• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

[Desafio] Textos de rua

Haleth

Sweet dreams
Bem, esse desafio é um experimento inspirado no Street Photography Now Project, que conheci via Flickr. A proposta fotográfica é bem interessante, e pensei que adaptado às letras, o seria também. Vou fazer uma proposta inicial e aberta a sugestões, adaptações e por aí vai. É um experimento, experimentemos, pois.

A ideia
A ideia-chave é sair à rua e apurar os olhos para a vida cotidiana e fotografá-la (no nosso caso, escrevê-la). Walker Evans, uma das referências em street photography, resumiria a essência do estilo no impulso de tirar fotos ingênuas (ou despretenciosas?) durante o correr da vida cotidiana.

Aí vcs dizem: tá, mas isso não é fazer crônica? Pode ser, mas acho que a ideia desse não é ser interpretativo e espirituoso como cronistas, mas fazer textos mais narrativos/descritivos com a mesma fluência. hmmm... como um artigo da Piauí? :rofl:

Se tentássemos fazer não-ficção seria muito bacana, mas é fato também que a realidade dá ideias geniais pra ficção. É um ponto a ver.

O modus operandi
O desafio original do projeto fotográfico se realiza a cada semana, com um street photographer relevante e contemporâneo dando uma nova instrução, escrita para inpirar novas formas de olhar e documentar o mundo em que vivemos. São ao todo 52 (o que dá um ano), e podem ser vistas em inglês no link acima (ainda está em andamento). Se derem uma espiadinha, vão ver que há coisas interessantes mesmo de forma geral, e isso dita muito a essência da coisa. Poderíamos usá-las ou pegar instruções de autores. E fazer, em vez de 52, 12,uma pra cada mês, ou enfim.

A conclusão
O que diferencia esse desafio de outros que simplesmente lançam uma frase no ar e vc responde com sua criatividade é que esse tem o fundamento na simplicidade da realidade cotidiana que vc vai sair à rua pra observar, em vez de ficar em casa pressupondo, imaginando, poetizando e enclichezando, rs. Se vcs olharem as fotografias e as instruções do projeto, vão perceber melhor a essência da coisa.

A pergunta
Topam refinar a ideia do desafio e embarcar nele?
Rs, não estou esperando respostas nem muitas nem rápidas, porque é um tipo de coisa mais contemplativa que não necessariamente agrada a todos. Mas acho que seria um exercício de observação e sensibilização bem interessante. E desculpa repetir tanto o "interessante", mas não achei uma palavra que encaixasse tão bem com ela pra variar no texto. XD Enfim.

Então, o que me dizem? Deu sono? hahaha
 
O ideal seria termos um sistema nosso. Gosto da ideia de usar citações. Alguém poderia sugerir uma citação-tema pra começar. (eu não tenho sugestões por enquanto...)
 
Eita, Wilson, demorei pra postar aqui de novo porque na prática é mais difícil do que imaginei. Acho legal usar citações, mas não sei bem como. XD

(Um comentário: por exemplo, a instrução #37 deles é "Surrealismo já!" Fiquei pensando em como seria procurar pelo surrealismo na rua. Deve ser engraçado. É que fiquei pensando que, dependendo da citação, nosso olhar já ficaria condicionado, não? Se fosse só uma instrução, ficaríamos mais livres... que acha?)
 
ó...isso me lembrou uma coisa que eu fazia sempre quando mais nova... vou colocar um conto meu daquela época em spoiler, caso vcs queiram dar uma olhada e ver se isso é surreal o suficiente para ter saído de um dia de vento na rua:

A sombra de um som... Folhas de eucalipto balouçam ao ritmo de um vento ligeiro. Trilha sonora de um momento solitário. Momento de jorrar sentimento para a fria tela do computador. A um passo da natureza, ganha a eletricidade.


No conforto de uma xícara de chá, bem quente, escrevo sobre o nada. Sobre trilhas sonoras, o vento batendo ligeiramente nos meus cabelos, batendo as portas, pedindo atenção. Vou à janela, sinto-o todo...Ele foge sorrateiro. Volto-me à minha árvore solitária. Ela me diz dos momentos de solidão que preciso, ela me conta a beleza dos pores de sol...E eu escrevo sobre o nada, a lembrança das tardes passadas na janela – contemplação.


Contemplo em memória o fogo vindo do céu, tomando de assalto folhagens, criando sombras nos pinheirais que cercam o lugar onde moro... E lá está ela. Meu ponto de visão. Minha árvore solitária, no meio de tantas outras. Majestosa. Como a lembrança. Ah! maldita lembrança.


Lembrança de olhos que não me deixam, sorrisos certeiros e palavras, toques e momentos. Uma voz pelo telefone. Um amanhecer de braços enroscados. Ah! Maldita lembrança. Um simples piscar de olhos; e meu corpo está aninhado em braços invisíveis, meus cabelos afagados por mãos e névoas, meus ouvidos cheios do timbre tranqüilo de uma voz distante...


Um beijo irreal me desperta, mudando a música nesse computador que fala comigo. Ah! Maldita lembrança... Provocações virtuais, sentimentos reais. Sensações reais. Fujo do branco da tela, sem coragem de calar a máquina, busco novamente a paz da minha árvore solitária. Ela me entende... Ela é como eu. Frondosa, forte e solitária. Ainda assim terna, ainda assim lembra. Aguarda o fogo do céu que desce entre suas folhagens, que a torna ainda mais bela. Mais forte; mais delicada.


Ah! Malditas lembranças...O som do vento balouçando as folhas de eucalipto, que embalaram tantas das minhas noites, consegue ainda se sobrepor às palavras deste amigo computador, diário virtual desta menina-adolescente-mulher, que não mais cresce, e cresce a cada dia. E que lembra...Lembra o fogo, a química, os sussurros e mordidas, as palavras, as cartas...O fim.


“Mas ontem rasguei teu retrato, te matei e dormi.”


Clarisse de Almeida e Alvarenga

11/09/2005
 
Sobre as citações... minha sugestão é que se use frases bem abertas, ao estilo das que estão no Street Photography Now Project, e que a cada semana ou número de postagens, troque-se a citação.

Alguns autores gostam de "ditos" em seus textos. Em outros já é mais difícil achar algo que sirva neste contexto... Talvez seja melhor usar o google do que procurar nos livros...

Vou sugerir uma aqui, caso queiram começar:

"
Meu pai tem a frase seca, que mal e mal vou ao fundo
-A idade faz velhos não faz sábios.

"
Trecho de Dedo-duro, livro de João Antônio (Cosac & Naify)"
 
Manu M. disse:
Eita, Wilson, demorei pra postar aqui de novo porque na prática é mais difícil do que imaginei. Acho legal usar citações, mas não sei bem como. XD

(Um comentário: por exemplo, a instrução #37 deles é "Surrealismo já!" Fiquei pensando em como seria procurar pelo surrealismo na rua. Deve ser engraçado. É que fiquei pensando que, dependendo da citação, nosso olhar já ficaria condicionado, não? Se fosse só uma instrução, ficaríamos mais livres... que acha?)

Uma citação precisaria ser aberta e sugestiva... Não é todo livro que dá pra abrir e pinçar uma frase. Alguns autores, como o Suassuna ou - melhor ainda - o Jodorowsky, por exemplo, favorecem este tipo de coisa... Outros não.

Uma palavra seria mais prático. No caso de preferirem citações, sugiro ir logo ao google.

* * *

Só não entendi uma coisa...Vão mesmo começar com "Surrealismo Já"?
 
Sim, uma citação pode limitar a observação, e pode também desvirtuar o objetivo do exercício, porque o autor se concentraria em criar uma situação que se adequasse à frase, e não em criar um texto que se adequasse à sua observação.

Usa uma palavra pode ser legal, permite a união no tema dos textos e é vago o suficiente pra que a pessoa não fique presa.
 
Olha, achei que só o Wilson tava lendo o tópico...! :happyt:

(Que bacana, Kika ^^ )

Brontpos, eu citei "surrealismo já" só como exemplo de como as coisas seriam mais amplas com instruções que com citação. Vamos fazer com instruções, então?

Como todo começo sempre é mais difícil, vou sugerir arbitrariamente umas instruções tiradas do desafio original e a gnt escolhe uma pra começar, pode ser? Depois a galinha pôs. Logo se vê.

a) Vá a um lugar em que vc nunca tenha ido antes - um concurso de beleza canina, uma partida de polo, uma corrida de caminhões - e lembre, as coisas mais interessantes acontecem no limiar, fora da ação principal.

b) A distância entre vc e o outro não deve ser maior que um braço.

Então, em qual votam? Se não quiserem nenhuma dessas, podem sugerir, não há problema ;)
 
Tay, vamos desbravar juntos, não faço ideia de como vai ser... :rofl:
Vc gosta mais de qual tema, a ou b?
 
Eu não entendi os temas.

Em "a" a proposta é ir mesmo em algum lugar assim, inusitado?

E o "b"?

Dei uma olhada no flickr e achei o experimento com fotos muito bacana. :sim:
 
a) Um lugar que vc nunca tenha ido... Pode ser inusitado ou não. Onde é mais fácil observar algo interessante acontecendo?

b) não quero limitar sua interpretação, se vira :rofl:
 
Manu, linda. Acho que vou de "A" pq dia 22 vou a um lugar q nunca fui..ai o que faço? Observo e escrevo sobre??
 
É, Tay, a ideia básica é essa, observar e relatar. Sugiro que você dê uma olhada nas fotos do desafio original, pra sentir qual é o clima da coisa e, em vez de usar uma câmera, usar o teclado pra registrar sua percepção. E tente não deixar sua percepÇão estereotipar sua observação, acho que esse é o maior desafio de todos ;)
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo