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Augusto dos Anjos

Phantom Lord

London Calling
[size=large]BIOGRAFIA[/size]

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[size=medium]Augusto dos Anjos[/size]
(20/04/1884, Engenho Pau D'Arco, [PB]
12 /11/1914 Leopoldina [MG])


Considerado o mais original dos poetas brasileiros entre Cruz e Sousa e os modernistas, Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no Engenho Pau d'Arco PB em 20 de abril de 1884. Aprendeu com o pai, bacharel, as primeiras letras. Fez o curso secundário no Liceu Paraibano, já sendo dado como doentio e nervoso por testemunhos da época. Formado em direito em Recife (1906), casou-se logo depois. Contudo, não advogou; vivia de ensinar português, primeiro em seu estado e a seguir no Rio de Janeiro RJ, para onde se mudou em 1910. Lecionou também geografia na Escola Normal, depois Instituto de Educação, e no Ginásio Nacional, depois Colégio Pedro II, sem conseguir ser efetivado como professor.

Em fins de 1913 mudou-se para Leopoldina MG, onde assumiu a direção do grupo escolar e continuou a dar aulas particulares. Seu único livro, Eu, foi publicado em 1912. Surgido em momento de transição, pouco antes da virada modernista de 1922, é bem representativo do espírito sincrético que prevalecia na época, parnasianismo por alguns aspectos e simbolista por outros. Praticamente ignorado a princípio, quer pelo público, quer pela crítica, esse livro que canta a degenerescência da carne e os limites do humano só alcançou novas edições graças ao empenho de Órris Soares (1884-1964), amigo e biógrafo do autor.

Cético em relação às possibilidades do amor ("Não sou capaz de amar mulher alguma, / Nem há mulher talvez capaz de amar-me), Augusto dos Anjos fez da obsessão com o próprio "eu" o centro do seu pensamento. Não raro, o amor se converte em ódio, as coisas despertam nojo e tudo é egoísmo e angústia em seu livro patético ("Ai! Um urubu pousou na minha sorte").

A vida e suas facetas, para o poeta que aspira à morte e à anulação de sua pessoa, reduzem-se a combinações de elementos químicos, forças obscuras, fatalidades de leis físicas e biológicas, decomposições de moléculas. Tal materialismo, longe de aplacar sua angústia, sedimentou-lhe o amargo pessimismo ("Tome, doutor, essa tesoura e corte / Minha singularíssima pessoa"). Ao asco de volúpia e à inapetência para o prazer contrapõe-se porém um veemente desejo de conhecer outros mundos, outras plagas, onde a força dos instintos não cerceie os vôos da alma ("Quero, arrancado das prisões carnais, / Viver na luz dos astros imortais").

A métrica rígida, a cadência musical, as aliterações e rimas preciosas dos versos fundiram-se ao esdrúxulo vocabulário extraído da área científica para fazer do Eu -- desde 1919 constantemente reeditado como Eu e outras poesias -- um livro que sobrevive, antes de tudo, pelo rigor da forma.

Com o tempo, Augusto dos Anjos tornou-se um dos poetas mais lidos do país, sobrevivendo às mutações da cultura e a seus diversos modismos como um fenômeno incomum de aceitação popular. Vitimado pela pneumonia aos trinta anos de idade, morreu em Leopoldina em 12 de novembro de 1914.


Fonte


OBRA:

Eu(1912)


AUGUSTO POR DRUMMOND
Carlos Drummond de Andrade

"Li o "Eu" na adolescência e foi como se levasse um soco na cara. Jamais eu vira antes, engastadas em decassílabos, palavras estranhas como simbiose, mônada, metafisicismo, fenomênica, quimiotaxia. Zooplasma, intracefálica... E elas funcionavam bem nos versos! Ao espanto sucedeu intensa curiosidade. Quis ler mais esse poeta diferente dos clássicos, dos românticos, dos parnasianos, dos simbolistas, de todos os poetas que eu conhecia. A leitura do "Eu" foi para mim uma aventura milionária. Enriqueceu minha noção de poesia. Vi como se pode fazer lirismo com dramaticidade permanente, que se grava para sempre na memória do leitor. Augusto de Anjos continua sendo o grande caso singular da poesia brasileira."


CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
texto feito pelo poeta em 1984, centenário de Augusto dos Anjos, a pedido da Biblioteca Nacional.


“Na obra de Augusto dos Anjos aparecem, não de maneira eventual, e sim como elemento constitutivo de sua linguagem, alguns traços que caracterizam a nova poesia, a que se convencionou chamar de poesia moderna [...]

Pode-se dizer que a característica mais geral da linguagem moderna da poesia é a tendência a acentuar o caráter concreto do discurso: a busca de uma linguagem que seja, ela mesma, uma experiência nova à percepção. Daí a necessidade de dificultar o fluir do discurso e de construí-lo com palavras substantivas, carregadas de vida, sujas de vida, palavras de uso cotidiano. Isso se verifica tanto em poemas que partem de sensações objetivas como naquele que partem de sentimentos, do mundo subjetivo. No primeiro caso, o poeta procura impedir que o discurso se afaste da experiência original e a abstratize; no segundo, procura objetivar, dar contextura concreta, ao sentimento subjetivo. Em qualquer dos casos, manifesta-se na poesia a consciência ? que é moderna ? do caráter contingente, histórico, situado, da existência. Esse é um dos traços mais constantes na poesia de Augusto dos Anjos.”


(Ferreira Gullar. “Augusto dos Anjos ou vida e morte nordestina”. In: Anjos,
Augusto dos. Toda a poesia: Augusto dos Anjos. 3. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1995.)



Um de seus poemas mais conhecidos:

[align=center]
VERSOS ÍNTIMOS

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te a lama que te espera!
O Homem que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera

Toma um fósforo, acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro.
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa ainda pena a tua chaga
Apedreja essa mão vil que te afaga.
Escarra nessa boca de que beija!
[/align]



Um dos mais injustiçados e subestimados poetas brasileiros,injustamente considerado até de mau gosto por alguns.

Eu sempre gostei da sua obra(apesar de pequena),foi um dos primeiros poetas que li.

Esse site sobre a vida e obra do poeta é excelente
 
Augusto dos Anjos é o xodó de minha professora de Literatura.

Gosto da morbidez, do pessimismo e do vocabulário de seus poemas - repleto de vermes, escarros e afins. Certa vez apresentei um trabalho sobre ele no curso de inglês, para pessoas que nunca haviam tido contato com sua obra. Foi legal ver a cara de nojo de meus colegas. :rofl:
 
Gosto de Augusto dos Anjos, um dos poucos que escreveram poesia que me agradou. A primeira que li e depois procurei as demais foi:

Psicologia de um vencido


Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.


Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.


Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,


Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
 
Nas poesias que faço gosto de puxar um pouco o estilo dele.

O ambiente podre,o vocabulário nojento,o pessimismo ... tudo isso é Augusto dos anjos

é bem que como o alisson disse.No primeiro contato nao tem como nao ficar com nojo das poesias dele.

Mas só eu acho a poesia dele muito dificil? Tem poemas que em alguns versos tem varias palavras que nem consta no dicionario.Palavras desconhecidas,dificeis de serem pronunciadas...
 

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