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Eleições 2014 Em quem você votará para presidente do Brasil no Segundo Turno?

Em quem você votará para presidente do Brasil no Segundo Turno?

  • Dilma

    Votos: 28 39,4%
  • Aécio

    Votos: 29 40,8%
  • Branco / Nulo / Abstenção

    Votos: 14 19,7%

  • Total de votantes
    71
  • Votação encerrada .
FUNDADORA CONDECORADA DO PT VAI VOTAR EM AÉCIO
EX-DEPUTADA E LÍDER DO PT DIZ QUE NÃO PODE SER “IDIOTA”, POIS DILMA MENTE

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A fundadora do PT e ex-deputada federal Sandra Starling divulgou seu voto em Aécio Neves (PSDB) para presidente. Em seu artigo “Meu voto critico em Aécio é um veto ao voto a Dilma”, Starling diz que é preciso ter coragem para enfrentar os 12 anos de governo “em que o PT se julgou a consciência política do Brasil”, mas foi tão corrupto quanto os demais.

A ex-líder do partido na Câmara disse que a censura sobre o IPEA foi a gota d’água. Segundo ela, os dados do IPEA tornariam oficial o que todos já sabem “a desigualdade social não diminuiu” e a lógica da presidenta Dilma é a mesma do ex-ministro da Fazenda Delfim Netto que pregava esconder números que não favorecem o governo.

Starling disse que não vai usar o “direito de ser ‘idiota’”, vai votar em Aécio Neves, pois não pode se “calar diante das mentiras que a Dilma vem assumindo” e deve cumprir o “dever de brasileira”.

Clique aqui para ler a íntegra do artigo de Sandra Starling no Diário do Poder

SANDRA STARLING
MEU VOTO CRÍTICO EM AÉCIO É UM VETO AO VOTO A DILMA

Sempre gostei de aprender.

E ontem aprendi com o deputado Marcelo Freixo, do PSOL, que resolveu, ao contrário de mim, dar um voto crítico em Dilma e um veto ao Aécio. Lembrei-me do tempo em que juntos lutamos (nós e o PSDB) contra o Collor e fizemos o abraço na Av. do Contorno e na campanha de vestir- se preto contra o Presidente que sofreu o impeachment.

Vou fazer o contrário do Freixo.. Quero ter a coragem de enfrentar esses 12 anos em que o PT se julgou a consciência política do Brasil e no qual fez e aconteceu como os demais, em tudo, – para , afinal, me deter na censura ao IPEA porque o IPEA, órgão do próprio governo, não demonstrou o que todos os que pelejam para entender este país já percebiam: a desigualdade social não diminuiu a ponto de ser significante do ponto de visto estatístico – logo, na lógica da Dilma Rousseff, que se parece à de Delfim Netto na ditadura, deve-se esconder os dados que não são a favor do partido que nos agrada.

Não compactuo com esse tipo de método.

Fiz uma oposição consciente e determinada ao governo de FHC, quando fui líder do PT na Câmara dos Deputados. O resto de minha história não tem a menor importância. Ia, inclusive, usar meu direito de ser “idiota”- como diziam os atenienses e deixar de votar. Mas não vou me abster.

Vou votar no Aécio, com todo o medo que ele me causa de que venha a aumentar o peso da exclusão sobre os trabalhadores, as mulheres, os homossexuais, aqueles excluídos enfim – mas não vou me calar diante das mentiras que a Dilma vem assumindo.

Qualquer que seja o resultado, para mim, terei cumprido meu dever de brasileira: arrisquei a perder ou a ganhar – para os outros que sofrem, não para mim, porque nada tenho a perder.

Bom voto a todos no domingo.
 
Vou votar no Aécio, com todo o medo que ele me causa de que venha a aumentar o peso da exclusão sobre os trabalhadores, as mulheres, os homossexuais, aqueles excluídos enfim – mas não vou me calar diante das mentiras que a Dilma vem assumindo.
Parece confuso o "voto crítico" da Sandra. Votar com medo etc.
 
PRESIDENTE DO PSDB-MG CONTESTA DATAFOLHA, MAS USA DADOS FALSOS
OLHO NELES
GAFE E RECLAMAÇÃO
Presidente do PSDB-MG contesta Datafolha, mas usa dados falsos
Marcus Pestana publicou viral contra instituto; ele afirma que metodologia é equivocada
22/10/14 - 21H18


O presidente do PSDB de Minas Gerais, deputado federal Marcus Pestana, contesta os resultados da pesquisa Datafolha, que aponta a candidata Dilma Rousseff (PT) numericamente à frente do presidenciável tucano, Aécio Neves. Pestana publicou em sua página do Facebook uma mensagem atacando a credibilidade da pesquisa. Uma imagem com os dizeres "Farsa da Pesquisa Datafolha", divulgada pelo tucano, obteve mais de 4 mil compartilhamentos e 500 curtidas em 24 horas. A imagem, no entanto, traz dados incorretos sobre a pesquisa, por misturar resultados de dois levantamentos diferentes do instituto.

Procurado pela reportagem, o deputado federal diz que há ponderação errada dos dados da pesquisa, que divergem de outros levantamentos como Sensus, Veritá e trackings internos. "Todas dão de seis a sete pontos de vantagem (de Aécio sobre Dilma)", defende o dirigente do PSDB. "Não gosto da metodologia da Datafolha, que cota no fluxo urbano. Prefiro avaliação domiciliar", justifica o parlamentar sobre sua contestação dos números que apontam Dilma com 52% e Aécio com 48% dos votos válidos. Tecnicamente, os adversários estão em empate, pois a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Apesar de contestar a pesquisa, Pestana acredita que o vencedor da disputa presidencial terá uma diferença de quatro pontos percentuais, em relação ao segundo colocado, pois a campanha é a mais acirrada desde 1989.

Folha atesta credibilidade da pesquisa
A "Folha de S. Paulo" divulgou nota em seu site esclarecendo sobre o que chamou de mensagem viral, apontando a pesquisa como equivocada. "A mensagem tem dois grandes problemas. O primeiro é que, ao citar as intenções de votos de Dilma e Aécio em cada região, o autor do texto, por engano ou por má-intenção, usou informações da pesquisa feita nos dias 14 e 15 de outubro, não os desta segunda (20). No levantamento de 15 de outubro, Aécio, de fato, aparecia numericamente à frente de Dilma.

O outro problema da mensagem é fazer o exercício com os votos válidos em cada região (os totais de cada concorrente, após o descarte de brancos, nulos e indecisos). Um exercício desse tipo precisa ser feito com os votos totais de cada um, já que os percentuais de brancos, nulos e indecisos não são iguais em todas regiões".
Fonte: http://www.otempo.com.br/blogs/polí...esta-datafolha-mas-usa-dados-falsos-19.327607

Quando a pesquisa é desfavorável todo mundo contesta. A tropa de choque do PSDB em Minas está descontente. Mal sinal...rs
 
Depois da bisonhice que fizeram aqui no Sul, nem ligo mais para Datafolha ou IBOPE. Reta final e tá impossível assistir a propaganda política. Que país maravilhoso aquele que mostram no otário eleitoral. Economia pujante, investimentos de norte a sul, hospital que funciona! Inflação ó: controladíssima!

A única coisa real que vai acontecer após as eleições será a entrega da comanda para o Zé Povinho pagar a festa.

Não acredito muito em vitória do Aécio, sendo bem sincero. O cara não se ajuda e consegue ser mais canastrão que a Dilma. Seria uma virada épica a vitória dele.
 
E o que vocês têm a dizer no que concerne a relação entre quem for eleito Presidente e a formação atual da Câmara dos Deputados?
 
No Congresso muda quase nada, PMDB e PT continuarão forte lá. Aliás, a bancada conservadora foi a que teve maior crescimento nesta eleição. Ou seja, confirma aquilo que eu já suspeitava, o brasileiro está cada vez mais retrógrado, intolerante, violento e mal educado em todo os níveis.
 
Parece bastante claro que foi a edição. Se a média de tempo entre um corte e outro foi 2s já foi muito. Mesmo a frase que você citou do Lobão não parece ser uma frase contínua, tem um corte no meio. Nem me pareceu que ele falou que o estado soviético vai julgar, como está na sua transcrição, e sim, depois de um corte, ele diz "é um estado soviético já" (sabe-se lá a respeito de que situação, devido ao corte - em resumo, frase fora de contexto). Mesmo se ele disse que "é um estado soviético já" a respeito de "se você tiver sua casa invadida, não é o Judiciário que vai julgar", como a edição sugere, me parece uma frase normal, com certo exagero, talvez, mas se o for é algo totalmente esperando no seio de uma militância política. É o tipo de frase altamente difundida nos meios de esquerda, com frases do tipo "isso é fascismo" e coisa que o valha (e para ouvi-las nem é preciso adentrar em meios de militância).

Não vejo nenhuma estranheza entre Lobão dizer grandes besteiras (se é que disse, mas estou muito longe de duvidar, já que o fez em outras ocasiões) e ele ter sido um grande artista (outra coisa bem questionável também), já que artistas não são intelectuais. A boa manifestação artística (mesmo quando esta é considerada como uma forma de expressão intuitiva da realidade) não necessariamente acompanha grande capacidade analítica e lógica.

Também vejo como fruto de edição, mas, na minha opinião, a mesma só ressaltou as bobagens e os preconceitos. Ainda que o Lobão tenha se referido ao Estado Soviético como uma analogia entre o governo do PT e o da antiga URSS, como deve ter sido, o absurdo permanece.

Eu acho muito cômico essa direita panfletária, pois condenaram tanto os exageros da esquerda para terminaram fazendo uso dos mesmos meios. E o Lobão me surpreende por ter feito parte da minha adolescência; as letras de algumas de suas músicas sempre tiveram um tom progressista. Mas, enfim, a besteira é democrática e serve até para os intelectuais, que dela usam e abusam.

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Olha a virada:

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Lula exclusivo: 'Quem arrumou a casa fomos nós'
Para o ex-presidente, a mídia tradicional agride a democracia e esconde o debate de projetos. O de Dilma, de avançar nas políticas que respeitam os trabalhadores e que estão mudando o Brasil. E o de Aécio, que leva ao retrocesso

Parece que foi ontem, mas aconteceu em 2002. O metalúrgico, sindicalista e fundador do PT Luiz Inácio Lula da Silva tornava-se presidente da República, em sua quarta tentativa. Derrotou o partido que, hoje, 12 anos depois, diz ser o da "mudança."

O PSDB de Aécio Neves já tem até ministro anunciado, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que insiste: é preciso “arrumar a casa”, a economia está uma bagunça. Como assim?, pergunta Lula. "Ele, na verdade, é um desarrumador de casa. Quem arrumou a casa fomos nós."

Para o ex-presidente brasileiro, a expressão do economista é um eufemismo para aumentar o desemprego e reduzir ganhos salariais em nome da eficiência das contas públicas. Ou em sua definição: “Arrumar a casa é tirar aquilo que o povo conquistou neste período de 12 anos”.

Em meio ao vale-tudo desenfreado na reta final da eleição, Lula recebeu a Revista do Brasil para uma reflexão sobre a necessidade de aumentar a consciência política das pessoas. “Se ficar só na agressão pessoal ou partidária, eu acho que a gente não politiza a sociedade.”

Lula pede ao povo para ficar alerta em relação às propostas em jogo: manter uma política que busque reduzir as históricas desigualdades do país, projeto personificado por Dilma; ou devolver o poder a um grupo que governa para apenas uma parcela da população.


Segundo ele, a mídia tradicional trabalha diuturnamente contra o PT, esconde a comparação de projetos e despolitiza os debates. “Gostaria que a campanha, ao terminar, além do somatório de votos, tivesse um crescimento da consciência política da sociedade”, diz.

Pouco mais de um ano atrás, o senhor deu uma entrevista falando que “estava no jogo”. Agora, próximo do segundo turno, não acha que o jogo ficou mais bruto?

Os adversários, embora sejam os mesmos das outras disputas, estão mais raivosos. O que é uma contradição com todo o discurso que eles fazem ou faziam, que o PT era agressivo... Agora, é o PT que está muito tranquilo e eles que estão muito agressivos. Em alguns casos, com campanha de denúncias e difamações que somente a extrema-direita tinha competência de fazer em alguns momentos históricos do Brasil. Agora, de qualquer forma, o jogo sempre vai ser duro quando o PT está numa disputa de uma prefeitura, de um estado ou do Brasil. Porque o PT conseguiu mudar o jeito de governar o Brasil, conseguiu estabelecer uma nova relação entre o Estado e a sociedade, entre o governo e os setores organizados da sociedade. Isso incomoda essas pessoas, porque eles não querem que as pessoas participem. Chegamos ao cúmulo de estarem raivosos porque as pessoas que votaram na Dilma são “desinformadas”, “informados” são só os que votaram neles. Acho que esse ódio que está sendo divulgado, essa campanha feita diuturnamente contra o PT, que não é de hoje – isso é desde que nós nascemos, mas mais marcadamente depois que chegamos ao governo – fez com que a campanha fosse mais radicalizada. Nós temos uma estratégia de campanha, temos uma candidata competente, que tem experiência de vida, e estamos preparados para qualquer embate. Gostaria que a campanha, ao terminar, além do somatório de votos, tivesse um crescimento da consciência política da sociedade. Que as pessoas saiam do processo eleitoral gostando mais de política, se sentindo participativas, dispostas a exigir e a cobrar mais dos eleitos. Eu espero isso. Se ficar só na agressão pessoal ou partidária, a gente não politiza a sociedade.

Essa queda de qualidade na oposição, que não privilegia o debate de projetos, tem a ver com o perfil do Fernando Henrique, do estilo dele de ser oposição?

Neste momento, há um esforço muito grande, enorme, de uma parte da imprensa brasileira de tentar ressuscitar o Fernando Henrique Cardoso. Tem muita gente que tem 30 anos hoje e nem lembra que o Fernando Henrique Cardoso foi presidente da República. Há uma tentativa de ressuscitá-lo como porta-voz de um partido que não se comporta como partido de oposição, porque não tem um programa alternativo para a sociedade. O que tem, na verdade, é uma imprensa partidarizada. A grande oposição no Brasil hoje não é o PSDB, é a imprensa. Enquanto o candidato espera o ano inteiro para ter 45 dias, para ter o horário na televisão, eles fazem campanha 24 horas por dia durante o ano inteiro, não tem limite. O Fernando Henrique tem hoje pouca ascendência sobre a campanha eleitoral, tem pouco voto. E acho que é por isso que o PSDB, desde que ele deixou a Presidência, não utiliza ele em debate. O Aécio utilizou mais porque para ganhar dentro do PSDB, precisou do apoio do Fernando Henrique, que, como todo mundo sabe, historicamente não é muito simpático ao Serra. A qualidade da oposição caiu. Aliás, a qualidade do debate político caiu muito. E Fernando Henrique tem responsabilidade nisso, porque puxa para baixo o debate, quando poderia elevar. Essa que ele disse agora, que quem votou na Dilma é a parte mais desinformada da sociedade, do Nordeste, é de uma grosseria elitista que jamais poderia sair da boca de um sociólogo. O cara estuda, mas a massa encefálica tá pronta na cabeça dele. Ele não pode mudar. Ele pensa exatamente assim, que o Brasil tem de ter uma camada pobre que não tem direito a nada. Hoje, o cidadão tem mais cidadania, mais salário, política de transferência de renda, crédito consignado, crédito rural, tudo melhorou. Então, o mundo que ele vê é do tempo que ele governava. Por isso, rebaixa tanto o debate político e econômico.



Assim como em 2010, logo depois do primeiro turno houve manifestações nas redes sociais contra os nordestinos. A conscientização não avançou, vivemos uma certa separação, principalmente, entre Sudeste e Nordeste?

Acho que o nível de consciência política às vezes acirra esse debate. Mas se você olhar historicamente, grande parte dos políticos nordestinos sempre achou que São Paulo age com eles como os Estados Unidos age com outros países. Que São Paulo é uma espécie de Estado imperialista. E, ao mesmo tempo, São Paulo leva sempre vantagem, porque é o mais rico. O que nós começamos a fazer? Começamos a estabelecer uma política de desenvolvimento que levasse em conta a diminuição das desigualdades regionais. Permitir que o país fosse mais igual, tivesse mais escolas, diminuísse a mortalidade infantil, o analfabetismo, que tivesse mais empresas e mais emprego no Nordeste. E esse foi o grande mote que fez com que o Nordeste crescesse mais do que São Paulo. E você percebe que a importância da economia paulista em relação ao PIB tem diminuído. Não é só porque tem perdido empresa, é porque o Nordeste tem ganhado empresa e gerado desenvolvimento mais rápido. O que é normal. E as pessoas começam a ter direitos, a exigir mais, e aí fomenta essa divergência que eu acho absurda. Não é só no Brasil. No mundo inteiro, sempre foi assim. Quando a camada mais pobre ou uma região começa a ascender socialmente, aqueles que já ascenderam começam a ficar com raiva. É mais gente no restaurante, no avião, no aeroporto, viajando de trem, no shopping. E gente que eles não conheciam, que antigamente não conseguia entrar no shopping. Isso vai criando um certo rancor… Esse pensamento, graças a Deus, está na cabeça de uma minoria. E não tem preconceito com nordestino rico, contra o negro rico. O preconceito está ligado à possibilidade econômica das pessoas. Eu fico triste quando um homem como Fernando Henrique Cardoso abre a boca para falar uma bobagem dessa.

Como o debate de projetos escondido no noticiário, o destaque de todos os jornais são as “denúncias” do diretor da Petrobras investigado, do doleiro. De que forma esse clima afeta a campanha da presidenta Dilma?

Estou muito preocupado. Eu tenho a impressão de que neste país tem sempre uma tentativa de golpe. Tem sempre um Carlos Lacerda querendo derrubar alguém. Você tem um processo em que as pessoas estão fazendo delação premiada, esse processo está nas mãos de um ministro da Suprema Corte, porque não pode vazar, porque depois da delação é possível investigar se é verdade. Estranhamente, como a Suprema Corte reivindicou o processo para lá, o juiz convoca as pessoas para depor e colocar na internet o depoimento, quase como se fosse uma ação política, quase como se fosse "vamos fazer um depoimento agora para dar material de campanha para os adversários do PT". Se daqui a três ou quatro meses for provado que não é verdade aquilo que ele falou, o prejuízo está feito. É gravíssimo o que está acontecendo, às vezes me cheira a tentativa de golpe mesmo, de colocar em risco o processo democrático. O que foi prometido para esses senhores na delação premiada? Será que foi só diminuir a pena ou será que foi prometido “se o PT for derrotado, poderá ter mais coisas?” A gente não sabe. É um processo insidioso, porque não tem nenhum momento na história do Brasil em que o governo investigou mais qualquer denúncia contra qualquer pessoa como neste governo, que tenha a quantidade de instrumentos, desde a transparência das coisas que o governo faz, até a fiscalização do Ministério Público, do Tribunal de Contas, da Controladoria Geral da República. Ou seja, é o governo que criou a Lei de Acesso à Informação. Eu me preocupo, porque acho que isso é uma tentativa de fazer interferência no processo eleitoral a 15 dias das eleições.

Ontem (quinta, 9 de outubro) houve um debate na GloboNews entre o ministro Guido Mantega e o Armínio Fraga (ex-presidente do Banco Central no governo FHC). Enquanto o ministro Mantega enfatizava os ganhos sociais decorrentes das escolhas econômicas que o governo fez, o Armínio insistia na necessidade de arrumar a casa. Como essas diferenças de pensamento podem ser traduzidas?

Quando o Armínio Fraga fala em arrumar a casa, é porque ele não tem coragem de dizer que é preciso ter um pouco de desemprego, na lógica dele, é preciso diminuir os ganhos salariais e o salário mínimo, acabar com essa política de transferência de renda, e é preciso dificultar o crédito. Se ele pudesse falar fora do processo eleitoral o que ele ia fazer, era exatamente isso. Por isso que ele fala “arrumar a casa”. Ele não é nenhuma arrumadeira, porque quando estava no Banco Central ajudou a desarrumar a economia deste país. A inflação estava 12,5% quando eu cheguei na Presidência da República, o Brasil devia US$ 30 bilhões para o FMI. Viviam, ele e o Malan (o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan), nos Estados Unidos buscando dinheiro para fechar a conta no final do mês, nós tínhamos um desemprego de quase 13%, o salário dos trabalhadores não aumentava, o salário mínimo não aumentava... Então, ele, na verdade, é um desarrumador de casa. Quem arrumou a casa fomos nós, que provamos que é possível aumentar o salário mínimo, o salário das categorias organizadas, que é possível fazer política de transferência de renda e, ao mesmo tempo, é possível controlar a inflação. É importante que o povo saiba claramente que o que está em jogo é um projeto de volta ao que nós já conhecemos há muito tempo neste país, a um passado em que os trabalhadores faziam greve e não ganhavam nada.

Eu cansei de fazer greve, às vezes nem inflação a gente recebia. Então, eu acho que o Guido e a presidenta Dilma têm dito, em todas as oportunidades que eu vejo eles falarem, que esta é uma crise do capitalismo, feita pelo sistema financeiro, no coração do sistema financeiro e que os trabalhadores não têm de pagar. Logo que saiu a crise, em 2008, o Gordon Brown (ex-primeiro-ministro do Reino Unido) fez umavisita ao Brasil e foi uma coisa que a imprensa deu muito destaque quando eu disse: olha, é importante que vocês saibam que não são os negros da África, os índios da América Latina os responsáveis por essa crise. Os responsáveis são os loiros de olhos azuis. E a Dilma tem dito categoricamente: não haverá prejuízo para o trabalhador brasileiro com essa crise. Apesar do negativismo da imprensa brasileira, há um reconhecimento no mundo inteiro do milagre que o Brasil fez. Embora o PIB não esteja crescendo tal como todos nós gostaríamos, a verdade é nós estamos com desemprego menor do que muitos países que conhecemos e são desenvolvidos. E esse é um valor extraordinário, emprego; e as pessoas ainda tendo aumento real de salário. Isso é muito importante. Todo mundo vê o Armínio falar de vez em quando “o salário mínimo está muito alto, cresceu em demasia”. O que ele quer? Não pode aumentar o salário mínimo? Fazer ajuste fiscal e fazer o trabalhador pagar o preço? No nosso governo não vai acontecer isso.

Ele também fala sobre diminuir os bancos públicos...

Mas é importante a gente lembrar que eles queriam privatizar todos os bancos públicos. O que incomoda para eles os bancos públicos? Quando estourou a crise em 2008, numa conversa que tive por telefone com o presidente Obama, comecei a mostrar que seria importante que os Estados Unidos tivessem um sistema financeiro mais ou menos igual ao nosso, que temos três bancos públicos fortes, e temos bancos privados fortes. Eu citava o Banco do Brasil, a Caixa, o BNDES como os três instrumentos que me permitiram acionar para tirar o Brasil da crise.

Logo que veio a crise, nós liberamos R$ 100 milhões do compulsório na expectativa de que o sistema financeiro utilizasse o dinheiro para financiar o mercado. O que aconteceu? Pegaram e compraram títulos do governo. Ou seja, fomos obrigados a fortalecer os bancos públicos. Foram o Banco do Brasil, a Caixa e o BNDES que não deixaram este país entrar na bancarrota. São esses bancos que fazem o crédito para a agricultura, que financiam Minha Casa, Minha Vida, a agricultura familiar. Esses bancos têm uma importância extraordinária para este país. E eles querem acabar.

Na nossa visão de Estado, os bancos públicos têm um papel extraordinário de equilíbrio no mercado financeiro. Eles se incomodam porque o BNDES está emprestando muito dinheiro que eles gostariam de emprestar. Emprestem! Agora, se tiver gente precisando de dinheiro e os bancos não querem emprestar, o governo vai ajudar, porque queremos que se empreste para o desenvolvimento do país.

Então, eu acho que o povo tem de ficar alerta. O “arrumar a casa” deles é tirar aquilo que o povo conquistou neste período de 12 anos. É diminuir o papel dos bancos públicos, ou vender. Eles já queriam fazer isso 12 anos atrás. Eles querem vender o patrimônio do país e, por isso, eu acho que eles não vão ganhar as eleições, porque o Brasil aprendeu que os bancos públicos têm um papel extraordinário no desenvolvimento da nossa economia.

Esse debate muito concentrado em inflação, superávit, PIB não acaba marginalizando a discussão sobre a política industrial?

Na verdade, se discute política industrial, o governo tem propostas de inovação. Nós demos um salto de qualidade na indústria automobilística. De vez em quando, vejo as pessoas dizerem que não tem investimento. Faz quatro anos consecutivos que o Brasil é o terceiro ou quatro país a receber investimento direto. Este ano, vamos chegar a US$ 67 bilhões. No tempo deles, acho que o máximo que conseguiram foi US$ 19 bilhões, e eles faziam festa.

Quando eu estava na Presidência, muitas vezes eu discutia com o Palocci (Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda), com o Meirelles (Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central), com o Guido (Mantega, então do Planejamento, hoje Fazenda), uma coisa que não é muito aceita pelos economistas. Você tem de discutir superávit e meta de inflação, sim, mas vamos discutir meta de inflação, e vamos discutir meta de crescimento. Tentar estabelecer compromisso de controlar a inflação e de fazer a economia crescer.

Não é uma discussão fácil, porque eles (economistas) acham que não combinam as duas discussões. É um debate que nós precisamos fazer. Se eu não tiver uma meta, eu não vou atrás. Quando eu estava na Villares (metalúrgica em que Lula trabalhou no ABC Paulista) a gente recebia um lote de peças e uma cartela que dizia em quantos minutos era pra fazer cada peça. Então, eu acho que, na economia, nós também precisamos inovar. Vamos estabelecer meta de crescimento, de investimento, ciência e tecnologia, dar desafios para a gente mesmo cumprir.

Entraria emprego na meta do Copom, que considera basicamente a situação inflacionária?

Veja, o governo estabelece meta. O Banco Central só tem como instrumento os juros. Ou seja, o governo tem outro instrumento, que é cortar ou estimular o crédito. Quando chegamos na Presidência da República, no Brasil inteiro tinha apenas R$ 380 bilhões em oferta de crédito. Hoje, só o Banco do Brasil deve ter R$ 675 bilhões ou mais. Então, você tinha uma opção. Reduzir a taxa Selic e cortar o crédito. Eu dizia: cortar o crédito é cortar na veia. A taxa Selic pode demorar seis meses para surtir efeito. Agora, quando você corta o crédito é no dia seguinte. O cara não vai na loja comprar.

Então, eu era favorável... Aumentava a taxa Selic e diminuía a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo). A gente foi manuseando isso. E deu certo. A TJLP é bem menor que a taxa Selic. A gente não pode usar a palavra “subsidiado” porque a Organização Mundial do Comércio vai encher o saco, mas você pega a Caixa Econômica, o Minha Casa, Minha Vida, se a pessoa tivesse de comprar uma casa de R$ 60 mil pelo sistema financeiro normal ela pagaria R$ 900 por mês. Ela paga R$ 50 porque é subsidiado. E se não for subsidiado, como o pobre vai ter casa? O Estado tem de assumir.

É como o programa Luz para Todos. No tempo do Fernando Henrique Cardoso, tinha o Luz no Campo, em que o cara tinha de pagar tudo. Ora, mas o cara que está no meio do mato não pode pagar nada. Vamos levar pra ele. Isso custou quase R$ 20 bilhões aos cofres públicos, mas esses cidadãos têm o direito de serem tratados como o cara que mora na avenida Paulista, em Copacabana, ou na Marechal Deodoro... E nenhuma empresa privada vai levar energia se não tiver retorno. Então, o Estado tem de levar.

O debate econômico é estreito?

Acho que o debate econômico tem de ser mais plural. Hoje, nós não temos mais debate econômico porque você não tem economista, é só analista de mercado, analista de mercado, analista de mercado. O debate passa por isso. Tentamos fazer isso, e a Dilma tenta fazer, mapear quais os setores em que o Brasil é competitivo. Sabe o que acontece?

Vou te dar um exemplo. Na agricultura, o Brasil é altamente competitivo. Nós temos tecnologia, terra, água, sol. Esse é um setor em que o Brasil pode avançar. O setor de papel e celulose, podemos ter uma indústria extraordinária neste país. Na indústria química, o Brasil pode se tornar competitivo. Precisamos abrir novos mercados para que a gente possa competir com os chineses, os americanos, os alemães, naquilo que a gente pode competir.

E essa discussão de desenvolvimento tem de estar ligada ao debate econômico. Debate econômico não é só inflação, dívida pública... É discutir geração de emprego, poder do salário, ganhos sociais do povo brasileiro, industrialização, investimento em infraestrutura. A gente não pode deixar de lembrar que nós, em 12 anos, recuperamos a indústria naval brasileira. Em 1970, nós eramos a segunda indústria naval do mundo. Em 2000, a gente tinha acabado. E nós recuperamos, já está com 86 mil trabalhadores e vai continuar crescendo. Quando o Brasil tenta fazer, teima, consegue.

Fonte
 
Última edição:
No Congresso muda quase nada, PMDB e PT continuarão forte lá. Aliás, a bancada conservadora foi a que teve maior crescimento nesta eleição. Ou seja, confirma aquilo que eu já suspeitava, o brasileiro está cada vez mais retrógrado, intolerante, violento e mal educado em todo os níveis.

Pra mim o principal problema é que agora o congresso e senado tem se comportado como enfeites ou fantoches. Tipo passando por cima da câmara e do senado:

http://eniomeneghetti.com/tag/emprestimos-internacionais/
 
Minha opinião se o PSDB ganhar, o PMDB pula o barco se receber alguns ministérios.

Tá para nascer o dia que o PMDB vira oposição.
 
Respirei fundo e li a entrevista do Lula. Ele é uma figura mesmo, dizendo que o FHC baixou o nível do debate. É claro que ele falou merda quando disse quem vota na Dilma é desinformado, mas é muito coitadismo do Lula fingir que não viu a Dilma dar indiretas sobre Lei Seca e Maria da Penha. Isso sem contar a comparação com o nazismo. Continua sendo o Imperador Universal do Chorume Cósmico.
 
DILMA E LULA SABIAM DA ROUBALHEIRA NA PETROBRAS, DIZ YOUSSEF
SE FOR VERDADE, É MATÉRIA DE IMPEACHMENT SE ELA FOR REELEITA. JÁ SERIA AGORA, MAS NÃO HÁ TEMPO

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Aquilo que os petistas tanto temiam desde o começo aconteceu: a operação Lava Jato bateu em Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República, e em Dilma Roussef, Eles sabiam da roubalheira vigente na Petrobras. É o que o doleiro Alberto Youssef assegurou à Polícia Federal e ao Ministério Público no curso do processo de delação premiada. Está na capa da VEJA, que começa a circular daqui a pouco. Eis a imagem. Volto em seguida.

Eu poderia engatar aqui aquela máxima de Carlos Lacerda sobre Getúlio Vargas, só para excitar a imaginação de Lula, trocando a personagem. Ficaria assim: “A Sra. Dilma Rousseff não deve ser eleita. Eleita não deve tomar posse. Empossada, devemos recorrer à revolução para impedi-la de governar.”

Mas aqueles eram tempos em que as pessoas prezavam muito pouco as instituições, a exemplo de certos partidos que estão por aí. Eu não! Eu prezo a lei e a ordem. Eu prezo a Constituição do meu país. Eu prezo os Poderes constituídos.

Se as acusações de Youssef se confirmarem, é claro que Dilma Rousseff tem de ser impedida de governar caso venha a ser reeleita, mas em razão de um processo de impeachment, regulado pela Lei 1.079, que estabelece:

Art. 2º Os crimes definidos nesta lei, ainda quando simplesmente tentados, são passíveis da pena de perda do cargo, com inabilitação, até cinco anos, para o exercício de qualquer função pública, imposta pelo Senado Federal nos processos contra o Presidente da República ou Ministros de Estado, contra os Ministros do Supremo Tribunal Federal ou contra o Procurador Geral da República.

E o texto legal estabelece os crimes que resultam em perda de mandato. Entre eles, estão:
- atuar contra a guarda e o legal emprego dos dinheiros públicos;
- não tornar efetiva a responsabilidade dos seus subordinados, quando manifesta em delitos funcionais ou na prática de atos contrários à Constituição;
- proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo;


Se é como diz Youssef — e lembro que ele está sob delação premiada; logo, se mentir, pode se complicar muito — , pode-se afirmar, de saída, que Dilma cometeu, quando menos, essas três infrações, sem prejuízo de outras.

Trecho do diálogo de Youssef com o juiz:
— O Planalto sabia de tudo!— Mas quem no Planalto?, perguntou o delegado.— Lula e Dilma, respondeu o doleiro.

Se Dilma for reeleita e se for verdade o que diz o doleiro, DEVEMOS RECORRER ÀS LEIS DA DEMOCRACIA — não a revoluções e a golpes — para impedir que governe. Afinal, nós estamos em 2014, não em 1954.

Por Reinaldo Azevedo

 
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Não tenho dúvidas de que esse texto será muito mal recebido aqui, but... here we go.
Texto do economista e professor da UFSC, Nildo Ouriques, que saiu pela Le Monde Diplomatique Brasil:

Plano Real: o mito da estabilidade e do crescimento
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A vida sustentada pelo antigo mito da estabilidade em que se apoiaram os governos tucanos já não é mais possível e, de certa forma, tampouco o governo petista pode manter o controle da situação apenas com o “princípio de transformação da matéria mítica”, o crescimento

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por Nildo Ouriques
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O Plano Real é o maior pacto de classe conquistado pela burguesia brasileira após abril de 1985. Fernando Henrique Cardoso lançou mão da antropologia estrutural de Lévi-Strauss para justificar sua adoção poucos dias antes de sua eleição para a Presidência da República ao assinalar o caráter simbólico, de extração mítica, da estabilização monetária. “A minha experiência de campanha é a seguinte: tudo aqui é simbólico. Você necessita criar um mito. E tem que contar a mesma história repetindo quem é bom e quem é mau. Tem que ter dois ‘Y’ e vai mudando na estrutura do mito, como Lévi-Strauss. É binário: o bem e o mal. Tem que contar durante toda a campanha de várias maneiras, o mesmo mito. Em nosso caso é a moeda. O que é o mal? A inflação. O que é o bem? A estabilização. Foi o que fizemos. A cada momento eu ataco outra vez o mito principal. Mito no sentido antropológico. Você tem que chegar à estrutura mais elementar e insistir nela. A cada três ou quatro programas eu volto ao assunto. O real é bom, a inflação é má. Quem está com a inflação são os maus, quem está com o real são os bons. Foi apenas isso.” (Veja, 27 set. 1994)

Enfim, o mito da moeda forte deu a eleição a FHC. No entanto, ainda que exale certa elegância, a lição estava incompleta. A antropologia estrutural de Lévi-Strauss, o antropólogo francês, revela a estrutura binária do mito, mas indica também, em outro texto, a importância da “morte dos mitos”, algo útil para analisar a situação atual quando observamos sinais de exaustão social com a estabilidade monetária.

No contexto brasileiro, quando as dificuldades do Plano Real se revelaram no segundo mandato de FHC e amplos setores sociais começaram a exigir o crescimento econômico, ocorreu o “princípio de transformação da matéria mítica”, ou seja, do mito da estabilidade nasceu o mito do crescimento econômico. Na primeira fase – os dois mandatos de FHC –, a função do mito garantiu a necessidade burguesa da estabilidade monetária. O ativismo sindical da época inflacionária não somente desacreditava o mercado, como indicou o comportado Keynes, mas, sobretudo, permitia que a luta dos trabalhadores para recuperar o poder de compra corroído pela inflação alta impulsionasse níveis de consciência crítica maior no sindicalismo brasileiro. No período presidencial de Lula, quando a estabilidade já era “pão comido” e as novas gerações já não se iludiam com o fantasma da volta da inflação – na realidade, estavam muito mais interessadas na luta contra os baixos salários –, surgiu no final do primeiro mandato (2003-2006) o mito do crescimento, ou seja, o princípio da transformação da matéria mítica que consta na antropologia estrutural do professor francês que se fez intelectual na colonização da USP.

Não há, portanto, oposição entre a fase neoliberal do Plano Real (governo FHC) e a emergência da fase desenvolvimentista (governos Lula e Dilma). Há, antes de tudo, necessária continuidadeentre os dois governos, ainda que a fabricação da opinião pública insista na oposição partidáriaentre petistas e tucanos, como se, de fato, ambos não compartilhassem a mesma razão economia-política. Na prática, tem razão Gilberto Vasconcellos ao afirmar a existência do “petucanismo”, essa perversa forma de dominação burguesa que perpetua odesenvolvimento do subdesenvolvimentono país, limitando o destino da nação à condição de um anão no jogo de poder mundial, da mesma forma que realiza uma inédita digestão moral da pobreza conveniente para as classes dominantes e, de quebra, exibe a impotência da burguesia industrial comandada por São Paulo.

Não há que se iludir sobre o fundamental, pois tanto a fase da estabilidade econômica quanto o posterior “crescimento” outro destino não possuem senão a manutenção do país na condição de um gigante com pés de barro. Ambas as fases – a estabilidade e o crescimento – têm um custo demasiadamente elevado e comprometem não somente o futuro das próximas gerações, mas impedem, de maneira radical, a construção de um projeto nacional. Não deixa de ser expressão desse pacto de classe a quase coincidência entre os economistas de todos os candidatos com possibilidades eleitorais nas eleições que se aproximam. As divergências entre eles estão reduzidas quase que exclusivamente a uma “crise gerencial”, como se estivéssemos limitados a uma crise de competência na gestão da mesma política.

Nesse contexto, não haverá jamais – ao contrário da ideologia que rola entre os economistas como se fosse conhecimento científico – a possibilidade de uma combinação ótima entre as metas de inflação de um lado e a taxa de juros e de câmbio de outro, condição necessária para abrir a senda do crescimento. Há grave regressão intelectual na ciência econômica, pois os economistas se especializaram em explicar como o mundo deveria ser, e não as razões pelas quais ele é como é. Em consequência, atuam como ideólogos e destinam seu tempo e “teorias” ao ocultamento sistemático da realidade. Assim, ignoram as razões que levaram as distintas frações do capital ao desprezo das condições favoráveis existentes entre 2004 e 2008 para inaugurar a desejada fase de crescimento sustentado. Afinal, por que as travas do crescimento não foram removidas se as condições internas e externas eram então favoráveis?

Ao contrário do perigoso consenso estabelecido entre os economistas, opino que o megaendividamento estatal, a superexploração da força de trabalho e a severa regressão industrial são obstáculos insuperáveis para uma nova fase de expansão produtiva.

O Plano Real, o pacto de classe que paralisa o Brasil, sustenta-se sobre três pilares. O primeiro deles – tanto na fase da estabilização (FHC) quanto na do suposto crescimento (Lula/Dilma) – é o gigantismo do endividamento estatal (interno e externo). Em junho de 1994, a dívida interna não superava R$ 64 bilhões e FHC concluiu seu segundo governo com R$ 700 bilhões. Lula não ficou atrás: após oito anos, a dívida interna alcançou R$ 1,5 trilhão e Dilma tampouco vacilou em superar os R$ 3 trilhões. Na mesma direção, o endividamento privado externo voltou a crescer e contribui de maneira direta para manter o automatismo da dívida segundo o qual quanto mais o país “paga”, mais a dívida cresce!

A consequência necessária dessa opção é que em nenhum ano o Estado brasileiro destinou menos de 44% do orçamento para o pagamento dos juros e dividendos da dívida. O superendividamento estatal trouxe duas consequências nefastas: por um lado, inibiu severamente a taxa de investimento estatal, variável indispensável para impulsionar o investimento privado que a política desenvolvimentista requer e, por outro, naturalizou o princípio neoliberal de austeridade fiscal, permitindo somente em termos marginais programas sociais consistentes e a melhoria da infraestrutura que os neoliberais exigem. É fácil observar a incapacidade do Estado brasileiro – prisioneiro do automatismo da dívida – e a impotência dos governantes diante do quadro. Quando explodiram as jornadas de junho, as propostas para melhoria do transporte público exigidas por milhões de pessoas não foram mais do que cosméticas, como podemos agora comprovar. Os empresários reclamam da elevada carga tributária como se esta não fosse, de fato, um princípio do endividamento estatal programado em junho de 1994, quando o Banco Central elevou a taxa de juros aos incríveis 49,9%. Em oposição, eles preferem afirmar que a dívida é resultado de um Estado ineficiente e perdulário, “tese” sem qualquer sustento.

O segundo pilar do Plano Real é a superexploração dos trabalhadores, agora devidamente ocultada pela ideologia da emergência da “nova classe média” e as “teorias” do “precariado”, entre outras. A Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República divulgou há poucas semanas a metodologia que terminou por criar uma poderosa classe média em nosso país. Agora, a classe média altaestá definida pela rendapercapitaentre R$ 741 e R$ 1.019! Não é um luxo?

Antes da novidade, o quadro já era gravíssimo, pois no Brasil pelo menos 76% da população economicamente ativa recebe até três salários mínimos. A economia política inglesa ensina desde os tempos de Adam Smith (1776) a importância do salário mínimo necessário– aqui no Brasil calculado pelo Dieese –, que alcançou em junho o valor de R$ 2.979,25, razão pela qual mais de 80% da PEA não atinge sequer as condições mínimas de reprodução da força de trabalho. Contudo, não estamos de mãos abanando. No lugar da antiga lição da economia política inglesa, o governo – e a oposição tucana também! – lançou mão da caridade cristã na forma de política social. A política social criada no governo FHC e turbinada por Lula mais tarde destina migalhas da riqueza social aos pobres e simula a impressão de que os governos petistas são mais sensíveis do que os tucanos. Ninguém ignora o desprezo aos pobres e a violência contra os sindicatos durante o governo de FHC, mas não se pode tampouco desprezar o fato de que a riqueza pública cresceu de maneira expressiva na última década, razão pela qual as migalhas foram um pouco maiores nos governos petistas. No limite, a política social serve na prática de ideologia para a solução da “questão social” no estreito marco de um país dependente, onde, supostamente, já não seria mais um “caso de política” (Washington Luís) e poderia – na versão oficial – ser resolvida sem tocar na propriedade privada e/ou no poder político. Sem dúvida, o melhor dos mundos possíveis para a classe dominante! À classe média – e seus porta-vozes na TV que execram a política social petista e denunciam seu suposto caráter “populista” – fica garantida a paz social, pois os pobres já não são detentores de uma razão iracunda indispensável para a sobrevivência política e social e combustível necessário para o protesto social, mas se limitam à simulação de uma “cidadania” – necessariamente passageira e limitada – do consumo, sem custo maior para o Estado. Eis a razão pela qual, para dar apenas um exemplo, o principal programa do governo – o Minha Casa, Minha Vida – é tão modesto, incapaz de enfrentar ou sequer diminuir o déficit habitacional de 13 milhões que o país acumula.

Por isso, ao contrário do que diz a propaganda petista, os tucanos jamais revogarão os programas sociais dos últimos governos porque aqueles são parte de uma estratégia de dominação que interessa a ambos. Nenhum candidato da oposição eliminará os programas sociais e tampouco há sinais de que estamos diante da emergência de uma direita fascista capaz de atacar os pobres.

O terceiro pilar do Plano Real é o reforço do país numa posição adversa na divisão internacional do trabalho, ou seja, como mero exportador de produtos agrícolas e minerais. Esse processo aparece sob a forma de uma denúncia genérica contra a “desindustrialização”, cuja solução poderia ser – como indicam os tucanos – a redução ainda mais radical dos custos industriais via abertura industrial mais profunda destinada a importar peças, máquinas e equipamentos de países como a China. O governo descarta o nacionalismo econômico (política industrial) na pretensão de que com renúncia fiscal destinada a manter o consumo de geladeiras ou carros fosse possível constituir um projeto nacional e manter o pacto entre o capital transnacional e as frações perdedoras do agonizante capital nacional.

Contudo, contraditoriamente, há vida na agonia. A taxa de câmbio que denunciam sobrevalorizada é a mesma que permite aos industriais lucros extraordinários e, obviamente, dólar abundante e barato para importação de máquinas e equipamentos que aumentam a produtividade do trabalho e condenam o processo de industrialização que simulam defender. Os comerciantes não ficam atrás e se lançam no Sudeste Asiático na compra de todo tipo de mercadorias com as quais inundam o mercado interno, “segurando” a pressão inflacionária e aprofundando a desnacionalização.

A experiência histórica demonstra que não pode existir mercado interno forte sem nacionalismo econômico. Ademais, a manutenção da superexploração da força de trabalho e a acelerada desnacionalização da produção de máquinas e equipamentos fecham o cerco contra as ilusões desenvolvimentistas segundo a qual o mercado interno seria capaz de sustentar a expansão de taxas de crescimento superiores às modestíssimas exibidas no governo da presidente Dilma. O fim da reforma agrária em nome da expansão da fronteira agrícola destinada à produção para exportação elimina qualquer esperança num projeto nacional de desenvolvimento. Contudo, é indispensável para manter o pacto entre latifundiários e transnacionais, além de contemplar capitais industriais e comerciais nacionais.

Os sinais de esgotamento do pacto chamado Plano Real são claros. O crescimento não chegou, causando inocultável constrangimento aos desenvolvimentistas; além disso, mesmo a modestíssima pressão inflacionária permite aos neoliberais o clima necessário para retomar a iniciativa política exigindo mais “reformas” na direção de eliminar direitos sociais considerados excessivos num país dependente e a afirmação da velha ortodoxia neoliberal. No limite, todos os candidatos à sucessão presidencial tramam em silêncio um novo ajuste que será considerado tão inevitável quanto necessário para o futuro da nação após as eleições. As greves voltaram nos últimos dois anos e o humor dos trabalhadores com a promessa de estabilidade e/ou crescimento não é o mesmo de outros tempos. A vida sustentada pelo antigo mito da estabilidade em que se apoiaram os governos tucanos já não é mais possível e, de certa forma, tampouco o governo petista pode manter o controle da situação apenas com o “princípio de transformação da matéria mítica”, o crescimento. No mundo em crise, não pode haver dúvida a respeito: somente quando os trabalhadores superarem a condição cativa em que ainda se encontram poderão inaugurar um novo tempo em que construirão seu futuro com a energia criadora de suas próprias mãos, governados exclusivamente pela consciência crítica de seus próprios interesses.


Nildo Ouriques é Professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais e membro do Instituto de Estudos Latino-americanos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) . Email:nildo@cse.ufsc.br

Ilustração: Daniel Kondo
 
DILMA E LULA SABIAM DA ROUBALHEIRA NA PETROBRAS, DIZ YOUSSEF
SE FOR VERDADE, É MATÉRIA DE IMPEACHMENT SE ELA FOR REELEITA. JÁ SERIA AGORA, MAS NÃO HÁ TEMPO


Aquilo que os petistas tanto temiam desde o começo aconteceu: a operação Lava Jato bateu em Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República, e em Dilma Roussef, Eles sabiam da roubalheira vigente na Petrobras. É o que o doleiro Alberto Youssef assegurou à Polícia Federal e ao Ministério Público no curso do processo de delação premiada. Está na capa da VEJA, que começa a circular daqui a pouco. Eis a imagem. Volto em seguida.

Eu poderia engatar aqui aquela máxima de Carlos Lacerda sobre Getúlio Vargas, só para excitar a imaginação de Lula, trocando a personagem. Ficaria assim: “A Sra. Dilma Rousseff não deve ser eleita. Eleita não deve tomar posse. Empossada, devemos recorrer à revolução para impedi-la de governar.”

Mas aqueles eram tempos em que as pessoas prezavam muito pouco as instituições, a exemplo de certos partidos que estão por aí. Eu não! Eu prezo a lei e a ordem. Eu prezo a Constituição do meu país. Eu prezo os Poderes constituídos.

Se as acusações de Youssef se confirmarem, é claro que Dilma Rousseff tem de ser impedida de governar caso venha a ser reeleita, mas em razão de um processo de impeachment, regulado pela Lei 1.079, que estabelece:

Art. 2º Os crimes definidos nesta lei, ainda quando simplesmente tentados, são passíveis da pena de perda do cargo, com inabilitação, até cinco anos, para o exercício de qualquer função pública, imposta pelo Senado Federal nos processos contra o Presidente da República ou Ministros de Estado, contra os Ministros do Supremo Tribunal Federal ou contra o Procurador Geral da República.

E o texto legal estabelece os crimes que resultam em perda de mandato. Entre eles, estão:
- atuar contra a guarda e o legal emprego dos dinheiros públicos;
- não tornar efetiva a responsabilidade dos seus subordinados, quando manifesta em delitos funcionais ou na prática de atos contrários à Constituição;
- proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo;


Se é como diz Youssef — e lembro que ele está sob delação premiada; logo, se mentir, pode se complicar muito — , pode-se afirmar, de saída, que Dilma cometeu, quando menos, essas três infrações, sem prejuízo de outras.

Trecho do diálogo de Youssef com o juiz:
— O Planalto sabia de tudo!— Mas quem no Planalto?, perguntou o delegado.— Lula e Dilma, respondeu o doleiro.

Se Dilma for reeleita e se for verdade o que diz o doleiro, DEVEMOS RECORRER ÀS LEIS DA DEMOCRACIA — não a revoluções e a golpes — para impedir que governe. Afinal, nós estamos em 2014, não em 1954.

Por Reinaldo Azevedo


Vamos ver o que acontece... Já tem ação tramitando pelo visto. Agora se o partido não obedece nem dicionário (pelo vídeo do Joaquim), que dirá constituição. Se cair vai ser igual a máfia italiana.

Batalha no ar: advogado protocola pedido de impeachment de Dilma; leia as íntegras
https://br.noticias.yahoo.com/blogs...rotocola-pedido-de-impeachment-171507860.html
 

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