NOTHING AGAINST IT BE DONE?
THE “END” AND “FUTURE” ARE ONE,
BUT WE KEEP ON LIVING...
FOR THE “FUTURE”


(2)
QUEM É O OUTRO QUE SEMPRE ANDA A TEU LADO?
QUANDO SOMO SOMOS DOIS APENAS , LADO A LADO
MAS SE ERGO OS OLHOS E DIVISO A BRANCA ESTRADA
HÁ SEMPRE UM OUTRO QUE A TEU LADO VAGA
A ESGUEIRAR-SE ENVOLTO SOB UM MANTO ESCURO ENCAPUZADO
NÃO SEI SE DE HOMEM OU DE MULHER SE TRATA
_MAS QUEM É ESSE QUE TE SEGUE DO OUTRO LADO ?

“ O QUE DISSE O TROVÃO”
parte V de A Terra Desolada de T. S. Elliot, tradução de Ivan Junqueira, ed Nova Fronteira, Rio de Janeiro. RJ 1981.



Paulo Eduardo é provavelmente o maior nerd (no sentido positivo da palavra) que eu conheço, uma das poucas pessoas que sabe tudo de quase tudo, desde mangás, passando por comics, literatura fantástica, cinema e afins. Para saber tanto quanto o Paulo, ainda vou precisar comer muito "onigiri". Agradecemos a ele pode ter cedido seu texto ao nosso site
** Parte integrante do Mahou Gakkou Amaterasu**


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Como eu disse não acho o BvS um filme ruim mas eu e vários que vimos o filme mais de uma vez tivemos a impressão já referida....Ele fica melhor com mais de uma ida ao cinema....Não pq as subtramas ficam amarradas, pra mim elas são tão "não atadas" quanto o Guerra nas Estrelas original onde a Estrela da Morte foi destruída e a base rebelde salva mas Darth Vader escapou e o Império ainda existia e tiranizava a galáxia. E o triângulo amoroso entre Han Solo, Leia e Luke ainda não tinha resolução.E isso, para mim, desce como uma qualidade, pq a proposta SEMPRE foi fazer a coisa como primeiro episódio de uma história seriada com Teaser e tudo.

Mas, o motivo em função do qual o filme ganha em qualidade de fruição com idas subsequentes é porque a concatenação lógica dos quadros do filme e vários elementos da caracterização e motivação dos personagens não foi feita com aquela sinalização típica do mainstream americano, quase sempre universalmente usada nos blockbusters e seguida à risca pelos filmes do Marvel Studios. A edição e montagem dele não fica apontando, por exemplo, os Mcguffins e Checkov Guns da trama do modo usual da estética dos arrasa-quarteirões.

Tem coisa importante lá que eu e uma porção de gente pegamos na segunda ou terceira vez que vimos... E isso é coisa considerada boa quando vendo filmes de outros gêneros que fogem do esquema do cinemão hollywoodiano. Quando é feito no cinema europeu ou oriental a crítica se desmancha em elogios porque alude ao conteúdo em "camadas", onde o crítico engajando a obra tem que desbastá-la como uma cebola.

Como um amigo meu falou outro dia desses no Facebook....Zack Snyder teve a audácia de contruir o filme "fazendo coisas que os críticos adoram em um gênero que os críticos odeiam". Porque, embora os críticos tenham que ter sido forçados a engolir o gênero por causa das polpudas bilheterias, eles dão a impressão de o quererem fechado em um nicho domesticado e confortável mainstream e não ensaiando coisas meio "indie" e do cinema de vanguarda ( quebra de linearidade cronológica, desconstrução de expectativas em cima dos arquétipos dos personagens tal como consolidados no imaginário, edição frenética ao invés de enquadramento e montagem "placa de sinalização", ausência de diálogos expositivos falando explicitamente o que os personagens pensam ou sentem toda hora e ipsis literis, etc).

Ademais...o que se vê com a reação distinta pela crítica em peso entre Age of Ultron e, principalmente, o primeiro filme dos Avengers e BvS é a mesmo que se observa nas reações típicas dos resenhistas comparando o movie do X com a série de televisão, ambas em cima da mesma história da Clamp. O primeiro com um virtuosimo enorme no visual , fazendo uso dos production values do cinema, character design suntuoso do Nobuteru Yuki e rapidez e transições rápidas de estética video-clip, pegando a trama em media res, deixando os personagens como "cifras" cuja conduta só vai fazendo sentido juntando peças de um quebra-cabeças espalhado pelo filme inteiro ; a segunda com a cadência pausada e a captura emocional "em cima" quase spilberguiana, meio lacrimosa, que faz com que o público se identifique fácil com os personagens.

Falando aqui do amarramento ou pontas deliberadamente soltas das subtramas...Em BvS a coisa fica assim: descobre-se que Luthor puxa as cordinhas de quase todo mundo mas vê-se que alguém, por sua vez, puxa as cordinhas do Luthor e botava pilha nele. No final do filme ele fica na mesma posição do Renfield na história do Drácula ou do Surfista Prateado na trilogia do Quarteto que introduziu Galactus. Aguardando e profetizando a vinda do "Mestre" depois de levar um pau e ser confinado.

Do mesmo jeito, no Hobbit, o livro, que não foi feito para ter continuação ainda assim deixava loose ends numerosos: ficava o plot do Necromante expulso da Floresta Tenebrosa, o papel e a composição do Conselho Branco e a antiga morada dos Anões em Moria ainda por se descortinar enquanto a gente tem a impressão de que tem algo muito errado com o Anel do Poder e o modo com que ele foi parar "de bandeja" na mão do Bilbo Baggins. Sem falar que Gollum ainda estava vivo e agora sem Anel. Isso é chato ou desanimador? Depende de para quem e quando você faz a pergunta ...

Se vc lia isso em 1937 e teve que esperar até 1954-1955 pela sequência, a espera pode ter sido desanimadora ou o tipo de sofrimento agridoce que vem com a expectativa, quem pegava a coisa pronta nos cinquenta e sessenta olhou para trás no plano diegético, leu o Hobbit junto com o Senhor dos Anéis, na ordem ou de trás para a frente e pensou: "Uau".E muitos que sofreram pela espera ou mesmo acharam as pontas soltas do Hobbit e o sumiço do Gandalf no meio do livro um tipo de deficiência pensaram: "valeu a pena esperar".

Essa disposição de lidar com o postergamento da satisfação é um tipo de expectativa prelibadora "gostosa" que o público moderno, em comparação com a minha geração para cima, está com uma tendência para perder... É o que eu sinto por ter de esperar a Clamp terminar a porra do mangá do X para que finalmente eu confirme as minha suspeitas e possa julgar, de verdade, quem adaptou mais fidedignamente o plano delas, o "snyderiano" Taro Rin ou o "whedoniano" Yoshiaki Kawajiri que foram ambos endossados e auxiliados pela Nanase Okawa roteirista chefe do grupo. Inclusive, se me perguntar qual deles eu gosto mais, a coisa vai ser difícil, assim como será difícil para mim, que sou Marvete e Decenauta, falar de antemão qual gostarei mais entre as duas duologias, JLA-The Dark Side(apelido com que eu a batizei) ou Avengers Infinity War.

Exemplo típico desse tipo de coisa acontecendo, do tempo trazer a compensação ou valorização de um capítulo prévio de uma história longa que foi relativamente desprezado foi o que houve com o Império Contra Ataca....tido, hoje em dia, como o melhor da série dos Star Wars, quando ele saiu em 1980 foi malhado pela crítica especializada justamente por não amarrar suas subtramas e terminar num cliffhanger típico dos seriados que inspiraram a franquia ( Flash Gordon, Buck Rodgers).

Sitting here in 2014, the 34th year since its release, it can be hard to believe that The Empire Strikes Back wasn’t always lauded as the movie masterpiece it clearly is. On the contrary, its arrival back on May 20, 1980, was welcomed with an array of mixed, lukewarm, and indifferent reviews on both sides of the Atlantic from newspapers, magazines, and TV critics alike. But of all the entries in the saga, time has been kindest to Empire‘s reputation and standing. Not to us fans who have adored the film since its release, but to the wider world who perhaps needed the resolutions brought to us by Return of the Jedi to fully appreciate the nuances and dangers that Empire presented.


But why did the film get such short shrift from the reviewers of the time? What was it about Empire that they missed? One of movie history’s most respected critics, Pauline Kael, who wrote for The New Yorker, had this to say about the film:

“There is no sense that this ebullient, youthful saga is running thin in imagination or that it has begun to depend excessively in its marvelous special effects — that it is in any danger, in short, of stiffening into mannerism or mere billion-dollar style.”

A intenção do Snyder e Chris Terrio com BvS é a mesma coisa. O plano e o método vão funcionar para todo mundo? Nâo vai. Tem problema em alguns gostarem como se suas vidas dependessem disso e outros ficarem indiferentes ? Também não. Os que gostam são presunçosos e elitistas enquanto os que não gostam são preguiçosos e burrinhos? Também não acho que seja uma observação procedente. Alguns vão mudar de opinião com a visão retrospectiva do conjunto a ser desvelado no futuro? Provavelmente....Alguns continuarão persuadidos de que o filme é uma ECA apesar disso? Certamente.
 
Última edição:
Assisti ontem e preciso dizer que nunca imaginei que a minha decepção seria tão grande. Fui em estado de negação, apesar de ciente da multidão de críticas feitas ao filme. Afinal, Snyder havia dirigido Madrugada dos Mortos, 300, O Homem de Aço, Watchmen... - mas ele também dirigiu Sucker Punch, então... Como mencionei no Facebook, esse filme é o Rapsódia em Agosto de Kurosawa - posso também colocar o Topázio de Hitchcock, o Dália Negra de Brian de Palma, etc. -, ou seja, até gente muito boa consegue fazer algo muito ruim.

Pra começar, esse filme não tem alma. Somos convidados a entrar nesse mundo comprando uma conspiração de larga escala que só funciona com muito make believe - as motivações dos herois para entrarem em choque, a manipulação realizada por Luthor, não soam como algo crível. Em momento algum sentimos que realmente existe uma ameaça de um Superman fascista, e nem é possível comprar que Bruce Wayne esteja tão preocupado com isso - sabemos que está porque o roteiro nos diz isso, mas é impossível simpatizar com Wayne para além da perda dos funcionários e da família, que são os únicos momentos em que sentimos a dor que ele sente, a mágoa que ele tem dos eventos do filme anterior. Os únicos momentos de humanidade de ambas as protagonistas são justamente quando elas estão fisicamente debilitadas pelo combate, como se existissem apenas para isso. É impossível se conectar com os questionamentos de Kent pois não há espaço para isso: o clima de tensão que permeia todo o filme retira o espaço que poderia servir ao desenvolvimento emocional das personagens. O resultado é que o espectador não respira e a tensão tem que estar continuamente em um crescendo que justifique tudo isso, mas o terceiro ato chega em um ponto tão acelerado que você se pergunta, "1h40 pra chegar nisso?!" Quando o espectador enfim respira, o filme acabou.

Talvez então se salvem as cenas de ação? Tampouco. Desde a cena de perseguição do túnel em O Cavaleiro das Trevas que eu não via uma perseguição automobilística tão ruim e confusa. A maioria das cenas de combate não funciona porque nem parecem cenas de combate - lembram de A Supremacia Bourne e a câmera balançando nas cenas de lutas? Acho que o paralelo melhor que eu posso fazer aqui é com os filmes de terror found footage filmados com celular. A única cena de ação bem filmada é a do ataque de Wayne no armazém para resgatar outra personagem. A entrada da Mulher Maravilha foi a melhor cena de todas - a entrada dela com a trilha de Junkie XL é uma das mais marcantes, e digo que em mim teve o mesmo efeito que ao ver John Wayne em No Tempo das Diligências. O problema é que depois retornamos à bagunça visual.

Voltando à questão da tensão, entendo porque algumas pessoas reclamaram da trilha sonora: ela simplesmente não parava de tocar, que foi a forma encontrada por Snyder, aliada à fotografia ruim, de dar uma dimensão épica a algo com o qual, do início ao fim, é impossível se importar. Mas as composições são muito boas, o problema é o uso delas.

Os atores estão ótimos, tendo que trabalhar com o que têm nas mãos. Ben Affleck provou que pode fazer um Batman muito bom, mas ainda precisa de um roteiro melhor. O mesmo para Gal Gadot, cuja Diana Prince entra de forma surpreendente na melhor cena do filme, com a melhor combinação estética do filme todo, o que me lembra que considero Batman vs Superman algo como Superman - O Retorno: duas horas e pouco de duração mas só assisto a cena em que ele resgata o avião, que é a única cena boa do filme. Sobre Eisenberg, não sei o que dizer: se o papel era tão ruim assim no script, bom, ele cumpriu com ele. Porque a impressão que eu tive no final é que Lex Luthor sofre de dupla personalidade: uma hora as justificativas são edipianas, na outra é apenas por ser capaz de zoar com a p**** toda - é como se combinassem um Zod ruim com o Coringa. Ou como se Luthor fosse viciado em cocaína e depois injetasse heroína, sei lá. Se alguém disser que "ah, a dimensão da verdadeira vilania de Luthor é uma incógnita a ser respondida", bom, então teria sido melhor não focar tanto nessa personagem fora da dinâmica dos herois pois entende-se que o roteiro nos insere em sua intimidade - exceto por questões de caráter psicológico, então, é, a teoria da dupla personalidade pode funcionar. :lol:

Vê-se que o filme realmente não é para os críticos, mas adiciono que o filme não é para ninguém. O conjunto promete mais do que entrega, e a única satisfação visível é a de que os fãs terão suas expectativas recompensadas com um filme da Liga da Justiça ou de cada um de seus integrantes. Só é possível gostar desse filme como uma transição, não como algo fechado. Daí talvez seja discutível se as pessoas gostaram mesmo do filme ou do que ele oferece para o futuro. Porque se for este o caso, preencher uma cota de satisfação aos fãs, não vejo tanta diferença entre Batman vs Superman e X-Men: Origens: Wolverine. (Minto: o primeiro tem duas cenas boas, o segundo só tinha o Ryan Reynolds como Deadpool.)
 
Heheheu.....Minha visão e a do Bruce Torres são tão diametralmente opostas e colidentes que eu acho que acabam ilustrando muito bem o conflito Ame-o ou Deixe-o em torno de BvS. Eu aplaudo e dou like para o compromisso que ele tem com a alteridade citada por mim no meu post na página 17, mesmo discordando de cada palavra que ele postou na mensagem anterior...Heuheuheu. Acredito que nós e todos aqui teremos a mesma cortesia uns com os outros.

Em curto e médio prazo é assim que as coisas vão ficar para o bem e para o mal....Tentar forçar a barra para uma composição da antinomia só vai recrudescer o conflito. E eu falo isso com base em nada que eu vi ocorrendo nesse tópico em si mas, sim, na WEB no geral e no Face onde os ânimos estão bem mais exaltados do que aqui....

Quem gosta, gosta, quem não gosta, faz Buu" como Tolkien falou em relação ao SdA, em grande parte vituperado pela crítica especializada pelo mesmo motivo que BvS é....usar tools de um gênero, os personagens de "contos de fadas" no contexto de outro, em uma narrativa épica que "se leva a sério demais", crítica que Harold Bloom , tendo curtido o Hobbit ( bonitinho, "divertido", com humor, mais curto-bem Avengers), faz ao SdA ( inflado, bloated, presunçoso, disparatado, com meandros que "não têm nada a ver", comparem as sequências de sonho de BvS com o interlúdio Tom Bombadil)até os dias de hoje.

Só vou deixar aqui uma citação do Bruce Torres em contraste com um texto que eu vi sobre BvS e do qual gostei bastante...Eles também trombam de frente.

Pra começar, esse filme não tem alma

www.nationalreview.com/article//batman-v-superman-culture-war-gets-mythic

Mandem procurar "Batman vs Superman Returns Soul to Superheroes" pq eu não consigo criar link direto.

Edit: Achei traduzido Aqui :P :dance:

Edit 2 3/11/2020 salvo na Wayback machine

Batman vs Superman: A guerra cultural toma proporções míticas

rcarmo Cultura Deixe seu comentário
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Por Armond White [*]
Zack Syder foi corajoso ao injetar fundamentos morais e políticos em aventuras de super-heróis. Fanboys não são proprietários da franquia de filmes do Superman e do Batman, então o diretor Zack Snyder foi contra a turba e se atreveu a elevar o gênero para o nível de sofisticação [de entretenimento] adulto em O Homem de Aço (2013), o filme de super-herói mais intenso e emocionante já realizado (Os fanboys o detestaram). A sequência de Snyder, Batman vs Superman: A Origem da Justiça, acrescenta a política, trazendo para a fantasia algumas preocupações contemporâneas do mundo real. Esta não é uma alegoria de quadrinhos convencional, em vez disso, Snyder usa as figuras de Batman (Ben Affleck) e Superman (Henry Cavill) brigando entre si para dar substância visível às questões sociais e morais, do mesmo modo que a tragédia grega faz. Ele apresenta um Mundo Bizarro ficcional mais selvagem — onde dois super-heróis viram superinimigos — e utiliza essa premissa para explicar nossos dilemas atuais envolvendo poder, princípios e divindade.
O fato de Snyder ser um visionário, propenso a um espetáculo extravagante e dotado de um toque erótico como assinatura [pessoal] também ajuda. Uma cena inicial associa violência, riqueza, perda e sofrimento através de imagens simbólicas de balas, pérolas, sangue e lágrimas. Isso é testemunhado pelo jovem Bruce Wayne, um milionário órfão e paranóico que interpreta erroneamente o envolvimento de Superman na batalha do filme anterior que devastou Metropolis (e traumatizou a cidade vizinha, Gotham), o que o leva a jurar uma vingança de vigilante. Com um título sucinto, Batman vs Superman reflete a confusão que coloca secularistas contra cristãos e o partidarismo que inibe a aliança nacional. Esta tensão é tão amplificada visualmente que a oposição de Batman a Superman é reveladora: o homem versus a centelha de Deus que habita em cada um de nós.​
As cenas de abertura de Snyder entrelaçam as histórias da origem desses heróis míticos e seus alter egos. O que se tornou excessivamente familiar através dos anos de repetição [dessas origens] adquire a nova dinâmica — e um novo entendimento — de que o sofrimento de cada homem ressentido molda seu caráter e individualidade. Há mais mudanças audaciosas (letreiros de cinema anunciam A Marca do Zorro de 1940 e Excalibur de 1981 — sugerindo a evolução da história), mas essa é a proposição de Snyder sobre a natureza do heroísmo e da vingança: Ambos derivam da forma como os indivíduos reagem e interpretam as suas experiências. Ao usar de forma inteligente o conflito interior e o antagonismo político, Snyder supera completamente a trilogia de Christopher Nolan: Batman Begins, O Cavaleiro das Trevas e O Cavaleiro das Trevas Ressurge — todos nefastos — que foram termômetros de nosso declínio cultural.
Fanboys preferem os filmes de Nolan por seu enfoque “sombrio,” que enfatiza a falta de juízo, a pseudo-tragédia das HQs de Batman. Mas o enfoque mais adulto de Snyder encontra o centro nevrálgico emocional do tema. Isso desagrada o fanboy/hipster cujo constrangimento sentimental foi explorado por meio da violência sem emoção de Nolan e do niilismo pós-11/9. Snyder contrapõe a crise cultural e (através do roteiro de Chris Terrio e David S. Goyer) visualiza a luta moral milenar como um mito popular. Seu tema essencial é a luta da humanidade para descobrir a compaixão, bem como o dever comum — ou seria, usando um termo não-político, a fraternidade?
batmanA dor do pós-11/9, refletida por Nolan nos filmes do Batman, foi uma mudança de paradigma. Mas a fantasia não pode ser apreciada conscientemente à maneira de Nolan, sem qualquer sentido de consequência social, histórica ou moral. Snyder manipula esse novo paradigma para que o sentido de destruição da humanidade seja personificado por Batman, Superman e seu arqui-inimigo, Lex Luthor. (Todas as três performances dos personagens são perfeitas.) Quando a motivação do Superman é questionada, o ceticismo e a difamação criam um antagonismo entre ele e Batman que Snyder estabelece como um conflito ideológico onde Luthor o intensifica. Luthor (Jesse Eisenberg, que interpretou Mark Zuckerberg em A Rede Social e que personifica o covarde do milênio) cinicamente lamenta-se sobre “A mentira mais antiga da América: que o poder pode ser inocente.” Ele até ameaça uma senadora (Holly Hunter) que lidera uma investigação sobre a culpa do Superman. A obsessão de Luthor com o Superman (“Ele não responde a ninguém, nem mesmo, penso eu, a Deus.”) revela uma inveja que é inegavelmente demoníaca, um desdobramento que é coerente com a visão espiritual-social de Snyder sobre a tristeza e o desejo de salvação do pós-11/9. Ele cria a imagem do primeiro grande filme do ano ao examinar a “divindade” do Superman, quando ele está cercado pela multidão no dia dos mortos. A cena ecoa nosso desespero atual referente ao “populismo” — e isso é realmente audacioso.
Entre os cineastas americanos proeminentes de hoje, Snyder tem um interesse excêntrico na expressão espiritual dos conflitos de seus personagens. Da saga dos 300 [de Esparta] a fábula antropomórfica A Lenda dos Guardiões, Snyder demonstra o talento de um cartunista ao elaborar [a luta entre] o bem e o mal. Somente alguém com uma imaginação moral surrealista para reprovar o caos da trilogia de Nolan. Observe o segundo ponto alto [do filme] de Snyder: o pesadelo de Batman de lutar contra o Superman, além de seus próprios e enigmáticos demônios imaginados como vespas humanóides. A cena passa de forma agonizantemente lenta (embora não esteja em câmera lenta), tornando-se cada vez mais alucinatória. Ela combina imagens de HQs com os mais antigos mitos ocidentais.
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Nesta época de futilidades da Marvel, a maioria dos filmes sobre super-heróis de quadrinhos simplesmente perpetua fantasias de poder, mas Snyder, emplacando em sua estética pessoal, apresenta corajosamente um filme que examina essas fantasias. Ele desafia audaciosamente a deterioração atual da cultura popular. O Homem de Aço foi uma resposta magnífica, extremamente satisfatória para o que está por vezes ausente na cultura pop, e Batman vs Superman propõe mais ideias sem resolvê-las (por enquanto). Uma tentativa de invocar outros super-heróis da DC Comics, começando com a Mulher-Maravilha (Gal Gadot, acompanhada por tambores tribais que lembram a fantasia feminista aterradora de Snyder, em Sucker Punch — Mundo Surreal), em última análise, não se concretiza, e Snyder, obrigado a apaziguar as hordas da Marvel, permite que um par de cenas de luta transforme a turbulência dos Vingadores em algo banal.​
Em uma entrevista, Snyder descreveu o ódio de Batman pelo Superman como “uma descoberta do reforço dessas crenças feitas pela mídia”. Então, Snyder contratou um elenco de apoio de analistas políticos que ampliam Batman vs Superman com comentários de uma espécie de meta-mídia: Anderson Cooper, Charlie Rose e Nancy Grace estão entre aqueles que cruzam a fronteira dos noticiários de TV [em direção] a uma fantasia de Hollywood. Eles freqüentemente, e descaradamente, obscurecem a distinção entre o fato e a ficção, a objetividade e a venalidade, a mendacidade e a verdade. Isso vem acontecendo ao menos desde a década de 1990, e ainda é um problema tanto para o jornalismo quanto para Hollywood (Nancy Grace, Lawrence O’Donnell e o Dr. Drew Pinsky apareceram na semana passada no Midnight Special). Soledad O’Brien e Neil deGrasse Tyson também aparecem em Batman vs Superman juntos de Andrew Sullivan, onde são vistos gritando: “Todo ato é um ato político!”. Isso pode ser assim (Snyder é um sujeito sagaz), mas especialistas que não aderem aos seus trabalhos perdem a credibilidade.
[*] Armond White. “Batman vs Superman Returns Soul to Superheroes”. National Review, 25 de Março de 2016.
Tradução:
Rodrigo Carmo
Revisão: Felipe Galves Duarte

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Mas, o motivo em função do qual o filme ganha em qualidade de fruição com idas subsequentes é porque a concatenação lógica dos quadros do filme e vários elementos da caracterização e motivação dos personagens não foi feita com aquela sinalização típica do mainstream americano, quase sempre universalmente usada nos blockbusters e seguida à risca pelos filmes do Marvel Studios. A edição e montagem dele não fica apontando, por exemplo, os Mcguffins e Checkov Guns da trama do modo usual da estética dos arrasa-quarteirões.

Tem coisa importante lá que eu e uma porção de gente pegamos na segunda ou terceira vez que vimos... E isso é coisa considerada boa quando vendo filmes de outros gêneros que fogem do esquema do cinemão hollywoodiano. Quando é feito no cinema europeu ou oriental a crítica se desmancha em elogios porque alude ao conteúdo em "camadas", onde o crítico engajando a obra tem que desbastá-la como uma cebola.

Pretendo responder o resto depois - cara, tu escreve, hein? :lol: -, mas gostaria de pedir exemplos dessa parte.

Só vou deixar aqui uma citação do Bruce Torres em constrate com um texto que eu vi sobre BvS e do qual gostei bastante...Eles também trombam de frente.

www.nationalreview.com/article/batman-v-superman-culture-war-gets-mythic

Sem querer cair no ad hominem, mas esse cara é conhecido por sempre querer dizer o contrário de todo mundo.
 
Última edição:
Eu achei louvável a edição ágil, smart do BvS. A fruição realmente aumenta depois da segunda ou terceira ida ao cinema.
Eu fui três vezes, e na primeira achei o Luthor caricato, derivativo. Mas conforme você revê, entende mais da psicologia e das tramóias do personagem. Por exemplo, só quando eu vi pela terceira vez que eu entendi que o Luthor era quem estava mandando aqueles rabiscos para o Clark e para o Bruce. Só na segunda entendi por que o Lex se confunde no speech do fundraiser do começo do filme (sobre tal coisa ser um "paradoxo")... mas quem vê uma só vez pode mesmo achar que ele só parecia estar doidão de cocaína e heroína.
A título de comparação, a trilogia do Nolan, que tem méritos diferentes, faz uso desse tipo de edição e, convenhamos, depois de ver e rever os longas, você começa a se dar conta dos inúmeros plotholes presentes nessa trilogia, especialmente no Dark Knight Rises. Ou seja, com Snyder a fruição aumenta, mas com Nolan, sadly, diminue. Sad, but true.
 
Pretendo responder o resto depois - cara, tu escreve, hein? :lol: -, mas gostaria de pedir exemplos dessa parte.

Numerosos....mas eu só entendi, por exemplo, como exatamente Lex Luthor tinha obtido acesso à nave, como ele passou a mandar no computador para reprogramá-lo e o porque da referência a Excalibur, a sua importância para a mensagem do filme, sendo o que foi adicionado à sequência da origem do Batman, na segunda ou terceira vez. Idem para o que estava realmente acontecendo com os marcados pelo Batman dentro do presídio, o que acontecia com os cheques para o Wally Keefe, o bomber cadeirante, outras coisas como de quem era a voz do "Cozinheiro" antes do prato que era o Doomsday/ou o que ele vai fazer com Metrópolis/Gotham ficar pronto.

Idem com o que, exatamente, alguém fez o trabalho do Spear of Destiny no filme. E pq, exatamente, Batman tenta roubar a kryptonita numa bombástica e espalhafatosa car chase ao invés de usar outro método ou oportunidade ( dica: está implícito na conversa com o Alfred e na sequência onde Bruce fica olhando para o próprio uniforme depois dela)

Ademais , Bruce Torres....as sequências de ação devem ser vistas em um cinema bom desses onde a projeção não fica escura demais, pq a qualidade varia muito....E a fruição delas fica melhor com cada assistida subsequente....a batalha do Clímax, por exemplo, se beneficia horrores de ser vista em uma sala com projeção adequada, perto da tela no 3D e com mais viewings. Quanto mais eu vi mais bonita e bem feita ela ficou para mim. A perseguição de carro, infelizmente, é que fica confusa mesmo pq foi feita à noite e o estilo do Snyder não bateu bem pra ela. Todas as outras partes de ação, entretanto, com exclusão desta, são desfrutadas de forma bem melhor nas circunstâncias que eu elenquei.
 
Última edição:
Ah não, @Ilmarinen , essas partes eu captei. Eu tava me referindo aos estilos de cinema que não os blockbusters americanos. Vá lá que ninguém precisa escrever como Syd Field ou McKee ensinam - Bráulio Mantovani que o diga com Cidade de Deus, onde só captei algumas coisas ao ver pela segunda ou terceira vez -, mas fiquei confuso sobre a parte da relação dos críticos com diferentes abordagens para filmes mainstream e estrangeiros. É como quando eu defendi que A Bruxa pede que você entre no pacto para compreender aquele mundo através do olhar de um puritano, ou de quando Terence Malick pede ao espectador que abstraía desde o início a experiência sinestésica de A Árvore da Vida - são pactos entre espectador e diretor, e um crítico deve estar ciente disso.
 
Falando em acessibilidade, elitismo, um filme que é geralmente considerado acessível e aclamado pela crítica/fãs é Avengers. Mas eu, com meu conhecimento baixo de comics (com aqueles rudimentos básicos de Homem-Aranha, Batman, Superman... nem muito da Mulher Maravilha eu conheço, admito), confesso que fiquei boiando nas duas vezes que vi Avengers. Fiquei naquela de só saber quem era do bem e quem era do mal... rs
Por conta disso, minha avaliação desse filme na época ficou bem baixa. Curiosamente, fui ver BvS SEM ter visto Man of Steel e, não só gostei do filme, como consegui entender e seguir a sua premissa básica, a motivação de Batman e de Superman e a de Luthor. Já aí fiquei comovido com os dramas dos personagens (a cena do Affleck correndo na direção do prédio desmoronando já tinha me impressionado nos trailers), impressionado com a presença imposing de Superman, gostado das atuações e do estilo do filme. Depois vi Man of Steel e revi BvS outras vezes e, claro, a minha fruição aumentou mais.
O fato é que BvS, na primeira vez, me foi mais acessível que Avengers. Então, honestamente, a acusação de BvS ser elitista não tem muito fundamento.
 
Ademais , Bruce Torres....as sequências de ação devem ser vistas em um cinema bom desses onde a projeção não fica escura demais, pq a qualidade varia muito....E a fruição delas fica melhor com cada assistida subsequente....a batalha do Clímax, por exemplo, se beneficia horrores de ser vista em uma sala com projeção adequada, perto da tela no 3D e com mais viewings. Quanto mais eu vi mais bonita e bem feita ela ficou para mim. A perseguição de carro, infelizmente, é que fica confusa mesmo pq foi feita à noite e o estilo do Snyder não bateu bem pra ela. Todas as outras partes de ação, entretanto, com exclusão desta, são desfrutadas de forma bem melhor nas circunstâncias que eu elenquei.

Vá lá que a iluminação pode ter sido zoada, mas já vi que essa reclamação é constante - até fiquei me perguntando o que raios houve pra parecer que alguém com câmera de filmar UFO tava dirigindo. :lol: Mas o casamento do CGI com o mise en scène falhou em vários pontos, desde a cena da morte dos pais de Bruce - até pensei que havia uma questão de estabelecer uma diferenciação onírica ou de foco narrativo, mas as cenas de luta também apresentavam isso, então foi um problema de intercalar os efeitos digitais com cenário concreto.

@César , você apreciar esse filme mesmo sem ter visto HdA não é muito difícil - você mesmo comentou sobre Os Vingadores, um filme que, nesse aspecto, também dividiu quem não conhecia o MCU. (Aliás, Era de Ultron, mencionado por cima nos últimos posts, está longe de ser unanimidade sobre qualidade.) Mas a forma como Whedon trouxe as personagens de volta, dedicando uma meia-hora a reapresentá-las ao público funcionou. Pra você funcionou o estabelecimento de Bruce Wayne na cena da destruição de Metropolis bem como da morte dos pais, suponho? Mas sinceramente, não consegui ver a grandiloquência do Superman ou do Batman nesse filme - o que temos é apenas o que eles dizem, pouco se dá de desenvolvimento das personagens. (Aliás, @Ilmarinen , aquele texto do Armond White não me adicionou muito: ok, os temas estão na tela, mas nunca disse que não estavam, mas que eles não reverberavam. É como quando eu critiquei as prequels de Star Wars: por mais que fossem alegorias políticas, narrativas não podem se apoiar apenas nessa leitura, daí termos toda aquela crítica sobre os jedis serem uns palermas, etc. :lol: Eu ouço teodiceia da voz de Luthor, mas não sinto essa ameaça teodiceica, não compro - e nem compro que Bruce Wayne compre, porque não vejo como simpatizar com ele. Acho até que a destruição de Metropolis é mais sentida em HdA, sem vermos as vítimas, que em BvS, em que deveríamos avaliar o impacto da chegada de Kal-El.)
 
Última edição:
A reclamação é constante pq MUITO CINEMA está aquém da tarefa de exibir o negócio direito e pq tem muita diferença entre a sala adaptada pra exibir 3D e feita para ser 3D....Quem vai múltiplas vezes vê essa diferença enorme funcionando de sala em sala , às vezes no mesmo Shopping....Eu comentei esse problema já na época de Man of Steel....é verdade que a paleta do Snyder fica MAIS prejudicada por essa variação do que a maioria....mas eu vi acontecer tb com John Carter de Marte....diferença é abissal.

(Aliás, @Ilmarinen , aquele texto do Armond White não me adicionou muito: ok, os temas estão na tela, mas nunca disse que não estavam, mas que eles não reverberavam.
Eu ouço teodiceia da voz de Luthor, mas não sinto essa ameaça teodiceica, não compro - e nem compro que Bruce Wayne compre, porque não vejo como simpatizar com ele. Acho até que a destruição de Metropolis é mais sentida em HdA, sem vermos as vítimas, que em BvS, em que deveríamos avaliar o impacto da chegada de Kal-El.)

Eu tb sei que vc não disse que não estavam....quis dizer e o texto sugere isso, até para vc, que muita gente que escreve sobre impressões similares percebe o conteúdo lá, intelectual e emocionalmente; que para eles, pra mim e para o César a coisa reverbera, e isso a despeito e às vezes até por causa das "deficiências" que vc vê na forma de apresentação no filme....

Algumas pessoas ficam emocionalmente ligadas e estimuladas com a noção de preencher os pontilhados por conta própria para essa história em particular e, enquanto vc vê isso só como um quebra-cabeça que não contribui para sua fruição estética e nem para o mérito da obra, outros a veem como o ponto fulcral de ambos....E nisso, como disse, o texto mostra uma pessoa com uma percepção diametralmente oposta à sua sobre o mesmo objeto de contemplação. E não há como transpor essa brecha de cognição quando ela se pauta em subjetividade emotiva.

E é por isso que essa troca de idéias aqui só vai ficar nisso...ponto e contraponto e sensibilidades diferentes que não tem realmente a "adicionar" uma para a outra. Mesmo assim, acho que vale a pena a coisa só para deixar claro para os leitores do porquê essa variação acontece e em que grau ela está implicada na polêmica de BvS. A gente chega a um consenso sobre porque é que não pode haver consenso...Em suma: concordamos em discordar.:cafe::cheers:
E, muitas vezes, é o que de melhor se pode esperar.
 
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Eu espero que isso seja feito no filme solo do Batman. Seria uma boa se ele falasse sobre esse passado do Morcego.

Me parece que vão explorar um pouco mais disso no filme do Esquadrão Suicida, mas uma abordagem mais profunda deve vir mesmo só num possível filme solo do Batman
 
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Algumas pessoas ficam emocionalmente ligadas e estimuladas com a noção de preencher os pontilhados por conta própria para essa história em particular

Curiosamente, uma das coisas que eu critiquei em O Despertar da Força foi justamente o diálogo expositivo, o Basic English (aliás, problema dos prequels também e, em alguma medida, do próprio A New Hope e Jedi) desprovido da wit de Empire Strikes Back. Então ver BvS, um filme que não subestima e ofende os expectadores, foi ar fresco.
 
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Alguns paralelos visuais bastante notáveis entre o que acontece em Liga da Justiça- O Prego e o que rola em Batman vs Superman ( e os visuais são só a pontinha do iceberg).

Por causa do que eu falei na página 17:

A) a inspiração VERDADEIRA para a conspiração que rola no filme, envolvendo tecnologia kryptoniana, manipulação de DNA, xenofobia contra Aliens e Meta Humanos, o envolvimento de Luthor e outros tantos detalhes como a questão de um "Superman ser necessário ou não" NÃO É DKR ( eu já tinha feito essa observação há um ano e meio atrás)....mas, sim, O Prego, outro Elseworld, http://scanmaniacs.blogspot.com.br/…/liga-da-justica-o-preg… representante do selo Túnel do Tempo lançado mais de dez anos depois de Cavaleiro das Trevas. E, nele, quem é manipulado por ter sofrido traumas físicos e psicológicos e cooptado pela agenda do vilão, sendo um combo do Bruce Wayne com o do cara da cadeira de rodas era o Oliver Queen, o Arqueiro Verde. Esse elemento é transferido pro Batman do filme....De sorte que o que temos lá é um Batman "quebrado" do mesmo jeito que a gente tem um Superman "noobie", novato na função de super-herói que, ainda por cima, acumula o fardo de ser "O Estranho numa Terra Estranha", livro do Robert Heinlein, uma das principais inspirações pro take do Goyer-Snyder e Nolan no Man of Steel http://www.cinemablend.com/…/Relatability-Importance-Krypto… ( e para a Wonder Woman do George Pérez, diga-se de passagem, o livro aparece no comic, inclusive.

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Explosão terrorista na Casa Branca da qual a Wonder Woman é incriminada no O Prego...assim como o Superman é falsamente implicado na detonação do Capitólio em BvS. E assim por diante.


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Cada dia que passa me parece mais claro que é um filme bem mais denso, com muitos elementos implícitos, do que muitas pessoas estavam esperando, e que boa parte das reações negativas vem dessa quebra de expectativa.

É um filme muito diferente dos da Marvel? Claro. E eu gosto disso. Vou deixar de gostar dos da Marvel? DE FORMA ALGUMA!!! O que a Casa das Ideias vem fazendo há 8 (!!!) anos no cinema é lindo. Agora, só porque a Marvel fez de um jeito que deu certo, a DC tem que fazer do mesmo jeito? Não, não deve, até porque são universos muito diferentes e é muito legal ter visões de mundo diferentes sendo desenvolvidas nos filmes.

Talvez pareça que o Ilmarinen e eu estejamos "pregando a palavra" do filme. Nada disso. Não posso falar por ele, mas eu fui tocado bem fundo por esse filme. Aliás, o vídeo do Brett, dois posts acima, explicou tudo que eu sentia mas não conseguia explicar.

Talvez fique mais fácil de entender com a versão estendida? Pode ser.

Quem sabe as pessoas aceitem melhor o filme com o passar dos anos? Acho possível, e lembro de um caso parecido. É uma sequência de uma saga popular, com personagens amados por muitos, onde passam por dificuldades enormes, tem uma ambientação mais sombria, e tudo parece perdido, mas no final fica uma ponta de esperança de que as coisas podem melhorar. Ah, no começo foi recebido com críticas divididas, inclusive pesadamente negativas, mas teve um relativo sucesso de público, e com o tempo se tornou o episódio mais aclamado da saga. O nome dele? O Império Contra-Ataca.
 
Kevin Tsujihara, CEO da Warner Bros., confirmou, durante painel no evento CinemaCon hoje que não só teremos um filme solo do Batman do Ben Affleck como também que todas as outras produções da DC continuam confirmadas!

Pelo visto os caras não se abalaram pelas duras críticas a BvS não, o que eu acho muito bom :D

Fonte: Terra Zero
 
Ademais @JPHanke , eu acho que eles não precisariam mesmo dar nenhum chilique.... Ao contrário do que muitos críticos andam falando, a DC/Time Warner, embora investindo massivamente na produção e marketing desse filme, não precisa, NECESSARIAMENTE, fazer mais de um bilhão de dólares com ele só por causa das presenças de Superman, Batman e WW num filme só....

Ela tinha que gastar muito para não fazer feio com a execução da coisa em termos logísticos mas não pq ela esperasse um retorno dessa proporção. Se fosse só por causa do efeito UaU, a reconhecibilidade e fama preexistente da franquia, X-Men, inclusive, já era para ter atingido esse patamar tem tempo.

Todo mundo sabe que a inclusão da Trindade tem, sim, o POTENCIAL para atingir essas cifras ( coisa que só os dois últimos da trilogia Nolan, o Iron Man III e os dois Avengers fizeram entre os filmes de super-heróis), mas a DC optou por seguir um caminho diferente com o World Building em relação à abordagem da Marvel.

Começando em "medias res" era de se esperar mesmo que não seria um filme muito "fácil", do mesmo jeito que o Senhor dos Anéis não é um livro fácil em relação ao Hobbit.E do mesmo jeito que o Silmarillion, com o qual o filme comparte uma série de recursos, tools e artifícios* não é fácil em comparação com os outros dois.

*ele é um filme que depende de uma visão retrospectiva para ser devidamente apreciado, do mesmo jeito que diversas histórias do Silmarillion pressagiam, comentam e ironizam uma à outra, mas esse efeito literário só é percebido com a percepção do conjunto, depois que o leitor já introjetou o conteúdo ( essa observação da natureza do Silmarillion foi feita pelo Tom Shippey em The Road to Middle Earth).

Comentam, prefiguram e ironizam histórias que estão pra frente, pra trás e no meio do plano diegético recortado dentro do filme ( então, por exemplo, a neutralidade que, aparentemente, a Wonder Woman assume na Segunda Guerra Mundial, depois da finalização da Primeira, fato que provavelmente só vai ser explicado no filme dela ano que vem, é contrastada com o seu envolvimente súbito no conflito com Doomsday onde ela põe fim à própria regra de não-interferência. Superman fala para Batman "enterrar" a persona do Homem-Morcego e ele mesmo acaba enterrado. Batman fala que "Superman trouxe a Guerra até Nós" e que, para solucionar o problema, ele deveria morrer, sendo que é a morte dele que REALMENTE nos transforma em alvos e presas para Guerras muito piores, e agora ele, que queria eliminar o super-humano, quer reunir pessoas parecidas com o Homem de Aço.

Do mesmo jeito, por exemplo, o ordálio de Húrin Thalion prefigura o que acontece com Denethor no Senhor dos Anéis, o lado ruim da "visão além do alcance", e o resgate de Maedhros por Fingon prefigura o resgate de Frodo por Samwise Gamgee na Torre de Cirith Ungol; a piedade de Túrin com Sador Labadal é um comentário irônico que representa a degradação de Túrin por causa de sua conduta com Brandir, sendo que ambos eram "coxos", etc, etc, etc.

Nas palavras do próprio Shippey:

Against this The Silmarillion tries to preserve something much closer to the texture of reality, namely, that the full meaning of events can only ever be perceived retrospectively.Its stories are full of ironies only grasped on second reading.‘False hopes are more dangerous than fears’, says Sador in the Narn. Once we have realised how Morwen ruined her life and her son’s by waiting for Húrin we see that Sador is, unwittingly, a ‘soothsayer’, and read all his remarks with much greater attention. At first reading, though, that point is invisible. So are most of the moments that lead to future disaster, like Aredhel’s turn southward outside Gondolin, or Finrod’s ignorance of the Noegyth Nibin (on S, p. 114). ‘Ominous’ statements are common enough – ‘Their swords and their counsels shall have two edges’ (Melian, S, p. 128), or ‘Not the first’ (Mandos, fifty pages before) – but for their immediate meaning one has to wait, and their full meaning often depends on unravelling the entire book. The Silmarillion could never be anything but hard to read: that is arguably because it is trying to say something about the relationship between events and their actors which could not be said through the omniscient selectiveness of the ordinary novel.

Do mesmo jeito ele também usa a "impressão de profundidade"... alude a coisas fora do foco da nossa visão direta, sugeridas de forma oblíqua que mantem aquele senso de distância e imersão...Vc tem a idéia de um Mundo que já preexiste ao filme e o cerca , infiltrando-se pelas beiradas com premonições do futuro, flashes do passado e flagrantes de coisas que acontecem simultaneamente com a trama mas que não são enfocadas diretamente como os motivos pro acordo do Luthor com o senador e os motivos da ciência da Wonder Woman sobre a identidade e a missão do Batman quando ele vai no coquetel na mansão do Luthor. Em contraste, nos filmes da Marvel, vc tem aquela noção de que as coisas só existem e/ou tem relevância a partir da hora em que aparecem, que o cosmo é inventado enquanto o filme se desenrola. E, não raro, que elas deixam de existir ou ter efeitos tão logo sua utilidade dramática para aquele filme se exaure com o seu final (como aconteceu com as consequências da destruição da ponte Arco íris no Thor I, com o desmantelamento e corrupção interna da Shield no Soldado Invernal, "varrida para debaixo do tapete" no Age of Ultron e com a aposentadoria da persona e arsenal de armaduras do Iron Man no Iron Man III que o segundo filme dos Avengers também descartou sem maiores explicações.

O filme foi feito para despertar interesse, criar "buzz", "causar*" e não para capitalizar em cima de uma expectativa nutrida e construída durante um quinquênio do jeito que Avengers foi. É para ser degustado realmente a posteriori dentro do contexto, o iceberg da qual ele é a ponta. Mesmo assim, ele ainda faturou mais do que os dois primeiros Iron Man, mais do que qualquer filme dos X-Men, mais do que os Thor, Capitão América, Guardiões da Galáxia, Homem Formiga e Deadpool.

E acho que deu para perceber uma coisa: filme da DC , qualquer take dela em cima de seus personagens, dentro e fora do cinema, "causa" sempre MUITO MAIS do que qualquer coisa equivalente feita pela Marvel. Para o bem e para o mal .É por essas e outras que a gente vê a caracterização de um Luthor em BvS virar um "auê" enquanto o take cômico que Robert Downey Jr fez em cima do Iron Man, divergente ao extremo do que se via até então nos comics, é "varrido para debaixo do tapete" por aqueles que deveriam comentá-lo, com essa alteração virando a espinha dorsal do sucesso da Marvel no cinema.

Movie Tony Stark is wittier than any Movie Peter Parker.

In the IM comics, Rhodey is the less serious and more laid back one. When he became Iron Man from #170 onwards, one of the things that fans liked about him was that Iron Man was now a more laid back character who joked around and made wisecracks.

In the movies, Stark has more of the laid back personality and makes wisecracks. Rhodey is very serious and uptight.

For a very faithful comic book Stark, Timothy Dalton would've been very suitable for that more serious take when he was in his prime back in the 80s during the time of Flash Gordon or James Bond:

Aliás, nisso a gente vê a repetição de um padrão que distingue o fã médio da Marvel do da DC, coisa que eu comentei há anos atrás nesse fórum e que, penso, é um dos principais responsáveis pelas críticas negativas a BvS já comentada nesse tópico,: o apego nostálgico, saudosista e "fetichista" a uma versão só dos personagens, suas histórias e respectivos portfolios que grassa entre o fã médio da DC numa proporção muito maior do que o da Marvel( é mais comum entre os fãs de X-Men).

O fã médio da DC é fã de um personagem ou grupo de personagens incluído em um canto do universo enquanto o fã da Marvel, por mais que seja até certo ponto "tribal", é fã do UNIVERSO em primeiro lugar. Ele é mais flexível em sacrificar/esquecer e relativizar particularidades em favor do conjunto e em reconhecer mérito em medidas e visões que visam e contribuam para esse vislumbre do todo. Os críticos, mesmo com pouco contato com ambos os universos, refletem em parte essa perspectiva porque a introjetam por osmose quando vão interagir com o material e pesquisá-lo....

Daí vem o rigor tremendamente maior em criticar "pontas soltas" e visões alternativas de personagens em contradição com aquilo que se acha "ser o certo", independente da proposta que uma história em particular ou universo venha a ter, quando a analisada é a DC Comics. A gente vê exemplos dessa reação até aqui no nosso fórum.

Inclusive vou falar uma coisa que parece óbvia pra quem lê em inglês: o fã médio da DC dá chilique por causa de ninharia e bagatela e bota a culpa de tudo que acontece nos "reboots", muito menos amplos e catastróficos do que se pensa, enquanto o da Marvel bota "panos quentes" e finge que as consequências não acontecem/aconteceram. Daí nasce a lenda de que a DC é um universo "adolescente" porque "vive em crise", enquanto a "Marvel se manteria fiel às diretrizes de Stan Lee" mesmo com coisas como Saga do Clone, One More Day , Spider Man Year One ou Heroes Reborn( tentativas de Reboot)rolando por aí.

Isso daí gera a repercussão midiática negativa dessa "lenda urbana" em cima da DC, o que, em grande parte, explica o fato de que a Marvel sempre vendeu, em média, mais, a despeito da qualidade mais consistente do que a DC produziu na maior parte do tempo de 1986 pra cá, porque, no reino da publicidade, percepção se torna realidade.

Considerando tudo o que havia contra ele, inclusive a falta de fácil manejo do material fonte e o equilíbrio difícil que existe entre concepções variantes do que os personagens e o gênero como um todo podem ou devem ser, eu acho que, realisticamente, a Warner o vê como um batedor num terreno hostil, como uma medida ousada que foi feita pra render os dividendos mais pra frente na linha do tempo.

E, isso, verdade seja dita....foi algo que eles conseguiram COMPLETAMENTE com a empreitada.

Mesmo assim, começam a aparecer notícias dando conta de que Batman e Superman poderá ser relançado, talvez ainda esse ano, um pouco antes do Blue Ray, com os 30 minutos a mais que o tornariam um filme para maior de dezoito anos e que devem explicar muitas das pontas soltas incluídas no corte PG13 que nós vimos até agora ( um deles, por exemplo, é a incapacidade do Superman de usar seus supersentidos para encontrar a Martha Kent sem apelar para Batman). E que essa medida seria feita para permitir a ele atingir a "barreira do Bilha" (coisa que, no meu entendimento, ele até já merecia atingir)

Quem sabe as pessoas aceitem melhor o filme com o passar dos anos? Acho possível, e lembro de um caso parecido. É uma sequência de uma saga popular, com personagens amados por muitos, onde passam por dificuldades enormes, tem uma ambientação mais sombria, e tudo parece perdido, mas no final fica uma ponta de esperança de que as coisas podem melhorar. Ah, no começo foi recebido com críticas divididas, inclusive pesadamente negativas, mas teve um relativo sucesso de público, e com o tempo se tornou o episódio mais aclamado da saga. O nome dele? O Império Contra-Ataca.

Não é por acaso @Olórin of Lórien que Joss Whedon (diretor dos Avengers) é um desses que comete a heresia de não gostar do final de Império Contra Ataca e que, ademais, ficou insatisfeito com Age of Ultron porque achou que o filme não é suficientemente auto-contido, não queria o Thanos no final do primeiro Avengers e também que ele não fosse o centro da Storyline do jeito que se tornou.



Empire committed the cardinal sin of not actually ending,” Whedon noted during his 10-page deep-dive interview with Entertainment Weekly in this week’s issue. “Which at the time I was appalled by and I still think it was a terrible idea.”

To which your EW interviewer blurted: “You think Empire had a bad ending?”

“Well, it’s not an ending,” Whedon explained about the 1980 film, which had a cliffhanger leading into the next entry of the series, Return of the Jedi. “It’s a Come Back Next Week, or in three years. And that upsets me. I go to movies expecting to have a whole experience. If I want a movie that doesn’t end I’ll go to a French movie. That’s a betrayal of trust to me. A movie has to be complete within itself, it can’t just build off the first one or play variations.”
 
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