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Literatura da França

-Jorge-

mississippi queen
[align=justify]Achei que seria bom termos tópicos "temáticos" para discutirmos as literaturas por país. Será que essa classificação é válida hoje em dia? Melhor o tópico ser por país ou por língua? Esse tópico fica de teste.

A literatura francesa é bem vasta. Algo mais vasta se for considerar a literatura feita na França mas não em francês. Vem desde a Idade Média, quando surge a língua, até os tempos atuais. É bem influente também, especialmente para a gente aqui no Brasil.

Alguém (fora a Kika, né?) gosta? Quais os poetas, romancistas, teatrólogos que lêem? Confesso que como para todo o resto, não conheço ainda muita coisa do século XX, meus preferidos são os clássicos, mas confesso que falta muito para ler também (nunca li Balzac :(). Para quem se interessar por algo mais recente, saiu uma matéria com os nomes de alguns franceses contemporâneos que estão sendo traduzidos.

Será que vale a pena fazermos uma lista coletiva com tudo que foi traduzido? (há ainda várias lacunas por preencher). [/align]
 
eu farei logo menos uma lista de traduções por vir do francês

Eh ouais, acho que está na hora de maneirar minha francofilia...tou ficando famosa..heheh
 
Literatura francesa produziu um dos grandes gênios do século XX: Marcel Proust, que está ao lado de Kafka e Joyce no topo. Como prosador eu admiro muito Flaubert e o que o Carpeaux chama de conforto do leitor ao saber que o escritor reescrevia e limava tanto seus textos: como um padrão de qualidade. Victor Hugo é um Papa. Nosso Machado foi muito influenciado pelo Hugo e dedicou um poema ao mesmo o comparando com Dante e Virgílio. Tem o Zola, o qual nunca li e do qual Joyce era bastante afeiçoado, sendo este influência nítida no Ulysses. E o que dizer de Mallarmé? Balzac movido a cafeína? O gêniozinho do Rimbaud? Ou o Dumas que tem a cara de pau de nos dizer que uma obra de mil páginas é inacabada? Ou os malucos da OuLiPo, que faziam cabriolagens com a linguagem como escrever lipogramas, bolas de neve ou N+7? Talvez possamos até mesmo citar que foi a França quem inventou o verso alexandrino tão benquisto pelos parnasianos...
 
Não podemos nos esquecer de mencionar Balzac e Gérard de Nerval (em "Silvia" e "Aurelia"), bem como o soneto de Félix Avers, que a crítica literária diz ser o mais perfeito soneto já escrito (talvez a Kika possa nos brindar com uma tradução!):

Mon âme a son secret, ma vie a son mystère
Un amour éternel en un moment conçu:
Le mal est sans espoir, aussi j'ai dû le taire,
Et celle qui l'a fait n'en a jamais rien su.

Hélas! j'aurai passé près d'elle inaperçu,
Toujours à ses côtés et pourtant solitaire;
Et j'aurai jusqu'au bout fait mon temps sur la terre,
N'osant rien demander et n'ayant rien reçu.

Pour elle, quoique Dieu l'ait faite douce et tendre,
Elle suit son chemin, distraite et sans entendre
Ce murmure d'amour élevé sur ses pas.

A l'austère devoir pieusement fidèle,
Elle dira, lisant ces vers tout remplis d'elle:
"Quelle est donc cette femme ?" Et ne comprendra pas!
 
Ó....tradução livre, sem tentar ajustar à métrica da poesia (e...sem dicionário pq ele está muito longe e o da internet não iria me ajudar)


Minha alma tem seu segredo, minha vida tem seu mistério
Um amor eterno num momento concebido:
O mal sem esperança, tanto que o tive de calar
E aquela que o fez, nunca disso soube nada.

Oh! Eu passaria perto dela desapercebido,
Sempre ao seu lado, e no entanto solitário;
E eu teria até o fim meu tempo na terra passado
Osando nada pedir, e nada tendo recebido.

Por ela, ainda que Deus a tenha feito doce e terna,
Ela segue seu caminho, distraída e sem entender
Este murmúrio de amor criado sobre seus passos.

Ao dever austero piamente fiel,
Ela dirá, lendo estes versos todos plenos dela:
Quem será esta mulher? E não compreenderá!
 
Po, ficou bastante poético! Realmente, apesar de o tema ser o mais comum na poesia, de alguma forma, nesse soneto, ele parece ser elevado.

Muito grato pela tradução!!
 
O Soneto de Arvers tem tradução até do D. Pedro II!
Isso me faz é lembrar da paródia do Bastos Tigre:

Guardo um segredo n’alma e um mistério na vida,
Imorredouro amor que irrompeu de momento.
Se o mal é sem remédio, a queixa é descabida
E a que me fez o mal, nunca ouviu meu lamento.

Por ela já passei – sombra despercebida,
E ao meu lado a sentir, no meu isolamento!
Ao termo chegarei dessa terrena lida,
E não ouso pedir, e receber não tento.

Quanto a ela, apesar da doçura e carinho
Com que Deus a dotou, seguirá seu caminho,
Sem ouvir que a acompanha um murmúrio de amor...

E, fiel ao seu dever que austeramente zela,
Ela dirá, lendo os meus versos plenos dela:
– “O soneto de Arvers tem mais um tradutor!”
 

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