http://phobs.deviantart.com/art/Tolkien-s-Silmarillion-The-stolen-silmaril-331210266
Deu pra perceber que quem criou esse quadrinho leu o HoME.
Deu pra perceber que quem criou esse quadrinho leu o HoME.
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History of Middle Earth vulgo HoME
nao falo de vilao...e sim de Morgoth...pelo o que eu saiba o livro nao dá nenhuma descriçao de boa aparencia...
E, Aster, com essa do "Rei Pavão" estávamos meio que corretos quando chutávamos que o Melkor dando a assediada em Arië era uma coisa bem destaque de Escola de Samba mesmo ( eu sempre comparei o Melkor "Flash-ah-ahhhhhh" do Mitos Transformados com uma Diva toda poderosa do Carnaval do Rio.
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Artista original aí
Mas tínhamos pressa, e desejávamos ordenar as coisas à nossa vontade; e as formas de muitas coisas que desejávamos criar despertaram em nossas mentes. Portanto, falávamos cada vez menos à Voz.
Então alguém apareceu entre nós em nossa própria forma visível, mas maior e mais belo, e ele disse que viera por piedade. “Vós não deveríeis ser deixados sozinhos e sem instrução” disse ele. “O mundo está repleto de riquezas maravilhosas que o conhecimento pode revelar. Vós poderíeis ter alimentos mais abundantes e mais deliciosos do que comeis agora. Vós poderíeis ter tranqüilas habitações, nas quais poderíeis manter a luz e afastar a noite. Poderíeis inclusive vestir-vos igual a mim.”
Então olhamos e vede, ele usava vestes que brilhavam como prata e ouro, e tinha uma coroa em sua cabeça e jóias em seu cabelo. “Se desejais ser como eu” disse ele “, ensinar-vos-ei”. Então aceitamo-lo como mestre
Ele então foi embora, e não o vimos por um longo tempo, e sem seus presentes éramos pobres. E então chegou um dia no qual a luz do Sol repentinamente começou a falhar, até que foi apagada, e uma grande sombra caiu sobre o mundo, e todas as feras e pássaros temeram. Então ele veio novamente, caminhando através da sombra como um fogo brilhante.
Prostramo-nos. “Há alguns entre vós que ainda estão dando ouvidos à Voz da Escuridão” disse ele “e, portanto, Ela aproxima-se. Escolhei agora! Podeis ter a Escuridão como Senhor, ou podeis ter a Mim. Mas a menos que tomeis a Mim por Senhor e jureis servir-Me, partirei e deixar-vos-ei, pois possuo outros reinos e moradias, e não preciso da Terra, nem vós”.
Pra quem achava que o visual bishonen dele aí tava off, relendo o conto de Adanel cujos trechos foram incluídos acima, vemos que não...
Poderosérrima!!! agora sabemos de onde vieram as jóias no cabelo
Comprovação do que eu disse pro Meneldur na página anterior nesse
link ai
Citação do livro Satan: the early Christian tradition Por Jeffrey Burton Russell
Omnis spiritus ales est. Hoc angeli et daemones( "Todos os espíritos são alados.Tanto os anjos quanto os demônios"
Isso é uma frase de [ame]http://pt.wikipedia.org/wiki/Tertuliano[/ame] que foi quem sintetizou a posição dos cristãos a respeito da matéria. A tradução do trecho completo de sua Apologia está no final desse post no meio da seção "spoiler".
Foi ele que estabeleceu a conexão, predominante no Cristianismo, de que os demônios haviam sido anjos rebeldes e , por isso, a partir desse ponto, a representação de demônios como sendo seres alados passou a ser cada vez mais divulgada até se tornar o ponto de vista mais aceito.
E podemos ter certeza que , sendo versado em Teologia como era, Tolkien estava ciente desse fato.
Tradução dessa citação colada do livro aí embaixo:
"Omnis spiritus ales est. Hoc angeli et daemones"( "Todos os espíritos são alados.Tanto os anjos quanto os demônios
Essa afirmação estabeleceu o curso futuro da iconografia do Diabo. Asas eram um símbolo de poder divino por todo o Oriente Próximo antigo e o Livro do Apocalipse ofereceu respaldo para a crença cristã em anjos alados. Na arte cristã primitiva os anjos e o Diabo não eram sempre alados, mas a visão de Tertuliano ganhou total aceitação e, posteriormente, asas se tornaram quase obrigatórias. Frequentemente, anjos e demônios eram representados como tendo tipos de asas diferentes, as dos anjos sendo como de aves emplumadas, e as dos demônios como asas escamadas de morcegos
Aqui cabe um detalhe relevante e um esclarecimento: mesmo no Cristianismo e na teologia de Tertuliano as asas são o ícone visível de uma faculdade ou prerrogativa espiritual, é uma manifestação da natureza desses seres como espíritos assim como o "sexo aparente" dos ainur em forma fánar é uma visualização de um caractere inerente ao seus seres que é espiritual. As asas marcam a posse de "sutileza" e agilidade" o dom de "desmaterialização" e virtual onipresença do ser espiritual em relação a qualquer localidade física, uma faculdade que Tolkien disse que os Ainur têm num contexto meio enigmático no HoME X.
A "perda" das asas, como pode ter acontecido com Morgoth depois do "estupro de Arië, episódio que reverbera histórias do folclore judeu, e/ou a conversão em asas de seres "noturnos", associados à noite e à escuridão, em Tolkien e no simbolismo cristão, é uma representação "alegórica" da perda ou degeneração dessas capacidades. Então, o manto de escuridão dos balrogs , por exemplo, é uma inversão do "halo" ou auréola dos anjos e santos.
Creio que é por isso que o assunto acarreta tanta passionalidade assim. Envolve a questão da legitimação e do "rótulo" que se dá ou se impõe a determinados signos culturais e Tolkien é um dos mais poderosos e influentes signos culturais do século XX e serve de foco para debates inevitáveis que acontecem em torno de qualquer obra literária com o escopo ou as intenções similares às de JRRT.
Então, eu concordo. O assunto das asas em si e seu uso ou não pra vôo, de fato, é comparativamente, irrelevante ( até, como eu disse, e deve ser enfatizado, as asas são só o símbolo do que faz os anjos serem capazes de "voar", se deslocarem com velocidade preternatural, e não a causa em si mesma dessa habilidade).
Mais ou menos isso: na doutrina de Tertuliano os anjos não voam porque tem asas, eles tem asas, ou aparentam ter para nós, mortais, porque voam.
É por isso que grandes artistas até escolhem pintar ou deixar de pintar as asas mesmo em sequências que ilustram textos onde elas foram mencionadas sem ambiguidade.
William Blake não pintou as asas de Satã e de seu filho Morte no Paraíso Perdido e, até onde sei, nem por isso foi criticado por essa omissão. Abaixo pinturas de 1806 e 1808
Edit:Abaixo, a versão (1735-1740 aproximadamente) de William Hogarth, reparem no manto de sombra da Morte, filho de Satã, que compõe o elemento simétrico na composição correspondente às asas do Anjo Caído. Provavelmente, foi daí que Lovecraft e, depois, Tolkien retiraram a idéia das "asas de sombra" nos seus demônios redivivos, recém exumados de tumbas subterrâneas.
Melhor mostrada, já que a pintura de Hogarth é incompleta, nessa reprodução em desenho de Thomas Rowlandson (1792)
Gustave Doré ilustrando a mesma sequência do Paraíso Perdido, 1866)