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Euclides da Cunha

Lucas_Deschain

Biblionauta
[size=medium][align=center]Euclides da Cunha (1866-1909)[/align][/size]

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euclidesdacunha.jpg
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[align=justify]Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em 1866 na então província do Rio de Janeiro. A sua família, de origem luso-baiana, aí se instalara, em meados do século XIX, atraída pela miragem da riqueza fácil que o café parecia oferecer a todo o Vale do Paraíba , laboriosa e mediana seria a vida de Euclides: militar, engenheiro, topógrafo, jornalista, escritor e, por fim, por um brevíssimo espaço de tempo, professor.
Na adolescência escreveu alguns poemas de um romantismo liberal cujo ideário se cifrava no culto do Progresso e da Liberdade. E Euclides fez-se muito cedo abolicionista e republicano ardente. O pendor para os estudos matemáticos levou-o a eleger como curso superior a Engenharia, entrando primeiro na Escola Politécnica, que mal freqüentou e, logo depois, na Escola Militar da Praia Vermelha. Neste centro difusor da mentalidade positivista educa-se para um tipo de pensamento que atava no mesmo feixe de valores, a Ciência e o republicanismo.
Ao lado da influência de Comte, d o evolucionismo de Darwin e de Spencer o dispôs a aceitar, com excessiva confiança, as "leis" sobre os caracteres morais das raças que tanto acabariam pesando na elaboração de Os Sertões. Euclides passou a escrever no jornal A Província de São Paulo (depois de 1889, O Estado de S. Paulo) artigos de cunho ideológico.
Proclamada a República, Euclides pôde reintegrar-se às fileiras do Exército, cursando então Artilharia e Engenharia, na Escola Superior de Guerra. Em agosto de 1890, casa-se com Anna da Cunha. Nos anos seguintes dedicou-se aos estudos brasileiros de que foi, até a morte, um cultor assíduo. Em 1892, escreve alguns artigos para O Estado de S. Paulo, defendendo as medidas políticas de Floriano.
A essa altura, Euclides entrega-se aos estudos brasileiros, passando da geologia à botânica, da toponímia à etnologia: o acervo de conhecimentos que então carreou formaria a base científica de Os Sertões, obra redigida alguns anos mais tarde. Um fato veio alterar a rotina dessa vida de estudioso e funcionário exemplar. Os jornais de 7 de março de 1897 noticiaram a morte do Coronel Moreira César, líder da ala florianista do Exército. O episódio foi logo interpretado como primeira fase de uma luta armada em prol da restauração do regime monárquico. Euclides, republicano de primeira hora, aceitou, no princípio, a interpretação dos jornais. O Estado de S. Paulo convida-o a acompanhar, como correspondente, os sucessos de Canudos. O contato direto com as condições físicas e morais do sertanejo acabou por desmentir o pressuposto de que Canudos era um foco monarquista. Desfeito o equívoco, o escritor pôs-se a examinar com novos olhos aquela sociedade, cuja interpretação ele proporia em Os Sertões em termos de mestiçagem e de influência do meio.
O escritor continuou a trabalhar como engenheiro e a escrever sobre nossos problemas, compondo, em 1904, vários artigos, reunidos em Contrastes e Confrontos e mais tarde em o Relatório sobre o Alto Purus e em Peru versus Bolívia.
Em um esforço pessoal no qual se empenhara por motivos de honra, é morto numa troca de tiros com o cadete do Exército Dilermando de Assis, que se tornara amante de sua esposa, aos 15 de agosto de 1909. Contava, ao morrer, 43 anos de idade.[/align]

Fonte: http://louiselleprado.vilabol.uol.com.br/bioeuclides.htm

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Os Sertões é um dos mais importantes livros da Literatura Brasileira. Lembro que quando li só fui até o final por causa da minha teimosia em terminar os livros que começo, mas posso dizer que valeu a pena, pois apesar do aspecto jornalístico que cita todos os nomes, datas, títulos, patentes etc., a leitura de Os Sertões proporciona um panorama completo não somente de Canudos como também da visão e condições do homem que vivia naqula região. A divisão do livro em três partes (O Homem, A Terra e O Conflito) dimensiona a dimensão grandiosa que o livro assume enquanto relato jornalístico e enquanto documento literário.[/align]
 
Não esqueci a promessa que fiz a mim mesma de que leria "Os Sertões" até o fim deste ano.

Lucas_Deschain disse:
(...)Ao lado da influência de Comte, d o evolucionismo de Darwin e de Spencer o dispôs a aceitar, com excessiva confiança, as "leis" sobre os caracteres morais das raças que tanto acabariam pesando na elaboração de Os Sertões. (...)

Mas e aí? O livro vai muito pra esse lado?
Por que se for, já vi que a leitura vai ser um pouco difícil pra mim. :think:
 
Comecei "Os Sertões" este ano e parei, na verdade propus na minha comunidade do Orkut de debate literário, que leríamos um capítulo por semana e assim discutiríamos o mesmo, mas é uma leitura difícil, nem todos conseguem, é quase um desafio, mas que no todo agrada.

Acho que foi por preguiça e vontade de ler outros livros que estavam na fila, que desistimos.
 
[align=justify]O livro parte dessas teorias que explicam o homem a partir do meio em que vive, coisa que acontece também com O Cortiço. Mas essas teorias não aparecem abertamente em forma de "discurso científico" no livro (não que eu lembre pelo menos, faz tempo que li essa obra). É que a forma como a própria narrativa está organizada procura entender o homem como resultado do meio em que está. Basta olhar a divisão do livro para se ter uma idéia disso: em O Homem ele discute os "tipos" humanos da região, em A Terra ele estuda o meio, a geografia, a constituição das plantas, do solo, do relevo etc.; para aí sim partir para a análise e relato do ocorrido: a Revolta de Canudos. Essa era uma época em que vários teorias científicas e pseudo-científicas buscavam legitimar a segregação entre as raças e conferir superioridade a raça branca ou a alguns grupos em específico. Toda essa questão influenciou a obra de Euclides da Cunha, que faz um relato profundo sobre a situação das regiões mais afastadas das grandes cidades e capitais do país. Quisera eu saber mais sobre isso para poder explicar-me melhor.[/align]
 
É essa a razão de eu não gostar de coisas como "O Bom Crioulo" e "O Cortiço" (que nem terminei).
Mas enfim, vamos lá, preciso me livrar desses (pre)conceitos e também me parece que "Os Sertões" é mais um relato histórico do que um romance, então talvez eu acabe gostando no fim das contas.
 
[align=justify]É, tem lá seus pontos fracos ou não tão atrativos, mas ainda assim vale a pena dar uma conferida. Se você conseguir deixar de lado ou ler por cima as partes em que ele cita os nomes de todos os oficiais presentes, de todas as localidades, quantos canhões tinham, quais divisões e pelotões se apresentaram etc., vai ser uma obra bem interessante, posso garantir. Já ouviu falar de Domingos Faustino Sarmiento, que escreveu Facundo: Civilização e Barbárie no Pampa Argentino? Euclides da Cunha era o ídolo número um dele. Não que isso vá mudar a obra definitivamente, mas se conheces o Sarmiento é capaz de você se animar mais para ler Os Sertões.[/align]
 
Não nunca ouvi falar de Sarmiento, mas esse livro "Facundo: Civilização e Barbárie no Pampa Argentino" pareceu bem interessante...
Tenho vontade de ler livros sobre civilizações e culturas antigas (o mais próximo possível da realidade) desde que li o livro de Edward Gibbon sobre o império romano.
 
[align=justify]O livro do Sarmiento tem uma proposta parecida com o do Euclides da Cunha, já que eles exploram as paisagens sobre as quais escrevem buscando entender os homens que a habitam através dela, contrapondo a isso os modos de civilização e barbárie dominantes da época. Sarmiento é bastante polêmico por conta da sua posição com relação aos índios. Não consigo encontrar uma forma de explicar melhor, mas as obras deles não são romances, são tentativas de compreender aquela realidade sobre a qual eles se detinham no sentido de melhorá-la, logicamente, cada qual de acordo com suas concepções e convicções. Na condição de jornalista, Euclides da Cunha registrava esses dados de maneira meticulosa, mas se você não for fazer uma pesquisa detalhada, dá para "passar meio por cima" de toda essa enxurrada de dados.[/align]
 
A obra mais clássica do Euclides (Os Sertões) foi algo que numa primeira leitura não tive uma grande apreciação, mas depois que vi uma adaptação teatral feita por José Celso Martinez, tive uma outra compreensão e ao relê-la hoje tenho um ponto de vista totalmente diferente.
 
A obra mais clássica do Euclides (Os Sertões) foi algo que numa primeira leitura não tive uma grande apreciação, mas depois que vi uma adaptação teatral feita por José Celso Martinez, tive uma outra compreensão e ao relê-la hoje tenho um ponto de vista totalmente diferente.


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Sei como é isso, é o que podemos chamar de o adulto enterrar a criança e é o que se chama de "matar o garoto". Para o leitor maduro poder nascer tem que se enterrar o leitor amador para que o novo leitor nasça, para o adulto nascer tem que enterrar a criança. Em Ghost in The Shell, o caso do mestre dos fantoches tira uma frase de livro:

When I was a child, my speech, feelings, and thinking were all those of a child. Now that I am a man, I have no more use for childish ways.

Tradução Livre:

"Quando eu era criança, falava como criança, sentia como criança e fazia coisas de criança. Quando me tornei homem deixei as coisas de criança de lado."

Ou o trecho do Dead Boy's Poem (O Poema do Garoto Morto) do Nightwish:

If you read this line, remember not the hand who wrote it, Remember only the verse

Tradução livre:

"Se você ler esta frase, lembre-se não da mão que a escreveu, lembre-se do verso."

A nova forma, atualizada, não suporta a forma antiga que precisa morrer. Porém, se a forma nova da pessoa desejar, ela (o novo leitor, o adulto) carrega nele também a forma antiga (criança) porque é o novo estágio na vida. Quando quer o adulto também pode ser puro e divertido. O cérebro é um composto ou compósito de camadas adaptativas acumuladas sobre camadas mais antigas, mantendo recursos antigos enquanto assimila habilidade novas. O mamífero sobre o réptil, a reflexão sobre o automatismo.

Num primeiro momento é como Ghost in The Shell, "What you see now is like a dim image in a mirror". O presente é como uma imagem embaçada no espelho. Com a passagem do tempo o preto, o branco, as cores, os movimentos se tornam mais nítidos.


 
Preciso reler Os Sertões. Lembro que fiquei impressionado com a prosa dele quando tava no colégio - à despeito de ser um estudo geológico-antropológico nas duas primeiras partes, mesmo isso manteve o tom de thriller, gênero que eu tava viciado na época. Talvez tente reler junto com os diários do Conselheiro publicados recentemente pela É.
 

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