Alfaguara segue com o relançamento da obra de João Cabral de Melo Neto e publica livro mais popular do autor
"Sua poesia para mim nunca foi seca, mas a ‘máquina de comover’ que ele pretendia, obra de um poeta que nunca opôs construção e expressão. Ele merece todas as reedições possíveis" – Daniel Piza – O Estado de S. Paulo
Os poemas escolhidos para integrar este lançamento trazem à tona as características que estruturam a escrita de João Cabral de Melo Neto. São versos que desnudam os elementos fundamentais da obra do poeta pernambucano.
Morte e Vida Severina (1954-55), poema que dá nome ao livro, aborda o tema espinhoso da seca nordestina, dando voz aos retirantes que fazem o duro percurso entre o rio Capibaribe e Recife. Esta obra, a mais popular de João Cabral, faz parte de uma trilogia composta tam-bém por O cão sem plumas, já relançado pela Alfaguara, e O rio (1953), também presente nesta nova coletânea.
O rio, segundo livro da trilogia, também retrata o universo árido às margens do rio Capibaribe, mas dá voz a ele próprio como condutor da narrativa. Seu viés documental facilita a descrição do mundo que cerca seu caminho. Engenhos de cana-de-açúcar, usinas, retirantes e trabalhadores são retratados na velocidade do correr das águas.
Em Paisagens com figuras (1955), João Cabral sintetiza em palavras uma de suas principais características, que é o hibridismo de linguagens. Mesclando descrições de imagens de Pernambuco, com paisagens da Espanha, o poeta desfila toda sua expressividade onírica. Por fim, Uma faca sem lâmina (1955), trata do desafio da composição poética, que ele ilustra numa faca sem bainha, que corta o poeta por dentro.
O lançamento de Morte e Vida Severina leva às livrarias a essência do lirismo e da visceralidade poética de João Cabral de Melo Neto. Suas principais nuances, que o alçam à condição de um dos maiores poetas da nossa língua, estão dispostas mais uma vez nesta compilação.