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Cite um trecho do livro que você está lendo! [Leia o 1º post]

A comunicação social é um risco tão grande quanto as referências materiais.

(Ilhas de História - Marshall Sahlins p. 10)
 
Tu serás exatamente como ele-tu terás renascido da tua própria morte.Desta guerra pessoal que tu travas absolutamente sozinha.E então ,exatamente neste dia, estarás pronta para o mundo, Maria Angélica.
E quando te deres conta,a despeito de tudo,
da dor,
da morte,
da tua beleza,
do teu medo ,
tu terás sobrevivido, Maria Angélica.
E então a vida será tua,irremediavelmente tua.
Mas tu ainda não acreditas nisso. Eu sei, eu sei.
(Um farol no pampa -Leticia Wierzchowski.)
 
O trago é mais amargo se pensarmos que morrer no exílio é o sinal de que nos foi negado, não apenas a Luvis, mas a todos nós, o supremo direito de abandonar o trem na estação onde a viagem começou. Tiraram de nós a nossa morte doméstica, simplesmente nossa, essa morte que sabe de que lado dormimos, de que sonhos se nutrem nossas vigílias.
Por isso, quando admitimos agora que Luvis, companheiro querido como poucos, partiu sem ter regressado, nós lhe prometemos lutar não somente para mudar a vida, mas também para preservar a morte, essa morte que é matriz e nascimento, a morte em nosso barro.
(...) Recordemos que entre os lugares comuns que cercam o negócio da morte no mundo capitalista, fala-se frequentemente da "última morada". Sem dúvida para um companheiro como Luvis, a morada em que o deixamos hoje será a penúltima, já que a última estará sempre em nós, em nosso afeto, em nossa lembrança. E será uma morada de portas abertas e janelas para o céu.
Só assim venceremos essa morte que parece sem regresso. E haveremos de vencê-la porque ninguém duvida de que Luvis regressará com aqueles de nós que conseguirmos voltar um dia à terrinha. Regressará em nossos corações, em nossa memória, em nossas vidas. Corações, memória e vidas que serão consideravelmente melhores pelo simples fato de retornarem com tão honesto e leal, tão digno e generoso, tão simples e veraz homem do povo.

Mario Benedetti, Primavera num espelho partido.

Eis um livro altamente recomendável. Benedetti constrói um retrato muito vivo da ditadura uruguaia nos seus desdobramentos de prisões, torturas e exílios.

Torna ainda mais patéticas as colocações de habituais e novos "reaças" - como o Lobão, por exemplo -, quando dizem que também queriam o exílio, desde que este fosse como o de Gil e Caetano, em Londres. Eles esquecem que o desterramento não foi passeio, mas uma máquina a serviço da tortura, que violentou relações sociais e familiares.
 
Bem, na verdade esse eu já li. Mas vá lá. É o livro Americans' Favorite Poems, uma coletânea de poemas favoritos do público americano. Não entendi direito como foi feita a seleção; alguns poemas estrangeiros entraram na jogada também, e achei que seria mais interessante se eles se ativessem apenas à produção de língua inglesa; mas, de todo modo, funciona assim: vários poemas compõem o livro e, antes de cada poema, um ou mais leitores comuns comentam a impressão que tiveram desse poema, o que lhes encantou etc.

Como disse, a seleção não é nada de apurado, nada de "melhores poemas". Você vai encontrar bons nomes, é claro; mas vai encontrar algumas coisas estranhas, como apenas um poema de Robert Browning e (acho) nenhum de Shelley, e mais de um poema de um outro autor qualquer.

Seja como for, o que realmente encanta no livro são as justificativas. É lindo ver leitores se encantando com poesia, e as opiniões que eles dão a respeito disso. Você vai encontrar desde veteranos de guerra até fazendeiros, crianças e vítimas de câncer. Não peguei o livro emprestado, então não tenho como citar de fato o que as pessoas disseram; mas talvez seja melhor assim mesmo, guardar na memória a impressão que essas pessoas tiveram disso, ou seja, poesia, discurso memorável, aquilo que faz você querer decorar (Auden e Derrida, respectivamente).

Um dos que mais me emocionaram, e é o que desejo citar, é o poema Otherwise de Jane Kenyon. Não achei lá um grande poema; nesse esquema de irromper na rotina e, a partir da rotina, esperar pelo inominável, pela perplexidade ou pela Vida, nesse esquema Drummond e Gullar têm poemas melhores. Mas a justificativa da leitora me encantou. O poema é:

OTHERWISE.
Jane Kenyon.

I got out of bed
on two strong legs.
It might have been
otherwise. I ate
cereal, sweet
milk, ripe, flawless
peach. It might
have been otherwise.
I took the dog uphill
to the birch wood.
All morning I did
the work I love.

At noon I lay down
with my mate. It might
have been otherwise.
We ate dinner together
at a table with silver
candlesticks. It might
have been otherwise.
I slept in a bed
in a room with paintings
on the walls, and
planned another day
just like this day.
But one day, I know,
it will be otherwise.

A justificativa era simples: tenho câncer; mas sei que há um "otherwise".

Como disse, cada comentário me cativou. Preciso reler o livro, muita coisa acabou fugindo...
 
No dia primeiro de outubro, eu tinha lido quarenta páginas de "No escuro", da Elizabeth Haynes. E eu tive de parar a leitura, porque estava muito angustiada, perturbada. O livro me atingiu de um jeito muito intenso. Na semana passada, retomei a leitura, e, mesmo sofrendo oceanos com a leitura, terminei de ler. O livro não traz algo novo, não é sobre um assunto desconhecido, não tem nenhuma estripulia estrutural, nada disso. Mas é soco no estômago.

O enredo é bem clichê: mulher divertida, extremamente comunicativa, que conhece um cara bonito e se envolve com ele. Ok, até aí, nada de novo. Nada que possa chamar a atenção. Mas é exatamente o que acontece com trilhões de mulheres. Nenhuma acha que isso vai dar merda, porque, teoricamente, não deveria dar merda (e não tô falando "dar merda" no sentido de o relacionamento acabar; isso é normal e talz).

Mas aí o livro mescla os capítulos entre o passado e o presente da protagonista. E a gente vê que essa mulher divertida, animada, pra cima, atualmente é uma mulher que sofre de transtorno obsessivo compulsivo e tem dificuldade para sair de casa, ir trabalhar, entre outras atividades simples, como se levantar da cama, já que fica horas conferindo se as janelas do apartamento estão fechadas, se trancou a porta direito, etc.

E a gente descobre que ela ficou assim depois de "se livrar" de um relacionamento abusivo. E a gente vai percebendo que aquela mulher não lembra, nem de longe, a Catherine de antes. E a gente se sente mal em ver como a violência física e psicológica pode destruir uma pessoa. Destroçar sonhos. Reduzir uma pessoa expansiva, cheia de vida, a quase nada.

Conheci muitas Catherines nos meus 27 anos de vida (aliás, minha porta de entrada para o feminismo foi, justamente, a ideia de combater a violência contra a mulher). E uma das coisas mais tristes sobre elas é que elas ouviram tanto que foram culpadas pelo que lhes aconteceu, que acabaram acreditando nisso. Por favor, parem de culpar as vítimas. Apenas parem. Parem de minar, ainda mais, a autoestima de quem já está destruída. Vocês são melhores do que isso. Vocês sabem que a culpa é do agressor.

E a coisa toda me incomoda de um jeito absurdo porque... isso não é só ficção. O livro não é ambientado em nosso país, mas poderia, tranquilamente, ser a história de uma das muitas brasileiras vítimas de relacionamentos abusivos. Quinze mulheres são mortas no Brasil por dia. Uma a cada uma hora e meia. Dá para ficar em paz com isso? Dá para não tentar fazer alguma coisa? Dá para não lutar? Eu não sei vocês, mas eu não consigo ficar confortável com isso. E, sinceramente, se um dia eu ficar, eu não vou gostar da pessoa que eu terei me tornado.

Sempre achei que mulheres que continuavam levando adiante um relacionamento violento e abusivo só podiam ser umas idiotas. Afinal, em algum momento elas deveriam ter percebido que as coisas tinham saído errado e que, de repente, haviam passado a sentir medo do parceiro – e, sem dúvida, era este o momento de terminar a relação. Deixá-lo sem pensar duas vezes, foi o que sempre pensei. Que motivo elas teriam para continuar? E eu já vira mulheres na televisão ou em revistas dizendo coisas como “Não é tão simples assim”, e eu sempre pensava, claro que é, é simples, sim – apenas vá embora, afaste-se dele. Somando-se a esse momento de percepção, um momento pelo qual eu já passara, notei que se afastar não era uma alternativa simples, afinal de contas. (p. 191)

P.S.: Saudade de vocês. Mas não sei mexer em nada no fórum todo bonitinho e talz. Beijos.
 
"O rei é um estrangeiro, frequentemente um príncipe guerreiro imigrante cujo pai é um deus ou um rei em sua terra nativa. Mas, exilado por seu próprio amor ao poder, ou banido por assassinato, o herói é incapaz de lá ser bem-sucedido. Em vez disso, toma o poder em outra parte e através de uma mulher: uma princesa nativa, que ele consegue por uma proeza milagrosa que envolve façanhas de força, artifício, estupro, habilidade atlética e/ou o assassinato de seu antecessor. O heróico genro, vindo de terras estrangeiras, demonstra seus dons divinos, obtém a filha da terra e herda a metade do reino ou mais. Antes de ser um conto de fadas, essa era a teoria da sociedade. "

(Ilhas de História - Marshall Sahlins, p. 114)
 
Autobiografia de um Iogue - Paramahansa Yogananda

"Se, de repente, em pleno firmamento
Mil sóis surgissem, todos num momento,
A inundar a terra de fulgor
Talvez possível fosse, então, fazer
Uma remota idéia do esplendor
E majestade do Sagrado Ser..."

A consciencia cósmica de Babaji. O livro é uma maravilha espiritual. Amei.
 
A luminosidade leitosa da aurora começa suplantar a claridade das fogueiras. A névoa que sobe do rio envolve em sua lanugem os contornos do terreiro e afoga numa uniformidade curiosa os primeiros raios de sol ainda invisível. Um rasgão deixa entrever a copa de uma árvore aqui e ali, mas o solo está coberto por uma nuvem esponjosa que vai enrolando seus inchumes na vegetação, feito um nevoeiro de teatro.

(As Lanças do Crepúsculo, Philippe Descola - p. 76)
 
"Chegou até mesmo a medir o tempo de vida dos soberanos e clérigos, que, sendo semelhante ao das pessoas com outras profissões, levaram-no a concluir que a prece não trazia nenhum benefício."

O Andar do bêbado - Leonard Mlodinow
 
As ilusões caem, uma após outra, como cascas de um fruto: e o fruto é a experiência. Seu sabor é amargo e, no entanto, tem qualquer coisa de ácido que fortifica.
Ó sábio! Tu nos deste o alimento dos fortes e nós fomos demasiado fracos para assimilá-lo. Esquecemos as tuas lições sabidas pelos nossos pais e perdemos o sentido da tua palavra, último eco de sabedorias antigas. Todavia, não desesperamos e, como fizeste no teu instante supremo, voltamos nossos olhos para o sol!
Sílvia, de Gérard de Nerval
 
"A fé cega, não examinando nada, aceita sem controle o falso como verdadeiro, e se choca, a cada passo, contra a evidência e a razão; levada ao excesso, produz o fanatismo. Quando a fé repousa sobre o erro, ela se destrói, cedo ou tarde; a que tem por base a verdade é a única segura do futuro, porque não tem nada a temer do progresso das luzes, já que o que é verdadeiro na obscuridade, o é igualmente em plena luz. Cada religião pretende estar na posse exclusiva da verdade; preconizar a fé cega sobre um ponto de crença, é confessar impotência em demonstrar que se tem razão."

O Evangelho Segundo o Espiritismo (Kardec)
 
(...) E na gaveta, o Novo Testamento. Nenhuma novidade até aqui. Essa coisa louca de colocarem um Novo Testamento em todos os quartos do mundo, como se fosse natural que hotéis nos enlouquecessem a ponte de virarmos fanáticos religiosos de uma hora para outra. Talvez fosse verdade. Pelo menos quando se está há três meses num hotel. Talvez por isso eu tenha aberto o Novo Testamento, para rir um pouco lembrando as aulas de catequese quando então vi que alguém rasgara um pedaço do Evangelho de João. Era certo que virara um baseado. Dava para ver pelo tamanho, e porque era um retângulo. Podem achar que já estou um pouco velho para ficar sorrindo com as transgressões alheias, mas eram essas coisas que me faziam simpatizar com a humanidade...

Carol Bensimon, Capitão Capivara, in Pó de Parede
 
"Aquele cara que quase me estuprou caso eu não fugisse a tempo deve ter sentido um cheiro. Um cheiro sinalizador, um cheiro que o incentivou. Cheiro de mulher que vai gostar. Eu não sei se iria gostar de ser brutalizada, um coito violento. Eu não sei. Poderia? Poderia. Não sei. Acho que não... (p. 21)"

"Sempre estive disposta a dar de comer à minha fêmea, a mulher esfomeada que desde menina salivava dentro da boca, a mocinha de má conduta que ninguém percebia, e tão bem eu fingia recato que só aos que me souberam farejar entreguei minha porção anárquica e insolente que tão bem camuflava. Mereceram. Os de bom nariz." (p. 59)

MEDEIROS, Martha. Noite em claro. Porto Alegre: L&PM, 2012. 64 p.



Pagando promessa pra @Melian rsrsrs
 
“Uma das mais conhecidas pinturas do Renascimento é aquela de Rafael Sanzio, na Biblioteca do Vaticano, no qual aparecem Platão e Aristóteles passeando pelos corredores da Academia. Em sua monumental composição, o artista imagina, capta e congela o exato instante em que os dois filósofos materializam no espaço, pelo movimento das mãos, a essência de suas respectivas doutrinas: Platão aponta para o alto e Aristóteles para baixo.
Sanzio_01_Plato_Aristotle.jpg
À parte a genialidade do artista, que seleciona, concentra, ordena e expõe visualmente a concepção de sua própria época, e o simbolismo da imagem, que resume a história da civilização ocidental, o quadro de Rafael consegue traduzir a difusa impressão – se exata ou não, tal não vem ao caso – do leitor que séculos depois se aventura a atravessar as seis ou sete mil páginas que formam a gigantesca obra deixada pelos dois máximos arquitetos espirituais do Ocidente. Platão se movimenta no espaço abstrato e rigoroso dos conceitos lógicos para – utilizando-os como tékne, ou ferramental – alcançar a sofia, isto é, o domínio de si próprio, o ordenamento da vida em sociedade e o conhecimento de Deus, o Sumo Bem. E Aristóteles mergulha na realidade empírica do mundo físico para dissecá-lo e assim conhecer as leis que governam o Universo. Simplificada e resumidamente, pode-se afirmar que o primeiro segue a trilha aberta pelos eleatas eo segundo a inaugurada pelos jônios. E que depois de ambos, insumidos e absorvidos – particularmente Platão – por um milênio e meio no triunfante universalismo ético-religioso da tradição israelita-cristã, a espécie humana em nada evoluiu. Pelo contrário, apenas regrediu. Pois se as perguntas e as respostas sobre a origem e o sentido do Universo continuam sendo praticamente as mesmas, a aplicação dos princípios lógico-científicos por ambos elaborados permitiram, por um lado, conhecer e controlar, em dimensão espantosa, as leis da natureza e, por outro, elevaram a um patamar talvez irreversível o potencial de destruição e o nível de irracionalidade desta mesma espécie humana em relação ao seu entorno. Mas como, uma vez desatada, a fúria do genius scientiae é incontrolável e o famoso aforismo de Lord Keynes [“A longo prazo estamos todos mortos”] continua mantendo plena validade, resta-nos apenar recordar Horácio em "Ad Leuconoem”: [Enquanto conversamos, foge implacável o tempo. Aproveita o presente; em nada confies no amanhã.]”

DACANAL, J. H. Para ler o Ocidente: Hélade, Israel, Roma: as origens de nossa cultura. Porto Alegre: Besouro Box, 2013, p. 147-148.
 
O Rei do Inverno, Bernard Cornwell:

"Os bardos cantam sobre o amor e sobre como as mulheres desejam o amor, mas ninguém sabe o que ele é até que ele, como uma lança atirada do escuro, ele acerta."
_______

- Não é bom ofender os Deuses - respondeu Artur, sombrio.
- Dizem que este Deus é do perdão - disse Nimue, cheia de desprezo. Melhor ofender um desses do que qualquer outro.
 
"O código de honra daqueles homens possuía um nítido sabor espanhol. Falavam muito em honra. No fim de contas o que realmente importava para eles era "ser macho". Outra preocupação dominante era a de "não ser corno". Não levar desaforo para casa, saber montar bem e ter tomado parte pelo menos numa guerra eram as glórias supremas daquela gente meio bárbara que ainda bebia água em guampas de boi.

(...)

Os "homens machos" da província de São Pedro pareciam achar que toda a preocupação artística era, além de inútil, efeminada e por isso olhavam com repugnada desconfiança para os que se preocupavam com poesia, pintura ou certo tipo de música que não fossem as toadas monótonas de seus gaiteiros e violeiros".

O Continente vol. 2 (O Tempo e o Vento) - Erico Verissimo

Apesar da visão de Carl Winter (foco narrativo do primeiro capítulo do livro) ser por vezes generalizada e, até mesmo um tanto exagerada, essas características do gaúcho ainda são muito fortes no estado. As constatações de Verissimo acerca dos continentinos, mencionadas através da figura do médico alemão, são verdades escrachadas. Há quem diga que as descrições são desmedidas, mas muito pouco é realmente excesso (o que pode ser justificado pela oposição que temos com o choque cultural de um alemão [europeu, culto, etc. etc.] que analisa a vida de um povo quase primitivo, analfabeto, que habita Santa Fé).
 
Última edição por um moderador:
De O Rei do Inverno de Bernard Cornwell.

Entendo que é possível olhar nos olhos de alguém e de súbito saber que a vida será impossível sem eles. Saber que a voz da pessoa pode fazer seu coração falhar, e que a companhia dessa pessoa é tudo que sua felicidade pode desejar, e que a ausência dela deixará sua alma solitária, desolada e perdida.
 
Mas quando você tem ordem, você não precisa dos Deuses. Quando tudo está bem ordenado e disciplinado, nada é inesperado. Se você entende tudo, não resta espaço para a magia. Só quando está perdido, apavorado e no escuro é que você chama os Deuses, e eles gostam de ser chamados. Isso os torna poderosos, e é por isso que gostam de que vivamos no caos.
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Então Guinevere quebrou o juramento do matrimônio - disse Nimue. - Você acha que ela foi a primeira? Ou acha que isso a torna uma prostituta? Nesse caso a Britânia está cheia de prostitutas até a borda. Ela não é prostituta, Derfel. Ela é uma mulher forte que nasceu com mente rápida e boa aparência, e Artur amou a aparência e não quis usar a mente dela. Não a deixou torná-lo rei, por isso ela se voltou para aquela religião ridícula. E tudo que Artur fazia era dizer como ela seria feliz quando ele pudesse pendurar Excalibur e começar a criar gado! - Nimue riu da ideia. - E como nunca ocorreu a Artur ser infiel, ele jamais suspeitou de Guinevere. O resto de nós suspeitava, mas não Artur. Ele vivia se dizendo que o casamento era perfeito, e o tempo todo estava a quilômetros de distância e a boa aparência de Guinevere atraía homens como a carniça atrai moscas. E eram homens bonitos, homens inteligentes, homens bem-humorados, homens que queriam o poder, e um era um homem bonito que queria todo o poder que conseguisse agarrar, por isso Guinevere decidiu ajudá-lo. Artur queria um curral de vacas, mas Lancelot quer ser Grande Rei da Britânia, e Guinevere acha esse um desafio mais interessante do que criar vacas ou limpar a merda dos bebês. E aquela religião idiota a encorajou. Árbitra dos tronos! - Ela cuspiu. - Guinevere não estava dormindo com Lancelot porque era uma prostituta, seu grande idiota, estava dormindo com ele pra fazer de seu homem o Grande Rei.

O Inimigo de Deus, Bernard Cornwell
 
A solidão é a escada para a adega do pensamento. Naturalmente, ela é inútil para aqueles que não têm nada em estoque.

(do conto A Moça Selvagem de Ohio - Joachim Ringelnatz)
Tentamos enganar o tempo para que perca o interesse em nós. O vagar é corajoso, pressupõe uma confiança; a pressa é a ausência da credibilidade num ritmo natural.

(do conto Inácia - Ana Teresa Jardim)
Arte e Letra: Estórias W - Alice Munro, Baldomero Lillo, Lucimar Mutarelli, CArlos Henrique Schroeder, Ana Teresa Jardim, Daniel Zanella, Alex Sens Fuziy, Joachim Ringelnatz, Frédérique Martin, Priscila Lopes, S. T. Coleridge, - 76 páginas - Arte e Letra
 

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