A humilde resenha que publiquei no meu blog (
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Os homens que não amavam mulheres é o primeiro volume da trilogia Millennium, do sueco Stieg Larsson. O autor foi um jornalista e ativista político muito respeitado. Nasceu em 1954, em Skelleftehamn, na Suécia, trabalhou na agência de notícias TT, e à frente da revista Expo, fundada por ele, denunciou organizações neofascistas e racistas. É co-autor de Extremhögern, livro sobre a extrema direita em seu país. Morreu de infarto aos cinqüenta anos, em 2004 pouco depois de entregar para a editora os três volumes de sua trilogia. Acabou não conhecendo seu póstumo e estrondoso sucesso: um best seller em mais de 10 países (Suécia, Itália, Dinamarca, Alemanha, Noruega, França, Espanha, Inglaterra, Estados Unidos).
No último dia de 2010 eu terminei de ler Os homens que não amavam mulheres, um romance policial e de mistério que lida com diversas facetas da sociedade contemporânea e explora o que de pior ela tenta esconder. Devorei as 522 páginas em pouco mais de três dias, e a gama de sentimentos que tive ao longo da leitura são indescritíveis. Protagonistas cativantes, dramas impensados, desfechos intrigantes e uma trama cheia de suspense e pistas que me deixaram ligada da primeira à última página. Há muito tempo que não lia um livro de mistério que me deixasse assim.
Millennium é o nome da revista que Mikael Blomkvist trabalha e está ameaçada depois que ele foi condenado por difamação ao escrever um artigo sobre um poderoso empresário. A complexa personalidade de escoteiro sexy inteligente do jornalista (uma espécie de alter ego do autor?) Mikael Blomkvist e a perturbada, rebelde e superdotada hacker Lisbeth Salander se cruzam na tentativa de resolver um desaparecimento ocorrido 40 anos antes em uma poderosa, porém decadente, famíla sueca. Mikael não imaginava o que esse trabalho lhe reservaria, Lisbeth tão pouco. Ambos tiveram sua integridade física comprometidas em algum momento do livro, mas não foi apenas as cenas fortes e violentas que uniram seres tão distintos entre si, algo mais fez com que se encontrassem, trabalhassem juntos e enfrentassem os perigos que remexer no passado pode representar.
O livro é fantástico, um dos melhores que já li em toda minha vida (e olha que não digo isso para qualquer livro), tem intrigas familiares, sexo, estupro, morte, perseguição, investigação, violação de privacidade, desaparecimento, assassinatos, violência, política e Lisbeth Salander.
Eu não posso dizer que não me identifiquei com Mikael (por sua integridade e posicionamento político), mas foi Lisbeth Salander quem me cativou. A personagem é um misto de fragilidade infantil coma força e a determinação de uma mulher que já sofreu muito (e continou sofrendo durante a narrativa). O que ela enfrentou não foi pouco, e é praticamente impossível não tomar partido a seu favor com tudo que Larsson lhe reservou em seu romance. Uma mulher para ser admirada. Corajosa, inteligente e independente. Longe de viver de acordo com os padrões impostos pela sociedade ela é contantemente julgada e vigiada, apemas três pessoas não o fazem: Holger Palgren, seu ex-tutor; Dragan Armanskij, seu patrão; e Mikael Blomkvist, seu amante e parceiro. Apesar de estimar cada um deles, não permitia que se aproximassem ou soubesse de seus sentimentos positivos em relação à elas, com excessão de Mikael Blomkvist.
A vivência política do autor certamente é um dos fatores para o realismo da obra ser tão vivo e intenso. Pode parecer ficção tudo o que ele narra, se eu apenas te contar aqui, mas lendo acreditamos vivamente em suas palavras. Ele escreve com autoridade de quem já estudou e escreveu sobre o assunto.