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Cite algo escrito neste momento, neste mesmo dia

Muitos dos leitores do Meia Palavra são também escritores.

Escritores podem nem sempre estar ocupados com grandes obras, mas mesmo assim costumam dar uma escrevidinha aqui e ali, dia sim dia não.

Pois bem, que tal se cada um de nós citar um trecho do que acabou de escrever, neste momento, ou nete dia? Nada de correções, de polimento e poda:
que tal citar um trecho cru de sua produção?

Muito bem: estou aqui, sentado na frente do computador, escrevendo. Eis um trecho do que acabei de produzir:

É a loucura quem move as engrenagens
da vida, o caos sangrento o óleo que as banha.
A ironia que estoura em riso as mesas
dos Deuses nossos peitos rasga em pranto;
a autópsia sem anestesia e crua
vivisecção de nossas existências
é o teatro que assitem por prazer.
O sabor dos sorrisos e gengivas
alegres dos senhores do universo
é amargo como arruda para nós;
nossos uivos de dor e nosso choro
emanam aos céus para que os Eternos
façam seus gargarejos de açucar com eles,
e cuspam novas dores sobre nós.


XDSim, eu sei...ta meio sombrio, mas é que estou escrevendo uma tragédia.

E então? Quem mais tem um trecho recém-saído do forno?
 
Faz tempo que não escrevo. =/

Mas se acontecer de escrever algo, posto aqui. :sim:
 
Hoje, hoje, não escrevi nada.
O mais recente que tenho é do dia 20, por pura coincidência que resolvi retomar as composições...

Ainda não sei se está finalizado, mas o poeminha é este:



Horto


Odeio as cores vivas e os olores
que a primavera açula em meus sentidos,
zombando-me do zelo e dissabores
que tenho e não contenho, desmedidos.
Odeio as flores que me lembram dela:
seus lábios rubros vejo sempre em cravos,
e a pele alvíssima nos lírios, bela,
e nos narcisos seus cabelos flavos…
Amo-a, porém. E lágrimas de sangue
sobre este solo, que em seu sono a encerra,
a cada noite, embalde, entorno e, langue,
deito-me e aguardo a ver se sai da terra…
Contudo, odeio as noites mil insones
o estéril a regar jardim de Adônis.


(20.10.2012)
 
Romântico, cerberus.

Qual o contexto disso aí, Matheus?

Essa semana mexi num poema antigo, o que é estranho, porque não faço poemas:

Fastio

Ah, o cabelinho escuro e tão tristinho,
sobre os olhos todos verdes e chorosos,
sobre o nariz que aponta o chão e nessas
mangas longas dos teus braços nunca expostos;

e esse ar pra sempre encolhido,
e esse jeitinho todo enfastiado,
e o avermelhamento da tua pele
que simulam um eterno resfriado...

Não! Não te cures, mocinha, que assim,
tão fraquinha, és muito mais bonita!
Tão abatida, não há quem de ti não cuide,
tão morrendo que te dariam a vida!

Não desiste desse corpo curvadinho,
desses olhos que tanta água vertem
e desse jeito de olhar, perdida,
para aqueles que por te olhar se perdem...
 
Faz tempo que não escrevo. =/

Mas se acontecer de escrever algo, posto aqui.

Clara, de acordo com minha própria experiência isso é bem normal. Existem épocas em que parece que ficamos incubados, em hibernação. As vezes não é nem falta de tempo: é uma ausência de ideias mesmo. Mas existe algo curioso nisso: é comum, após períodos de inatividade, nós despertamos com muita energia e força, e mesmo com maior talento (como se os neurônios, que pareciam estar dormindo, na verdade estivessem fazendo novas ligações e teias, e em seu trabalhar nos mantivessem sonolentos e estéreis).

Acredito que você ainda terá muitas ideias e energia para escrever. Uma coisa que sempre achei útil fazer foi a seguinte: tirar cerca de uma, duas horas por dia para escrever (mesmo sem ter em mente algum projeto), nem que seja apenas para ficar sentado frente a escrivaninha, rabiscando uma ou outra frase, e lendo alguns livros em busca de ideias novas. Antigamente eu não podia fazer isso, pois logo após o trabalho eu tinha faculdade (um período sombrio de minha vida, um verdadeiro reinaod do tédio - o que eu fazia era sair da aula e ir para a biblioteca da Universidade, que era enorme); hoje em dia, porém, após as 18:00 horas eu sempre tiro um tempinho para escrever (embora muitas vezes não produza nada de especial - quer dizer, na maioria das vezes não produza nada de especial).

Cerberus, como vai você? Adorei seu poema. De todos que li de sua produção esse foi um dos que mais gostei (mesmo que ele não esteja acabado, eu o achei especial). Adorei sobretudo o dístico final:

Contudo, odeio as noites mil insones
o estéril a regar jardim de Adônis.

Queria ter escrito isso:sim:

Gmourao, parabéns também para você e para sua criação. Eu tenho dois tipos de poesia que me agradam em especial: a) aquelas altamente metafóricas, entupidas de imagens, símiles e metáforas e b) aquelas escritas com linguagem simples e direta, com base em coisas do dia-a-dia e eventos normais a vida de todas as pessoas (amor, tristeza, ódio, vida e morte, etc).

Seu poema me cativou, pois ele mostrou uma ternura que achei muito comovente e terna. As imagens dele, simples e diretas, até me lembram de canções folclóricas e populares (as antigas canções anônimas da China e do Japão tem um sabor semelhante ao seu poema, pelo menos em minha visão).

O trecho que citei ocorre na primeira cena da tragédia, após um dos personagens ser atingido por um tiro de um atirador de tocaia. A peça ocorre no Japão feudal, na época em que vários senhores-da-guerra disputavam o controle do país. Quem foi atingido pelo tiro de um atirador oculto foi o grande lorde Takeda Shingen, e a fala é um lamento de um de seus generais. A história que estou dramatizando eu colhi do filme de Kurosawa, "Kagemusha". É um filme maravilhoso, especialmente para quem gosta do Japão e de sua história.

Abraços pessoal.
 
E às vezes as pessoas só não escrevem mesmo por inércia, rotina.
Eu próprio costumo sair do trabalho e, ao chegar em casa, faço um lanche já na frente do PC, onde fico no fórum, no Facebook, no YouTube, etc. - tudo menos escrever ou estudar. Haha. E quando vou ver já é hora de dormir.
E assim é no outro dia, etc. ∞

Então, quem quiser escrever tem de se disciplinar para guardar um tempo mesmo.
E evitar as distrações da Internet.
XD




@Mourão: eu sou um eterno romântico haha.
Com um toque de emo-gótico e uma pitada parnasiana.

A composição desse soneto tem um projeto literário por detrás: percebendo eu a quantidade de blogues e comunidades de poesia gótica que há por aí, sempre de qualidade questionável, resolvi criar um blogue e escrever poemas para esse nicho do mercado. Esse soneto aí é a inauguração oficial do meu projeto (ainda que o não tenha publicado no referido blogue, por ora).
 
Ou então seguir o conselho do Gullar, de fazer poesia só quando a poesia for um espanto indescritível, imprescindivelmente necessário, grandiosamente perturbador (as hipérboles são minhas). Aliás, acho esse conselho dele uma coisa sensata pra chuchu.
 
Buenas! Muito agradável começar a noite com a leitura desses poemas. São tão bons que até cheguei a pensar que ao invés de serem o último escrito por cada um, na verdade fossem um dos melhores textos, sei lá. Mas, como não tenho veia poética ou pelo menos não sei em que braço ela corre, vou colocar o último parágrafo que eu escrevi antes de ontem. Na verdade, trata-se de uma tentativa de escrever um conto, mas como já estou nessa tarefa desde o mês passado, estou acreditando que também não tenho veia para contos. Como só tenho dois braços, acho que o meu negócio mesmo são os romances, que também me motivam mais! Grande abraço à todos!

À noite o irmão mais velho retornou, e com ele veio à notícia de que já havia encaminhado a venda da propriedade. Quando terminou de contar a novidade ao caçula, este não quis discutir e disse que ia se deitar. O mais velho desconfiou e deixou dito que sairia cedo na manhã seguinte, passaria quatro dias fora encaminhando a papelada e então retornaria já na companhia dos novos proprietários. O mais novo fingiu não dar atenção para o que acabara de escutar, entrou em seu quarto, tirou a roupa e jogou-se na cama, com a cabeça enfiada embaixo do travesseiro. Sem mais opções, o primogênito resolveu fazer o mesmo. Toda a serenidade de uma noite em um ambiente rural como aquele estava presente. Sobretudo o silêncio do lugar. Uma ausência de som que na verdade parecia zombar dos diferentes sentimentos que reinavam naquela casa. Em um quarto, toda a apreensão diante de um novo passo na vida. A incerteza de estar fazendo o negócio certo e sobretudo a expectativa frente ao futuro promissor. Ao mesmo tempo, no quarto ao lado, toda a ira diante do passo forçado. A raiva borbulhante nascida na impossibilidade de fazer o que é certo. A maldade brotando na mente e no coração, em forma de um sórdido plano de assassinato do próprio irmão.

(Trecho do conto PRESERVANDO A MORTE)
 
Oi Luciano.

São tão bons que até cheguei a pensar que ao invés de serem o último escrito por cada um, na verdade fossem um dos melhores textos, sei lá.

Bem, o trecho em questão eu tinha escrito no mesmo dia; mas, de tudo que havia escrito, escolhi um trecho que tinha me agradado. Na mesma noite escrevi coisas bem menos interessantes, como isso:

Vamos nos esconder um pouco aqui,
onde os tiros não vão nos atingir,
e esperar um momento; é possível
que o cão medroso, o escravo que atirou
das ameias do forte, protegido
pela noite que cega, possa vir
até aqui inspecionar a área.
Se o fizer, perderá sau cabeça
e os próprios intestinos vai comer,
pois na sua garganta vou socá-los.


Como vê, nada de metáforas e símiles, nem nada de muito inspirado. Foi escrito na mesma noite, mas faz parte daquele bom numero de versos e passagens que são feitos apenas para empurrar a ação da peça para frente.

Gostei de sua prosa: muito direta, límpida e exata. Para mim os melhores romances e contos são escritos com tal linguagem. Parabéns.
 

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