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Cantinho dos Críticos

Livro: Shikasta
Autora: Doris Lessing

"Bem, se nos destruirmos, há muito mais no lugar de onde viemos." É com esse pensamento que a escritora inglesa Doris Lessing nos faz mergulhar dentro de uma possibilidade diferente de nossa própria existência. Mas antes de ser apenas um questionamento existencial, "Shikasta", primeiro livro da série Canopus em Argos: Arquivos, evolui para um estudo minucioso e autocrítico de uma humanidade em queda livre.

A ficção espacial da autora remonta a história de nosso planeta e é narrada na primeira parte do livro, onde Johor - um agente de uma galáxia fictícia criada pela autora para explicar a evolução humana - parte para Shikasta, a Terra, para realizar tarefas e ajustes que outro agente, Taufiq, deveria desempenhar. O que se lê, na verdade, são arquivos e relatórios destinados à Canopus - galáxia colonizadora da Terra - feito por Johor e outros agentes em diversas passagens pela Terra, ou Shikasta ou até Rohanda.

O senso crítico da autora pincela no livro um panorama dramático do ser humano enquanto evolue, até atingir o zênite do caos no Século da Destruição (Século XX). O que lemos, no entanto, não é uma crítica acalorada e política, mas um quadro pintado para mostrar os diversos comportamentos humanos contraditórios que poluem a Terra desde seus primórdios. Trocando em miúdos, o livro não tem a tarefa de doutrinar seus leitores, mas de mostrá-los as contradições comportamentais em que estamos mergulhados, além de nos brindar com uma fantástica história espacial das mais originais jamais criadas.

Para isso, relatórios sobre simbioses, arquivos descrevendo comportamentos e até mesmo um diário de uma detenta 'louca' é colocado à disposição para que o leitor melhor entenda a visão diferenciada de Canopus - e consequentemente, da autora. É a ficção e a relidade confundindo-se constantemente durante a leitura; locais descritos em relatórios são facilmente reconhecidos como continentes ou países atuais, personagens au passant na história também podem ser imaginados até como certos líderes religiosos ou estadistas. Essa 'primeira parte' do livro, serve para aclimatar o leitor e deixá-lo à par dos problemas descritos, para que então, JOhor possa, de fato, realizar sua tarefa.

A segunda parte do livro, embora não exista essa divisão propriamente dita - e não espere por capítulos - é quando Johor encarna na Terra para cumprir sua tarefa de acordo com as necessidades. Nasce e cresce como o prodigioso George Sherban e sua história é descrita nos diários de sua irmã, Rachel. O tom narrativo do diário não é apenas uma solução para contar a história de George e de sua família errante, mas uma forma da autora evidenciar alguns pontos que permeiam toda a visão Canopiana do comportamento humano naquele momento - leia-se Canopus, a galáxia que coloniza e mantém Shikasta, ou Terra.

A ficção criada por Lessing é quase zombeteira, pois é muito mais simples do que os problemas humanos - quando temos 'n' exemplos em que o contrário é frequentemente visto. Considerada como uma das obras mais importantes da autora inglesa, "Shikasta" é o pontapé inicial da série Canopus em Argos: Arquivos, onde cinco livros vão tratar, entre outros problemáticos assuntos, do comportamento humano. Se a ficção é palatável e a realidade problemática, é a anacronicidade da obra que assusta. Lançado em 1978, não é complicado levar os textos, relatórios e narrativas para o tempo atual e entendê-los de maneira completa.
 
A Senhoria (Dostoiewski)

Acabei de ler a Senhoria e achei um livro subestimado pela crítica, é um dos primeiros romances de Dostoiéwisk e acho que nele é onde primeiro apareceu as fluxos dá pscologia, são pensamentos, se misturando com sonhos e o tempo inteiro vc fica meio perdido... é ´´otimo vale a pena.
 
Vou começar a utilizar esse tópico aqui.

TÍTULO: Travessuras da Menina Má
AUTOR: Mario Vargas Llosa

Pra falar a verdade o livro não é dos meus gêneros favoritos, porém não deixa de ser muito bom pela agilidade com a qual a estória é contada.
Resumidamente trata dos encontros e desencontros do protagonista (Ricardo) com a tal "Menina Má" do título através dos anos em várias cidades diferentes, como: Lima nos anos dourados, Paris durante o fervor revolucionário socialista entre os jovens, Londres nos anos de psicodelia hippie, Tóquio e o seu lado pervertido, Madrid, etc... o personagem Ricardo é declaradamente apaixonado pela Menina Má porém essa vive aprontando com o pobre coitado do tipo: coloca e tira o doce da boca do infeliz.

O ritmo do livro é muito bom (apesar do começo monótono) e as "travessuras" da rapariga em questão com o pobre coitado ao mesmo tempo que geram indignação, beiram o cômico e nos mostram o quão idiota um homem apaixonado se torna na mão de uma mulher digamos, mais incisiva.

Apesar de parecer um pouco forçado em alguns trechos (são muitos encontros após os desencontros, parece que o mundo é menos povoado) o livro não deixa de prender o leitor, principalmente nas passagens onde a menina má se faz presente.

Aliás, confesso que fiquei com vontade de conhecer a tal meninam má, diabolicamente sedutora :lol:
 
Última edição:
Livro: Cem anos de solidão
autor: Gabriel Garcia Marquez

O livro transita por várias gerações da família Buendia. Uma família triste, solitária e atípica que fundou um vilarejo e morreu com ele.
No decorrer da história você transita pelo delírio dos Aurelianos e Josés Arcádios que formam todas as gerações, de alquimista a general.

O livro é muito bom mesmo e foi até considerado o segundo melhor livro em espanhol (ficou atrás de Dom Quixote, lógico!)

Boa viagem!
 
TÍTULO: A Menina que Roubava Livros
AUTOR: Markus Zusak

Esse livro é simplesmemte sensacional. Apesar de uma temática já um pouco batida em romances (Segunda guerra e Holocausto) o autor apresenta uma perspectiva extremamente bonita e interessante.
A estória é contada pela MORTE e tem como protagonista Liesel, uma menina de 10 anos que é entregue pela mãe a um casal numa cidade pequena próxima a Munique. Em meio ao caos e as privações de um país em guerra, Liesel encontra no interesse pela leitura uma forma de ocupação e incentivo para a sua sobrevivência.
O Autor a partir daí passa a viajar pelo cotidiano, cultura e costumes do povo alemão naquele período. A situação de Liesel e sua família de criação se complica ainda mais quando acolhem no porão de casa MAX, um judeu.

A narrativa é bem emocionante e consegue mais uma vez tocar nessa ferida deixada pelo holocausto. Apesar das 500 páginas o livro é bem ligeiro e vale muito uma conferida.
 
Livro: Jonathan Strange & Mr. Norrel
Autora: Susanna Clarke


O livro conta a história de 2 magos que tentaram restaurar a magia inglesa, durante a Guerra contra a França de Napoleão. É um pouco moroso no início, mas do meio pra frente é absurdamente criativo. A autora demorou 10 anos pra lançar e, se fosse não-ficção eu não ficaria surpreso pelo tanto de coisas que parecem ter sido mesmo pesquisadas.

Possui 817 páginas.
 
Livro: O Xangô de Baker Street
Autor: Jô Soares
*85*

O livro conta a história do primeiro serial killer da história, no Brasil, trazendo inclusive Sherlock Holmes para o Brasil.
Jô mistura historia verdadeira com fictícia, dando detalhes sobre o Rio de Janeiro na época do reinado Dom Pedro II. Na história um Stradivarius da amante de Dom Pedro é roubado, para resolver o caso ele convida nada menos que Sherlock Holmes, paralelamente a isso um assassinato ocorre e por acaso Holmes se envolve na investigação do caso.
Isso leva Holmes a se envolver com uma morena carioca, rituais de Umbanda e até mesmo a esperimentar a Canabis.
Muito bom o livro, possui três surpresas legais que eu não imaginaria que pudesse acontecer.
____________________________________
0/20 -- Gastei dinheiro e tempo apenas
21/40 -- Com certeza poderia ser melhor
41/60 -- É Bonzinho, mas, faltou alguma coisa
61/80 -- Bom, esse vale a pena
81/90 -- Excelente
91/100 -- UUUUTCHAAAA, esse é FODÁÁÁÁSTICOO
 
TÍTULO: TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO
AUTOR: HENRY MILLER


Só ontem acabei de ler o segundo Trópico de Henry Miller, um dos autores mais malditos de todos os tempos que narra toda sua angústia vivida na América.
Qualquer um que tenha o menor contato comigo sabe da admiração que tenho por ele, e como seus livros são extremamente impactantes para mim.
Eu nem sei direito o que deveria falar disso aqui. Mas em certo momento o próprio Miller fala de sua admiração por Dostoiévski. Fala de como se sentiu sacudido, de como sentiu o tempo parar, logo no primeiro trago. Pois bem, Crime e Castigo causam em mim um impacto razoável, mas nada que chegue ao pés deste aqui e do Trópico de Câncer. Miller diz que Dostoiévski foi o primeiro homem que lhe entregou a alma, e foi exatamente o que eu senti ao ler Miller. Senti um homem me entregando cada fragmento de sua alma, desnudando-se completamente e não tendo o menor medo de mostrar a face mais oculta e negra do ser humano, de revelar toda crueldade de que somos feitos, de mostrar toda perversidade que preenche nossas almas e nossos escritores procuram disfarçar com palavras belas.

Enquanto a maioria dos escritores é apenas um “símbolo de igualdade passando pelo enxame algébrico da humanidade”, Henry Miller é adição, a subtração, a multiplicação e a divisão. Tudo ganha vida em suas palavras, até a morte.

O livro é basicamente um aglomerado de devaneios contemplativos, pessimistas e otimistas ao mesmo tempo, com algumas pitadas de momentos caóticos da vida do escritor, incluindo algumas ações suas que fariam os maiores violões da ficção parecem exemplos de criaturas completamente ordeiras.

Posso dizer que ao ler esse livro me alimentei por completo da alma de um homem extremamente sincero. Lambi o prato e agora quero biz.

"Lembro de um caso de um amigo de infância, Jack Lawson.
Durante todo um ano estivera vítima de uma grave doença. Era meu melhor amigo, ou pelo menos era o que diziam.
Bom, a princípio estive compadecido e de vez em quando ia visitá-lo. Depois de um mês fiquei insensível a seu sofrimento. Desejava que morresse, quanto antes melhor. Ao me livrar do peso da consciência, abandonei-o à morte. Tinha então 12 anos e recordo-me de ter sentido orgulho de minha decisão. Também recordo-me do enterro...um funeral vergonhoso. Ali estavam todos amigos e parentes, todos congregados ao redor do caixão chorando e gritando como macacos doentes. A mãe, em especial, dava-me dor na bunda. Era uma pessoa rara, espiritual, adepta da Ciência Cristã, creio eu, e não acreditava em morte e tampouco em doenças, mas gritava de tal modo que o próprio Cristo teria levantado da tumba. Mas não seu amado Jack. Não, Jack permanecia rígido em seu túmulo. Estava morto e isso me alegrava. Não desperdicei lágrimas com ele. Não podia dizer que estava melhor do que ele pois ele simplesmente não existia mais. Ele se foi e com ele o sofrimento e a dor que involuntariamente causará nos outros. Amén! Disse isso para mim mesmo, e em seguida, como ligeiramente emocionado, soltei um estrondoso peido, bem ao lado do caixão."

Henry Miller
 
Eu acabei de reler A Voz do Fogo, de Alan Moore.

Eu definitivamente o coloco entre os 5 melhores livros que eu já li, não porque eu sou fã do Moore, mas porque praticamente nada que eu li foi tão intelectualmente estimulante e emocionalmente impressionante.

Nunca tinha ouvido falar até ver o post do V e só tenho a agradecer, já li, reli e recomendei.
O livro é brilhante, intenso e beira a perfeição. Moore é um dos caras mais phodásticos de todos os tempos.

P.S.: Pra quem pretende ler A Voz do Fogo, um aviso - É imprescindível que se leia as histórias na ordem. Como eu já disse, isso não é um livro de contos. Ler elas fora de ordem acaba com toda a graça do negócio, pois em cada história há referências às anteriores de uma forma ou de outra que são importantíssimas para a compreensão da obra como um todo. Não se deixem abater pela imensa dificuldade que vai ser a primeira história (eu não vou enganar vocês, é extremamente difícil), e leiam do começo ao fim, sem pular nada.

Foi uma das coisas mais difíceis que eu já li. Duas páginas e eu ficava exausta. tinha momentos que não etendia nada e precisava reler. Aí eu descobri que lendo em voz alta ficava mais fácil.

De qualquer forma em um livro excelente o 1o capítulo se destaca por ser genial, tanto o trabalho do autor quanto o do tradutor, porque aquela linguagem despida de tudo não é fácil de traduzir.
 
A sede dos deuses

TÍTULO: OS DEUSES TÊM SEDE
AUTOR: ANATOLE FRANCE
EDITORA: BOITEMPO [2007]
TÍTULO ORIGINAL: LES DIEUX ONT SOIF [1912]


[foi deliberado o quase abandono do Cantinho dos Críticos? Confesso ter sentido um esboço de pontada no coração, ao vê-lo aqui, perdido dentre os quase escombros dos tópicos antigos...]

Talvez vocês não saibam, mas não sou muito fã de romances históricos. Ainda assim, me deparo com uns livros que cismam fazer com que eu reveja essa postura. Felizmente, o livro-tema deste "post" é um desses.

É durante a Revolução Francesa que se passa o romance; Robespierre, Marat e outras figuras menos conhecidas permeiam o cenário, são citadas e recitadas; todavia, quase não são vistas. É esta a grande sacação do livro, a forma como a Revolução Francesa protagoniza o romance. É ela sem dúvida a personagem principal do livro, mas desdobrada em várias pessoas, ou: a Revolução aparece fragmentada nas pessoas, nos personagens vários e diversos que um ambiente como a França do final do século XVIII suporta.

Há pintores idealistas, ex-aristocratas de bem com a vida, mães cegas, soldados aguerridos, mas tudo isso sem cair em estereótipos. Os personagens nos confundem justamente por serem críveis demais, humanos demais; em uma palavra, ambíguos (e não raro penso que a ambigüidade é a fonte da credibilidade literária -e dos nossos problemas na vida).

E isto está menos no filho, pintor e revolucionário jacobino obstinado e jurado de uma assembléia, que condena à morte dezenas de pessoas com a convicção do dever cumprido, a ambigüidade está menos nisso do que na mãe que não se permite refletir sobre o que seu primogênito faz, temerosa de que, se o fizer, ser obrigada a condená-lo, a vê-lo como monstro. Então ela fecha os olhos.

A Revolução Francesa está sempre em volta desses personagens, como sombra distante, por trás de suas ações e, ao mesmo tempo, emanando deles, afluindo com suas emoções, pedantismos e desejos, mas, ainda assim, são as pessoas, não a Revolução em si, que salta do livro. Não é um ideal abstrato, não são ações imensas que dão tom ao livro; antes, há um herói mesquinho na esquina, uma prostituta rebelde fugindo e pedindo abrigo a um velho que ela jamais vira, um comerciante tentando levar vantagem com o novo governo, uma amante como as amantes de todos os séculos. É assim que Anatole France pinta a sua França revolucionária, cheia de terror, de altos ideais, de idéias mesquinhas, esperança e indiferença (e não é assim a vida?).
 

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