Acho que entendi sua colocação de forma literal. Há dois tipos de pesquisa sendo desenvolvidos pela NASA. Uma busca por formas de vida, independente do grau de complexidade, e outra por formas de vida com "tecnologia". Emprego este termo por dois motivos: primeiro, não sabemos ao certo como definir inteligência. Podem existir formas de vida que sejam inteligentes e no entanto não desenvolvam tecnologia. Segundo, provavelmente ainda levaremos séculos para desenvolver naves que nos permitam fazer pesquisas "in loco". Assim, temos que procurar por sinais perceptíveis de atividade inteligente, seja procurando sinais de rádio, seja analisando uma atmosfera em busca de "poluição". Talvez existam criaturas inteligentes num hipotético oceano em Europa, mas só saberemos enviando uma sonda que perfure a espessa camada de gelo deste satélite. Os "europeus" (hehehe) não deixam vazar nenhum indício de sua atividade.
Eu presumo que, quando você diz que a NASA procura vida semelhante a nossa, esteja se referindo a vida que precise de água para se desenvolver. Ocorre que, no estágio atual de desenvolvimento científico, só podemos procurar por esse tipo de vida. Podem existir outros? Alguma forma de vida que resista às rígidas condições de Mercúrio ou Vênus? Ou mesmo no Sol? Quem sabe, mas talvez não reconhecêssemos tais criaturas como formas de vida. A questão é que, quando um cientista trata uma questão, ele tem que ter um ponto de partida. Não há evidência alguma de que exista vida baseada em outros tipos de compostos, então, por hora, temos que excluir tal possibilidade. A sonda Galileu sequer conseguiu determinar se havia ou não vida na Terra. Só isso serve para ilustrar o quanto nossa capacidade de fazer tais estudos ainda é deficiente. Ninguém nega uma coisa destas. Mas, até que se manifeste evidência em contrário, devemos procurar vida baseada em carbono e que empregue água como solvente, ou seja, vida como nós a conhecemos. Isso, no entanto, não implica em vida semelhante a nossa.
A forma mais eficiente de se encontrar vida (inteligente) fora da Terra é sem dúvida a busca por sinais de rádio. A questão é que, se os planetas emissores estiverem a uma distância muito grande, nossos radiotelescópios não captariam os sinais. E civilizações ainda mais adiantadas talvez nem usem ondas eletromagnéticas em suas comunicações. Por que eles ficariam limitados pela velocidade da luz? Talvez haja algum efeito quântico que permita comunicações ainda mais velozes. Sequer podemos conceber coisas assim, quanto mais detectá-las.
Eu considero este livro muito valioso. Os autores sem dúvida fazem algumas suposições bastante exageradas. Por exemplo, eles atribuem um papel muito importante à tectônica de placas. Eu, em minha humilde opinião de leigo, acho que o que é dito sobre isso pode ser refutado. Mas é excelente, mesmo porque nos mostra exatamente como é um debate científico e as sutilezas envolvidas nestas discussões.
P.S. : Talvez existam civilizações em planetas que nós consideramos inóspitos para a vida. Entretanto, é mais provável que tenham se desenvolvido em um mundo "confortável" e depois instalado colônias neste mundo do que terem lá surgido. Por exemplo, se montarmos uma base na Lua, nem por isso poderemos dizer que tornou-se um lugar habitável; apenas que, graças a engenhosidade humana, podemos lá viver. Talvez isso seja uma regra geral: civilizações espaciais não podem tomar posse de mundo "confortáveis", para não impedir que formas de vida "inteligente" nativas lá se desenvolvam. Devem escolher apenas lugares inóspitos, como Mercúrio, por exemplo. Ou, quem sabe, apliquem um grande programa de engenharia planetária, possibilitando que planetas antes inóspitos venham a desenvolver vida. Isto seria fascinante. Ou, quem sabe, talvez sejamos a única forma de vida inteligente na galaxia, talvez em todo o Universo e nosso aparecimento "casual" nos obrigue a tal missão : semear a vida.