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Água Viva - Clarice Lispector

Gente, terminei a leitura de Água Viva, da nossa Clarice Lispector e achei o livro tão sem graça... Alguém diz que estou enganada? Por que gosto muito de Clarice, mas esse livro... tsi.
 
Também não gostei muito. E admito que me sinto culpada de falar isso pq tb admiro a obra dela! Lembro que achei alguns trechos muito bonitos mas era difícil ler o livro todo em sequência...Parecia um poema interminável.
Meu preferido continua sendo Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres. :sim:
 
Eu não gostei logo da primeira página: "estou tentando captar a quarta dimensão do instante-já que de tão fugidio não é mais porque agora tornou-se um novo instante-já que também não é mais." E todo o livro é feito a partir disso: de ser e não ser de novo no mesmo instante e depois e agora. rs Sei que a Clarice tem muito disso, de tentar desvendar nosso silêncio mais profundo, o nosso maior mistério etc e tal. Mas acho que ela viajou na maionese com esse livro, a tentativa dela construir esse mistério da vida ao ponto do leitor acompanhar a angústia da personagem foi um tiro totalmente errado em Água Viva, pois ficou tudo muito solto, vago, raso. Muito diferente de "A paixão segundo G.H.", que é um dos meus livros preferidos e nesse sim Clarice consegue dar profundidade à sua narrativa sobre a condição humana.
 
Gostei bastante de G.H., apesar de não poder falar de um modo geral sobra a obra de Clarice, pois até agora sé li esse(que foi o meu primeiro dela) e laços de família.
Enfim, gostei do livro pelo carater introspectivo, pelas hesitações bem marcadas da protagonista e, de certa forma, por ter me identificado em certos aspectos com a personagem principal.
Ademais o livro possui uma escrita muita linda, mesmo!
 
A Paixão segundo G.H é muito envolvente mesmo, tb gosto. Outro que acho legal é o de contos (adoro contos!) A Bela e a Fera.

O Água Viva eu só li pois recebi a recomendação de um desconhecido no ônibus que me perguntou o que estava lendo e daí começou uma conversa literária. Não nos perguntamos nomes e nos despedimos como se fosse a coisa mais normal do mundo de se fazer. Acho tão legal quando isso acontece!

Acho que preciso reler pra ver se hoje eu gosto mais.

Ps.: Pra vcs cujo preferido é Paixao segundo G.H., li faz pouco tempo sobre a reação de uma inglesa ao tentar ler essa obra: Todoprosa
 
Que loucura, quando li Água Viva senti exatamente o que a moça inglesa sentiu quando leu "A paixão segundo G.H.". Mas, no caso dela, pode ser um problema na tradução, ouvi dizer que a Clarice tem uma sintaxe que complica muito a vida dos tradutores, mas, por outro lado, se eu senti o mesmo que ela com Água Viva o que mais tenho a dizer? rs

E Clarice é uma escritora para sentir. E se estamos num momento errado a obra dela pode ser superficial... será?
Clarice sempre me deixa confusa! rs
(Lá vou eu ler Água Viva de novo...)
 
Francine, acho que vc disse bem sobre Clarice ser uma escritora pra sentir. Se vc está num dia, digamos, racional/pragmático/sem-saco-pra-blablabla, talvez a obra dela pareça um amontoado de palavras sem nexo: "uma adolescente aprendendo a escrever".

E traduzido então, coitado do pessoal que teve esse desafio! Deve ficar completamente diferente...

Preciso achar o meu Água Viva pra reler...o tal do livro é pequenininho e sei lá onde foi parar! Achei na net mas não é a mesma coisa. Pelo menos dá pra copiar os trechos facilmente.


Mas o instante-já é um pirilampo que acende e apaga. O
presente é o instante em que a roda do automóvel em alta
velocidade toca minimamente no chão. E a parte da roda que
ainda não tocou, tocará em um imediato que absorve o
instante presente e torna-o passado. Eu, viva e tremeluzente
como os instantes, acendo-me e me apago, acendo e apago, acendo
e apago. Só que aquilo que capto em mim tem, quando está sendo
agora transposto em escrita, o desespero das palavras ocuparem
mais instantes que um relance de olhar. Mais que um instante,
quero seu fluxo.


Well, relendo aqui e parando no trecho acima me faz pensar algo que sempre sinto nos livros que li da Clarice Lispector. Essa cisma com a efemeridade de tudo. Deixa eu ver se consigo explicar melhor: sempre tem algo a respeito do tempo, de como a vida passa, do que não temos controle, um medo da morte talvez.

Concordam?
 
Concordo. A Clarice tem muito disso: de mostrar a importância da vida que há num simples piscar de olhos, num segundo qualquer. Genial.
 

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