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Porcupine Tree

Progger58

Usuário
Olá, pessoal, sou novo no forum e nada melhor do que me apresentar aqui falando sobre esta que é a minha banda favorita atual: PORCUPINE TREE

Trata-se de uma banda inglesa cujo primeiro disco, On the Sunday of Life, lançado em 1992, apresentava um prog/psicodélico muito na linha do Pink Floyd era-Syd Barrett, mas lembrando também eventualmente o Hawkwind e até um pouco de Gong também. Depois desse primeiro disco, a sonoridade da banda mudou um pouco, tendendo mais para um prog/space rock na linha Pink Floyd da época Wish You Were Here (se bem que o som do Porcupine Tree é ainda mais viajadão). Nessa fase foram lançados os discos Up The Downstair (1993), o CD/EP Staircase Infinities (1994) e o magnífico The Sky Moves Sideways, de 1995 (por muitos considerado como sendo a obra prima do PT, tendo sido recentemente lançado em edição remaster, na forma de cd duplo). O excelente disco Signify, de 1996 (também recentemente lançado em edição dupla remasterizada) marca, por assim dizer, a transição entre essa fase floydiana e uma sonoridade um pouco mais pop, lembrando eventualmente o Radiohead, tendência esta que viria a se consolidar no disco seguinte, o excelente Stupid Dream, de 1999. Antes deste Stupid Dream teve também o ao vivo "Coma Divine", de 1997, também recentemente lançado em edição dupla, remasterizada, e que pessoalmente considero um das melhores gravações ao vivo já registradas no gênero. Em 1999 também foi lançado o disco Voyage 34: The Complete Trip, um cd com qualidade de áudio tão boa que eu considero referência no gênero. Depois disso, e talvez até influenciada pelo fato do líder e guitarrista da banda, Steven Wilson, haver se envolvido na produção dos discos do grupo Opeth, a sonoridade do Porcupine Tree também passou a incorporar alguns elementos de Prog Metal, conforme se pode perceber pelos dois últimos discos da banda, os também magníficos Lightbulb Sun, de 2000, e In Absentia, de 2002 (este último também lançado, a quem interessar possa, no formato DVD-A). Em 2001 foram lançados dois discos contendo outakes e raridades: Recordings e Metanoia, ambos também muito bons. Tem ainda uma compilação, em forma de cd duplo, lançada em 2002, sob o título Stars Die, contendo inclusive várias faixas inéditas, sendo portanto uma excelente opção para aqueles que queiram eventualmente explorar o maravilhoso mundo musical desta banda. E finalmente agora, neste ano de 2005, a banda lançou o também maravilhoso Deadwing (disponível também na versão DVD-Audio, a exemplo do In Absentia), um disco do qual também gostei demais, repetindo mais ou menos a fórmula do anterior In Absentia, se bem que ainda mais pesado que este.

Para quem aqui no grupo conhece a banda Opeth, o som dessa fase mais recente do Porcupine Tree é mais ou menos naquela linha, mas sem os vocais tipo death do Opeth. Inclusive o líder do Porcupine Tree, Steven Wilson, foi quem produziu alguns dos últimos discos do Opeth (Blackwater Park e Damnation com certeza), e o Mikael Akerfeldt do Opeth, por outro lado, participa deste último disco do Porcupine Tree.

A propósito, este é o link para o site oficial da banda:

http://www.porcupinetree.com/

Saudações,
Demétrio.
 
Uhm, eu conheço apenas o último disco deles (Deadwing) e assim como você gostei bastante do disco, ele tem um andamento lento, que me remete até a um som ambiente. É bom saber que essa banda não foi sempre Prog Metal - pois era a idéia que eu tinha - tendo como referencias bandas/artistas como Radiohead, Gong e Syd Barret. Quanto a Pink Floyd é bem comum as bandas atuais tanto de Rock como Metal Progressivo terem influencias, então não me surpreende tanto.

Vou buscar uns álbuns antigos deles.

Quanto ao Opeth, eu só conheço o Blackwater Park, é sinceramente não sei o que as pessoas veem de tão especial nele.
 
Gandalf,

Seu nick é inspirado na banda metal Gandalf ou no multi-instrumentista austríaco de mesmo nome, cuja música é mais voltada para a new age?

Com referência ainda ao Porcupine Tree, já que gostou do excelente Deadwing, acho que não tem como errar na aquisição de qualquer um desses:

- In Absentia
- Signify
- Lightbulb sun
- Stupid Dream
- Voyage 34: The Complete Trip
- The Sky Moves Sideways

Tem ainda um projecto paralelo do Steven Wilson chamado Blackfield, cujo disco homônimo também é muito interessante (tipo uma versão mais pop que o Porcupine Tree).
 
Progger58 disse:
Gandalf,

Seu nick é inspirado na banda metal Gandalf ou no multi-instrumentista austríaco de mesmo nome, cuja música é mais voltada para a new age?

Na verdade, o nick dele é inspirado num personagem de um livro de um tal de JRR Tolkien, um velho meio viado e pedófilo que dizem ser mago. :lol:


PS: Não vou perder a chance de floodar e falar merda. :wink:
 
É, finalmente alguém descobriu da onde vem as origens do meu nick. Nesse fórum de Tolkien todo mundo acha isso que o Luiz disse aí em cima. tsc tsc.
hahahah!

Mas sério agora, foi inspirado no mago do Senhor dos Anéis, acho que a inspiração dessa banda e do multi-instrumentista deve ter vindo daí também não?
Quanto ao Percupine Tree, vou tentar procurar algo da fase mais antiga da banda.
 
É, eu já sabia que a tal banda Gandalf e o multi-instrumentista austríaco de mesmo nome tinham se inspirado no livro do JRR Tolkien (do mesmo modo que também se inspiraram em personagens do mesmo autor diversas outras bandas, tais como Marillion, Isildurs Bane, etc.). Eu só não sabia ainda era a respeito dessas "tendências" do Sr. Tolkien, referidas pelo colega Lord... :mrgreen:

Demétrio.
 
Última edição:
pra mim as melhors são:

-She's Moved On
-Waiting Phase One
-The Sound Of Muzak
-Even Less

o cd novo deles não curte, achei um distanciamento dos primeiros, perderam a identididade e ficou repleto de uma harmonia bizarríssima, diferente do quase progressivo fusion que eles fizeram nos primeiros trabalhos.

enfim, eu curto, mas detestei o Deadwing
 
Olá, Orion, essas músicas que você listou são realmente muito bonitas.

Interessante como já ouvi outras pessoas falando que também não gostaram de Deadwing. Devo dizer que eu mesmo também não gostei tanto assim na primeira audição, ou melhor explicando: Depois de ler tantas reviews dando a impressão de que o Porcupine Tree, neste último disco, tinha guinado de vez para o metal, confesso que estava um pouco apreensivo em relação a isso. Não que eu não goste de metal, nada disso, mas é que o som típico do Porcupine para mim será sempre sinônimo de 'viagem', de forma que a gente sempre espera alguma coisa nessa linha a cada novo disco da banda.

Botei o disco imediatamente pra rodar, e as duas primeiras faixas pareciam confirmar as tais impressões que eu tinha lido. Mas enfim eis que entra a faixa 3, "Lazarus", uma balada que, sejamos justos, é de arrepiar de tão linda. E aí, depois da quarta faixa (Halo), também muito boa, entra "Arriving Somewhere But Not Here", indubitavelmente uma das coisas mais lindas já feitas pelo Porcupine. A partir daí, então, com algumas incursões na linha prog metal do melhor que existe, eu pessoalmente acho que é o velho Porcupine Tree a que estamos mais ou menos acostumados desde os dois últimos discos deles (Lightbulb Sun e In Absentia), com especial destaque para a faixa "The Start of Something Beautiful", também belíssima. As três faixas bônus disponíveis na versão DVD-Audio (a que eu tenho) também são excelentes, compensando, no meu entender (levando-se em consideração também a qualidade de áudio multicanal contida no disco), a aquisição dessa versão.

Trata-se, portanto, de um disco com um leque de variações ainda mais extenso que os anteriores, e acho que isso vem a ser um ponto forte para o Porcupine, qual seja, o da busca por novas sonoridades a cada disco, sem se acomodar às fórmulas já aprovadas por seu público.

É um disco para se acostumar e depois curtir bastante. =]

Demétrio.
 
Ouvindo o Deadwing.

Esse disco é tipo totalmente foda, peguei esperando algo parecido com Dream Theater ou Rush (minhas únicas referências "prog"), mas é completamente diferente de ambos, e tão bom quanto.
 
(...) Dream Theater ou Rush (minhas únicas referências "prog"), (...).

Pink Floyd, Yes, Gentle Giant, The Who, King Crimson... algumas referências prog pra você. Se você quiser, têm (muitas) músicas do Led Zeppelin que são totalemente rock progressivo. E essas são bem diferentes de Dream Theater ou Rush.
 
Ya, eu estou pegando "Pulse", do Pink Floyd, pra ver como é que é. Se eu gostar, pegarei alguns álbuns.

Desses outros que você citou, só conheço por cima The Who e Led.
 
Momento propício para ressuscitar o tópico, tendo em vista que o novo álbum Fear of a Blank Planet saiu já faz algum tempo.

Quem ouviu e o quê acharam, etc.

Anesthetize = uma das melhores (se não a) músicas já feitas pela IMO.
 
Momento propício para ressuscitar o tópico, tendo em vista que o novo álbum Fear of a Blank Planet saiu já faz algum tempo.
Já saiu "faz algum tempo"?? Onde?? 8-O :eek:

Ao que me consta, o lançamento desse disco nos Estados Unidos será no dia 24 deste mês, ou seja, depois de amanhã. Na Europa não deverá ser muito diferente. :think:

Aliás, mal posso esperar pelo seu lançamento OFICIAL, a fim de também adquirir o meu. :cool:
 
Descobri recentemente que o álbum DEADWING na verdade é um trabalho conceitual baseado no roteiro de um filme que o Steven Wilson vem escrevendo. Tem cerca de 20 páginas divulgadas do script até agora, e um fã da banda o traduziu (sim, um).

INT. QUARTO – NOITE
Uma jovem mulher se senta observando uma mesinha de adorno, pega uma pequena caixa de música e dá corta na caixa. Durante toda a cena o seu rosto está fora de foco ou obscuro, sua identidade é escondida de nós. Ela levanta a tampa e a caixa começa a tocar uma simples canção. A bailarina de dentro começa a dançar.

A mulher canta junto com a música e atravessa a sala para perto da janela onde se encontra alguns brinquedos de uma criança.

Ela vai novamente à cama e se senta na beirada. Um pequeno menino de mais ou menos 3 anos olha para ela de modo sonolento por debaixo do lençol. A mulher passa a mão no cabelo do menino e começa a cantar uma canção de ninar bem baixinho, fazendo par com a música da caixa.

JOVEM MULHER (CANTANDO)
If you should hear a silent cry (Se você deveria ouvir um choro silencioso)
Speak no more, no word or why (não fale mais, nenhuma palavra nem um porquê)
When birds are quiet and day has fled (Quando os pássaros estão calados e o dia se vai)
The hour has come to go to bed. (é a hora de ir para cama)


Ela pega um copo de água no criado-mudo e experimenta.

CANTANDO)
Sleep will come to weary eyes (o sono virá para os olhos cansados)
That's the time the blood moon cries (esta é a hora da lua vermelha chorar)
When night draws in and down goes day (quando a noite se vai e o dia aparece)
You can wish the shadows away. (você pode desejar que as sombras se vão)


Ela traz sua mão livre para a frente do rosto do garoto e desenrola seu punho revelando uma pequena pílula azul. O garoto olha, sem expressão. Ele a coloca na sua língua e a mãe dele o ajuda para que a água seja ingerida.

(CANTANDO)
If you wake before sunrise (Se você acordar antes do nascer do sol)
And hear the breath of demons lies (e ouvir a respiração dos demônios)
Close your eyes, never fear (feche seus olhos, nunca tema)
Peace my child, for mother's here. (tranquilize minha criança, para o bem da sua mãe)

O garoto bebe e devolve o copo. Nós notamos um pingente balançando no pescoço da mulher. Moldado em prata, ele é um símbolo de um P cercado por linhas, parecido com um objeto egípcio.

(CANTANDO)
He feels your pain, he dries your tears (ele sente a sua dor, ele seca as suas lágrimas)
He lifts the stone, he quells your fears (ele levanta pedras, ele vence o seu medo)
He waits for you to join him there (ele espera para que você se junte a ele)
Return to him the gift once shared. (devolva a ele o dom que foi dividido)


A mulher pára de cantar e gentilmente beija o garoto na testa. Ele fecha os olhos. Ela apaga as velas, e deixa o quarto iluminado pela luz da lua.

Ela sai silenciosamente, embora a caixa ainda toque. Há um curto som ambiente enquanto a luz aparece pela porta quando ela abre a fecha.

Um foco no rosto no menino. Primeiro os seus olhos se abrem, e então ele abre a sua boca. A pílula azul ainda está na sua língua.

Ele a pega e coloca embaixo do travesseiro, virando e olhando para a janela.

PONTO DE VISTA DO MENINO: A janela está um pouco aberta, com a cortina levemente balançando. A bailarina gradualmente vai parando de girar enquanto a música pára. Vagarosamente focamos na luz cheia.

TÍTULO APARECE
TRILHA SONORA: A MULHER CANTANDO A CANÇÃO DE NINAR DO COMEÇO DA CENA

EXT. FLORESTA – NOITE
Ângulo maior da mesma lua cheia. A chuva cai forte. Um foco no caminho entre as árvores. Uma pequena e misteriosa pessoa está correndo pelo caminho.

Ângulos de várias câmeras vão chegando perto. A pessoa tropeça, o chão está molhado. Nós percebemos que é uma criança.

Aproximação da câmera. Nós reconhecemos o pequeno garoto vestido em uma camisa preta.

Um foco nos pés do garoto, cheio de lama, ensangüentado. Ele tropeça e cai de cara na lama. Ele se olha , aflito mas concentrado no que tem que fazer. Ele recupera o fôlego com o frio ar da noite.

Ele levanta mais uma vez e continua sua jornada.

TÍTULO DESAPARECE
A MULHER PÁRA DE CANTAR

EXT. CHÃO SUJO – NOITE
Um mendigo idoso e sujo está sentado em uma caixa e um chão sujo em uma rua pobre, com a costa virada para nós. Está nublado e chovendo. Há um entulho e um ferro velho em volta, além de uma velha TV. O velho tenta acender um monte de fósforo encharcados, protegendo a chama do vendo e da chuva. Quando ele acende não há barulho nenhum.

UM CORTE PARA UMA IMAGEM PRETA

A mesma cena aparece novamente, desta vez com um som acompanhando a imagem dos fósforos acendendo. Entretanto, o som parece inapropriado para a cena – muito importante para um fósforo acendendo na mão de um mendigo.

CORTE PARA UMA IMAGEM PRETA
Pela terceira vez a cena aparece, com um som diferente. Ainda parece inapropriado, fora de lugar.

A CENA É CONGELADA.

INT. ESTÚDIO DE SINCRONIZAÇÃO – NOITE
A câmera afasta do monitor da TV para revelar as costas de um homem jovem assistindo. Foco nas rápidas mãos do homem que está mexendo em um grande aparelho diante dele. Isto termina com um aperto de botão decisivo e uma luz vermelha acendendo.

A imagem da TV volta para a cena que precisa ser mexida.

Um foco nas mãos do homem que parecem procurar alguma coisa em duas gavetas. Ele tira tesouras, pacote de cigarro, fitas, e finalmente o que ele está procurando: uma caixa de fósforos.

Ele levanta e entra em uma pequena sala. Enquanto a porta fecha podemos vê-lo através do vidro, mas não ouvimos nenhum som. Ele pega o microfone e também uma cesta de lixo que coloca embaixo.

David volta para a sala de mixagem, pega os fósforos e usa várias chaves no aparelho o colocando em modo de gravação – uma luz vermelha acende.

Ele retorna para a sala de som. Ele fecha a porta atrás dele, mas desta vez podemos ouvi-lo dentro da sala que tem dois grandes alto-falantes. David acende três fósforos de diferentes distâncias do microfone.

Foco nos índices de gravação de pelo menos dois fósforos. Eles levantam durante o barulho.

Satisfeito, David sai da sala, retorna ao aparelho e recoloca os três sons. Com rapidez e habilidade ele escolhe o melhor. Usando o editor de som ele isola barulho e o posiciona exatamente na cena do mendigo acendendo os fósforos.

David volta a cena e a coloca de novo deste o início.

EXT. CHÃO SUJO – NOITE

A cena aparece de novo, na tela toda. O mendigo tenta acender os fósforos encharcados, os protegendo do vento e da chuva. O som parece se encaixar bem.

APENAS DESTA VEZ HÁ ALGO DIFERENTE.

HÁ UM GAROTO PARADO A MEIA DISTÂNCIA DA CENA, OLHANDO PARA AS LENTES DA CÂMERA. O MESMO GAROTO DA CENA DE ABERTURA VESTIDO COM A CAMISA PRETA.

INT. ESTÚDIO DE SINCRONIZAÇÃO - NOITE
Foco no rosto de David. Ele olha espantando, apavorado com a nova cena diante dele.

EXT. CHÃO SUJO – NOITE
A cena acontece, o velho acende o fósforo.

E O GAROTO SE FOI.

INT. ESTÚDIO DE SINCRONIZAÇÃO – NOITE
David aperta o rewind, ele volta a cena.
E aperta o play.

EXT. CHÃO SUJO – NOITE
A cena vai do início ao fim.

Com nenhum sinal do garoto.

INT. SALA DE SINCRONIZAÇÃO – NOITE
Câmera em David. Ele esfrega os olhos e olha de volta para a tela. Ele pára o filme e olha o relógio a sua esquerda.

O relógio digital marca 11:45pm. Vemos uma luz refletida no vidro do relógio.

David vira sua cabeça para a direita. Podemos ver através do vidro da sala de som, mas não ouvimos o fogo vindo da cesta de lixo.

David pula da cadeira o vemos desaparecer para resolver isto.

INT. ELAVADOR DO ESTÚDIO – NOITE
David vai saindo do prédio, descendo quatro andares de elevador. O elevador é aberto então podemos ver os outros andares. Podemos ver que o resto do prédio está completamente vazio, com exceção de uma moça limpando a escada. Enquanto David passa no elevador a moça pára o trabalho e o acompanha com o olhar. O som da chegada aparece enquanto David aperta o botão para a porta abrir.

EXT. RUA DA CIDADE – NOITE
As ruas estão mal iluminadas e vazias. Há resto de frutas de um mercado na rua. David anda pela rua, abotoando sua jaqueta, sua respiração é melancólica sob a luz da lua.

Um pequeno grupo de jovens sai de um bar em frente. Eles parecem bêbados e valentões e então usando fantasias com máscaras de rosto. Eles estão carregando caixas e enquanto David passa, um deles olha atravessado e balança uma cesta de moedas e papéis em sua direção. David afasta a cabeça, evita-os e acelera os passos.

INT. TÚNEL DA ESTAÇÃO – NOITE
David fica sozinho no fim da estação, esperando pelo último trem. Ele fecha seus olhos cansados e inclina levemente.

Há um pequeno barulho vindo dos trilhos.

O vento vem de fora do túnel. Momentos depois o trem aparece na estação , a buzina avisa David.

O trem pára. David abre sua mochila e vemos um mini-disc. Ele tira um par de fones de ouvido e os coloca. Ele liga o aparelho, e enquanto as portas se abrem, vai em direção ao trem.

INT. TREM – NOITE
David se senta encarando sua própria imagem refletida no vidro da frente. O contorno do vidro distorce sua imagem o fazendo parecer como se não tivesse olhos, apenas dois buracos tingidos de preto.

Um foco na mochila de David. Retirando a ponta de um pequeno microfone.

A PARTIR DE AGORA OUVIMOS O QUE DAVID OUVE ATRAVÉS DO MICROFONE:


PONTO DE VISTA DE DAVID: duas mulheres de meia idade vestidas em uniformes de trabalho amassados, faxineiras voltando do trabalho:

MULHER DE MEIA IDADE 1
... mas ele simplesmente me deu mais alguns analgésicos e me disse para ser paciente.

MULHER DE MEIA IDADE 2
Eles fazem isso parecer como se fosse sua culpa e como se você tivesse feito algo de errado, não fazem?

MULHER DE MEIA IDADE 1
Bem, é exatamente como ele me fez sentir, como se eu estivesse desperdiçando o tempo dele. Quero dizer, eu espero alguma simpatia, de qualquer forma eu nunca tomo as pílulas, eu as jogo fora.

MULHER DE MEIA IDADE 2
Hoje em dia estes doutores jovens dão estas pílulas como se fossem sabichões...


A câmera fecha em David enquanto ele reajusta o microfone para continuar pelo vagão. Dois assentos atrás de David está um adolescente com um walkman, com o som da música vazando pelos fones. Ele dá batidinhas no seu tênis, mas de forma nervosa e fora de ritmo com a música.

O adolescente olha para um jovem casal do outro lado, namorando.

A garota está sussurrando algo no ouvido do seu namorado. Nós ouvimos um pouco da sibilação das palavras, mas não exatamente o que ela diz.

Um foco no último ocupante do vagão, um mendigo dormindo. Ele está se debatendo, respirando pesadamente e murmurando com ele mesmo. Um repentino balanço do trem o faz acordar, ele levanta, abre o olho, e olha para o vagão se perguntando onde está.

E então relaxa de novo, bocejando.

A câmera volta para o casal jovem.

Eles bocejam.

A câmera volta para o adolescente.

Ele para de batucar o tênis, e boceja.

A câmera volta para as duas mulheres de meia idade, ainda conversando.

MULHER DE MEIA IDADE 1
diria isso, já que a razão...

Ela pára de bocejar.

Então a amiga dela boceja.

Um foco em David. Ele boceja.

INT. TREM – MAIS TARDE DA NOITE

David acorda com o trem chegando na estação. O vagão está completamente vazio, com exceção do mendigo dormindo, que está falando alto de forma incoerente, embora esteja dormindo.

Ele relaxa de novo e ronca.

A porta do trem se abre.

EXT. RUA – NOITE
David anda pela rua da cidade a caminho de casa. O farol de um carro que está passando o ilumina por um momento. O que faz David entrar em um parque.

EXT. PARQUE – NOITE
Enquanto David caminha pelo parte, sente alguma coisa e olha para o céu – está começando a chover.

Mais adiante ele nota alguma coisa na calçada. Desenhos feitos com giz e mensagens. Ele fica curioso e pára para olhar.

Eles são uma densa mistura de palavras e desenhos. Nada diferente dos desenhos de William Blake. Um mostra um anjo bebê pendurado no ombro de um homem. O outro é um “P” assinalado com uma cruz de forma pagã, com cobras enroladas nas linhas que formam o “P”. Enquanto ele tenta ler as palavras, a chuva fica mais forte. Os desenhos começam a se desintegrar diante dos seus olhos.

Ele volta a caminhar para casa.

EXT. CASA DO DAVID – NOITE
Um grande sobrado, em uma rua silenciosa mas não muito boa. Ele pega as chaves. Vozes abafadas vêm lá de dentro.

INT. CASA DO DAVID – SAGUÃO - NOITE
Nas escadas, os vizinhos de David, um homem e uma garota italiana, estão tendo uma briga em sua língua nativa. Com o som de David entrando, eles ficam em silêncio. David começa a andar devagar, enquanto ele passa eles trocam um nervoso “olá”. A garota sorri para ele. Então ele passa para o segundo andar, e começa a subir a escada. No meio ele pára e tenta escutar. Silêncio. Ele termina e encontra a sua porta. Ele usa as chaves para entrar.

INT. SALA DA CASA DO DAVID – NOITE
David entra no flat e tranca a porta duas vezes. Tira e pendura a jaqueta junto com a mochila em que está o seu mini-disc portátil. Ele abre a mochila e o tira de lá.
O flat é um pequeno quarto conjugado, um pouco inabitável, e sem um toque feminino. Os principais aparelhos são a televisão e o aparelho de som. Nas paredes há várias estantes com CDs e mini-discs. Ele caminha para a cozinha.

INT. COZINHA DO DAVID – NOITE
Ele seca o seu cabelo e começa a encher a chaleira. Os canos de água fazem um barulho e a água sai devagar e com um barulho vindo da torneira. Ele abre o armário e encontra comida instantânea. Ele pega o saquinho e o abre.

INT. SALA DO DAVID – NOITE
Ainda secando o cabelo com uma toalha, ele fecha a cortina e tira os sapatos. No chão está um grande quebra-cabeça que foi começado. As peças ainda não usadas estão em um monte ao lado. Não há imagem então não sabemos o que ele está montando. David pega uma peça, segura, e depois de procurar por algum momento a coloca no quebra-cabeça.

David pega a caixa vazia do mini-disc e uma caneta. Escreve alguma coisa na caixa. Ele o coloca na caixa e coloca na estante perto de outras caixas escritas.

O som da chaleira vem da cozinha.

INT. QUARTO DO DAVID – NOITE
David está deitado na cama. O abajur ainda está acesso. Ele olha para o teto.

PONTO DE VISTA DE DAVID: Um branco e monótono teto.

Ele escuta do som do homem e da garota italiana fazendo amor através do teto: o rangido da mola da cama, um imenso som, junto com as empolgadas exclamações de desejos da italiana.

David pega uma pequena caixa na escrivaninha e remove dois fones, e os coloca no ouvido. Os sons exteriores ficam abafados e nós ouvimos os batimentos e a respiração de David dentro da sua própria cabeça. Ele apaga a luz e fecha os olhos.

Há uma pausa enquanto focamos nos batimentos do seu coração. E então...

VOZ DE UM HOMEM (FORA DA TELA)
O que é aquilo?

INT. SALA DE SINCRONIZAÇÃO – DIA
Um foco no rosto de David, olhos ainda fechados. Nós vemos os reflexos das cenas no seu rosto, e o som do filme que ele está editando, como se estivesse tocando dentro da sua cabeça.

O som dos batimentos vagarosamente dá espaço a um vibrante som – o som dos canos de David, mas desta vez distante e prolongado.

VOZ DE UM HOMEM (FORA DA TELA)
Que som vibrante é este?

Os olhos de David se abrem.
Maior ângulo: David está de volta no estúdio de sincronização assistindo a um monitor de TV com um homem de mais ou menos 50 anos sentado atrás dele.

STEPHEN
David, acorda pelo amor de Deus! Eu não pedi este som... pedi?

David se ajeita na cadeira, respira e tenta se concentrar no pedido. Ele pausa o filme.

DAVID
Não. São os canos do meu flat. Eu acho que isto foi adicionado... de certa forma.

O diretor encara a parte de trás de cabeça de David por um momento.

STEPHEN (CURIOSAMENTE)
Novamente...

David coloca a cena de novo. Desta vez focamos no rosto de Stephen. Sua testa enrugada por causa da concentração.

Ainda no seu rosto, ouvimos uma porta abrir e um homem tossindo como se quisesse atenção. Stephen o ignora.

HOMEM QUE INTERROMPE (SUSSURANDO)
Stephen?

Stephen continua o ignorando.

HOMEM QUE INTERROMPE (MAIS ALTO)
Stephen? Selby Sheridan está na linha um atrás de você. Ele disse que precisa de duas coisas...

Stephen, ainda prestando atenção no filme, levanta dois dedos para o intruso sem ao menos dar a cortesia de olhar para ele. O som homem sai e a porta fecha devagar. Stephen continua assistindo. Enquanto o som vibrante aparece na trilha sonora, ele faz um sinal com a cabeça.

STEPHEN
Certo. Não é besteira. Pause aí.

O som pára repentinamente, e Stephen e David se sentam silenciosamente, e olham para a tela por algum tempo.

STEPHEN
O que você acha do som ambiente?

DAVID
Hum... bem, nós provavelmente teremos que dublar alguns sons de fundo e talvez cortar alguns dos diálogos.

STEPHEN
Droga! Eu sabia. Aquele drogado idiota. Alguns destes estão utilizáveis?

David vira para Stephen pela primeira vez. Ele comprime seu rosto, abre a boca como se fosse falar e então a fecha de novo.

STEPHEN
Jesus! Certo, estou começando a regravar esta semana e eu quero que você faço isso.

DAVID
A dublagem? Eu não tenho certeza...

STEPHEN
Não! Não a droga da dublagem! Quero você no local de filmagens.

David franze as sobrancelhas. Pensa por um momento.

DAVID
Mas eu não faço isso faz muito tempo, eu não acho que Nigel...

Stephen já está de pé, colocando e jaqueta e se preparando pra sair.

STEPHEN (CORTANDO DAVID)
Vou acertar isto com o Nigel, não se preocupe. A menos que ele queira perder um dos seus melhores clientes, ele terá que te deixar sair desta jaula por algumas semanas. Cristo, você não pode ser pior que aquele macaco, não importa o quanto você tenha praticado.

Stephen abre a porta.

STEPHEN
Pense bem. Está quase acertado.

Stephen vai embora. David olha para e porta e suspira. A porta abre novamente, Stephen coloca sua cabeça pra dentro.

STEPHEN
Você joga squash?

David abre a boca para falar.

STEPHEN
Excelente! Vou marcar um jogo para nós.

Ele bate a porta.

EXT. TUBO DA ESTAÇÃO – NOITE
Na parede do tubo está um anúncio da The Nacional Society sobre a prevenção do abuso infantil. A imagem é pequena, de um garoto com olhos vazios olhando de meia distância e há uma linha “eu não posso dormir, pois é quando os monstros vêm”.

Uma brisa vem de fora do túnel. Uma sacola vazia voa e nós a seguimos até que ela se choca contra o corpo de um homem. Este homem é David, que está olhando o anúncio. Ele parece notar a sacola e balança sua perna. Ela continua sua trajetória pelo túnel. David assiste a sacola voar pelo resto da plataforma deserta.

Enquanto seus olhos alcançam a saída nós ouvimos o som de passos apressados descendo os degraus. David assiste e espera enquanto os passos ficam mais altos. Finalmente uma mulher aparece – ela tem quase 30 anos, vestida em um longo casaco vermelho e sapatos de salto alto vermelhos. Ela permanece aproximadamente 40 metros de David, ela faz uma mesura. Quando ela olha através do seus ombros para a plataforma nós vemos o seu rosto. Apesar de toda consternação, ainda tem uma beleza intrigante.

Esta é Elizabeth.

Seus olhos se encontram mas rapidamente David desvia o olhar e observa a plataforma.

Eles ficam em silêncio por alguns minutos. Então o som fraco de mais passos. David olha de novo para Elizabeth. Ela está coberta de medo. Os passos são irregulares, como se a pessoa que estivesse descendo fosse manca.

Elizabeth começa a andar em direção a David, seus sapatos fazem barulho. Enquanto ela se aproxima de David, a respiração dele é ampliada na trilha sonora. Ela parece que vai conversar com David mas ela passa e pára um pouco depois dele. Então ele está entre ela e a entrada.

David olha de lado para ela.

Os passos continuam, ficando mais altos. Eles são lentos, pesados e o ritmo é acentuado pelo barulho de cada outro passo. David olha para a saída e olha de relance para Elizabeth. Ela ainda está encarando os trilhos, mas seu corpo ficou rígido de medo, e seus olhos estão fixos.

Há um som agitado e outra brisa enquanto o trem se aproxima. Nós ouvimos o som enquanto o barulho dos passos é abafado.

O trem começa a aparecer devagar. O trem pára e as portas se abrem. David olha para Elizabeth – ela joga um olhar aterrorizante para a entrada da estação e vai rapidamente para dentro do trem. David olha para a entrada. A sombra de um homem parece se aproximar.

O sinal eletrônico de que as portas vão fechar faz barulho. David rapidamente entra no vagão a sua frente, enquanto as portas se fecham.

INT. VAGÃO DO TREM – NOITE
David embarca em um vagão após o de Elizabeth, e fica por um momento parado apenas escutando. Após alguns momentos as portas se fecham e o trem se move. David se senta no vagão, que está completamente vazio. O trem vai em direção à saída da estação. Ele começa a relaxar.

De repente Elizabeth entra no vagão de David através da porta que os liga, respirando de forma pesada. Ela encontra o seu olhar e ele olha para fora. Ela se senta na cadeira oposta a de David. Ela olha para ele, mas ele está fingindo ler os avisos acima da cadeira dela. Elizabeth acende um cigarro de forma nervosa. David olha para o sinal de “Não fume” acima da cabeça dela.

Elizabeth fuma seu cigarro como se sua vida dependesse disso. Então ela pega o cigarro da sua boca e o estica, segurando embaixo do rosto de David. Ele encara por um momento e então pega o cigarro dela, segurando como se ele fosse um explosivo.

ELIZABETH
Contanto que eu esteja com você, ele não tentará nada.

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FIM.

A história parece promissora.
 
Aproveitando o ensejo, adquiri há algumas semanas o último disco da banda, o já aclamadíssimo "Fear of a Blank Planet". :joinha:

Nossa, que discaço!!! :clap: A faixa 3 (Anesthetize), por exemplo, é simplesmente magnífica!! Uma das melhores músicas de toda a carreira desta sensacional banda!! :clap: :amem: :amem: :amem: :clap:

Demétrio.
 

Valinor 2023

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