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"O Tempo e o Vento" (Érico Verissimo)

Tenho outros títulos do Érico Veríssimo que são nessas edições Gabriel, gosto bastante. Fiquei com vontade de ter essa edição aí também, hein? :timido:
 
Nossa que lindas!
Não sabia que a capa era assim.
Eu sempre vejo essas edições em sebos mas nunca tirei da estante pra ver a capa toda, vejo só a lombada. ¬¬
 
Tem um sebo aqui perto que o cara vende a cem a coleção complete... vou ver se ainda consigoum desconto:dente:
Lucas_Deschain disse:
Tenho outros títulos do Érico Veríssimo que são nessas edições Gabriel, gosto bastante. Fiquei com vontade de ter essa edição aí também, hein? :timido:

ainda bem que é boa, então:sim:...

Edit: Comprei:joy:!! me saíram a 70 contos...
ó só as capas
to doido pra começar a ler!!
 
Ah, eu prefiro a edição da Cia. das Letras. x)
Não sou muito fã de capa dura e além do mais a edição da Cia. tem uma linha do tempo bem bacana indicando fatos do romance com a história do Rio Grande do Sul. E tem também o projeto gráfico, que eu acho bem bacana.
 
Há pouco tempo comprei uma coleção completa de Érico Veríssimo e ainda não li nada desse Autor, grande Autor. Coleção completa é modo de dizer, pois o vendedor do ML me enganou e vendeu com dois livros faltando, mas vou tentar resolver:mrgreen:
 
Eu compro ,Li 'Um certo Capitão" e me apaixonei pela obra do Érico.
Aliás,alguém viu o filme do 'Tempo e o Vento' ?
 
e esta edição econômica que saiu pela companhia, será que orna? http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=13647

Meu sonho é ter aquela edição completa da Globo em capa dura, de capa cinza. :D


75073_455.jpg
 
Última edição:
Eu acho as edições econômicas da Companhia bem decentes, e essa dupla tá com um preço bom. Já tenho os dois volumes de O Continente, naquela edição sem orelhas da Companhia, mas acho que os demais volumes (Retrato, Arquipélago) vou comprar em edições econômicas.
 
O Tempo e o Vento é uma grande obra na acepção da palavra. Se for mencionar a parte que mais gostei é o segundo volume de "O continente"
 
Na maioria das escolas de Pelotas, O Tempo e o Vento é uma das leituras obrigatórias do Ensino Médio. (Ano passado fiquei sabendo que Budapeste entrou na lista, fiquei muito feliz! :) )

Para mim, que sou gaúcha, ler O Tempo e o Vento é uma grande honra. Mas o livro em si é uma grande obra, genialidade pura. As palavras, o modo como o homem gaúcho é retratado (principalmente o Capitão Rodrigo) corresponde aos estágios da nossa região.
 
Última edição por um moderador:
Na maioria das escolas de Pelotas, O Tempo e o Vento é uma das leituras obrigatórias do Ensino Médio. (Ano passado fiquei sabendo que Budapeste entrou na lista, fiquei muito feliz! :) )
Eu costumo ler uma vez por ano. Ano passado por uma série de circustâncias a releitura não aconteceu, mas é o primeiro livro que eu vou ler quando parar de estudar para o concurso.

Eu gosto do Capitão Rodrigo, mas para mim a grande personagem masculina é o segundo Rodrigo de "O Retrato" e "O Arquipelago" com seu conflito interno entre o "gaúcho a moda antiga" no sentido de ser macho e escravo das suas paixões e o "homem civilizado" e culto que quer trazer mudança à sua terra.

É o velho Fandango, o capataz da estância, que eu considero o grande "gaúcho" à moda antiga da obra. Esse trecho aqui sempre me emociona:

Dês de gurizote ando cruzando e recruzando o Continente e não hai canto destes pagos que eu não conheça.
Fiz muita tropa nos campos da Vacaria

nos de Cima da Serra

nos de Baixo da Serra.

Andei pelo vale do Uruguai

e muita areia comi nesse deserto brabo que vai do Mampituba ao Chuí.

Miles de vezes cortei a Serra Geral

e outros tantos a Coxilha Grande.

Pela zona missioneira e pela Campanha, meu Deus, sou capaz até de andar de olhos tapados.

Tenho conhecido gente de todo o jeito:

estancieiro pequeno e grande

tropeiro e carreteiro

mascate e bolicheiro

doutor formado e curandeiro

polícia e contrabandista

padre e bandido

soldado e paisano

índio vago e juiz de roupa preta.

Também tenho encontrado

mulher de todo o pêlo

morocha, castanha, ruiva

rica, pobre, remediada

gorda, magra, alta, baixa

moça de família, china rampeira

mulher com medo de rato

e fêmea que briga como macho.

Mas fui aprendendo aos pouquinhos

que hai moças e moças

e que é sempre bom a gente atentar

no que diz a língua do povo:


Em São Borja e São Vicente,

Pra casar não se demora

Que as moças lá desses pagos

Cortam a gente de espora!


Lá na terra de Pelotas

As moças vivem fechadas.

De dia fazem biscoito,

De noite bailam caladas.


Ó moço, se eu lê contasse,

Vancê diria que eu minto:

As moças de Livramento

Usam pistola no cinto!


Aprendi também que cada hombre, como o cavalo, tem seu lado de montar.

A questão é a gente descobrir...

Porque hai gaúchos e gaúchos, nem todo o nosso povo é igual.

Os da fronteira são largados, falam sempre meio gritando e com ar de provocação.

Gostam de contar bravatas e de fazer gauchadas

têm mão aberta e coração grande

e assim como se espinham por qualquer coisa e querem logo brigar

em seguida ficam amigos e dão a vida por vossuncê.

Os da zona missioneira são retraídos, falam pouco, não gostam de ostentação.

Dão um boi pra não entrar em briga, mas depois de entrar dão uma boiada pra não sair.

Agora, o que eu acho engraçado é esse povo que vive lá pras bandas do mar, nos campos de Viamão, de Conceição do Arroio e Santo Antônio da Patrulha.

Têm fala cantada que só galego

são gente pacata e meio sovina

mas cumprideira de suas obrigações.

Uma coisa, patrícios, eu lês garanto:

pra meu gosto o verdadeiro Rio Grande fica da margem direita do Jacu, pros lados de São Borja e pra baixo

na direção de Uruguaiana, Santana do Livramento, Dom Pedrito e Bagé

principalmente na campanha, onde sempre terçamos armas com os castelhanos.

Da margem esquerda pro norte e pro mar

tem gringo demais.

Não gosto de alemão.

Falam uma língua do diabo

olham pra gente com um ar de pouco-caso.

Tudo neles é diferente:

as roupas, as danças, as comidas, as casas

até o cheiro.

Quando vejo um homem de pele muito branca

cabelos de barba de milho e olho de bolita de vidro

até me dá nojo.

Se eu fosse governo, mandava essa alemoada embora.

Não é que eu seja mesquinho, somítico ou malevo:

estrangeiro também é filho de Deus.

Mas cada qual deve ficar sossegado na sua terra

com seus parentes e amigos, seus costumes e cacoetes.

Duns anos pra esta parte, tem chegado também muito italiano.

Se empoleiraram na serra, porque a alemoada, que chegou primeiro, pegou os melhores lugares na beira dos rios.

Já andei por essas novas colônias da região serrana.

A fala deles tem música

e é doce como laranja madura

e meio parecida com a nossa.

Gostam de comer passarinho

de fazer e beber vinho

de cantar, de ouvir missa

de padre e de procissão.

Vossuncês são muito moços, não pegaram a Guerra dos Farrapos.

Pois o velho Fandango teve a honra de servir com José Garibaldi, que também era gringo

mas gringo de senhoria.

Sabem o que foi que ele disse na sua língua atrapalhada?

Que com a nossa cavalaria era capaz de conquistar o mundo.

Pois é como eu lês ia dizendo:

do Jacuí pras bandas do mar tem muito estrangeiro.

Na vida do Continente

tudo anda demudado

quase ninguém mais usa chiripá

agora é só bombachas.

Nos fandangos já não dançam tanto

a chimarrita, o tatu e a meia-canha:

o que querem é valsa, xótis, mazurca, polca,

essas bobagens estrangeiradas.

Se há coisa que me dá quizília é ver esses tais postes do telégrafo, quando ando viajando pela campanha.

Se eu fosse governo mandava derrubar tudo.

Onde se viu a gente passar bilhete pra outra pessoa por um arame?

Isso até é uma pouca-vergonha, porque

se quero dar algum recado, justo um chasque, arranjo um próprio ou vou eu mesmo.

Ainda no ano passado eu ia levando uma boiada pro município de Uruguaiana quando pela beira da estrada vi passar um trem.

O diabo da locomotiva vomitava fumaça e fogo, e parecia dizer

já-te-pego... já-te-largo... já-te-pego... já-te-largo...

De repente soltou um apito,

a boiada meio que se assustou e quase houve um estouro.

Fiquei fulo de raiva, tirei a pistola da cinta e traquei bala no trem.

Vossuncês meninos são modernos

falam em metro, quilo e litro.

Eu sou homem mui antigo

do tempo da onça

do palmo craveiro e da bebida em quartilho.

Pois é como estou dizendo

com tanto gringo, tanto estrangeiro

com tanta moda nova

com tanta gente morando em cidade

nossos homens estão ficando mui frouxos.

E se não hai logo uma guerra ou alguma revolução

vai tudo acabar maricas.

Nesse dia a castelhanada cruza a fronteira brincando e toma o Continente a grito.

Mas não há de ser nada, porque como diz o rifão

em qualquer pocinho d'água, Deus pode fazer um peixe.

E venha de lá esse mate, que já estou de goela seca.
 
Eu costumo ler uma vez por ano. Ano passado por uma série de circustâncias a releitura não aconteceu, mas é o primeiro livro que eu vou ler quando parar de estudar para o concurso.

Eu gosto do Capitão Rodrigo, mas para mim a grande personagem masculina é o segundo Rodrigo de "O Retrato" e "O Arquipelago" com seu conflito interno entre o "gaúcho a moda antiga" no sentido de ser macho e escravo das suas paixões e o "homem civilizado" e culto que quer trazer mudança à sua terra.

É o velho Fandango, o capataz da estância, que eu considero o grande "gaúcho" à moda antiga da obra. Esse trecho aqui sempre me emociona:


"Lá na terra de Pelotas
As moças vivem fechadas.
De dia fazem biscoito,
De noite bailam caladas."

Os únicos biscoitos que eu sei fazer são de mel... Já até disseram que eu devo ter uns 60 anos só por gostar de biscoitos de mel.
 
Tem um sebo aqui perto que o cara vende a cem a coleção complete... vou ver se ainda consigoum desconto:dente:

Você tem uma foto dessa coleção sua, Gabriel? Tô curioso pra comprar tudo mas não acho a lista dos que foram editados.
 
Você tem uma foto dessa coleção sua, Gabriel? Tô curioso pra comprar tudo mas não acho a lista dos que foram editados.
Vc diz só o tempo e o vento ou as obras todas do cara? Eu só tenho os livros de O tempo e o vento. Mas mando fotos sim (aparentemente não vieram pra valinor, pq lembro que tinha postado fotos no post mais acima...).
 
Vc diz só o tempo e o vento ou as obras todas do cara? Eu só tenho os livros de O tempo e o vento. Mas mando fotos sim (aparentemente não vieram pra valinor, pq lembro que tinha postado fotos no post mais acima...).

Pior que eu queria das outras também, se você tivesse. :lol: Tô vendo se compro aos poucos os que for encontrando.
 
Isso mesmo, @Calib . Será que essa aí tá completa completa?

Numa reedição de 2002, foi dito que a coleção tinha 38 volumes.
Mas, honestamente, eu já venci o TOC das coleções completinhas; hoje compraria só os volumes que realmente valem a pena (7 d'O Tempo e o Vento, +1 Incidente em Antares, e um ou outro de interesse particular de cada um, tipo o Solo de Clarineta, ou Clarissa, etc.) Tudinho tudinho eu acho mau negócio.
 

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