Ainda que Tolkien não gostasse de alegorias, sua Terra Média é de muitas maneiras como a nossa, e realidades étnicas jogam um papel importante nas vidas de seus habitantes. Por exemplo, os numenorianos eram uma raça aristocrática de homens, "...alvos de rosto e altos, e a duração de suas vidas era o triplo da de outros homens da Terra Média. Estes eram os numenorianos, os Reis dos Homens, aos quais os elfos chamavam de dúnedain".
Mas três grandes males ameaçavam os numenorianos: praga; invasões por hordas de wainriders estrangeiros das terras do Leste; e miscigenação:
"Após o retorno de Eldacar, o sangue da casa real e de outras casas dos dúnedain se tornou mais misturado com o de homens inferiores. Pois muitos dos grandes haviam sido mortos no fratricídio. Essa mistura inicialmente não acelerou o crepúsculo dos dúnedain, como se temia, mas o crepúsculo ainda prosseguiu, pouco a pouco, como havia antes...
Pois os altos homens de Gondor já olhavam de soslaio para os homens entre eles, e era uma coisa inaudita que o herdeiro da coroa, ou qualquer filho do Rei, se casasse com uma de raça estrangeira e inferior...
Agora os descendentes dos reis haviam se tornado poucos. Seus números haviam sido bastante reduzidos no fratricídio...enquanto outros haviam renunciado a sua linhagem e tomado esposas de sangue não numenoriano. Assim se deu que nenhum pretendente à coroa podia ser encontrado que fosse de sangue puro...e todos temiam a memória do fratricídio, sabendo que se qualquer dissensão do tipo surgisse novamente, então Gondor pereceria."
Comparáveis aos avançados, bem dotados e inteligentes povos europeus de nosso próprio mundo, os dúnedain eram os grandes pioneiros, administradores, líderes e construtores de impérios, apenas de constituírem apenas uma pequena proporção da população total da Terra Média:
"Dito isso, os dúnedain eram assim desde o início bem menores em número do que os homens inferiores entre os quais eles habitavam e que eles governavam, sendo senhores de longa vida e grande poder e sabedoria".
Porém as qualidades especiais e atributos dos dúnedain foram gradualmente perdidos ao longo de anos de degeneração, diluídas e extintas pela mistura com outros tipos, de modo que sua nobreza e longevidade, concedida a eles por seu Criador, o "Pai Onipotente do Universo", foi derrubada ao nível de seus inferiores
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Vemos então como Tolkien insiste em que a melhor herança genética se encontra em uma raça muito antiga e superior, bela, sábia e totalmente pura. Estes primeiros nascidos Tolkien chama de elfos. Estamos falando dos próprios arios-hiperbóreos do Serranismo, os Tuatha de Dannan da mitologia celta, os aesires, os deuses da tradição pré-hispana, etc. Dessa primeira humanidade que teria gerado uma esplêndida e nunca vista idade de ouro, se decai com o passar do tempo e por culpa das misturas de sangue com raças menores em uma paulatina decadência e em um empobrecimento do mundo em todos os seus aspectos.
É verdadeiramente notável a concepção que tem Tolkien de seu próprio mundo subcriado, em clara afinidade com as teses do racialismo e do evolianismo. Tese que é ao mesmo tempo, uma radical antítese do mito evolucionista darwiniano, pois este nega as próprias bases em que aquele se apoia e aparece ligado às ideologias que constituem o inimigo principal da ideia da raciologia.
Tolkien apresenta em sua obra uma idade primigênia do mundo, antes do sol e da lua, que verão se desenvolver as seguintes quatro idades, ou luas, segundo as teorias de Hörbiger. É não obstante, na idade primigênia em que se manifesta todo o esplendor da criação de Arda. Os primeiros seres criados são os filhos mais velhos do mundo: os elfos. Altos, de pele cara e olhos acinzentados, de suaves cabelos negros ou loiros. São criaturas maravilhosas: seu sangue é absolutamente puro e estão dotados de extraordinária beleza, assim como de atributos incompreensíveis hoje para nós.
É na pureza de sangue dos elfos que reside o veículo que lhes permite se comunicar diretamente com os ministros do poder de seu criador: os Valar. Em ocasiões, a perda dessa virtude será a causa de sua desgraça.
Depois da idade primigênia, virão as outras idades, onde caberá por sua vez aos homens aparecerem, criaturas menos grandiosas e menos dotadas que os elfos. Os homens são, não obstante solares, pois aparecem ao mesmo tempo que as grandes luzes do firmamento. Desgraçadamente, também eles cairão no "pecado racial" ao se misturarem com outros seres inferiores e essa miscigenação se faz sentir, acima de tudo, na longevidade de suas existências: quanto maior a mistura racial, menor é seu tempo de vida. Assim tanto Tolkien como o racialismo coincidem no fenômeno do "involucionismo" no qual se vai de um mais para um menos. O mito evolucionista ao contrário faz descender a origem do homem a um hominídio semi-animal "evoluído" até chegar à humanidade de nossos dias.
Como já se indicou, Tolkien nos fala em seu Silmarillion sobre a existência de quatro idades do mundo, precedidas da primeira idade. Também isso é concordante com a tese do pensador francês Conde de Gobineau, o qual ao depositar os cimentos da filosofia racialista em seu "Ensaio Sobre a Desigualdade das Raças Humanas" nos diz: "a história da humanidade é a história da degeneração das raças criadoras de culturas a se misturarem com outras raças inferiores. À época da plenitude, em que a raça ário-hiperbórea vivia em estado de pureza, lhe sucede uma era de progressiva decadência. A história humana se dividiu em dois períodos: um que já passou e que teria visto e possuído a juventude, o vigor, a beleza e a grandeza intelectual da espécie, e outro, que começou e que conhecerá a marcha desfalecente da humanidade até a decrepitude".
Estes períodos os subdivide Gobineau também em quatro idades:
- A idade dos deuses ou de ouro, (o satya yuga), no qual a raça era absolutamente pura.
- A idade dos heróis ou de prata, (dupra yuga), no qual as misturas ainda eram débeis em força e número.
- A idade da nobreza ou de bronze, (treta yuga), em que certas faculdades já não se reuniam.
- A idade da unidade ou de ferro atual (kali yuga), na qual tem lugar a definitiva confusão dos diversos troncos raciais, a mistura indiscriminada de todas as raças, época de regressão, em que a poderosa natureza terá reconquistado o domínio universal da terra e a criatura humana já não será perante ela um domador, senão somente um morador e por último um bacilo que o planeta absorverá. "Não sabemos - vem a dizer o Conde de Gobineau - se o homem descende do macaco; o que sim sabemos é que sua evolução progride em direção ao símio". Em outras palavras a ideia de Gobineau, constatada pela obstinada realidade, é a inversão copernicana do mito evolucionista.
Não é necessário aqui se aprofundar na irrealidade da teoria evolucionista-darwiniana, senão fincar o pé nos seis aspectos principais que segundo Evola, constituem os cânceres da cultura moderna, focos infectos que mantém letárgica a essa humanidade e que devem ser extirpados se se deseja remontar a linha descendente e a ruína em direção a qual nos precipitamos irremissivelmente. Estes são: o materialismo histórico, o economicismo, a psicanálise, o existencialismo, o neorrealismo e o darwinismo.
Contra o darwinismo afirma Evola:
"Há que reivindicar a dignidade fundamental da pessoa humana, reconhecendo seu verdadeiro lugar, que não é o de uma espécie animal particular, mais ou menos evoluída entre outras tantas, diferenciadas por 'seleção natural' e sempre ligadas a origens bestiais e primitivas, senão que é tal que pode se elevar ou ir por cima do plano biológico. Hoje não se fala de darwinismo nos círculos mais oficiais da ciência, a substância permanece, não obstante, na mentalidade popular. O mito biologicista darwiniano, em qualquer de suas variantes, adquire valor de dogma defendido pelos anátemas da 'ciência' no materialismo, quer seja de corte capitalista ou marxista. O homem atual se habituou a essa concepção degradada de sua origem: se reconhece já nela tranquilamente e, o que o degrada ainda mais, a encontra natural".
Retomando o tema Tolkien nos encontramos, então, com que a possibilidade de um relato tolkeniano, onde a fabulação fantástica seja o único fim do autor, se distancia cada vez mais. Antes, pelo contrário, a obra de Tolkien é uma renovada e profunda visão do mito eterno da queda do homem branco. Tese que também se encontra em outros grandes mestres do gênero tais como: H.P. Lovecraft, Robert E. Howard, sir Edward Bulwer Lytton, Edgar Allan Poe, Herman Melville, entre muitos mais. Estes autores, como caberia esperar, compartilham de uma visão de mundo similar. Desde logo que não estamos falando de um fenômeno contemporâneo, já que também os grandes clássicos como Dante, Virgílio, Cervantes, Homero, etc., nos proporcionam um compasso no qual invariavelmente, se remonta a um tempo muito remoto, a uma idade primigênia protagonizada por semi-deuses e heróis.
Tolkien, como os outros, corrobora e nos volta a abrir os olhos à visão de um mundo pretérito e majestoso, de quando a terra era jovem e nossos ancestrais ários dominavam o orbe. A luz daquelas eras nos chega através de sua poesia trovadoresca como o eco de nosso passado mais distante e glorioso, e nos estende, ademais um delicadíssimo cordão dourado; um fio de Ariadne que nos reconduz a verdades profundas enterradas em nossa memória racial.
Como sempre, serão maioria todos aqueles que adversam ou ridicularizam qualquer interpretação que não esteja politicamente ou teleologicamente correta ou de acordo com os postulados obsoletos e doutrinários da ciência dessa época escura. Sempre estes servidores do Sistema estarão aí nos lembrando com sua lógica vulgar e seu sorriso de frivolidade cética que por exemplo: Tolkien jamais falou dessas coisas, que em suas cartas jamais ele blá blá blá, que o autor negou todo tipo de alegorias ou alusões a isso ou aquilo. O dizem e somente é verdade em parte, pois ignoram que não poucas vezes a obra supera o criador e, ademais, o ato mesmo de criar é um estado alterado de consciência, no qual a supraconsciência toma posse do indivíduo e deixa falar um arquétipo. Aqui é onde se deve aplicar a hermenêutica a fim de desentranhar o que se intui a ler entre linhas.