Morfs, essa notícia é bastante tendenciosa, cara. Os complexos do Brás, Raposo e Tatuapé não existem mais, e ainda levavam a alcunha de 'FEBEM'.
Desculpa, cara, mas eu não boto fé nesse discurso apresentado. Essa jornalista está longe de conhecer a verdade e a rotina dali, e só viu o que quis realmente ver - e de forma tão leviana quer apontar as falhas do Estado que não vê o quanto está prejudicando milhares de profissionais e funcionários engajados ali.
O mais interessante é que a jornalista que construiu esse texto absolutamente parcial e tendencioso não procurou ver o lado positivo dos jovens realmente engajados na própria recuperação, mas de tão poucos e infelizmente misturados aos psicopatas, assassinos e estupradores, são abafados e não são ouvidos. Ninguém procura ver o lado dos técnicos, dos psicólogos, dos policiais. Somente dos menores. A violência está entranhada ali dentro, mas nem sempre é gratuita, ou parte dos funcionários. Ali dentro, os próprios internos têm suas regras de conduta, e sua hierarquia interna (sim, isso existe, mas a jornalista certamente não se aprofundou o suficiente para saber disso), onde estupradores (Jacks) são agredidos diariamente pelos próprios internos se se atreverem a abrir a boca para falar. Ela apenas viu o lado dos menores e colheu depoimentos totalmente duvidosos, como a historinha do pão e da cadeira. Isso existe mesmo, os funcionários são todos loucos e 'chegam batendo' mesmo? Toda história tem duas versões, e ela contou a que melhor lhe foi conveniente, saciando o desejo de sensacionalismo barato e dando audiência.
Se não estou enganada, o que culminou na
extinção das unidades Raposo, Brás e Tatuapé em meados de 2005 foi a grande baderna provocada pelos internos e seus familiares, que estavam transformando as unidades em parques de diversão com direito a visitas íntimas e as próprias mães trazendo celulares e maconha para os internos dentro das próprias vaginas. O Governador Geraldo Alckmin, pressionado pela opinião pública inflamada pelo Padre Julio Lancelote e pessimamente assessorado pelo então gestor da FEBEM, Sr. Alexandre de Moraes, resolveu culpar e extinguir o cargo de Agente de Proteção - os 'seguranças' que asseguravam a integridade dos funcionários diante dos menores indefesos - resultando na exoneração massiva de centenas de funcionários, sem qualquer justificativa. Disso ninguém fala, claro.
E que aconteceu quando os 'monstros' dos Agentes foram demitidos?
Houve rebeliões violentíssimas nas três unidades, com incêndios em colchões, patrimônio público recém reformado severamente depredado e cabeças decapitadas sendo jogadas pelos muros. Disso ninguém lembra, certo? Porque eles são indefesos, os menores, e apanham muito sem motivo. Foi um motim generalizado, com direito a reféns e mortes. Os pobres menores que lideraram esse horror ficaram impunes, claro. É incrível como a conveniência dos discursos pró direitos humanos consegue abafar os fatos.
O resultado disso foi a reintegração dos Agentes de Proteção para restaurar a ordem, mas sem não pagar indenizações caríssimas aos demitidos - isso sem contar os Agentes que, em seu pleno direito, ainda estão processando o Estado pela ofensa pública maravilhosamente divulgada pela imprensa igualmente sensacionalista - tudo isso saindo dos cofres públicos. Foram recontratados porque o próprio Governador admitiu que os internos não são tão crianças e tão indefesos quanto se pensava. Alguns portam-se como animais, agressivos. Muitos são psicóticos, o que justifica o uso de remédios. Os psicólogos também são loucos de medicar internos perigosos, para evitar a baderna? Eles medicam à toa? Não. A medicação é controlada, e só liberada mediante laudo técnico. Ou seja, ninguém é 'dopado' gratuitamente como essa senhora alega.
O interessante é a inversão de valores nesse processo de transferência de responsabilidade socioeducativa dos pais para o Estado sobre os menores infratores. Os pais reclamam do tratamento. Pô, por que eles mesmos não deram a educação e ensinaram o caminho correto? Agora querem ensinar o Estado a educar e tratar de seus filhos, tarefa que era exclusivamente sua mas foi negligenciada antes do delito? Ora, façam me o favor. A situação é surreal, de tão absurda.