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A escrita feminista afro-brasileira e a representação da mulher negra em "Infância", de CDA

Você conhece mais de cinco escritores afro-brasileiros?


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acho q esqueceram de castro alves, mas ele e machado de assis são mestiços...

Esse chororô é foda ... Se todo mundo fosse preto, não teria como dar cotas aos descendentes dos escravos, então daria-se cotas para os pobres, e não teria esse chororô pois todo mundo seria da mesma cor, então o descendente de escravo não chegaria na universidade militando sobre sua cor de pele e de como é difícil ter sua cor de pele, e de como é difícil ser descendente de escravo ,ele estudaria e daria uma condição de vida melhor para sua família.

Dá até preguiça de debater. Então manda mais péssimo pq é divertido.
 
Apesar da análise qualitativa ser necessária, Machado chamou a atenção justamente porque não chamava a atenção para a questão da cor. Socialmente falando, isso é um problema. Estilisticamente, não. O problema é que muitos autores negros permanecem com dificuldade de encontrar espaço de divulgação para as suas experiências, e isso apesar de conseguirem realizar proezas estilísticas comparáveis e/ou superiores às de seus colegas brancos. Logo, há sim traços de racismo na divulgação dessa literatura, e isso pesa mais ainda quando pensamos que muito dessa literatura pode(ria) servir para a formação de vários leitores que não se encontram, não se acham na literatura escrita por autores caucasianos. E quando vamos para a literatura feminina então... Ninguém está querendo tirar o crédito dos grandes nomes da literatura, mas contestar qual o lugar dos autores negros - mesmo da experiência afro-brasileira - dentro do espaço literário.
 
Quem quer lê simplesmente lê. Se eu sou negro e não existe escritor negro eu não vou ler? Se sou gay e não existe escritor gay eu não vou ler? Se sou gordo e gosto de star wars e não tem escritor gordo q gosta de stars wars eu não vou ler? Se sou mulher e não tem escritora mulher eu não vou ler? Coitadismo nível 8000.

E para de coitadismo é fácil achar literatura feminina, o foda é achar literatura feminina canônica, q é o q eu gosto. Mas mesmo assim ainda tem. O q reina atualmente são os best sellers e literatura lixo, eu não gosto. O meio literário é e sempre foi para poucos; ainda mais no Brasil.
 
Alguém tá te impedindo de ler o que quiser? No entanto, seria meio absurdo dizer que tais autores não existem - existem, mas não são tão expostos quanto os autores brancos. Dizer que o "meio literário é e sempre foi para poucos" demonstra que o problema não está com quem reclama disso, mas em quem se dá por satisfeito com o status quo. Sem contar que a história da literatura brasileira ainda é uma história de vencedores e maiorias, já que há vários e várias autores e autoras de diferentes níveis sociais e ascendências e experiências que em dado momento causaram impacto mas foram suprimidos seja inconscientemente ou para dar espaço maior àqueles que já dominavam o espaço. Se a ideia é promover cultura para todos, então que todos possam ter a oportunidade de serem divulgados. Chamar a atenção para isso não é coitadismo, é democracia.
 
É coitadismo sim. digo é para poucos porq POUCOS AUTORES fazem sucesso, e sim temos hoje literatura de brasileira de autores de vários níveis, a literatura boa q é escassa. Temos a bruna surfistinha , temos prisioneiros q publicam livros, temos bbbs q publicam livros, temos favelados, se vc quiser ler um desses é só pesquisar q vai achar autores contemporâneos , então para de coitadismo
 
O fato de poucos autores fazerem sucesso - e vide qual o nível desses autores - não é um problema meramente brasileiro. Há temas que chamam mais a atenção que outros, como você bem deu exemplos com relação ao cotidiano da prostituição, da vida dos famosos, da criminalidade, do cotidiano dos de classe baixa. Contudo, eis o ponto a que queria chegar: "é só pesquisar". A divulgação, quando ocorre, é espalhafatosa e exótica - quantas pessoas leram Estação Carandiru para entender a dinâmica sociológica e não porque veem o presidiário como um "ser exótico" à la Caliban? Mas é muito mais fácil um autor caucasiano encontrar voz numa grande editora com textos batidos - e nisso você vê que a questão é mundial - que alguém que queira expor suas experiências em razão da dinâmica social.

Um artigo que demonstra isso, mas em relação ao gênero dos autores: http://www.theguardian.com/books/2012/mar/02/gender-bias-books-journalism-vida

Dados de onde o artigo foi tirado: http://www.vidaweb.org/the-count-2013/
 
Última edição:
Quem quer ler pesquisa é simples assim. Não se faz propagandas de livros, eu me lembro da propaganda do livro segredo, da bruna surfistinha falando de seu livro, do livro do padre marcelo e acho q só, se faz pouca propaganda sobre livro na tv aberta, mas porq? Porque não dá retorno financeiro, brasileiro não lê.
Brasileiros leem em média 4 livros por ano (vi a pesquisa já faz algum tempo). Quem lê geralmente é mais "culto" tem mais senso crítico e pode muito bem pesquisar, simples assim. As pessoas mais povão, leem a bíblia, e livros religiosos simplesmente porq se interessam por isso, antes de tudo as pessoas leem apenas aquilo q interessa para elas, faz parte de um contexto cultural. por isso o ensino da literatura já deve começar na 1 serie e deve ter o objetivo de explicar o q é literatura/teatro , de apresentar autores e de deixar o aluno livre para ler o q quiser, pois so se le por prazer aquilo q se tem interesse.

A leitura obrigatória corta a vontade de ler do aluno, apresentar autores clássicos para quem acha um saco e que nasceu em uma família onde não se tem sequer um livro em casa (no caso da minha ínfância) pode dar a literatura uma aura sagrada, culta, distante e sem graça.
 
Seu último post é interessante pelo seguinte:

1) sim, a divulgação de literatura no Brasil é parca. E quando ocorre, voltamos ao problema do tipo de obra que é divulgada;
2) o que nos leva ao segundo ponto, sobre a formação do leitor brasileiro: por conta de uma percepção biased de longa data, certas obras se tornam as referências e acabam por suprimir mesmo o interesse por ir além. O que nos leva à...
3) a obrigatoridade da leitura de determinadas obras pode acabar provocando um asco ao leitor em potencial.

Para mudar essa percepção, é preciso mudar também a forma como o brasileiro vê sua própria cultura - e como enxerga a si dentro do contexto social. A promoção dessa literatura diversificada e a formação não são etapas que se excluem, mas que se complementam.
 
O texto do Inácio Araújo é algo com o qual eu concordo - e já começa com algo que remete ao Rubem Alves:

O aprendizado como prazer

06/04/15 20:20

Das coisas que falou Renato Janine, a aproximação entre cultura e educação me parece a mais original – aquela que nunca nem ao menos se pensou em implantar.

Mas o complemento dessa ideia é ainda mais interessante. A saber: o aprendizado não pode ser uma obrigação. Tem que ser prazer.

É obrigação, me parece, porque em certo nível sempre é.

Se na escola mandam ler o Machado, o aluno vai achar aquilo um saco, mesmo que o Machado seja o contrário disso.

Mas vamos em frente.

O conhecimento, de um modo geral, ficou muito desvalorizado no Brasil. O valor era a posse de bens materiais. Portanto, ver um filme, assistir a um concerto, ler um livro, essas coisas, entraram na categoria das coisas que só se faz porque o cara é forçado, porque isso não lhe dará nada.

No meu tempo, nós alunos, que éramos tão burros quanto os de hoje, enfim… a gente comentava que não se devia aprender latim porque ia estudar engenharia, e não devia aprender matemática porque ia estudar direito.

Ou algo assim.

Para resumir, hoje sinto uma falta louca da matemática que empurrei com a barriga.

Espero que os médicos sintam o mesmo em relação às aulas de português ou latim. Porque faz falta mesmo.

Ou seja, aproximar o aprendizado do prazer é algo que só se pode fazer através da cultura. Se a pessoa mergulhar no mundo simbólico e perceber seu encanto em si.

Algo vem sendo feito pela Prefeitura aqui em SP.

Me parece certo que algo que se pode denominar inclusão cultural é bem mais profundo do que essa coisa de vale cultura (que também não é ruim, diga-se). Como chegar a ela me parece um xadrez interessante. Não sei imaginar como. O Renato Janine deve pensar no assunto há séculos. Espero que funcione muito essa ideia, que me parece bem relevante.

Um papel para o cinema

E a menção ao Lincoln do Spielberg é bem interessante.

O escravagismo nos remete, afinal, ao mundo do trabalho. Dos trabalhos forçados.

Que é o que a maior parte das pessoas pensa, com toda razão, do trabalho.

Se ao lado disso existir um lazer que seja ao mesmo tempo aprendizado, por que não?

E o cinema, o nacional sobretudo, pode muito bem funcionar para que se chegue a isso.

Fonte: http://webcache.googleusercontent.c...rendizado-como-prazer/&hl=pt-BR&gl=br&strip=1
 
Não existe coitadismo. Exite busca por um ideal igualitário destro da escrita. Existe a reelaboração canônica das obras, em percepção aos grandes talentos que foram suprimidos por suas condições sociais, econômicas, históricas e até de gênero. No caso de Machado, citado por Bruce, devemos perceber que as críticas à sociedade vieram rodeadas por estratégias literárias muito finas, ele retrata a sociedade e a república com ironia e descreve as mazelas burguesas através da psiquê das personagens e principalmente, através da falibilidade da memória e do uso da crueldade. Utiliza, portanto, o termo humanitismo, para designar os moldes científicos pelos quais descreve os meios de sobrevivência dos estereótipos em sua obra, que tramitam na dimensão do "tudo pode acontecer". Apesar de não criticar frontalmente, ele aborda sim questões de escravidão em suas obras, mas seu foco é a mentalidade social. Quanto à crítica ao cânone, em resposta ao bussujapão deve ser intensa sim. Ao citarmos literaturas dos século XIX e XX, no Brasil, percebemos a presença forte de Aluízio de Azevedo, mas não há muitos rastros sobre Júlia Lopes de Almeida, uma escritora que foi bastante reconhecida( claro, dentro dos limites que a a identidade de gênero permitiu) e que escreveu "Memórias de Marta", que deu origem ao livro de Aluízio. A autora participava dos círculos literários e das atividades da Academia Brasileira de Letras, porém, o nome cotado para entrar foi o de seu marido, que era português. É contra esse esvaziamento da cultura através de obras canônicas que eu luto. Nossa história conta com grandes escritoras que foram sublimadas pela cultura. Mulheres brancas e negras que foram esquecidas, vozes subestimadas e estigmatizadas por muito tempo e infelizmente, pensar que eu posso ler o que eu quiser, não vai tirar esses escritores desse buraco, não vai trazer a`tona obras que não foram publicadas ou que sequer foram escritas por conta da versão falocêntrica da nossa história. Não sei se o bussujapão sabe, mas no Brasil, a primeira política nacional de trazer os menos favorecidos para a escola começou nos anos 90 (muiiito recente) e obviamente a escola teve muitos problemas, pq não é fácil educar uma criança que não tem aparato educacional em casa ou na comunidade, quanto mais fazer com que os mais pobres possam comprar livros de boa qualidade com a condição financeira que têm. Mesmo os espaços públicos foram relegados por anos a determinadas classes sociais e realmente é impossível "concertar" isso tudo em pouco tempo. A estigmatização não está apenas na literatura, no cientificismo, nas escolas, ela está enrizada na história da nossa sociedade e existe sim, uma disputa entre as classes, pela hegemonia desses poderes, mesmo na dimensão estatal. Brasileiros até leem, mas não é interessante para quem está no poder, perdê-lo para outras pessoas e isso é o que mais nos distancia da dimensão igualitária e democrática que buscamos.
 
Acredito que, para funcionar, políticas de estímulo a leitura esbarrem no fato de que a população ainda não localiza o momento certo de ser produto de suas decisões e o momento certo de ser também produto das circunstâncias (da importância do agir e não agir).

Uma vez que a literatura na sociedade, no sentido de arte, precise de um espaço para imaginação, sabemos que é preciso que nos planos de estudos de livros se limite criteriosamente a proporção de espaço ocupada pela inspiração (imaginação) do leitor, do contrário a percepção da importância de elementos de esforço (aspectos técnicos da obra) pode ser distorcida e ocultada. Inclusive para não perder tempo ensinando sobre a informalidade que é de acesso muito fácil no dia a dia do leitor tomando a maior parte do tempo da vida deste.

De certo modo se o problema é a carência aguda dos fundamentos básicos na educação do cidadão então a única opção para uma sociedade mais civilizada é sanar a falha básica.

Todavia existem motivos de preocupação pela presença de elementos muito perturbadores na sociedade atual. Perturbação, no caso, é a própria loucura. Se o ritmo de vida é muito louco a população não aprende o básico, ela permanece numa infância indefinida com todos os riscos que a infância possui, inclusive fragilidade diante da extinção.

Para um público pouco educado os sucessos literários adquirem uma aparência incidental e inexplicável. E é nesses momentos que muitos já começam a seguir um conteúdo sem ponderá-lo adequadamente.

É nessa selva inóspita, cheia de predadores de textos, que o escritor precisa se aventurar a desbravar.
 

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