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James Joyce

E quem abriu o tópico e ainda disse não conseguir avançar em Ulisses, volta e retoma e agora se contradiz: Ulisses é fantástico! Toda obra tem seu tempo para ser lida e acho que finalmente me encontrei exatamente agora! Volto para mais detalhes em breve!
 
Pips, bem que você podia dar esses detalhes. Não lembro se você tinha postado antes do bug, mas agora fiquei curioso.

Falar nisso, nem tem tópico dele no fórum. Acabei de comprar o livro com a tradução do Houaiss. Estava em dúvida entre a dele e a da Bernardina. É melhor ler a dela primeiro, por ser mais fácil, ou acabou que, justamente por ela facilitar, ela não foi fiel ao texto de Joyce?
 
Eu comprei com a tradução da Bernardina, mas não comecei a ler ainda. A do Houaiss eu tenho em ebook, comecei uma vez, mas parei logo no início, antes de 40 páginas.
 
Brianstorm disse:
Pips, bem que você podia dar esses detalhes. Não lembro se você tinha postado antes do bug, mas agora fiquei curioso.

Falar nisso, nem tem tópico dele no fórum. Acabei de comprar o livro com a tradução do Houaiss. Estava em dúvida entre a dele e a da Bernardina. É melhor ler a dela primeiro, por ser mais fácil, ou acabou que, justamente por ela facilitar, ela não foi fiel ao texto de Joyce?

Por sorte, esses detalhes estão no post de Ulisses lá no Blog! Que é de junho desse ano!!
 
O dia em eu conseguir ler algo de Joyce e não me sentir uma pessoa de mente pequena, estarei pronto para morrer. O cara é o ápice do intelectualismo, muito inteligente. Uma vez queria ler um livro grande, comprei Ulisses e não conseui passar da página 5. até hoje.
 
Bem... Sim; já li o Ulisses. Várias vezes (mas não o entendi completamente, pois isto nem com mil!). O mesmo com O Retrato do Artista e com o Dublineses. Falta apenas o Finnegans Wake; mas este, a obra mais complexa que já foi escrita, é coisa sem esperança de sê-la feita (apesar de que para o Joyce, o aspecto mais importante do Finnegans Wake era sua musicalidade -- tanto que ele dizia que seu último livro era "pura música"). Acredito terem existido apenas duas pessoa que realmente leram o Finnegans Wake: James Stephens e Richard Ellmann. Um o próprio Joyce explicou o livro; o outro compreendeu a vida do Joyce de forma como nunca e provavelmente jamais se repetirá (afinal das contas, a teoria de Stephen sobre Hamlet é uma teoria do Stephen, ou seja, Joyce, sobre sua própria obra e vida).

De toda forma... Hora de morfar e indicar alguns livros para aqueles que quiserem, realmente, deliciarem-se com a obra prima máxima do século XX... Se tiverem alguma dúvida, postem...

Antes de mais nada; é importante lembrar-se que você não deve começar no Ulisses. Leia os livros passados do Joyce para se chegar nesse estágio; e esses livros são: Retrato do artista quando jovem e Dublinenses. O Música de Câmara não tem ligação com a obra Joyceana forte, e as referências que você porventura vier encontrar são bem pequenas...

Dublinenses

Para este livro não tem muita coisa a ser adquirida... basicamente compre uma edição do Dublinenses em português e outra em inglês. Só existe uma tradução dela... Para a edição em português você pode pegar qualquer uma, não tem importância qual... Agora para a em inglês...

Portrait Of An Artist As A Young Man And Dubliners, Barnes and Nobles Classics, 2004. Como o próprio nome diz, temos dois livros em um. Esta é pra mim a melhor edição a ser adquirida em inglês, pois possui introdução, notas e mapas. Bem completa, elucidativa, é a melhor coisa a ser feita. Na Livraria Cultura você acha por 15,78. Um preço bem em conta...

Links pro Dublinenses:

http://www.gutenberg.org/ebooks/2814 (texto em inglês)
http://www.doc.ic.ac.uk/~rac101/concord/texts/dubliners/ (hipertexto)
http://www.archive.org/details/dubliners00joycrich (primeira edição escaneada)
http://mural.uv.es/romoma/realism.htm (sobre o realismo e os detalhes em dublinenses)

http://www.sparknotes.com/lit/dubliners/index.html (notas sobre o dublinenses)

Retrato do Artista Quando Jovem

Temos duas traduções deste livro, que é uma espécie de autobiografia do Joyce. A primeira dela foi feita por José Geraldo Vieira. Para mim é a melhor, pois possui eu consegui notar um ritmo mais próximo do original. Ela é um pouco rebuscada em determinadas partes; mas nada excessivo. Compre a mais barata, o que geralmente remete à edição da Abril Cultural de 1970 e caixinha de sabão. Faz parte da coleção Os Imortais da Literatura...

A segunda tradução é da Bernardinha Pinheiro. Não gostei muito da tradução dela, mas recomendo comprarem a edição da Alfaguara (por enquanto apenas por esta editora) que possui notas no final do livro. Não tive oportunidade de vê-las, mas não acredito serem muitas nem tão elucidativas... Retrato do Artista não possui tantas referências como o Ulisses...

Por fim, temos a edição em inglês da Barnes and Noble Classics que já citei.

Links pro Retrato:

http://www.gutenberg.org/ebooks/4217 (texto em inglês)
http://www.doc.ic.ac.uk/~rac101/concord/texts/paym/ (forma hipertextual do livro -- acho bacana só o recurso de ver quantas vezes uma palavra foi usada)
http://www.archive.org/details/portraitofartist00joycrich (primeira edição escaneada)

http://www.sparknotes.com/lit/portraitartist/ (notas e resumo do livro)

Ulisses

Pois é. Chegamos. Vamos lá. Evidente que existe uma bibliografia vasta... Mas vamos listar os livros essenciais.

Ulisses traduzido por Antônio Houaiss. Muita gente reclama do fato do Houaiss ter sido excessivamente hermético e rebuscado nessa tradução. É... Concordo. A oralidade, o ritmo do texto foram perdidos; mas em compensação, a tradução do Houaiss das palavras valises é ímpar. A Bernardina Pinheiro lembra uma colegial perto do que o Houaiss fez... Isso sem contar as palavras de baixo calão, que foram um dos símbolos revolucionários da obra de Joyce e que ganharam vida aqui. Bernardina traduziu para "que droga!" e Houaiss traduziu para "que porra!". Bernardina disse "desabotoar a braguilha", e Houaiss disse "mijando".... E por aí vai. Compre a mais barata, o que geralmente significa a edição da Abril Cultural de 1981. Recomendo esta, pois tem o Gilbert Schema no final. A edição da Civilização Brasileira, por um motivo que só Deus e o diabo entendem, esqueceu-se de incluir o esquema...

Ulisses da Editora Alfaguara, tradução da Bernardina Pinheiro, uma edição de capa amarela com 912 páginas. Não acho a tradução dela muito boa: ela matou as palavras-valise e as palavras de baixo calão do texto assim como o Houaiss matou a oralidade (2x1: use a matemática). No entanto, no final do livro tem umas notas pela Bernardina que são ótimas pra se entender o livro. Como dito, recomendo que você tenha a tradução dela e do Houaiss, que é pra "balançar" a coisa.

Ulysses Annotated do Don Gifford. É a bíblia de referências do Ulisses. Notas bem mais amplas e completas que as da Bernardina, recomendo com a força de dez mil estrelas. É sério. Comprem essa porcaria. Vale muito a pena. Em inglês; mas vale sim muito a pena...

Ulysses: Annotated Student's Edition da Penguin Books. Uma edição de capa azul horrorosa de 1296 páginas. Tem notas no final que são, em alguns casos, mais claras que as do Gifford. São menos completas; mas recomendo pra quem quer comprar uma edição em inglês do Ulisses (o que é obrigatório pra se perceber a genialidade da obra) que possua notas abrangentes. A qualidade, no entanto, é meio xucra... Penguin Books, né? Aquela coisa. Eu mandei encadernar o meu em capa dura; pois odeio capas brochura que emborcam quando você abre o livro na página 25...

Ulysses, Oxford World's Classics. Uma edição de 2010, com 1056 páginas e essa capa. Possui o texto original de 1922 bem como notas bastante esclarecedoras. Se não quiser a edição da Penguin Books, pegue esta. Ou compre as duas.

Ulysses, Modern Library. Observe bem que versão vai comprar! A edição que eu estou recomendando é um texto corrigido em 1961... Não sei ao certo que tipo de correções foram estas; comprei a edição e quando ela chegar poderei ver isto melhor... Mas não deixa de ser uma edição interessante. Observe a primeira página dela. Perceberam o tamanho do S? É pra mostrar pro leitor que Joyce não começou a Telemaquia com S por acaso... Por isso eu acho a tradução do Houaiss mais fidedigna que a da Bernardina. Bernardina começa com "Majestoso"; e Houaiss com "Sobranceiro". Sobranceiro e Stately começam com S... Oras! S de Stephen, que simboliza Telêmaco, é o personagem principal dessa parte. Assim como as duas outras partes começam com M (Molly) e P ("Poldy", apelido carinhoso de Leopold Bloom)... Coisas que o Houaiss preservou e que essa edição deixa bem nítido...

The New Bloomsday Book: A Guide Through Ulysses. Um livro que conta um resumo, uma espécie de sinopse dos capítulos. É interessante pra você que está lendo e não está entendendo porra nenhuma. Isso no capítulo 3, monólogo masculino, é importantíssimo. Claro que não substitui a leitura do livro, mas não deixa de ser um ótimo apoio.

James Joyce, biografia escrita pelo Richard Ellmann. De longe a biografia mais completa que existe sobre o Joyce. O máximo que uma biografia sobre o Joyce pode fazer é se igualar a esta. Uma das melhores biografias que já foram escritas sobre alguém... É sério. Eu não conheço outra biografia que tenha analisado tão profundamente a alma de uma pessoa... Importante pra se entender o personagem Stephen Dedalus, alter-ego do Joyce, bem como referências a pessoas entre outras coisas ao longo do livro (algumas, inclusive, que Joyce não explicita -- como quando Buck Mulligan encontra sua mãe no episódio Circe, e diz: "Mulligan encontra a mãe aflita" -- acho que é algo assim; preciso conferir). No meio dele o Ellmann analisa o conto "Os Mortos" do final de Dublinenses, o Retrato e o Ulisses. Análises divinas. Recomendo mesmo. A tradução feita pela Lya Luft possui erros de digitação; mas acredito que isso tenha ocorrido pela pressão da editora ou que o valha (mas são poucos erros. Uns 20 num livro de 960 paginas -- sim, 960 páginas numa biografia de uma pessoa que não excedeu os 50)... Ela manteve os poemas do Joyce no original em inglês e fez uma tradução bem literal (sem ritmo e rimas) em baixo. Muito bom. Só senti falta de um índice... Em determinadas partes você sabe que já ouviu falar daquela pessoa, que ela é importante, mas não faz a mínima ideia donde ela se encontra...

James Joyce, Jean Paris. Livrinho pequeno, bem pocket, que faz uma análise das obras do Joyce. Muito bom. Ele é uma coisa meio resumida e compacta, mas é um apoio fantástico. Recomendo mesmo...

De resto são obras que todo mundo está careca de saber: Odisséia, Hamlet... Para a Odisseia... Bem. Basta saber a história, então acredito que valha a pena pegar qualquer porcaria na esquina. Ouvi dizer que a tradução do Carlos Alberto Nunes é a melhor; mas a tradução do Donald Schuler é muito boa também e possui notas. Enfim...

(tem uma edição facsimile do Ulysses também, feita pela Orchises Press. Facsimile é uma réplica do original. Bem fiel, bacana até... Não tenho esta; mas deve ser muito interessante tê-la. No site Poldy, mais abaixo, encontrarás...)

Para sites sobre o Ulisses:

http://www.poldy.com/ (site pra compra de toda e qualquer edição do Ulysses. Nunca comprei deles, pois não manjo dessas putarias de comprar coisas internacionalmente; mas pra quem manjar, é um excelente site...)

http://www.gutenberg.org/ebooks/4300 (Ulysses em inglês, de graça)
http://www.archive.org/details/Ulysses-Audiobook (audiobook do Ulysses)
http://www.archive.org/details/littlereview04mcke (a publicação original do Ulysses escaneada)
http://www.ulysses-art.demon.co.uk/scheme.html (esquema do Ulysses)
http://www4.uwm.edu/libraries/special/exhibits/clastext/clspg158.cfm (história da publicação do Ulysses)

http://www.sparknotes.com/lit/ulysses/ (resumo)
http://www.shmoop.com/ulysses-joyce/summary.html (resumo)
http://www.cliffsnotes.com/WileyCDA/LitNote/Ulysses.id-153.html (resumo)
(Com esses sites, o Bloomsday Book fica dispensável...)

http://publish.uwo.ca/~mgroden/notes/index.html (variados)
http://www.robotwisdom.com/jaj/ulysses/notes01.html (variados)
http://pers-www.wlv.ac.uk/~fa1871/joynote.html (variados)

Finnegans Wake

Certo. Vamos lá. Não tenho muito o que comentar... Basicamente é só indicar...

Panorama do Finnegans Wake, Augusto e Haroldo de Campos. A primeira tradução de trechos do Finnegans Wake.

Finnicius Révem, tradução por Donald Schuler, 5 volumes. Vocês podem comprar no site da atelie editorial todos os livros. São gigantes, muito bonitos mesmo. Possuem notas do Schuler, apesar destas serem bem pequenas e não ajudarem muita coisa, como o próprio Schuler avisou... É coisa mais pra fazer você não ficar: "wtf I'm reading..."

Skeleton Key To Finnegans Wake, Joseph Campbell & Robinson. Excelente livro, considerado a bíblia do Finnegans Wake. Não elucida tudo, que fique bem claro! Pelo contrário: elucida bem pouco mesmo... Mas esse pouco é maior que o dos outros livros...

The Role Of The Thunder In Finnegans Wake, Marshall McLuhan. Aqui ele explica as palavras trovão, que são 10 palavras com 100 letras cada sendo a última com 101. Essenciais para a compreensão do livro...

Fora estes livros, existe uma vasta biblioteca. Vou escanear a bibliografia que o Donald Schuler publicou no final da tradução dele do Finnegans Wake; que é basicamente uma bibliografia necessária pra se encarar o Finnegans Wake. É coisa pra caramba.... E no final das contas deve dar uns 2~3 mil reais de livros.... O livro da Jean Paris no final fala do Finnegans Wake também. É bastante bacana pra você entender algumas coisas.

Links pro Finnegans Wake:

http://www.fweet.org/pages/fw_smap.php (O melhor site sobre Finnegans Wake. Aproximadamente 80 mil entradas. Divino. Em inglês, sendo necessário um tutorial para melhor uso do site; mas ainda assim divino!)
http://www.finnegansweb.com/wiki/index.php/Main_Page (não é lá essas coisas... No começo é branda; no final morta)
http://digicoll.library.wisc.edu/JoyceColl/ (vários trabalhos sobre o pobre HCE e sua família)
http://mural.uv.es/joesdel/Writing_Wake.html (sobre a escrita do Finnegans Wake)

http://www.rosenlake.net/fw/FWeditions.html (edições do Finnegans Wake)

http://wikilivres.info/wiki/Finnegans_Wake (Finnegans Wake online, em inglês)
http://www.rosenlake.net/fw/FWconcordance/index.html (lista de palavras do Finnegans Wake -- bem interessante!)

http://www.zshare.net/audio/1106459e40ab0a/ (Terence McKenna falando sobre o Finnegans Wake)
http://www.ubu.com/sound/joyce.html (Joyce lendo o Anna Livia Plurabelle -- o seu capítulo preferido e o mais belo do Wake...)
 
Olá! Pelas pesquisas que andei fazendo, a tradução da Bernardina para Ulisses está bem mais tranquila de ler do que a do Houaiss (embora digam que essa é mais fiel), eu vou me aventurar nas páginas de Ulisses assim que terminar o livro que estou lendo agora. Se alguém quiser se aventurar "vamô que vamô". O Joyce tem uma linguagem surreal, mas arte é arte! A história Finnegan's Wake é baseada em uma música irlandesa, onde o Tim Finnegan morre e ressuscita depois de ingerir acidentalmente whisky. O Joyce pegou a idéia da música para falar dos ciclos celtas tão famosos, de vida, morte e ressurreição... bom, coisas de Joyce... Em breve digo se tive avanços ou retrocessos rsrsrsrsrs. A música Finnegan's Wake é cantada, entre outras, pela banda Dropkick Murphys e The Dubliners http://www.youtube.com/watch?v=Z_k2GG-H_RU
Raquel
 
Houaiss --> fidelidade nas palavras-valise, palavras de baixo calão, amplitude linguística e estilística.

Bernardina --> fidelidade na musicalidade (e olha que isso é importante, hein!).

Houaiss é excessivamente erudito em partes que não necessitam sê-lo...

Já a história do Finnegans Wake... Ela é bem absurda... Tem sonho dentro de sonho, a família do HCE sendo transmudada e simbolizada ao máximo... ALP desaguando em si mesma, HCE sendo condenado por um crime que ninguém sabe (tal Bloom em Ulisses, quase que)...
Se você quer ler o Finnegans Wake, leia em voz alta e sinta a musicalidade. Joyce não queria ser compreendido plenamente. Ele quis criar um labirinto perfeito (afinal, seu alter-ego é Stephen Dedalus -- Dédalo, construtor de labirintos), onde os críticos permaneceriam mil anos tentando desvendar, tentando sair do labirinto. Ele aglutinou palavras com uma maestria perfeita, criando uma ambiguidade mais-que-divina onde se você ler a palavra de frente pra trás ou de trás pra frente, do meio pro fim, do meio pro começo, você terá mais de uma análise, mais de uma opção...

"É pura música". É o que Joyce queria com seu livro. É uma piada. É o que Joyce queria de seus leitores. Não estamos até hoje tentando descobrir quem é o Veltro? Em que ano Virgílio compôs suas Éclogas? Quais são os versos inacabados da Eneida? Quem é a Dama de Negro de Shakespeare? Com quantos anos morreu Fausto? Pois então. Vamos passar o resto da eternidade tentando entender Finnegans Wake quando na verdade nós já o entendemos: sentir, sentir, sentir...
 
Acabou que minha compra do Houaiss não deu certo, aí comprei a da Bernardina mesmo.

Depois de muito tempo de espera, pretendo começar hoje. Pensei na possibilidade de ler as duas simultaneamente (visto que na biblioteca tem um exemplar da tradução do Houaiss). Seria interessante? Ou seria melhor ler todo pela Bernardina, depois todo pelo Houaiss?

Pensei em fazer assim: leio o primeiro capítulo pela Bernardina. Aí no outro dia pelo Houaiss. E assim por diante... Um capítulo por dia. Tenho medo de ficar maçante. Mas, por outro lado, poderia ajudar a entender um pouco mais (afinal, seria uma releitura com curtíssimo espaço de tempo rsrs).

Você leu muita coisa dele e sobre ele, hein, Mavericco? Foi para trabalho acadêmico?
Fiquei com muita vontade de ler essa biografia, mas 100 reais agora não dá...

ps: já li Dublinenses, O Retrato do Artista Enquanto Jovem e Odisseia. Hamlet não, faz realmente muita diferença?
 
é uma excelente ideia :sim:
eu li assim mesmo =p
Lia umas páginas primeiro na tradução da Bernardina e depois na do Houaiss. Caso esteja ficando difícil entender algumas partes, principalmente capítulos como o monólogo masculino, que é difícil na essência e não no palavreado,

http://www.sparknotes.com/lit/ulysses/ (resumo)
http://www.shmoop.com/ulysses-joyce/summary.html (resumo)
http://www.cliffsnotes.com/WileyCDA/LitN...d-153.html (resumo)
(Com esses sites, o Bloomsday Book fica dispensável...)

esses sites ajudam bastante, pois resumem as ações e fazem alguns comentários amiúdes....

A biografia é uma boa. Comprei ela por uns 40 reais na estante virtual... Mas fica sendo mais pra conhecer a vida do Joyce e, por conseguinte, aprofundar-se na obra... Muitas coisas da vida do Joyce, muitas mesmo, ele colocou no Ulisses... Desde o Stephen alter-ego até alguém-que-esqueci-o-nome o qual ele se baseou para criar o Bloom... (sou péssimo com nomes e a ausência dum índice remissivo é perturbadora na biografia)

P.S.: Hamlet é bem opcional, sabe? As semelhanças do Hamlet são mais nas partes do Stephen; ficaria interessante ler pra entender a teoria do Stephen acerca de Hamlet / Shakespeare, mas isso acaba ficando opcional mesmo. Ler a Odisseia é mais importante que o Hamlet, principalmente em capítulos como o Hades...

P.S.2.: Lembre-se: as partes que tem o Stephen no meio tendem a ficar chatas... O Stephen é muito chato o_Ô [basicamente os capítulos 1 ao 3 e o 12, se não me engano... O do Cila e Caribde)
As partes com o Bloom são de longe melhores e mais divertidas...

Humor com Stephen --> humor negro
Humor com Bloom --> humor risível de verdade

P.S.3.: você até que está munido... quando fui ler o Ulisses não tinha lido o Dublinenses, o Retrato e nem a Odisseia...
Aliás, até hoje não li Odisseia completa o_o.....
mas no final, corroboro com a teoria do Pound (acho que é dele) de que a Odisseia é simplesmente um sustentáculo narrativo do livro: que ele existe apenas para dar forma ao livro...

P.S.4.: O livro Ulysses Annotated do Don Gifford. tem algumas partes disponibilizadas no Google Books... O capítulo 1 tá lá completo, e tem uns pedaços de outros... É uma boa pra você ir entendendo as referências que o Joyce faz, apesar destas referências amiudarem-se quando o Bloom entra em cena (como se com o Bloom as referências fossem físicas e com o Stephen bibliográficas)
 
Hoje aconteceu algo incrível. Cheguei na biblioteca, procurei o livro no PC, anotei o número, achei a estante, literatura inglesa, fui procurando por J... Até ver o livro. Eu lembro porque ele se destaca lá. Muito grande e é uma edição bem velha, chama a atenção. Tinha, porém, uma pessoa em frente a essa prateleira (eu estava na ao lado). Quando eu ia levantar a mão para pegar o livro... o cara vai lá e pega. Na hora fiquei chocado. Nunca imaginei que isso fosse acontecer. Questão de segundos.

O jeito é ler "só" a da Bernardina mesmo. Aí depois eu releio com o Houaiss (ou quem sabe esse da Cia das Letras).

Já dei uma olhada nos sites. Esse sparknotes é muito bom. Quanto à biografia... Bem, tenho mesmo que quebrar minha resistência quanto à Estante Virtual. 40 é bem atrativo. Mas irei comprar daqui um tempo.

--
Ontem li o primeiro capítulo e me surpreendi positivamente. Gostei muito mais do que achei que iria gostar (geralmente me empolgo com esses livros muito grandes mais pra frente). A narrativa é muito boa. O Buck Mulligan é muito engraçado (as músicas debochando com a igreja são ótimas) e, até agora, não achei o Stephen chato não. :p O Heines que é chato.
Gostei da discussão política e já tomo as dores dos irlandeses. Achei esse trecho sensacional:

-- Afinal de contas, eu diria que você é capaz de se libertar. Você é seu próprio mestre, me parece.
-- Eu sou um servo de dois patrões -- disse Stephen --, um inglês e um italiano.
-- Italiano? -- disse Haines.
Uma rainha louca, velha e ciumenta. Ajoelhe-se diante de mim.
-- E um terceiro -- disse Stephen -- existe que me quer para trabalhos avulsos.
-- Italiano? -- Haines disse novamente. -- O que você quer dizer?
-- O estado imperial britânico -- respondeu Stephen, ficando ruborizado -- e a santa igreja católica apostólica romana.
Haines retirou do lábio inferior algumas fibras de tabaco antes de falar.
-- Eu posso entender isso perfeitamente -- disse ele calmamente. -- Um irlandês deve pensar assim, ouso dizer. Nós na Inglaterra sentimos que tratamos vocês bem injustamente. Parece que a culpa é da história.

Quanto ao Hamlet, felizmente as notas da Bernadina são muito elucidativas. =)
Porém também pretendo lê-lo, mas não agora. Já estou bem empolgado com o Ulisses. XD

Valeu aí, Mavericco.
 
Sim, sim! As reflexões do Joyce sobre a situação política da Irlanda são bem mais reflexivas e até mesmo nacionalisas do que o movimento literário irlandês decorrente... Joyce foi mais irlandês que uma plêiade de irlandeses que se diziam irlandeses mas na verdade eram pseudonacionalistas com moldes ingleses...!

Agora quanto ao Stephen... Eu acho ele um saco pelo egocentrismo de seus pensamentos, não saindo de seu próprio eixo, de seu próprio passado (atentar-se para uma frase X no próximo capítulo sobre a história), de seus pesadelos... O Haines, a meu ver, é um personagem tremendamente neutro, e com um caráter até mesmo maior que o do Stephen, mais aceitável e etc. Oras... Nós lemos os pensamentos do Stephen... Haines é inglês e Stephen é irlandês; Stephen é servo de Haines...

Talvez isso (julgar personagens de forma mais branda ou mais dura) seja um reflexo de se ler a própria biografia do Joyce, donde o episódio da torre de fato aconteceu... Mas aí já entram alguns aspectos que se expandem numa gigantesca velocidade... A vida do Joyce com a obra do Joyce, comprovando a posterior teoria do stephen, é a chave, não da torre ou da casa de Bloom, mas a chave para um universo intrincadíssimo...! Tudo em Joyce é detalhes, assim como em toda obra-prima... @_@

(o Buck Mulligan só se torna detestável quando se lê a biografia do Joyce... Inclusive esse papel zombeteiro e nefasto, como se ele fosse um bobo da corte maléfico, é uma alfinetada bem ácida que o Joyce faz para com o Gogarty (o verdadeiro nome do Mulligan)...)

(e o Stephen fica chato quando o Bloom entra em cena... Mais ou menos como na Odisseia, que é bem chatinha com o Telêmaco [buáááá, cadê papai???] e fica legal com o Ulisses)
 
Quando o Heines disse que "a culpa é da história" eu achei extremamente nojento...

"History is a nightmare from which I am trying to awake."
Essa frase? rs

Bem, também gostei bastante do segundo capítulo. O diálogo do Stephen com o Deasy é bem interessante. Mas o melhor de fato são as reflexões sobre a História.

Agora o terceiro... Realmente, que capítulo difícil! Demorei bastaaante. Mas foi muito prazeroso. Tem vários trechos brilhantes. A primeira página então... Acho que dava pra fazer um Clube da Leitura só com esse terceiro...

O quarto é (ao menos aparentemente) mais tranquilo. Talvez para dar um descanso pro leitor, né? Fiquei triste pois justamente o capítulo sobre Economia não é tão emocionante assim. :P

Mas, Mavericco, fiquei com uma dúvida aqui. A biografia influenciou no modo como você vê os personagens. Você odeia o Stephen. O Stephen é o alter-ego do Joyce. Então você odeia o Joyce? :rofl:

E estou cada vez com mais vontade de ler a biografia. :sim:
 
Acho que o Joyce exagerou o drama existencial do Stephen... Esse começo da carreira do Joyce, com a morte da mãe dele e todos os exílios que ele mesmo se impõe (bem mais brandos que um do Dante, por exemplo), tornam ele um tanto quanto chato, meloso e irritante...

Mas quando ele vai ficando mais velho, mais cego e mais cansado, aí ele fica mais aceitável e menos "mimimimi", sabe?

Stephen -> Joyce no começo da carreira
Bloom -> homem-que-ainda-não-me-lembro-do-nome + Joyce no "fim" da carreira

Afinal de contas, os pensamentos do Bloom são bem mais cômicos, tranquilos, familiares... Humanísticos e não egocêntricos @_@!
 
Pesoal, qual vcs recomendam para uma primeira leitura de Joyce: Dublinenses ou O retrato do artista quando jovem? Ou outro?
 
Na verdade, tanto faz, de certa forma. Ambos estão bem próximos no nível da leitura; a diferença é que o Dublinenses é um livro de contos ruim com um bom conto no final, enquanto o Retrato é uma obra-prima do século bem como um dos melhores livros no estilo Bildungsroman (onde a narrativa vai evoluindo conforme o personagem vai evoluindo).

A técnica de composição do retrato e sua musicalidade bem como as ideias e a própria formação artística do Stephen fazem dele bastante superior ao Dublinenses; no entanto, não posso dizer qual dos dois é mais importante para se ler o Ulysses. Stephen, heroi do Retrato, é também personagem importante no Ulysses (representa Telêmaco, oras), sendo centro de dois dos capítulos mais difíceis do livro: o 3 e o 9. O Dublinenses opera na mesma importância na medida em que apresenta vários personagens que aparecerão referencialmente, esteticamente ou simplesmente brandamente no Ulysses.

Recomendo, para veredicto final, que comece pelo Dublinenses. Por se tratar dum livro de contos, fica mais fácil você "escapar", digamos. Peço apenas que, caso não goste do livro, faça um esforço e leia o último conto, Os Mortos (The Dead), que é um dos melhores do século XX, e é o único texto que realmente compensa no livro todo: o resto só tem relevância quando o Ulysses se torna pano-de-fundo...
 
Obrigado!
E agora eu te faço uma pergunta:
Será que você teria como me dizer( desculpe a preguiça de ir procurar em outro lugar) algumas das principais referências(em termos de obras) presentes em Ulysses, mais necessárias para se ter um maior entendimento quando ao lê-lo? ( porque, é claro, não pretendo ler esse livro agora e, enquanto isso, queria ir digamos "me alimentando de referências:rofl:!)

P.S.: vou tentar, o mais depressa que puder, procurar o Dublinenses e ter o maior cuidado que uma leitura crítica exige. E falarei o que achei aqui...
 
A Odisseia de Homero é o cerne central. Hamlet de Shakespeare é interessante para o acompanhamento do Stephen e de sua teoria no capítulo 9.

Essas, no entanto, são as principais; as outras vão e voltam com ou mais importância. Se você for ler tudo antes de ler Joyce, você simplesmente não vai ler Joyce. Posso citar A Divina Comédia ou poemas de Blake; posso citar Goethe, posso citar Zola, Flaubert... A bibliografia referencial de Joyce abarca muita coisa; e essa mesma bibliografia abarca tudo e todo em Finnegans Wake, mas para este não existe esperança nenhuma. Deixai toda esperança, ó vós que entrais!

Agora se quiser um bom livro que te encaminhe e te explique minimamente (e efetivamente) as referências, esse livro é o Ulysses Annotated pelo Don Gifford. É a bíblia para as referências do Ulisses... É a Bíblia do Ulisses.
 

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