• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

[Coluna] Protestar não restringe o direito de ir e vir. Aumentar a tarifa de ônibus, sim

Infelizmente Clara, o problema de transporte (nem falo público) é uma realidade em boa parte das capitais.

Não só capitais. Aqui em Bauru, cidade com 350 mil habitantes no meio do Estado de São Paulo, a passagem é R$2,90 (se for dinheiro, no cartão é R$2,70), sendo que a rede de ônibus é uma merda. Esperar 40 minutos por um busão é normal. De domingo, é uma lenda. As linhas são mal feitas, e terminal urbano é sonho. Aliás, a Rodrigues Alves, principal avenida do centro, funciona como um "terminal" de quase 2km, já que quase todos os ônibus passam por ela (cerca de 70 linhas). Pior, ela tem sérios problemas no asfalto, precisa ser reparada há tempos, mas não rola pelo movimento nela.

Se bem que aqui a pressão surtiu um certo efeito: saiu um decreto hoje reduzindo a tarifa para R$2,63 no cartão e R$2,80 no dinheiro, a partir de quarta. Mas ainda não tá bom, considerando que ano passado a tarifa era R$2,40/2,60.
 
No caso específico de São Paulo é extremamente melancólico e deprimente ter um dos custos mais caros senão o maior do país e sabendo que várias outras capitais até tem o custo de combustível mais caro que ela, mas que conseguem ter uma tarifa mais em conta que Sampa.

Mas sabemos que isso acontece por vários outros fatores que deixa a cidade sem fluidez e nisso os ônibus de lá são obrigados a queimar muito combustível andando numa velocidade média lá bem baixa (segundo o que ouço nos jornais algo em torno de 15 km/h). Só os que andam nos corredores exclusivos é que conseguem andar um pouco mais.
 
Jornalistas são detidos em protesto em São Paulo: a PM tem saudades da ditadura

O que parte da Polícia Militar de São Paulo tem na cabeça?

Não bastasse a violência desnecessária com a qual lidou com a manifestação contra o aumento nas passagens de ônibus e metrô, que percorreu a região central da cidade, na noite desta terça (11), a PM agora deu de deter jornalistas.

Durante os protestos, vários colegas, como o do jornal Folha de S. Paulo, foram detidos em flagrantes cenas de abuso de autoridade por parte da força policial, simplesmente porque estavam cumprindo o seu dever de registrar o que acontecia e divulgar à sociedade. Ao que tudo indica, os que pertencem a veículos grandes foram soltos. Já Pedro Ribeiro Nogueira, repórter do portal Aprendiz, continuava detido até a manhã desta quarta enquanto escrevo este post.

Durante a dispersão do protesto, duas jovens estariam apanhando de policiais quando Pedro interveio. Ele teria feito uma escolha que nós, jornalistas, somos instados a viver muitas vezes na profissão: ficar observando, tentando se portar como um narrador em terceira pessoa (em uma concepção fictícia de imparcialidade), ou assumir que fazemos parte de um tecido social e interagir com ele.

Como resposta, teria sido atacado por sete policiais e levado para a delegacia. Ele estaria sendo acusado de dano qualificado e formação de quadrilha. Do jeito em que as liberdades individuais andam por aqui, trabalhar em redação jornalística passará a ser em breve formação de quadrilha. Se sobrar redação depois dos passaralhos, é claro.

Conversei com representantes do jornalista. Segundo eles, Severino Pereira, delegado que está cuidando do caso, não aceitou recebê-las, muito menos as testemunhas da prisão. Tentei contato com o delegado, mas sem sucesso.

Pedro estava onde um jornalista deveria estar na noite desta terça em São Paulo. E fez o que foi certo não apenas como profissional, mas como cidadão. E está sendo penalizado por isso.

Além do despreparo de parte da corporação para lidar com gente, a única coisa que posso pensar é que isso é herança reafirmada de uma ditadura militar que pode até ter ido embora, mas deixou seus métodos enraizados em nossa democracia.

Mais do que um país sem memória e com pouca Justiça, temos diante de nós um Brasil conivente com a violência como principal instrumento de ação policial. Enquanto não acertarmos as contas com o nosso passado, não teremos capacidade de entender qual foi a herança deixada por ele – na qual estamos afundados até o pescoço e nos define. Foram-se as garrafas, ficaram-se os rótulos. A ditadura se foi, sua influência permanece. Não somos um país que respeita os direitos e não há perspectivas para que isso passe a acontecer pois, acima de tudo, falta entendimento. Além do mais, veículos de comunicação que se furtam a mostrar todos os lados do fato e, consequentemente, fica mais difícil angariar apoio da própria população.

O impacto desse não-apoio se faz sentir no dia-a-dia nos protestos de rua, nos distritos policiais, nas salas de interrogatórios, nas periferias das grandes cidades, nos grotões da zona rural, em presídios, com o Estado aterrorizando parte da população com a anuência da outra parte.

Se esse jornalista for mantido sob custódia, sugiro que os representantes dos governos estadual e municipal se furtem a dizer, nos eventos dos quais estão participando na Europa, que o Brasil é um país com liberdade de expressão. Pois eles não saberão do que estão falando.

Fonte: http://blogdosakamoto.blogosfera.uo...o-em-sao-paulo-a-pm-tem-saudades-da-ditadura/

O que a imprensa internacional está dizendo? El pais:

Brasil se levanta en protesta contra el aumento de los precios del transporte

Las protestas llegan en un momento de crisis económica, con la inflación alta y la bolsa cayendo:


Brasil, poco acostumbrado a protestar en la calle, esta vez se ha levantado en las principales ciudades del país contra el aumento de los pasajes del transporte público. En São Paulo, este martes por la noche, por tercer día consecutivo, los manifestantes se enfrentaron contra la policía y quemaron dos autobuses.

En Río de Janeiro, donde han sido detenidas 32 personas, hubo otro enfrentamiento de la población con las fuerzas del orden. Para el jueves está anunciado un nuevo encuentro de protesta en Cinelandia, en el centro de la ciudad.

Las autoridades de las localidades donde crece la protesta han condenado las acciones violentas contra el patrimonio público. En São Paulo, uno de los puntos más candentes de la protesta, las manifestaciones encontraron al gobernador del estado y al alcalde de la ciudad en París, defendiendo la candidatura de la mayor ciudad de Brasil para organizar la Exposición Universal de 2020. Geraldo Alckmin y Fernando Haddad han sido duros con los manifestantes y con los actos de vandalismo.

Las manifestaciones han llegado en un momento de crisis de la economía con la inflación alta, la bolsa cayendo (ayer perdió un 3%) y el dólar rozando los 2,20 reales. La presidenta Dilma Rousseff, que llegó ayer de su viaje a Portugal, se ha mostrado preocupada por las manifestaciones, pero también por los problemas de la economía, que le han costado por primera vez una pérdida de ocho puntos en su, hasta ahora, alta popularidad. Anoche Rousseff convocó al Palacio de la Presidencia al ministro de Economía, Guido Mántega, y al de Justicia, José Eduardo Cardozo.

En la ciudad de Natal, los estudiantes, con sus manifestaciones, obligaron a las autoridades a rebajar las tarifas aumentadas de los transportes. Y en Florianopolis la paralización de los autobuses públicos fue del 100%. Cerca de medio millón de ciudadanos se quedó sin transporte colectivo.

Los precios de los transportes públicos en Brasil son muy altos en relación al sueldo base de los trabajadores, máxime cuando no existen abonos para los que los usan de forma regular. El billete sencillo en São Paulo, que permite un máximo de cuatro trayectos en tres horas (en la mayor ciudad de Sudamérica, con un tráfico proverbialmente infernal, muchos viajes tardan más que eso) cuesta 3,20 reales (1,12 euros). Para aquellos que tienen que hacer un viaje de ida y otro de vuelta seis días a la semana, el gasto en transporte puede superar los 200 reales al mes, cuando el salario mínimo es de 678 reales (238 euros).

Sin embargo, la clase media, poco acostumbrada en este país a las manifestaciones de protesta en las calles, está aplaudiendo a las autoridades, que han pedido mano dura a la policía contra las movilizaciones, que están paralizando el tráfico en ciudades ya de por si supercongestionadas.

Las manifestaciones están creando una alarma especial. Ni siquiera frente a los grandes escándalos de corrupción política la gente salió nunca a la calle. Una vez más, también aquí se hace realidad la famosa frase atribuida a Bill Clinton: "es la economía, estúpido".

Fonte: http://internacional.elpais.com/internacional/2013/06/12/actualidad/1371000636_370579.html
 
Última edição:
O protesto em si é uma afronta a ordem, e é assim que ele tem de ser, afinal não seria protesto, e sim apoio.
A polícia tem como premissa, manter a ordem, e muitas vezes é necessário acionar a força, o que na verdade é até bom, explico o porque.

A função do protesto é chamar atenção para algo, e nada melhor que sair no jornal não é? mesmo sendo chamado de vândalos tem muita gente com os olhos virados para o assunto em si, veja como chegou ate um jornal gringo. Isso não é coisa de Brasil, repressão é uma forma comum da força policial conter a desordem criada por um protesto, no EUA, em países europeus, no oriente médio, você vê sempre gente sangrando, os famosos "conflitos com a polícia", bombas de efeito moral e etc.

Acredito eu que o ponto a ser discutido aqui, nem é como a coisa acontece, e sim como ela é publicada. Não apenas a mídia e sim a população trata essas pessoas como vagabundos que nada tem a fazer, ainda é resquício da ditadura, muitas pessoas na faixa dos 50 anos viveu diretamente a época, e coisas como essas eram absurdo geral e total falta de controle do estado (aquele que decidia o que era bom ou ruim pra população). As mudanças no pensamento de uma população acontecem em gerações, é uma coisa lenta.

Agora vandalismo é inaceitável, e nem me vem com hipocrisia que tem que ter baderna para que a coisa seja levada a sério, pois se fosse o seu carro apedrejado o discurso mudaria e muito. Eu li hoje cedo esta notícia que prova que não precisa haver vandalismo para ter resultados. Você quebrar e roubar um banca de revista (como aconteceu no protesto de dias atras em São Paulo) não é defender um direito, é cometer um crime contra um cidadão que provavelmente sofre dos mesmos problemas de quem protesta, afinal o cara que trabalha na banca pode usar o transporte público para ir trabalhar.

Sim eu sei que tem muito vândalo que se infiltra no meio da bagunça para cometer atos, e também sei que muita gente que ta la, simplesmente aproveita da situação para tirar vantagem. Porém os próprios manifestantes tinham que tomar partido contra esses atos, mas isso seria uma utopia sem fim.
 
:lol:

Mito é a ideia da representactividade. A ideia de que os anseios da população se encontram representados, bem ou mal, por certa elite política electa para gobernar o país e promover tais mudanças.

A maioria desses anseios desses manifestantes são cousas de que eu discordo completamente, mas nesse caso específico tem sido bem interessante observar certas reacções.
 
Meus depoimentos (completo e resumido)

Às 19h30 saí do trabalho. Levei meia-hora pra subir a Av. Brigadeiro Luiz Antônio. Resolvi ir pra Paulista pra pegar alguns pedidos que havia feito e para me garantir de que uma certa pessoa que eu conheço não estivesse entre os manifestantes - quem trabalha comigo sabe de quem estou falando. Fiquei meia-hora na FNAC e ouvi um pouco de Duofel. Resolvi sair da loja e ir em direção à estação de metrô Trianon-Masp para chegar à Consolação - os pedidos foram feitos na Livraria Cultura. (Detalhe: apenas uma das entradas do estação Trianon-Masp estava aberta.) Desci na Consolação e procurei saber de notícias sobre a pessoa a que me referi antes - ela estava a salvo, não teve problemas. Contudo, do lado de fora da estação vinha o cheiro de gás lacrimogêneo. Ninguém podia sair da estação porque os seguranças fecharam os acessos alegando possibilidade de vandalismo - sim, em um espaço público. (Chances há de que houvesse vandalismo? Claro, mas também vi gente apanhando por nada e disso ninguém reclama, não é?) Saí pela estação Paulista e subi pra Avenida. Chegando lá, conversei com alguns repórteres e cinegrafistas tentando descobrir onde estavam os manifestantes - ainda achava (inocência minha!) que podia chegar ao Conjunto Nacional. Fui pro outro lado da Avenida e fiquei parado em frente ao Instituto Cervantes vendo a cena. Tudo calmo nesse extremo da Paulista tirando... um cordão de isolamento da PM que começou a fechar o acesso do pessoal à Consolação! Chega o carro do Choque e estaciona a alguns metros do restaurante América. Eles descem e disparam contra um grupo de pessoas que está subindo a rua ao lado da igreja e a drogaria Onofre - memória ruim nessas horas. Chega a cavalaria, vindo também da Consolação. Tudo calmo. De repente, o Choque se reagrupa e parte pra cima de um grupo de pessoas que gritavam "SEM VIOLÊNCIA", um policial começa a bater com um cassetete em um grupo de pessoas sentadas nas escadas externas de um prédio - como eu disse antes, não duvido que algum morador tenta tido que correr depois disso. Manifestantes? Grupo esparso pela Praça do Ciclista, outro grupo próximo ao Teatro Gazeta - nada que pudesse causar maiores problemas à Polícia. Parece meio poético/metafórico/fantástico/lírico, mas teve mesmo um cavalo que se recusava a seguir os demais e seu cavaleiro mal conseguia controlá-lo. A única baderna que eu vi na Paulista foi provocada pela própria Polícia. Sem mais.

- - - Updated - - -

Depois do que eu vi hoje na Paulista, só digo uma coisa: TODO O MEU APOIO VAI PARA OS MANIFESTANTES! Vi o Choque partir pra cima de gente que estava apenas sentada assistindo à cena, sem provocação alguma, bem como vi eles atacando pessoas paradas que apenas gritavam "SEM VIOLÊNCIA". Dizer que a PM de São Paulo é fascista é reducionismo de discurso, mesmo porque é impossível ter uma agenda política como essa dentro de um grupo tão desmembrado como a Corporação - em termos sociais, digo. Espero que essas cenas de agressão gratuita sejam divulgadas, porque, novamente, senti vergonha de saber que meus impostos bancam tudo, menos a minha segurança.

Obs.: Ambos os depoimentos dizem respeito aos eventos ocorridos durante manifestação realizada na Avenida Paulista no dia 13 de junho de 2013.
 
Última edição:
Eu não vou dizer que apoio a bagagem ideológica do MPL e muito menos dos manifestantes como um todo, aquela conversa de 'rev. francesa' etc, é enojante pra mim, mas quando a sociedade não tem referencial espiritual mais nenhum e tudo se fato é uma questão de lutar pelos seus direitos, eu os apoio sim. Não direito ilegítimos como já disse e repeti em vários tópicos por aqui mas em certos direitos que são legítimos apoio. Esse é um deles.

Nesses casos eu fico sempre do lado do povo. Pode ser uma massa amorfa facilmente manipulável como ensina a metafísica tradicional mas às vezes a massa consegue intuir, em suas necessidades, algo de concreto de que se possa valer. Talvez não seja o caso aqui mas eu mantenho a fé.
 
Em Santos, os motoristas não aceitam mais dinheiro como forma de pagamento da passagem do ônibus. Nunca vi absurdo maior que esse, em uma cidade que é turística, privar os moradores e os turistas de pagar pra usufruir de transporte publico. Alegam que é preciso primeiramente comprar o bilhete com um funcionário no ponto de ônibus ou em algum comércio que venda. Só que apenas em meia duzia de pontos é vendido o bilhete, e em nenhum lugar especifica quais são os comércios que vendem. E outra, se uma pessoa precisa pegar o ônibus depois das 10 horas da noite, desiste né, por que não tem mais comércio aberto, e por que os funcionários dos pontos de ônibus já foram embora faz tempo.

De acordo com o merda deprefeito, os motoristas têm que aceitar o dinheiro, se for no valor exato da passagem(que, por algum milagre, ainda está R$2,90), pois eles não têm trocado.
Mas não é o que eles fazem, e agora as pessoas têm que brigar pra conseguir pagar pra entrar no ônibus. Surreal.

Eu mesma já tive que descer do onibus, 9 horas da noite, por que o motorista não aceitou meu dinheiro. Andei 8 quilômetros a pé até a minha casa, por que toda essa merda tá errada, seja o governo, seja a empresa responsável pelo transporte.

E onde fica a constituição? O direito de liberdade de ir e vir? E a lei a nosso favor? A gente enfia no cu? Só usando o português claro pra falar sobre isso.
Transporte publico deixa de ser publico quando se tem que pagar.

E aí que vêm os manifestantes, que estão combinando de se encontrar em uma passeata pelos direitos do povo, e eu com certeza iria, mas agora com toda essa guerra entre policiais e ''vandalos'' que só querem seus poucos direitos preservados, fico até com medo de sair na rua no dia que acontecer.

Apenas um desabafo pra mostrar minha indignação.
 
Não entendi. Manifestação é vandalismo?

Não sei se estou muito por fora dos acontecimentos, mas esse é o resumo da ópera:

1) Pleitos válidos: Melhor serviço e reajustes de acordo com a inflação

2) Pleitos surreais do mundo de Cthulhu: "Se é público, pq é pago?"

Até onde eu li e ouvi da boca dos próprios manifestantes, essa é a bandeira maior do movimento. Sério isso? Alguém aqui realmente concorda com esse pleito? Em que dimensão o público implica gratuidade? Não é na minha.

3) Formas de manifestação válidas: Protestos nas ruas e talvez o fechamento de algumas vias.

4) Formas de manifestação não-democráticas: Coloquetel molotov (quem é que leva isso para uma passeata pacífica?), quebrar patrimônio público, botar fogo em sacos de lixo no meio das ruas e etc (estou falando sobre isso e isso).

Pronto, simples assim.
 
Eu não sou louco de dizer que a polícia (tanto o RJ quanto em SP) não se excede para conter os exageros das manifestações ou até mesmo antes que qualquer excesso ocorra. Só que eu não boto a mão no fogo por nenhum manifestante. Quem vai pra rua com coquetel molotov não parece estar interessado em manifestações pacíficas. Além disso, volto a dizer, acho que bandeira maior do movimento um completo absurdo.
 
No ideal de transporte publico gratuito concordo. Nenhum lugar é assim.
Pela merda que é nosso transporte público hoje. Ser gratuito não seria nada absurdo.
Com o preço de uma passagem de onibus fétido nosso atravessa-se Paris inteira com um pouco mais de conforto, muito maior rapidez e com bem mais informação.


Os filmes não foram pra denegrir os policiais, foi pra dizer que excessos sempre ocorrem em ambos os lados. E normalmente as discussões acabam morrendo em acusações mútuas usando estes casos como exemplos. Normalmente a verdade não está em nenhum dos 2 excessos.
O manifestante que sai a rua com coquetel molotov não tem mesmo que ser levado a sério. É bandido.
Policial que sai a rua louco pra fazer tiro ao alvo também não pode ser levado a sério. É bandido igualmente.
Mas o manifestante que sai limpo, tem que ser respeitado. Quer se concorde com a causa ou não.
Assim como se deve louvar o policial que saiu a rua pra proteger as pessoas daquele manifestante lá em cima que saiu com o molotov na mão.

De acordo com praticamente todos os relatos que eu vi, a manifestação era muito maior do que o vandalismo. Então os molotoveiros não eram a maioria dos manifestantes pra serem considerados porta-voz do movimento. Por mais que os jornais da televisão gostem de mostrá-los apenas.
 
não vou ficar debatendo causas, nem vou fazer de conta que entre os manifestantes não tinha quem queria só ver o circo pegar fogo. só acho que dois erros não fazem um certo, e a ação da polícia ontem desandou o angu de vez.

Em São Paulo, vinagre dá cadeia
O repórter de CartaCapital Piero Locatelli narra sua prisão por "porte de vinagre", revela a violência contra detidas e lamenta que não-jornalistas não tiveram a mesma sorte e seguiram presos


Eu comprei uma garrafa de plástico de 750ml de vinagre por menos de dois reais nesta quinta-feira 13. Fui a um mercado no caminho para a manifestação contra o reajuste das passagens, que iria cobrir para o site da revista.

Explico o porquê.

Acompanhei o primeiro protesto de perto na semana anterior. Na avenida Paulista, tive contato com bombas de gás lacrimogêneo. No dia seguinte, pela manhã, tinha a impressão de que havia passado um ralador em meu nariz e em meus olhos.

No segundo protesto, na última sexta-feira 7, manifestantes que seguiam pacificamente foram recebidos com mais bombas na zona oeste da cidade. No meio do ato, uma pessoa só com os olhos de fora espirrou vinagre na minha camiseta, dizendo para eu respirar e me cuidar.

Foi quando descobri que o vinagre atenua os efeitos do gás lacrimogêneo. O exemplo da manifestante desconhecida me fez ser mais precavido desta vez. Nesta quinta-feira, desembarquei do ônibus em frente ao metrô Anhangabaú. Ao chegar, vi dois estudantes sendo presos. Perguntei ao policial o que eles portavam. Ele falou em “artefatos”, sem especificar. Os presos responderam que era vinagre.

Eu não sabia que o mesmo iria acontecer comigo logo em seguida. No viaduto do Chá, a caminho da Praça do Patriarca, para onde os estudantes haviam sido levados, me deparei com jovens sendo revistados. Liguei a câmera do celular para filmá-los, quando gravei o seguinte diálogo:

SD PM Leandro Silva: Tira a sua [mochila] também.

Piero: Eu sou jornalista, amigo. Você quer a minha identificação?

SD PM Leandro Silva: Não, não. Não precisa não.

Piero: Tem vinagre aqui dentro. Tem algum problema?

SD PM Leandro Silva: Tem. Vinagre tem.

Piero: Por quê?

SD PM Leandro Silva: Pode ir lá [ser revistado]

Em seguida, minha mochila foi aberta enquanto eu continuava filmando (como é possível ver no vídeo) e pedia para pessoas próximas fazerem o mesmo. Questionei algumas vezes qual lei, norma ou portaria proibiria o porte de vinagre, mas não obtive resposta.

No caminho, tive a oportunidade de ligar para uma amiga, também jornalista, que estava indo ao ato. Disse a ela que estava sendo levado à praça do Patriarca.

Em seguida, continuei gravando. Foi este meu último diálogo com os policiais antes de ser colocado contra a parede de uma loja fechada na praça:

SD PM Pondé: Tá gravando aí, irmão?

Piero: Tô. Sou jornalista, amigo.

Cap. PM. Toledo: Vinagre... Pode ficar ali com a mão para trás.

Piero: Como é que é? Eu estou sendo preso? É isso?

Cap. PM. Toledo: Pega e fica ali com a mão pra trás! Coloca a mão pra trás aí! Mão pra trás! Mão pra trás e pega a sua bolsa! Mão pra trás!

Fiquei com a cara colada contra a parede. Enquanto isso, meu gravador permaneceu ligado em meu bolso. Este é um dos diálogos captados:

Policial homem não identificado pela reportagem: Encosta na parede! (2x) Mão pra trás! Coloca a mão pra trás! Mão pra trás!

Mulher: Para de me agredir. (2x) Você é homem.

Policial homem não identificado pela reportagem: Cala a boca! (3x)

Mulher: Para de me agredir. Eu não fiz nada (3x)

Policial homem não identificado pela reportagem: Quer uma policial feminina pra te agredir? Tá com spray!

Mulher: Eu não tô com spray! (2x)

Homem (policial?): Cala a sua boca! (3x)

Na sequência, a mesma mulher detida fala baixo com uma colega:

Mulher detida 1: O que ele fez com você?

Mulher detida 2: Ele me bateu com o cassetete.

Mulher detida 1: Onde?

Mulher detida 2: Em tudo. Na minha barriga, nas minhas costas.

(....)

Mulher detida 2: Ele me bateu, ele me agrediu, eu não fiz nada. Eu tava respeitando ele (2x). Ele tem que me respeitar. Eu sou uma cidadã.

Mulher detida 1: Calma. Calma. Calma. Ele não vai te respeitar porque ele tá passando dos limites. Isso é abuso de poder. Calma.

Logo após ter sido colocado contra a parede, estive ao lado de um fotógrafo, conhecido de outras pautas. Ele percebeu os flashes na parede em que nos escorávamos, disse que havia fotógrafos atrás de nós.

Eu tentei virar para ver se havia conhecidos. Não via ninguém e era recebido com gritos de policiais que me mandavam olhar para frente novamente e “não arranjar problema”.

Na terceira vez que virei, vi ao longe outro colega. Gritei o nome dele e fui colocado novamente contra a parede. Esses jornalistas se comunicaram novamente comigo por duas vezes. Na primeira, gritaram para eu virar e tirar uma foto. Na segunda, que haviam conseguido um advogado para mim.

Fui jogado em um ônibus da Polícia. Tentei perguntar por que eu havia sido preso e para onde eu estava sendo levado. Mais uma vez, não obtive resposta.

Dentro do veículo, policiais diziam que, caso houvesse pedras, era para seguir dirigindo. As ruas eram abertas por batedores, algumas motos que seguiam à frente.

Ao meu lado estava uma menina, pré-vestibulanda, que me perguntou cochichando porque estavam tirando fotos de mim no ônibus. Eu expliquei que era jornalista e aqueles eram amigos. Ela disse que “ao menos eu ia poder escrever sobre o que aconteceu, os outros não poderiam fazer o mesmo”. Falei que estávamos presos pelo mesmo motivo.

O ônibus da polícia seguiu por um caminho longo até o 78º DP, nos Jardins. Fomos colocados em fila para a revista. Pedi para colocar a blusa e um policial negou, dizendo que dali a pouco ia “ficar quente”.

Em seguida, finalmente explicaram porque estávamos ali. A delegada dizia que não estávamos presos, estávamos “sob averiguação”. Eu não sei a diferença. Tinham me levado para um departamento policial à força e não me diziam o motivo. Os meus documentos tinham sido retidos pela polícia.

Iriam fazer um Boletim de Ocorrência para todos os presentes. Segundo disseram os policiais, todos os outros (cerca de quarenta pessoas, nas minhas contas) haviam sido levados por conta do vinagre. A exceção era um que havia sido pego com entorpecentes.

Uma vez dentro da Polícia Civil, fui bem tratado. Vários policiais me perguntavam o que eu estava fazendo com um vinagre na mão. Eu tentava explicar e eles, incrédulos, não sabiam que o problema era justamente uma garrafa de vinagre. Cerca de duas horas após ser detido, fui liberado com a chegada de advogados. Deixaram que eu levasse o vinagre.

O fato de eu ser jornalista amenizou os problemas causados pela ação da polícia. A delegada chegou a me perguntar por que eu não havia me identificado como jornalista à Polícia Civil. A minha redação me disponibilizou um advogado e tentou contatar quem fosse possível. Meus amigos e outros colegas foram solícitos, mostrando o meu caso em redes sociais. A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) fez um comunicado falando da minha prisão, que foi reproduzido pelos maiores veículos do País.

Sou grato a todos eles por terem me ajudado. Só lamento que as histórias de todos os outros não tiveram a mesma conclusão. Ir e vir com garrafas de vinagre deveria ser um direito de todo cidadão.


edit: e para quem só tem acompanhado pelos jornais, vale a leitura >> http://oquenaosainatv.tumblr.com/
 
Última edição:
Em Santos, os motoristas não aceitam mais dinheiro como forma de pagamento da passagem do ônibus. Nunca vi absurdo maior que esse, em uma cidade que é turística, privar os moradores e os turistas de pagar pra usufruir de transporte publico. Alegam que é preciso primeiramente comprar o bilhete com um funcionário no ponto de ônibus ou em algum comércio que venda. Só que apenas em meia duzia de pontos é vendido o bilhete, e em nenhum lugar especifica quais são os comércios que vendem. E outra, se uma pessoa precisa pegar o ônibus depois das 10 horas da noite, desiste né, por que não tem mais comércio aberto, e por que os funcionários dos pontos de ônibus já foram embora faz tempo.

De acordo com o merda deprefeito, os motoristas têm que aceitar o dinheiro, se for no valor exato da passagem(que, por algum milagre, ainda está R$2,90), pois eles não têm trocado.
Mas não é o que eles fazem, e agora as pessoas têm que brigar pra conseguir pagar pra entrar no ônibus. Surreal.

Eu mesma já tive que descer do onibus, 9 horas da noite, por que o motorista não aceitou meu dinheiro. Andei 8 quilômetros a pé até a minha casa, por que toda essa merda tá errada, seja o governo, seja a empresa responsável pelo transporte.

E onde fica a constituição? O direito de liberdade de ir e vir? E a lei a nosso favor? A gente enfia no cu? Só usando o português claro pra falar sobre isso.
Transporte publico deixa de ser publico quando se tem que pagar.

E aí que vêm os manifestantes, que estão combinando de se encontrar em uma passeata pelos direitos do povo, e eu com certeza iria, mas agora com toda essa guerra entre policiais e ''vandalos'' que só querem seus poucos direitos preservados, fico até com medo de sair na rua no dia que acontecer.

Apenas um desabafo pra mostrar minha indignação.

Isso é uma merda mesmo. A ideia básica é de que isso ajudaria a uniformizar e facilitaria o uso do transporte mas isso fere direitos básicos do cidadão, é uma idiotice querer impor esse tipo de coisa, aliás, o próprio termo 'uniformidade' é algo a se ter asco. Mas enfim, além de ser uma imposição sobre toda a população, inclusive os turistas, o que ajuda a se ter uma péssima impressão de uma linda cidade como Santos, esse tipo de coisa só contribui para não se querer mudar nada no mesmo transporte. É esse monopólio da Piracicabana que fode com tudo, se eles não fossem tão paus-no-cu e substituíssem a frota (como fizeram) e colocando uma merda de cobrador e um preparo maior pros motoristas que levam pessoas pela Baixa inteira como se levassem gado pro abate, isso poderia ser pelo menos amenizado. Mas não, deixaram a coisa do mesmo jeito de sempre.

Em Cubatão talvez a única coisa útil que a incompetente da prefeita fez foi chutar a Piracicabana e colocar outra linha. Não é um serviço perfeito mas eu acho muito melhor que em Santos, uma frota muito boa, com motorista E cobradores, e o sistema funciona. Tudo bem que Cubatão é um ovo, mas do jeito que era antes, o pior serviço de transporte público da Baixada, e hoje talvez seja o melhor (ou perto disso). Chega-se nessa estranha sensação de se poder andar bem por Cubatão e extremamente mal em Santos, que eu acho incompreensível.
 
"Protesto é quando eu digo que algo me incomoda. Resistência é quando eu me asseguro que aquilo que me incomoda nunca mais acontecerá (...) Os estudantes não estão se revoltando, eles estão exercendo resistência. Pedras voaram, os vidros das janelas foram quebrados (...) a fronteira entre o protesto verbal e resistência física foi cruzada, pela primeira vez em grande escala: por muitos, e não apenas indivíduos isolados, por dias, e não apenas uma vez, em todo lugar , e não apenas na capital, de verdade, não apenas simbolicamente (...) Seria tudo apenas uma escalada terrorista apolítica, violenta, impotente, sem sentido? Que seja dito: aqueles aqui que, a partir de posições de poder político, condenam quem atira pedras e colocam fogo, mas não condenam a manipulação da imprensa facista, nem as bombas caindo no Vietnã, nem o terror na Pérsia, e não falam da tortura na África do Sul, em vez disso espalham meias-verdades sobre os estudantes, a sua participação em nome da não-violência é hipócrita, eles têm um duplo padrão, eles querem precisamente o que os que foram às ruas - com e sem pedras em nossos bolsos - não querem: a política como destino, massas ovelhas, como uma oposição impotente que não perturba nada nem ninguém (...) e quando as coisas ficam sérias, o [a proclamação de um] estado de emergência.(...) Eles estão perdendo tanto a política ea justificação moral para protestar contra o desejo de resistir dos estudantes"

Poderia ser dos dias de hoje, mas é de Maio de 68.
 
depoimento da jornalista da folha que tomou bala de borracha no olho >> https://www.facebook.com/giuvallone/posts/10200618526163591

Queridos,
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a todas as manifestações de carinho e preocupação recebidas dos amigos e também de pessoas que não tive a oportunidade de conhecer. Vocês são incríveis.

Agora, o boletim médico: passei a noite no hospital em observação. A tomografia mostrou que não há fraturas nem danos neurológicos. A maior preocupação era o comprometimento do meu olho, que sofreu uma hemorragia por causa da pancada. Felizmente, meu globo ocular não aparenta nenhum dano. E agora, ao acordar, percebi a coisa mais incrível: já consigo enxergar com o olho afetado, o que não acontecia quando cheguei aqui. Fora isso, estou muito inchada e tomei alguns pontos na pálpebra.

Sobre o aconteceu: já tinha saído da zona de conflito principal --na Consolação, em que já havia sido ameaçada por um policial por estar filmando a violência-- quando fui atingida. Estava na Augusta com pouquíssimos manifestantes na rua. Tentei ajudar uma mulher perdida no meio do caos e coloquei ela dentro de um estacionamento. O Choque havia voltado ao caminhão que os transportava. Fui checar se tinham ido embora quando eles desceram de novo. Não vi nenhuma manifestação violenta ao meu redor, não me manifestei de nenhuma forma contra os policiais, estava usando a identificação da Folha e nem sequer estava gravando a cena. Vi o policial mirar em mim e no querido colega Leandro Machado e atirar. Tomei um tiro na cara. O médico disse que os meus óculos possivelmente salvaram meu olho.

Cobri os dois protestos nesta semana. Não me arrependo nem um pouco de participar desta cobertura (embora minha família vá pirar com essa afirmação). Acho que o que aconteceu comigo, outros jornalistas e manifestantes, mostra que existem, sim, um lado certo e um errado nessa história. De que lado você samba?

Em tempo: obrigada Giba Bergamim Junior e Leandro Machado pelos primeiros socorros!
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo