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[L] [Skylink] [Jóias turvas]

Skylink

Squirrle!
Prefácio:

Esta é uma história antiga, de um tempo em que o mundo ainda era jovem - um lugar onde todos os tipos de magias e sonhos eram possíveis. De uma terra onde as lendas se descortinavam por entre o cotidiano das pessoas; uma época fantástica e maravilhosa, cujo legado que nos resta resume-se apenas a velhas fábulas e contos...

Jóias turvas

Havia, há muito tempo atrás, um famoso general chinês chamado Serpente Celeste. Era ele um dos mais nobres servidores do imperador da China naqueles tempos, logo após a completa unificação do gigantesco império; e fora ele um dos maiores responsáveis pela vitória do reino de Qin sobre todos os demais, naquela que ficou conhecida como a última guerra dos tempos de outono e primavera.

E eis que o mundo florescia desde então, com a reunião de tudo sob o céu afinal completa. Mas sua fama ainda o precedia por todo o mundo, e era com louvor e um pequeno temor ressentido que as pessoas o saudavam e reconheciam durante sua passagem pelos diversos territórios do imperador.

Após a derradeira batalha, por conta dos hábitos do tempo, Serpente Celeste fora deixando gradualmente para trás as marcas do passado; perdendo lentamente, ao longo dos anos, o brilho viperino de seus olhos e o fogo que consumia seu espírito antes das batalhas. Voltara para sua família perto dessa época, encontrando-se enfim com seus dois filhos – um menino e uma menina – então com nove anos e oito anos de idade.

A esposa o esperava em completa deferência e reverência, aguardando por sobre os mantos da formalidade aquele que seria o momento propício para agracia-lo com seus encantos - relembra-lo então de toda a saudade e solidão que sentira, ama-lo e delicia-lo durante um momento eterno por sobre o reflexo da luz das estrelas em seu leito, como há tempos não podia realizar.

As crianças sorriam, encantadas com a volta daquele que há tanto tempo não viam. Seus olhos brilhavam ante a nobre carruagem, tão grande e coberta por seda vermelha, rodeada de potes de porcelana cheios de enfeites dourados e parada em frente ao seu lar – um antigo e bem cuidado casarão de madeira vermelha, com dezenas de criados e vastas áreas de estar.

Serpente Celeste se rendeu a abraça-los e afaga-los, distribuindo-lhes tão logo quanto pôde os mágicos presentes que trouxera de suas viagens com todos os que estavam ali – entre eles, haviam glóbulos de cristal que resplandeciam como diamantes, e no entanto eram maleáveis e praticamente inquebráveis (embora pudessem ser furados); bonecas que se moviam e quase chegavam a falar quando o desejo a sua volta era muito forte; fogos de artifício que se multiplicavam por mil cores e formas em volta das pessoas, e não queimavam ou machucavam.

Sua amada ganhou um belíssimo espelho adornado de esmeraldas, e um pente mágico com um rubi na ponta que lhe arrumava os cabelos ao sinal do menor desejo. Sua esposa aparecia com um colar de madrepérolas, envoltas por entre os mantos de um branco exuberante que esvoaçavam pelas escadas, enquanto seu filho brincava no andar inferior com sua incrível e veloz espada de prata, que soltava faíscas brilhantes a cada novo golpe.

Um beijo doce e cálido foi a resposta dela ante o volteio de Serpente Celeste, que a fitou silenciosamente com seus olhos esverdeados . A luz das tochas refletiu-se de forma amena por sobre o nácar multicolor do colar, iluminando com um arco-íris a grande sala de tapeçarias e poltronas, enquanto ele tentou comentar com ela sobre a última missão que o imperador lhe havia incumbido; mas foi desarmado por um único dedo em seus lábios.

As vestes negras dele tragaram a luminosidade enquanto seus olhos se acendiam e ambos subiam para o quarto. O cheiro de incenso pairava pelo ar; almofadas douradas se espalhavam pela cama carmim e pelo tapete arenoso enquanto eles sucumbiam por longas horas ao mais puro êxtase carnal.

Serpente Celeste logo deixou-se adormecer, ao passo que sua esposa permaneceu a observar o brilho de seus olhos abertos e a acariciar seus cabelos escuros. Seu corpo tropeçou pelo limiar intermitente dos mais profundos sentimentos, que surge quando estes são satisfeitos, e ela também se deixou adormecer e sonhar; com seu marido, com seu único amado.

Os olhos dele moveram-se pela manhã, então despertos, e fitaram o sorriso extasiado de sua esposa, que suspirava e dormia profundamente ao seu lado. Moveu-se com calma enquanto ouvia o cantar dos pássaros, sentindo a luz tênue do sol passar através do filtro de cristal do teto e escolhendo deixar sua mulher aproveitar os próprios sonhos enquanto ele se ausentava.

Passou pelo quarto do filho, que dormia agarrado à sua fantástica espada de brinquedo, e viu-o se remexer mormente por entre as cobertas, provavelmente lutando contra seres fantásticos. Deixou-o em sua batalha particular, passando pela filha e observando-a dormir agarrada com o travesseiro; seus longos cabelos envoltos num brilho mágico enquanto ela vagava pelo mundo onírico.

Desceu mais um lance de escadas, chegando afinal à sala de entrada principal e saindo pelo resplandecente portão de safiras incrustadas. Passou de forma rápida pelos camponeses que encontrava pelas ruas e que o saudavam, indo em direção ao oeste da cidade. Seguiu por uma estrada sinuosa por um longo tempo, até que simplesmente virou-se e desapareceu por entre as árvores ao seu lado.

Parou, penetrando além dos limites do mundo conhecido e observando ao redor. Uma pequena colina se erguia suntuosa e altiva no centro de uma rosa dos ventos formada por gigantescas montanhas. Montes de figuras de preto e branco agitavam-se ao lado dela, tentando continuamente entrar em formação.

Encontrou-se lá com o mestre de obras, que arregimentara a seu pedido um verdadeiro batalhão de construtores e apenas aguardava suas ordens para começar a construção da torre mágica. Esta, por sua vez, era um último pedido do imperador; um pedido que selaria, num distante futuro, a chave de uma grande revolução, segundo o que proclamaram os oráculos e os seus próprios sentimentos.

Olhou para os homens com seu olhar avaliador. Os trabalhadores engoliram em seco, sentindo-se ansiosos e temerosos enquanto ele varria o corpo de infantaria, composto por habilidosos pintores, grandes escultores, renomados marceneiros e mágicos pedreiros. Moveu a mão subitamente, autorizando enfim o começo e ouvindo os homens bradarem seus gritos de entusiasmo.

Saiu ao som de aplausos, olhando para a colina pelo canto dos olhos, e sentindo-se satisfeito. O monte verdejante ficou para trás, com suas quatro depressões lotadas de pequenos pontos que se moviam. A incomparável formação rochosa que o circundava também foi deixada, com um simples passo que o tragou de volta para as árvores à beira da simples estrada.

Voltou novamente para casa, encontrando o desjejum posto sobre a mesa. Sua esposa sorria, e as crianças se deliciavam com o farto café da manhã. Tentou mais uma vez comentar sobre sua missão, mas ela não quis ouvir. Comeram em silêncio, logo após indo cada um se ocupar de suas atividades.

Serpente Celeste treinava com seus discípulos, como nos velhos tempos, enquanto ela se ocupava de ornar e produzir arranjos florais. Seu filho o acompanhava entusiasmado, destacando-se então no manejo da espada; e sua filha seguia o mesmo caminho das artes que a mãe, pintando diversos quadros belíssimos, embora, como ela, também houvesse aprendido a manejar armas.

Os dias seguiram-se assim, calmos e amenos, exceto pelo fato de Serpente Celeste nunca conseguir uma oportunidade de contar a sua esposa sobre a torre. O trabalho desta, porém, avançava a grande velocidade, estando provavelmente concluída em cerca de sete anos.

E esses anos passaram-se quase num piscar de olhos, apesar de os seus ainda permanecerem os mesmos. Seus filhos haviam crescido, não tendo as memórias da infância nubladas como as dele, e sua esposa havia tornado-se ainda mais bela com o passar do tempo. As obras da torre se aproximavam da etapa final, com suas escadarias sendo forradas com as mais diversas sedas, e seu estelar pináculo de diamantes sendo então preparado para refletir a luz das estrelas.

Serpente Celeste sentia-se quase satisfeito, apesar de ainda perceber um vago abismo na alma para o qual não encontrava explicação. Distraía-se atribuindo-o aos seus anos de guerra, à sua infância infeliz, e continuava a levar sua vida da melhor maneira possível. Mas a sensação continuava, apesar de tudo, e ele vagava muitas vezes em busca da explicação. Entretanto, em certos momentos ele esquecia completamente disso. Esses momentos não eram raros, e aconteciam especialmente no tempo em que passava junto de seus filhos.

Um dia, porém no outono do sexto ano, em mais uma de suas vistorias nos acabamentos da torre, ele acabou dando um passo em falso no caminho. Caiu por um longo tempo, notando o universo se alargar e distanciar em torno de si numa confusão sem fim por várias horas. Mas enfim, tudo parou; a luz surgiu, e após um curto período de tempo ele conseguiu abrir os olhos novamente.

Estava num arco de árvores, rodeado de delicadas flores e próximo a um pequeno lago. Sobre o círculo de água, uma figura cinzenta pairava, saltando por entre os juncos negros de forma extremamente graciosa. Serpente Celeste aproximou-se, lembrando-se das magníficas fadas que guardava em aquários dentro de sua casa e desejando-a para si.

Ela, no entanto, revelou-se uma simples jovem perdida, que também caíra há pouco naquele mesmo abismo. E seus mantos cinzentos esvoaçaram-se enquanto ela se aproximava da margem, saltando de forma mágica por entre os troncos quase submersos do lago. Em seu último salto, ela parou em frente a Serpente Celeste.

Seus olhos cinzentos fitaram os dele. Curiosos. Os dois permaneceram parados por um pequeno tempo. Suas faces se aproximaram, como se atraídas uma pela outra; e já era tarde quando ambos perceberam que não estavam apenas sonhando.

A jovem recuou, tímida. Serpente Celeste perdeu as palavras, emudecendo ante a magia que contemplava. Levou um longo tempo até acreditar realmente que não estava somente sonhando. Mas a seguiu mesmo assim, correndo por entre as árvores e a tempestade de folhas douradas que o vento de outono formava.

Conseguiu alcança-la, e a conquistou em definitivo com suas belas palavras e seu desejo sincero. Beijou-a sob a floresta de troncos vermelhos, e descansou seus olhos felizes nos olhos cinzentos dela, que o fitavam encantados. Porém, sendo ela uma mulher prestes a casar-se, e ele um homem já casado, resolveram manter em segredo a paixão avassaladora que passaram a sentir um pelo outro.

Serpente Celeste voltou para sua mansão quando o sol se punha, após muito vagar por aquelas trilhas mágica que perfaziam os arredores de Pequim. A esposa o recebeu preocupada, aflita por não vê-lo desde o começo do dia. Ele acalmou os seus temores, dizendo-lhe palavras doces e explicando-lhe sobre as diversas aquisições com mercadores estrangeiros que passavam pela cidade.

Ela não lhe entendeu, tampouco prestou atenção ao pequeno e mágico demônio aprisionado que ele tirou do bolso. Mas fitou seus olhos profundamente; e não mais encontrou aquela ânsia viperina, aquela gana desenfreada por tesouros e riquezas. Apenas reviu uma outra imagem do oceano de sua própria infância, calma e serena, azul em toda a sua profunda plenitude

E eis que Serpente Celeste havia realmente mudado, chegando até a cumprimentar os camponeses por que passava – embora estes se jogassem ao chão, aterrorizados ao verem-no deslocar-se para perto de si. E seu sorriso tornara-se uma constante por este tempo, tão infinito quanto eterno, em que já durava o seu romance secreto.

Mas como todas as coisas doces, que um dia tem seu fim em meio ao sabor amargo de desilusão, aconteceu que sua esposa o seguiu certa vez, preocupada com o desânimo do marido. E o viu entrar pelo caminho mágico, percorrendo o labirinto de árvores douradas com habituada indiferença, embora sentisse o perfume das belas flores que corriam pela trilha.

Quis o destino que a fragrância de sua esposa fosse a mesma, e que ele não a visse ou ouvisse por trás de si, devido às grandes árvores que retinham o som sereno de sua doce voz. Seguiu sem voltar seus olhos uma única vez, enquanto ela tropeçava desalentada pelas raízes das árvores.

Ela, por sua vez, continuou no rastro da trilha o melhor que pôde, cega na crença inocente de que seu marido apenas não havia lhe ouvido, de que ele riria de sua cena infantil de preocupação, de que ele a amava. Continuou por mais de uma hora, perdendo-se por diversas vezes em meio aos troncos que se emaranhavam de forma mágica por entre aquela floresta sombria.

Após muito vagar, parou de súbito. Percebeu os sussurros que vinham de uma clareira a sua frente, e temeu que fossem pequenos demônios. Preparou a espada, alerta para qualquer movimento que surgisse a sua frente. Mas ouviu o barulho cristalino da água, e tranqüilizou-se ao considerar que só poderiam ser pequenos duendes, brincando e competindo do velho jogo de atirar pedrinhas num lago.

Mesmo assim, manteve a arma na mão, por precaução. Atravessou os últimos ramos, que fechavam sua passagem para a grande clareira e saltou com suavidade de dentro das árvores. Uma chuva fina caía, e os seres não perceberam a sua existência, distraídos que estavam com seu pequeno jogo de mistérios.

Ela, curiosa com as risadas alegres que ouviu, resolveu espiar de perto aquele pequeno casal mágico. Contornou o arco de troncos, sentindo o sol refletir-se pelas águas e formar um leve arco-íris por sobre a lagoa. Pensou ainda em quanto o seu marido apreciaria este pequeno espetáculo da natureza, tão apaixonado que era pelas pelas artes e mistérios da natureza. E desejou tê-lo ao seu lado naquele momento, enquanto atravessava, com cuidado, a última árvore que a separava dos dois alegres duendes.
 
Ficou bom pra caramba Sky! :clap:

Descritivo como sempre! :P

E envolvente também. Tô curioso pela continuação. :D

E eu acho que já usei smiles demais nesse post. :doh:
 
Seu coração, porém, estancou subitamente, enquanto sua arma caiu e seu olhar enlouqueceu. Seu marido recostava-se sobre uma árvore ao lado, sem roupas, e uma jovem quase nua deitava-se num tapete de seda carmim a sua frente O laço que o mantinha preso se soltou em seguida, enquanto seu braço se estendeu ao chão e sua boca ganiu palavras desvairadas.

Os olhos cinzentos da jovem permaneceram tomados de terror no tempo em que a seda vermelha era destroçada. As fatias do manto flutuavam pelo ar enquanto ela se jogava ao chão, quase não escapando do golpe que agora destruía o tronco da antiga árvore. Uma mão agarrou seus cabelos, e eles foram-lhe arrancados no momento em que aquela mulher ensandecida preparava-lhe o golpe final.

Serpente Celeste conteve-lhe a espada num súbito impulso, saltando da árvore em que estava encostado e agarrando-a pelo pulso. Os olhos escuros dela estavam tomados de lágrimas, e sua face contorcia-se em agonia. O grito apavorado da jovem ecoava pela floresta, enquanto ela se debatia e agarrava-se a suas antigas e escuras madeixas.

A esposa relaxou o corpo, deixando a arma cair novamente. O sangue de seu peito parara outra vez; e ela, humilhada, voltou-lhe as costas sem dizer nenhuma palavra - não desejava mais fitar aquele ser a quem um dia chamara de marido. Lançou um último olhar desdenhoso para a jovem, sorrindo de forma cínica, enquanto deixava o lugar

Serpente celeste a seguiu, surgindo novamente à beira da estrada e fitando-a por sobre a borda, enquanto o crepúsculo do sol se adiantava, e seu brilho carmesim escorria em um último momento pelo mundo. Ela virou-se para ele, ao longe, e o fitou com intensidade.

-Tu, que ainda ousas me seguir. Ouça então minhas últimas palavras, para que talvez elas lhe sejam de alguma valia em teu futuro. – falou calmamente ela, mas ainda assim de forma imponente – Todos os teus sonhos e riquezas, tudo o que desejar ou um dia construir, logo perderá, no mesmo mar de agonia que eu. E tua vida será a própria visão do inferno, enquanto tu caminharás por sobre a estrada eterna dos condenados até o fim de tua vida, sem que um único sonho teu se realize.

Ele permaneceu a olha-la por sob o tempo intermitente, enquanto a lua minguante subia aos céus e as estrelas sem brilho pontilhavam a escuridão. Mas só havia um vazio intelectual no ponto em que fitava, e após muitas horas ele abandonou a estrada, deixando para trás o negrume idiossincrásico que lhe engolfara; muito embora ainda levasse consigo o som daquela voz monomaníaca que retumbava e mortificava seus pensamentos.

Serpente Celeste voltou para casa, acompanhado daquela que agora tomara como sua mulher. O prometido desta foi despojado na semana seguinte, sendo jogado para fora da cidade e tendo sua honra maculada sem nem ao menos saber ou entender o motivo. Os empregados fecharam os olhos, e nem o velho sábio Sun go ousou lançar um único olhar de censura. Os dois jovens guardaram a tristeza no íntimo de seus corações, mostrando não mais do que uma aparente resignação ante a nova situação familiar que se apresentava.

Os tempos correram novamente, e Serpente Celeste sentiu apenas os dias passando como segundos, eternos e preciosos segundos de uma vida próspera que velejava pelo mar sagrado das realizações. Entretanto, ao passar de meio minuto, tão poucos dias no oceano da eternidade, veio enfim o primeiro dos subseqüentes infortúnios que lhe levariam à ruína.

Não conseguira nem por um momento esquecer as palavras de sua antiga esposa; elas continuavam ecoando constantes em sua mente, penetrando os recônditos mais escuros de seus medos e de sua alma. E ao término da quarta semana, a torre ruíra sozinha; por conta de uma falha na estruturação de seus alicerces, a obra teria de recomeçar novamente do zero.

Os olhos de Serpente Celeste se toldaram novamente, e sua face se arrefeceu completamente. A angústia da preocupação o empalidecia, e nem os olhos brilhantes de sua mulher conseguiam afastar as trevas que permaneciam em seu coração. Sun go lhe aconselhou paciência, e seus filhos acharam por certo fazer o mesmo.

O temor de sua fronte se anuviou com o passar das semanas, e lentamente ele voltou seus pensamentos ao círculo que perfazia a sua vida. Sua filha, então com quinze anos, se tornava uma moça cada vez mais bela, e seu sorriso florescia na mesma medida em que sua alegria para com a vida se tornava plena. Seu filho, com apenas dezesseis anos, já era um mestre de armas, um habilidoso guerreiro que tinha como único defeito o seu gênio intempestivo e tempestuoso. Porém, essa última característica era uma herança velada do próprio pai; uma herança que quase nunca se mostrara naqueles tempos de paz e prosperidade.

Os anos passaram mais uma vez, embora uma treva oculta parecesse envolver todos os passos e olhares de sua família. As obras da torre, no entanto, transcorreram num ritmo apressado, equivalente a quase o dobro do anterior. E ao término de três anos ela já estava novamente erguida, a um nível maior que o inicial. E os pedreiros trabalhavam então nas partes mais delicadas, enquanto os outros já se aprontavam para começar seu trabalho de ornamentação nas partes inferiores.

Serpente Celeste sentia-se satisfeito novamente, apesar de seus receios secretos. O imperador, já velho e quase senil, certamente ficaria orgulhoso se pudesse ver com seus próprios olhos as obras magníficas que o seu desejo conduzia. E realmente era maravilhosa a forma como a torre subia em espirais, intervaladas por longas plataformas circulares, ascendendo em direção aos céus, quase tocando as brancas nuvens. Suas paredes já emanavam detalhes dos mais diversos, embora os dragões certamente fossem os motivos de maior cuidado na pintura dos novos artistas.

Sua mulher soube sobre a torre durante esse tempo, e várias vezes lhe pediu para leva-la junto em suas visitas ao sagrado local. Ele a atendeu, permanecendo enfeitiçado sempre pelo brilho que se formava nos olhos mágicos dela e pela súbita afeição que sua face, admirada ante todo aquele esplendor, emanava. Seus filhos, entretanto, tornaram-se mais calados, e o jovem vivia rodeado de notas acerca dos acontecimentos do mundo.

O mundo, por sua vez, mudara novamente, estando os tempos de paz ameaçados outra vez. Apesar da supressão total das guerras internas, povos bárbaros de outras regiões se ajuntavam novamente, começando uma nova onda de saques e ataques às cidades de fronteira. O exército já entrava em paranóia, e quadros e anúncios dos mais diversos percorriam as regiões, exigindo o alistamento de todos os jovens que por ali residiam.

Serpente Celeste foi informado destes acontecimentos, mas não lhe foi enviada uma única convocação com pedidos de liderança ou aconselhamento; apenas vieram os mesmos papéis de sempre, exigindo fidelidade e ajuda financeira. Ele os assinou rapidamente, marcando seu nome com uma caligrafia densa e firme, e logo deixou a pena de lado, indo de encontro a sua mulher. Sun Go o reprimiu mais tarde, mas o assunto não foi motivo de grande preocupação para ninguém de casa por um bom tempo, exceto para sua filha.

Ela sabia das motivações heróicas de seu irmão, e sabia também do que ele era capaz pelo desejo de uma posição de destaque nas lendas do mundo, como a de seu pai. Porém, conhecia Serpente Celeste. Sabia que ele jamais autorizaria qualquer empreitada que pusesse em risco alguém de sua família. O irmão, entretanto, certamente usaria de todas as formas e artimanhas possíveis para realizar suas intenções, assim que a primeira oportunidade aparecesse.

E ela havia aparecido. Entre aos papéis que Serpente Celeste assinara sem ler, havia uma convocação para nobres que assumiriam posições de liderança em meio ao exército que era formado. Seu filho a colocara lá sutilmente, e logo que os papéis foram preenchidos e seu pai deixou a sala, a retirou com toda a cautela de que dispunha.

Ao passo de três semanas, deixou a casa sem ser notado, caminhando pelas sombras da noite, sentindo o toque suave de um luar esmaecido. Seu pai só veio a notar sua ausência dias depois. Sua irmã, assim que o sentiu partir, não fez mais do que lhe desejar sorte intimamente, rogando em segredo aos deuses para que lhe protegessem.

Com o passar de dois meses, em meio à crise de emigração das moedas de prata da família; devido aos gostos e hábitos peculiares de sua esposa; Serpente Celeste recebeu a triste noticia que envolveria toda a região num manto cinzento e fúnebre nos meses seguintes: Seu filho foi morto em meio a uma batalha nas imediações da muralha, quando tomara a frente de um batalhão e investira precipitadamente contra o exército inimigo.

O pesar e a dor de Serpente Celeste ecoaram por um longo tempo, e não se anuviaram por meses; suas cicatrizes permaneceram gravadas em seu espírito por anos. Sua família o deixou num isolamento cortês, durante esse período. E apesar de completamente inútil no início, com o passar do tempo ele pôde enxergar além da própria dor, sentindo enfim a tristeza que impregnava os passos e os soluços de cada pessoa da casa.

Voltou enfim a falar, primeiro com sua filha, e a seguir com sua mulher. Suas palavras foram serenas, e a dor que todos sentiam se dissipou com seu longo discurso. Logo após isso, pediu novamente aconselhamento a Sun go quanto aos rumos de sua vida. Este lhe disse apenas para fechar os olhos, deixando que seus sonhos e missões o guiassem novamente.

E assim ele o fez, enquanto a família se edificava no novo mar de velhos vícios que se desenhava pela casa. Os atritos entre sua filha e sua mulher aumentavam, chegando quase ao ponto de discussões severas em sua presença. Mas elas ocultavam com habilidade suas motivações e emoções, e ele nada soube das graves desavenças que existiram no tempo que passou.

Mas eis que certo dia sua filha desapareceu enquanto visitava uma lagoa, e suas acompanhantes foram degoladas e arrastadas até a água. O pânico de Serpente Celeste foi suplantado pelo ódio que voltou a surgir em seu coração, e por um longo tempo ele caçou em vão pelos arredores da floresta onde ela havia estado.

Sua volta para casa foi acompanhada por uma triste e fina chuva, um respingo incerto de lágrimas de revolta. Sua esposa o recebeu calorosa, mas ele a ignorou sob todos os aspectos, recusando-se a falar sobre o que o afligia e deixando-a de lado na cama. Ela suportou o abandono com veemência, resignando-se a apenas assistir ao desespero do marido, certa de que ele um dia o superaria.

Ele continuou a deixa-la completamente abandonada, se dedicando única e exclusivamente a procurar pela filha. Distribuiu a notícia por toda a região, custeou uma recompensa com o que lhe restava de dinheiro e mobilizou todas as pessoas de que pôde dispor, saindo na liderança de diversos grupos pelos arredores da região.

O resultado de seus esforços apareceu após um longo tempo. Sua filha foi encontrada por ele próprio num arremedo de cabana de palha, completamente afastado da região. A aparência da menina estava pálida e cadavérica; seus olhos de amêndoas fitavam fixamente o chão, e seus cabelos desgrenhados escorriam-se pelas roupas rasgadas. Ela não tentava se mover, nem seus lábios emitiam uma única palavra. Seus últimos dias tinham se resumido provavelmente a permanecer amarrada a uma cadeira, quase sem água e sem comida.

Ela foi levada dali o mais rápido possível, tendo sintomas de inanição já visíveis em seu aspecto. Sun go, além de sábio também um médico, fez de tudo para trata-la e permaneceu ao seu lado por diversos dias. Porém, a grave febre da qual a garota padecia se recusava a ir embora, mesmo usando todos os medicamentos e tratamentos que conhecia.

Serpente Celeste também permaneceu ao lado da filha por um longo tempo, esquecendo-se de todas as outras coisas que lhe diziam respeito. Sua vigília incessante só terminou no dia em que sua filha abriu levemente os olhos, e com uma voz fraca e cadenciada, pediu-lhe para que tomasse conta de todos na casa caso algo acontecesse. E avisou-lhe ainda para tomar cuidado com sua esposa, enquanto fechava novamente os olhos e entrava num sono profundo

Ao ouvir isso, ele finalmente percebeu novamente o quanto havia esquecido do mundo ao seu redor. E ficou tocado pela preocupação da filha com sua mulher, mesmo ela não sendo sua verdadeira mãe. Acabou deixando o quarto lentamente, disposto a realizar o desejo de sua filha e voltar o quanto antes para assistir sua melhora.

Vagou um tempo pelos cômodos da casa, subindo as escadas até os quartos, passando pela sala de tapeçarias e rodeando sem certeza pelos cantos da entrada. Mas não achou sua esposa em lugar algum, e decidiu procura-la no jardim. Desceu a escada externa, encontrando uma infinidade de jasmins e bétulas cristalizadas, dispostas sobre extensas filas entre as outras flores, com suas seivas congeladas como a de todas as outras.

Em meio a elas, percebeu uma pequena trilha feita recentemente. Abaixou-se, tocando de leve as folhas e gravetos soltos, e retirando um pequeno pedaço de tecido impregnado com o perfume de sua esposa. Seguiu pelo caminho rapidamente, com seu sentimento de afeto e saudades quase sufocando o próprio coração.

Ao final da trilha, encontrou uma pequena cabana, recheada de enfeites e objetos preciosos por sobre a borda. Sua forma indicava um templo, e a manutenção de seus bens deixava claro o quanto aquele deus era respeitado e temido. Certo das boas intenções de sua esposa, ele adentrou no recinto sagrado para acompanha-la em suas orações.

Seu espanto com o que encontrou só não foi maior do que suas ações. Ao vê-la nua, estendida por sobre mantos de seda ao lado de um homem, precisou usar todo o amor que detinha por ela para controlar-se e ao menos ouvir suas explicações antes de qualquer atitude. Estava até mesmo disposto a perdoa-la, em retribuição aos votos de sua filha, se o motivo se mostrasse coerente A moça, com seus olhos cinzentos já arregalados e sua face apavorada, devido à cabeça que jazia ao seu lado e ao pescoço que jorrava sangue, não fez mais do que ajoelhar-se aos pés de Serpente Celeste e suplicar-lhe perdão.

E assim suplicou, pedindo-lhe que não a castigasse pela traição. Que esquecesse os homens que mandara para seqüestrar sua filha e simplesmente vivesse ao seu lado para sempre, como antigamente... Serpente Celeste, porém, não a ouvia mais; o ciclo de seu espírito havia se partido em fragmentos que tentavam inutilmente se ajuntar novamente. Ele ficou parado por um longo tempo, com os olhos e a face vazios, desprovidos de todo e qualquer sentimento.

Subitamente, seus olhos voltaram a brilhar com a cor viperina e carmesim dos seus tempos de guerra. A cabeça de sua esposa foi arrancada num único e preciso golpe, e ele saiu daquele local profanado arrastando-a pelos cabelos. Demoliu a pequena cabana de forma rápida, e fez apressadamente alguns votos para que a terra consumisse aquele ser hediondo que ficava por debaixo dos escombros de forma lenta e cruel; desejou também que aquele Deus não mais permitisse a entrada de infiéis aos seus recintos, caso ele se salvasse do tribunal ao qual seria submetido.

Voltou para casa arrasado, guiado apenas pelos desejos e sonhos de sua filha. A cabeça foi atirada num poço escuro, distante de qualquer pessoa ou memória. As palavras lhe faltaram quando se deparou com Sun go novamente, e tentou inutilmente disfarçar a fúria ensandecida que consumia o seu olhar. Continuou então sua vigília junto ao velho médico, por um longo tempo que preferiu no fim esquecer.

No solstício de primavera, a imagem de sua filha enfim apareceu em seus sonhos, que até então eram sombrios ou esquecidos. Ela despedia-se e desejava-lhe boa sorte, sem ver o que acontecia, estando por de trás de um vendaval de flores e pétalas coloridas que se consumiam lentamente. Ao acordar, o corpo de sua filha havia também fenecido, junto com seu próprio espírito. Sun go teve a cabeça arrancada ao cair da tarde - não sem antes pagar lentamente pela dor que lhe causara.

Serpente Celeste, por sua vez, afundou-se na mórbida cadeira que ainda continuava na velha sala, já sem tapeçarias. O vazio introspectivo que as lembranças lhe lançavam era vago, impreciso, e o sorriso de sua filha distanciava-se cada vez mais em sua mente. Seus olhos foram tornando-se ocos, no tempo em que fitava fixamente a parede a sua frente, e seus pensamentos permaneceram vazios por dias seguidos.

Sua face lembrava pouco mais que uma caveira para aqueles que a viram erguer-se novamente, e sua vida só perdurou devido ao que restava de sua honra e de seu compromisso para com o imperador. A torre ainda existia, e deveria ser concluída...
 
Texto MUITO bom Sky. Curiosa pra saber o final.

Gostei especialmente das palavras que você tem usado, dá um ar bem de china antiga. E da descrição dos locais e dos personagens. Enfim, um ótimo texto ^^
 
Porém, somente havia escombros no local em que agora estava. Uma doença se havia alastrado por entre os trabalhadores, e dos poucos que sobreviveram, haviam todos enlouquecido. Ironicamente, estes ainda se encontravam em meio ao que antes eram obras; alguns morrendo de inanição, outros sugando ensandecidamente a vida dos outrora companheiros; e poucos ainda dando um último riso desvairado, sorrindo de forma cínica ao jogarem-se, de qualquer elevação da sua própria ruína, em direção ao jardim de rochas pálidas, cinzentas, pontiagudas...

O homem, desfigurado, vestido sob trapos disformes de antigas roupas luxuosas, quase foi barrado na entrada da cidade. O medo tomou conta dos guardas ao fitarem o rosto do aparente mendigo, descobrindo por sobre a máscara irreconhecível de dor e fúria os olhos de Serpente Celeste. Entretanto, foram mortos antes de terem tempo de pensar ou se lamentar.

Serpente Celeste, por sua vez, vendera todos os seus bens em troca de mais trabalhadores para as obras. O magnânimo general que um dia fora se havia reduzido a pouco mais que um pobre maltrapilho em vista da única coisa que ainda lhe valia a vida – sua honra. E no entanto o pensamento e o louvor das pessoas diante de sua imagem ainda continuavam os mesmos, independente do que fizesse.

Porém já era tarde para reconsiderar o caminho que lhe havia perseguido. O destino, um mofado cântico fúnebre de vozes roucas, já lhe tinha despedaçado a sua própria parte nos acasos do mundo. E o resto seguia conforme os desígnios vívidos das tragédias divinas, num jogo próspero de extorsões e atribuições sem sentido.

Sim, pois eis que a torre era novamente atingida pelos infortúnios do desastre e da catástrofe, não bastando-lhe as sucessivas falhas do passado para aplacar aquele que era seu fado e seu pecado. E o desespero cego que o atingiu ao perceber que perderia tudo o que representava seu mundo levara-lhe até mesmo a rogar para a religião dos bárbaros, que chegavam ainda em pouco número, vindos de terras distantes, muito além dos desertos escaldantes da antiga Arábia.

As preces de nada lhe valeram, no entanto, e o velho santo e sua cruz de madeira permaneceram em sua mente apenas como imagens simbólicas de um quadro repintado de branco. E a mística abertura dos mares, junto à história de exílio de um povo e o relato dos prodígios de seu líder foi completamente ignorada, embora o outrora general ainda carregasse uma série de pensamentos perdidos e imagens riscadas, para as quais orava sem grandes idéias.

O novo infortúnio da torre não tardou a chegar, e Serpente Celeste logo se viu caminhando mais uma vez em direção ao espaço sagrado, sem fitar nada mais que o chão em seu lento caminho. Afinal, não havia mais nada que pudesse realizar além de contemplar a última chama de destruição que lhe consumiria todos os vestígios da existência, e que lhe daria enfim a morte e o vazio como presentes que tanto sonhara nos últimos tempos.

Infelizmente, porém, lembrou-se que ainda existia sua honra, e que haveria de carregar sua vergonha pela eternidade se não fizesse algo que valesse sua vida. Ainda mais cego por este último impulso de raiva reprimida, ele adentrou pelo portal mágico, que agora adquirira as bordas carmesins de lutas infinitas, e as bordas secas e quebradas de olhos sem lágrimas.

Sua face e seu corpo foram tomados de verde no súbito instante em que adentraram naquele vale profanado. Uma tempestade de gafanhotos zunia por toda a parte, e ele apenas conseguiu avançar ao fechar de seus olhos. O vazio que isso representava mitigou sua dor por um segundo, pelo tempo de um passo; e após uma série deles, ele afinal sentia que se movia em meio ao caos que aquela praga representava.

E ao aproximar da velha montanha central, seus olhos abriram-se subitamente, como que tomados de uma decisão suicida. E o fogo escarlate que os incrustava expandiu-se de repente, formando um turbilhão de vento em meio aos gafanhotos que se dissipavam, e mostrando novamente resquícios da entrada da torre para um pobre homem grisalho e encurvado.

Um único inseto, porém, se interpôs entre o destino do velho e a torre mágica. Os pensamentos de Serpente Celeste não principiaram nada, e seu pé moveu-se automaticamente para esmagar aquele reflexo de suas próprias pragas. Um último fio de compaixão, porém, atravessou seu olhar amaldiçoado; e o pé recuou de supetão, enquanto seu senhor perdia o próprio equilíbrio e caía com as ancas no chão.

Ao levantar-se, a tempestade havia sumido como que num passe de mágica, e um céu azul sem nuvens resplandecia por sobre a abóbada do mundo. A sua frente, um pano branco e cheio de motivações sagradas enrolava-se sobre um grande dragão azul, que lhe fitava com um misto de curiosidade e reprovação. Serpente Celeste moveu os lábios na intenção de falar, porém o dragão penetrara primeiro em sua mente e em seus pensamentos:

- Que pensas ao poupar um simples ser de continuar a compartilhar de tuas desgraças, general? – proferiu o dragão, aproximando sua gigantesca face e acentuando a zombaria de sua última palavra

- Não sei ao certo, nem ouso conceber o grande motivo pelo qual os deuses lhe mandaram até aqui. Mas fico grato que agora eu possa contar com a sua...

- Deuses... – cuspiu o dragão – Não sirvo a nenhum deles, e não sou senão uma evocação de minha própria vontade aqui neste mundo.

- E está aqui para ajudar-me a terminar estas grandes obras, não? – disse Serpente Celeste, incerto

- Obviamente, não. Os planos daquele velho moribundo não fazem parte de meus desígnios – falou o dragão, sem esconder o desprezo que tomava conta de sua voz.

Serpente Celeste não conseguiu engolir aquelas palavras, e a despeito do terror que seu conhecimento sobre dragões lhe proporcionava, encarou-o nos olhos intensamente:

- Moribunda há de ser sua carcaça se ousar proferir mais algum insulto ao meu imperador – disse ele, com a voz firme

- Pois então, torna-te a olhar por sobre os véus do mundo, Serpente Celeste! Observa e sente o valor de um simples gesto, um simples ato – proferiu o dragão, com gravidade – Eis aqui mais de um destes, que devolveu-te teu espírito por mais um instante.- prosseguiu o dragão – E lembra-te de teus olhos, homem, que podem continuar a viver eternamente...

Mais tarde, o dragão ascendeu aos céus novamente, deixando Serpente Celeste a sós com sua tarefa e com os ecos de seus pensamentos: “Esta é uma torre de fé, nada mais além disso; termina-la depende apenas da vossa vontade” – dissera o dragão azul, por entre suas últimas palavras.

E com o passar do tempo, as pessoas, que agora eram outras, passaram a admirar o velhinho que surgia humilde, de repente, ao cair da noite pela cidade. E que desaparecia no meio da manhã, indo para algum lugar secreto que desconheciam. Seus hábitos eram curiosos, e seu sorriso, assim como seus olhos, era alegre e encantador. Por conta disso, os moradores não se importavam em ajuda-lo com seus projetos fantásticos, que ele proferia ao acaso pra quem quisesse ouvir.

Um dia, porém, ele não mais apareceu; e as pessoas só conseguiram lembrar-se de seu sorriso, enquanto sentiam-se em uma profunda paz inexplicável, passando o resto daquele dia de uma forma extremamente agradável. Serpente Celeste, por sua vez, antes de partir, soube então que tanto ele quanto sua esposa estavam errados. E sorriu mais uma vez, enquanto fechava lentamente seus olhos; afinal, sua tarefa fora enfim terminada.
 
Ha um grande tom de exagero romântico no seu texto.
Ha muita firula, muitos enfeites, exageros e muito pernosticismo que parece ser eruditismo.
Mas não é.

Sua tentativa de eruditismo quase sensacionalista presenteia absurdos como "trapos disformes", sendo que trapo não é disforme. É só trapo.

Em dado momento seu texto se perde pois sua leitura é cansativa devido a esse seu tom "bombástico" e exageradamente carregado.

De novo, é tudo muito rápido, as coisas acontecem depressa demais, entram e saem de "cena" muita gente, o que é temerário pois personagem demais apenas torna a trama confusa.
Você meio que torna sua relação com o leitor ditatorial: é isso, aquilo, acabou. Não ha chance para o leitor saborear o momento, ele não curte a visão que você oferece pois, dali a pouco, você muda tudo e parte para outras coisas, como se o seu interesse principal fosse mostrar seu talento, suas idéias e não divertir o leitor.

Ha descrições e passagens interessantes, uma abordagem criativa e uma ambientação simpática e curiosa.
Supondo que os personagens sejam orientais, lhe recomendo manter seus nomes originais, sem traduzi-los para o português.

Não entendi muita coisa, especialmente quandio você usa a Segunda Pessoa do Singular. Esse recurso é totalmente dispensável e a inserção desse linguajar no personagem ficou descabida.

Não está mal escrito este seu texto, apesar de alguns tropeços de passagem de tempo.
Mas suspeito que você está lidando com assuntos demais, que não podem para ser condensados em tão pouco espaço.

Ha potencial.
 
Lord Seth disse:
Ha um grande tom de exagero romântico no seu texto.
Ha muita firula, muitos enfeites, exageros e muito pernosticismo que parece ser eruditismo.
Mas não é.

Verdade. Só discordo do pernosticismo.

Lord Seth disse:
Sua tentativa de eruditismo quase sensacionalista presenteia absurdos como "trapos disformes", sendo que trapo não é disforme. É só trapo.

Uhn... o "disformes" acentua a idéia de confusão, Lord. Veja que eu me foco nos guardas nesse mesmo paragráfo, e especialmente na visão deles.


Lord Seth disse:
Em dado momento seu texto se perde pois sua leitura é cansativa devido a esse seu tom "bombástico" e exageradamente carregado.

Mas a partir da metade, mais ou menos, a idéia é justamente ser assim. A última parte, por sinal, acentua cada vez mais uma espécie de confusão, tanto do autor quanto do personagem. Por isso o uso abusivo de "porém, no entanto, entretanto, etc"

Lord Seth disse:
De novo, é tudo muito rápido, as coisas acontecem depressa demais, entram e saem de "cena" muita gente, o que é temerário pois personagem demais apenas torna a trama confusa.

Na verdade, só há um único personagem a trama inteira, que é o Serpente Celeste... os outros são simplesmente complementos, tanto que quase não interagem, exceto nas ocasiões necessárias. Mas dessa vez eu não vou explicitar o objetivo da trama toda =P

Lord Seth disse:
Você meio que torna sua relação com o leitor ditatorial: é isso, aquilo, acabou. Não ha chance para o leitor saborear o momento, ele não curte a visão que você oferece pois, dali a pouco, você muda tudo e parte para outras coisas, como se o seu interesse principal fosse mostrar seu talento, suas idéias e não divertir o leitor.

Na verdade há, no começo. Mas o pensamento do meu personagem é predominantemente ditatorial, além do que, meu objetivo é mostrar a história do personagem e não simplesmente divertir o leitor (apesar de que isso, obviamente, faz parte).

Lord Seth disse:
Ha descrições e passagens interessantes, uma abordagem criativa e uma ambientação simpática e curiosa.
Supondo que os personagens sejam orientais, lhe recomendo manter seus nomes originais, sem traduzi-los para o português.

Eu inventei, não traduzi. =]

Lord Seth disse:
Não entendi muita coisa, especialmente quandio você usa a Segunda Pessoa do Singular. Esse recurso é totalmente dispensável e a inserção desse linguajar no personagem ficou descabida.

Hm, eu considero que nobres tem uma linguagem meio truncada. E usei o lugar comum das pessoas, quando querem parecer importantes diante dos outros. Não me pareceu descabido, na hora que escrevi. Mas bem, pense: "Serpente Celeste" + "dragão azul" + "o céu estava azul" = ?
Quantos aos gafanhotos, a religião dos bárbaros é justamente a católica. Se você pegar datas, por sinal, vai ver que a relação de tempo é meio absurda (:lol:), mas eu coloquei o motivo lá no primeiro paragráfo.


Lord Seth disse:
Não está mal escrito este seu texto, apesar de alguns tropeços de passagem de tempo.
Mas suspeito que você está lidando com assuntos demais, que não podem para ser condensados em tão pouco espaço.

Ha potencial.

O tempo foi meio que quebrado premeditadamente, em diversos pontos. Mas sim, eu não pretendia fazer algo desse tamanho quando me surgiram as falas do dragão; e nem pretendia me focar mais no resto da história do que nisso, evidentemente.

Porém, certas coisas vão surgindo espontaniamente.
 
Skylink disse:
Verdade. Só discordo do pernosticismo.

Seu jeito de escrever é muito pretensioso.
Creio que você tem uma preocupação exagerada de querer entrar num terreno mais "sofisticado", e isso vem matando seu texto aos poucos, tornando a leitura enfadonha e carregada.

Uhn... o "disformes" acentua a idéia de confusão, Lord. Veja que eu me foco nos guardas nesse mesmo paragráfo, e especialmente na visão deles.

Não, não acentua.
Se você quer deslocar a percepção dos personagens que ESTÃO POR VIR para o COMEÇO do texto, isso no fim é um erro de colocação de idéias. E não ha como complementar o que se diz primeiro para, mais adiante, justificar o erro.

É, de novo, seu jeito pretencioso e que acaba lhe fazendo tropeçar.

Mas a partir da metade, mais ou menos, a idéia é justamente ser assim. A última parte, por sinal, acentua cada vez mais uma espécie de confusão, tanto do autor quanto do personagem. Por isso o uso abusivo de "porém, no entanto, entretanto, etc"

Não creio que sua vontade tenha ficado 100% expressa nessa passagem, mais se reduzindo a um cacoete criativo de autor, não um processo de "confusão" do personagem.

Na verdade, só há um único personagem a trama inteira, que é o Serpente Celeste... os outros são simplesmente complementos, tanto que quase não interagem, exceto nas ocasiões necessárias. Mas dessa vez eu não vou explicitar o objetivo da trama toda =P

Não é necessário explicar o objetivo da trama, pois ele ficou claro desde o princípio: você desejava contar uma história heróica e bravia, cheia de disposição e permeios dos mais variados. O que, na minha opinião, poderia ter sido conseguido se você não floreasse tanto o texto.

Mas não existem personagens "complementos" na sua história.
Os personagens descritos são acréscimos, confrontativos, explicativos, alternativos. A "complementação" que você se refere é um silogismo equivocado, já que não ha um parâmetro de comparação existente no texto que possa levar o leitor a concluir sua afirmação.

Na verdade há, no começo. Mas o pensamento do meu personagem é predominantemente ditatorial, além do que, meu objetivo é mostrar a história do personagem e não simplesmente divertir o leitor (apesar de que isso, obviamente, faz parte).

Não creio haver alguma coisa impositiva, e mesmo ditatorial em seu texto.

A objetivo óbvio de querer "mostrar a história do personagem" não foi alcançado pois, como eu disse, seu texto é rápido demais, o que impediu o personagem de crescer e demonstrar ao leitor o seu "crescimento".

A temática de seu texto mais o estilo do mesmo é essencialmente comercial e, portanto, houve um interesse prévio (mas não assumido) de se criar uma obra divertida.
Tivesse você o objetivo de "mostrar a história do personagem", sua narrativa não seria floreada e, sim, mais dissertativa.

Havendo floreio, ha sempre diversão.

Eu inventei, não traduzi. =]

Pois creio que se o traduzisse ou mesmo buscasse o significado do nome em sua "língua" original, seu texto teria mais uma cor local.

Nomes inventados são interessantes mas você poderia ser mais criativo se realmente desse um fundamento lógico para o nome do personagem.
Mas suspeito que seu tipo de texto tem como objetivo maior buscar uma espécie de "hiper-expressão" romântica e a sua satisfação pessoal.

O que é interessante mas inevitavelmente você compromete a qualidade da história, como se sua idéia fosse pequena e você a cobre com um enorme glacê colorido.

Hm, eu considero que nobres tem uma linguagem meio truncada. E usei o lugar comum das pessoas, quando querem parecer importantes diante dos outros. Não me pareceu descabido, na hora que escrevi. Mas bem, pense: "Serpente Celeste" + "dragão azul" + "o céu estava azul" = ?

Sua história é essencialmente um lugar-comum e percebe-se que suas aspirações são um tanto quanto imediatas, sem maiores pesquisas e sem maiores preocupações com fundamentos de ambientação.

Obviamente que, se você abre mão de sua auto-crítica, tudo o que você escreve não parece descabido, já que seus objetivos estão mais focalizados na satisfação de seu prazer na escrita e no contar da história.

Sua conotação sobre Serpente Celeste, etc, só fazem sentido para você e, pinçados fora do contexto da história, apenas mostram sua tentativa de reformar a defesa de seu texto. Só que a informação acima descrita não fica completamente clara, graças ao "ruído" que seu estilo coloca na história.

Quantos aos gafanhotos, a religião dos bárbaros é justamente a católica. Se você pegar datas, por sinal, vai ver que a relação de tempo é meio absurda (:lol:), mas eu coloquei o motivo lá no primeiro paragráfo.

Entendo.

O tempo foi meio que quebrado premeditadamente, em diversos pontos. Mas sim, eu não pretendia fazer algo desse tamanho quando me surgiram as falas do dragão; e nem pretendia me focar mais no resto da história do que nisso, evidentemente.
Porém, certas coisas vão surgindo espontaniamente.

Sua quebra temporal não pareceu premeditada. Pareceu simplesmente pressa.
E não importa mais no que você queria se focar, importa o resultado final, o texto.
E ele carece de extrema revisão.

Pois a história que você criou é grande demais para ser condensada em apenas poucas páginas.

Tente contar histórias curtas, pois nas longas você se perde e produz um texto complexo, que fazem seus erros serem ampliados cada vez mais.

Comece do mínimo, depois estique.
 
Lord Seth disse:
Não, não acentua.
Se você quer deslocar a percepção dos personagens que ESTÃO POR VIR para o COMEÇO do texto, isso no fim é um erro de colocação de idéias. E não ha como complementar o que se diz primeiro para, mais adiante, justificar o erro.

É, de novo, seu jeito pretencioso e que acaba lhe fazendo tropeçar.

Na sua visão apenas, etc...

Lord Seth disse:
Não creio que sua vontade tenha ficado 100% expressa nessa passagem, mais se reduzindo a um cacoete criativo de autor, não um processo de "confusão" do personagem.

Hm, se tu acha isso, paciência.

Lord Seth disse:
Não é necessário explicar o objetivo da trama, pois ele ficou claro desde o princípio: você desejava contar uma história heróica e bravia, cheia de disposição e permeios dos mais variados. O que, na minha opinião, poderia ter sido conseguido se você não floreasse tanto o texto.

Não, eu apenas desejava mostrar um aspecto de perspectiva e o modo como ele se reflete na vida; ao menos inicialmente, etc...

Lord Seth disse:
Mas não existem personagens "complementos" na sua história.
Os personagens descritos são acréscimos, confrontativos, explicativos, alternativos. A "complementação" que você se refere é um silogismo equivocado, já que não ha um parâmetro de comparação existente no texto que possa levar o leitor a concluir sua afirmação.

Ok, eu me equivoquei =] Mas ainda acho que eles carecem de ações mais humanas no texto, como eu pretendia, exceto nos pontos de tensão. :think:


Lord Seth disse:
A objetivo óbvio de querer "mostrar a história do personagem" não foi alcançado pois, como eu disse, seu texto é rápido demais, o que impediu o personagem de crescer e demonstrar ao leitor o seu "crescimento".

Uhn, ok, respeito sua opinião.

Lord Seth disse:
A temática de seu texto mais o estilo do mesmo é essencialmente comercial e, portanto, houve um interesse prévio (mas não assumido) de se criar uma obra divertida.
Tivesse você o objetivo de "mostrar a história do personagem", sua narrativa não seria floreada e, sim, mais dissertativa.

Havendo floreio, ha sempre diversão.

Argh! Comercial? Puts, não exagere :eek: Whatever, você não entende a minha narrativa; logo, talvez eu trabalhe pra que pessoas com visão semelhante à sua entendam um pouquinho melhor =]


Lord Seth disse:
Nomes inventados são interessantes mas você poderia ser mais criativo se realmente desse um fundamento lógico para o nome do personagem.
Mas suspeito que seu tipo de texto tem como objetivo maior buscar uma espécie de "hiper-expressão" romântica e a sua satisfação pessoal.

Eu usei, e diversos... Se quer um fundamento lógico, eu coloquei num quote aí em cima, se quer outros, olhe pro lado, pesquise a relação de dragões e hierarquia, etc...

Lord Seth disse:
O que é interessante mas inevitavelmente você compromete a qualidade da história, como se sua idéia fosse pequena e você a cobre com um enorme glacê colorido.

Você é diabético; enfim, eu compreendo...


Lord Seth disse:
Sua história é essencialmente um lugar-comum e percebe-se que suas aspirações são um tanto quanto imediatas, sem maiores pesquisas e sem maiores preocupações com fundamentos de ambientação.

Obviamente que, se você abre mão de sua auto-crítica, tudo o que você escreve não parece descabido, já que seus objetivos estão mais focalizados na satisfação de seu prazer na escrita e no contar da história.

Errr... eu tenho culpa se você não percebeu nenhuma referência? Pesquisa por pesquisa eu fiz, e independente da minha vontade ou não, ela se reflete aqui:

Ágata disse:
Gostei especialmente das palavras que você tem usado, dá um ar bem de china antiga. E da descrição dos locais e dos personagens. Enfim, um ótimo texto ^^

Quanto à parte prática, olhe pros camponeses, olhe para a guerra da qual o filho participa... E argh, aponte exatamente as possíveis falhas de meu texto (como fez nos quotes lá do começo) ao invés de simplesmente divagar sobre sua própria interpretação (em suma, dê de forma prática a sua idéia de melhoria, use possíveis ganchos mau aproveitados da história para exemplificá-la, etc...)

Lord Seth disse:
Só que a informação acima descrita não fica completamente clara, graças ao "ruído" que seu estilo coloca na história.

Paciência, não acho que meu estilo atrapalhe.

Lord Seth disse:
Sua quebra temporal não pareceu premeditada. Pareceu simplesmente pressa.
E não importa mais no que você queria se focar, importa o resultado final, o texto.
E ele carece de extrema revisão.

Pois a história que você criou é grande demais para ser condensada em apenas poucas páginas.

Novamente, sua interpretação. Não me meto nela, nesse caso.

Sim, concordo plenamente; é grande demais. =|

Lord Seth disse:
Tente contar histórias curtas, pois nas longas você se perde e produz um texto complexo, que fazem seus erros serem ampliados cada vez mais.

Comece do mínimo, depois estique.

Erros são bons, você gosta deles. Eu também, especialmente quando posso corrigi-los =]
 
Skylink disse:
Na sua visão apenas, etc...

A visão que apresentei foi técnica, baseada em meus quase 20 anos como editor e jornalista.
Não se trata apenas de minha opinião pessoal mas, sim, minha opinião calcada em minha experiência profissional e de vida.

Não, eu apenas desejava mostrar um aspecto de perspectiva e o modo como ele se reflete na vida; ao menos inicialmente, etc...

Tente novamente.

Ok, eu me equivoquei =] Mas ainda acho que eles carecem de ações mais humanas no texto, como eu pretendia, exceto nos pontos de tensão.

Não percebi grandes tensões no texto, pois você não as criou com cuidado.

Argh! Comercial? Puts, não exagere :eek: Whatever, você não entende a minha narrativa; logo, talvez eu trabalhe pra que pessoas com visão semelhante à sua entendam um pouquinho melhor =]

Sua narrativa possui erros que você mesmo reconhece.
Erros esses que dificultam o entendimento e matam a compreensão do que você realmente quer passar.
Você ainda está muito voltado para si mesmo, escreve de maneira que você goste, quando deveria usar de maior desprendimento em seu texto.

Não adiantará você trabalhar com pessoas com visão semelhante a minha se você não aplicar, em seu texto, as modificações que sabe que precisam ser feitas.

Você pode entrar e sair de redações, editoras e jornais sem aprender que a gente escreve para os outros, que nosso texto está sempre sendo modificado e amadurecido.
Questão de estar com olhos abertos.

Eu usei, e diversos... Se quer um fundamento lógico, eu coloquei num quote aí em cima, se quer outros, olhe pro lado, pesquise a relação de dragões e hierarquia, etc...

Se o seu texto não é auto-explicativo, seus adendos apenas o tornarão mais incômodo.

Você é diabético; enfim, eu compreendo...

Não sou diabético. E, sim, você compreende mas carece de humildade.

Errr... eu tenho culpa se você não percebeu nenhuma referência? Pesquisa por pesquisa eu fiz, e independente da minha vontade ou não, ela se reflete aqui:

Sua referência foi apenas de si para si mesmo. Não de si para o leitor.

Quanto à parte prática, olhe pros camponeses, olhe para a guerra da qual o filho participa... E argh, aponte exatamente as possíveis falhas de meu texto (como fez nos quotes lá do começo) ao invés de simplesmente divagar sobre sua própria interpretação (em suma, dê de forma prática a sua idéia de melhoria, use possíveis ganchos mau aproveitados da história para exemplificá-la, etc...)

Você sabe o que tem que fazer.
Sempre sabe.
Não preciso lhe apontar mais nada.

Paciência, não acho que meu estilo atrapalhe.

Seu estilo pode lhe agradar, mas lembre-se que é fácil nós, autores, quando nos acharmos certos, é fácil nos iludirmos.

Seu estilo lhe atrapalha pois ele acabou virando um cacoete criativo.

Sim, concordo plenamente; é grande demais. =|

Comece com histórias curtas.
Domine-as.
Depois vá ampliando suas histórias.
E preferencialmente mude de assunto.

Erros são bons, você gosta deles. Eu também, especialmente quando posso corrigi-los =]

Errar todo mundo erra.
Mas só os bons artistas reconhecem seus erros e os modificam.
Especialmente os erros que se escondem atrás de certezas.
 
Lord Seth disse:
A visão que apresentei foi técnica, baseada em meus quase 20 anos como editor e jornalista.
Não se trata apenas de minha opinião pessoal mas, sim, minha opinião calcada em minha experiência profissional e de vida.

Certo, mas mesmo assim ainda pode estar equivocada. Apesar disso, concordo que ela merece realmente uma consideração maior do que o comum, seja por ser interessante, seja por ser bem estruturada.


Lord Seth disse:
Sua narrativa possui erros que você mesmo reconhece.
Erros esses que dificultam o entendimento e matam a compreensão do que você realmente quer passar.
Você ainda está muito voltado para si mesmo, escreve de maneira que você goste, quando deveria usar de maior desprendimento em seu texto.

Errr... você escreve de maneira que não goste? E outra, a compreensão imediata não é um objetivo de toooodos os autores; a significação que o é...

Lord Seth disse:
Não adiantará você trabalhar com pessoas com visão semelhante a minha se você não aplicar, em seu texto, as modificações que sabe que precisam ser feitas.

Você forma um público a parte, certo? Elas "precisam" defitivamente ser feitas?

Lord Seth disse:
Você pode entrar e sair de redações, editoras e jornais sem aprender que a gente escreve para os outros, que nosso texto está sempre sendo modificado e amadurecido.
Questão de estar com olhos abertos.

Hm, isso eu já sei na questão da teoria; na prática, continuarei aprendendo até a hora de vestir meu terno. De qualquer forma, pretendo cursar jornalismo daqui um tempo, etc...

Lord Seth disse:
Não sou diabético. E, sim, você compreende mas carece de humildade.

Não, eu reproduzo tons. Carência de humildade seria não atentar para o que você fala; agora não mereço um linxamento argumentativo por não tomar sua opinião, mesmo com toda a sua experiência de vida e profissional, como verdade absoluta. Enxergo ela apenas como mais uma opção.

Lord Seth disse:
Você sabe o que tem que fazer.
Sempre sabe.

Infelizmente não, apesar de nesse nosso diálogo parecer que tenho a ilusão disso =|

Lord Seth disse:
Seu estilo pode lhe agradar, mas lembre-se que é fácil nós, autores, quando nos acharmos certos, é fácil nos iludirmos.

Seu estilo lhe atrapalha pois ele acabou virando um cacoete criativo.

Sim, eu já sei. Na verdade não, pq eu não uso ele em todos os meus textos; eu mudo, crio, construo, descontruo, testo, etc... mas deixa pra lá.

Lord Seth disse:
Errar todo mundo erra.
Mas só os bons artistas reconhecem seus erros e os modificam.
Especialmente os erros que se escondem atrás de certezas.

Lamento, mas numa visão simplista da coisa... sou um tonto sem grandes certezas (acho que apenas uma, no atual momento). Então, não pense que não vou considerar o que você fala. Apenas vou deixar as partes que considerei úteis de suas opiniões para serem aplicadas em outros trabalhos, talvez.
 
Skylink disse:
Certo, mas mesmo assim ainda pode estar equivocada.

É interessante como você diz qualquer coisa para livrar o seu lado.
Você sabe que está errado, sabe que apontei seus erros com precisão mas, ainda assim, quer colocar panos quentes.

Seria mais justo de sua parte assumir que errou e pronto. Não precisa tentar me descaracterizar.

E, não, não estou equivocado.

Apesar disso, concordo que ela merece realmente uma consideração maior do que o comum, seja por ser interessante, seja por ser bem estruturada.

A palavra mágica é uma só: revisão. De cima a baixo.

Errr... você escreve de maneira que não goste?

Sim.

E outra, a compreensão imediata não é um objetivo de toooodos os autores; a significação que o é...

Para alcançar o significado é preciso passar pela compreensão do texto.
O texto é o portador do significado e quando você quer colocar o âmago logo de uma vez, sai um texto como o seu.

Ser compreendido é o objetivo de todo autor. Menos, claro, os autores que não querem ser compreendidos.

Você forma um público a parte, certo? Elas "precisam" defitivamente ser feitas?

Tem um ditado estadunidense que diz: "faça direito e eles virão".

Hm, isso eu já sei na questão da teoria; na prática, continuarei aprendendo até a hora de vestir meu terno. De qualquer forma, pretendo cursar jornalismo daqui um tempo, etc...

Eu nunca vesti terno. Me adaptei, sim, às situações mas o terno eu queimei depois que fiz 18 anos e peguei minha carteira de Reservista.

Jornalismo não lhe ensina a escrever, nem muito menos a pensar.

Não, eu reproduzo tons. Carência de humildade seria não atentar para o que você fala; agora não mereço um linxamento argumentativo por não tomar sua opinião, mesmo com toda a sua experiência de vida e profissional, como verdade absoluta. Enxergo ela apenas como mais uma opção.

Ha apenas dois tipos de artistas: os que vivenciaram, e os que não vivenciaram.
No Japão, pessoas mais velhas são valorizadas pois suas experiências são preciosas.
No Brasil, terra de egos, críticas e conselhos são sempre vistos como confrontos ou "inveja".

Suas opções são: melhorar, aprimorar ou desistir.
No meio delas, ha nuances que lhe levam a outras coisas.

Se você for sábio, saberá ouvir e, acima de tudo, saberá calar.

Infelizmente não, apesar de nesse nosso diálogo parecer que tenho a ilusão disso =|

Sua maior ilusão é deixar-se levar por quem diz que gostou do que você escreveu.

Sim, eu já sei. Na verdade não, pq eu não uso ele em todos os meus textos; eu mudo, crio, construo, descontruo, testo, etc... mas deixa pra lá.

Apenas revise.

Lamento, mas numa visão simplista da coisa... sou um tonto sem grandes certezas (acho que apenas uma, no atual momento). Então, não pense que não vou considerar o que você fala. Apenas vou deixar as partes que considerei úteis de suas opiniões para serem aplicadas em outros trabalhos, talvez.

Você não tem certezas porque vive em um ambiente seguro, a salvo das dores do mundo.
Não deu a cara a tapa, não saiu de casa, tudo em sua vida é planejadinho, controlado, arquitetado.
Seus sonhos são os dos outros, suas palavras não são suas, sua pessoa é aquilo que lhe moldaram para ser.

Isso se reflete em seu texto que mostra você sendo um autor de talento e capacidade, mas ainda extremamente aprisionado a estilos mirabolantes, idéias heróicas e ultrapassadas, e fórmulas muito simplórias.

Ou seja: você é sincero mas não aprendeu a falar a língua das pessoas de fora de seu mundo. Pois é na segurança de seu mundo que você tenta medir o resto das pessoas, e inequivocamente seus erros se tornam maiores.

A medida que você amadurecer como pessoa, seu texto amadurecerá.

Esse processo precisa começar logo.
 
Lord Seth disse:
É interessante como você diz qualquer coisa para livrar o seu lado.
Você sabe que está errado, sabe que apontei seus erros com precisão mas, ainda assim, quer colocar panos quentes.

Não, eu discordei; ou acho que discordei... Mas isso é um costume humano, [(brasileiro até, diria um sapo =P ) ignore esse parênteses; não foi pra vc, não tem nenhuma relação com nossa argumentação] , não?

Lord Seth disse:
Seria mais justo de sua parte assumir que errou e pronto. Não precisa tentar me descaracterizar.

Ué, mas eu assumo, se for possível: errei na impulso elétrico que gerou essas idéias, no outro que definiu isso como uma espécie de distração passageira, e no outro que foi criando, criando, criando, meio que contra a minha vontade inicial....


Lord Seth disse:
E, não, não estou equivocado.

E eu que sou presunçoso... Mas aff, provavelmente eu estou...


Lord Seth disse:
A palavra mágica é uma só: revisão. De cima a baixo.

Obrigado, mas é uma questão importante a ser estudada... não ingerida goela a baixo.


Lord Seth disse:
Para alcançar o significado é preciso passar pela compreensão do texto.
O texto é o portador do significado e quando você quer colocar o âmago logo de uma vez, sai um texto como o seu.
Ser compreendido é o objetivo de todo autor. Menos, claro, os autores que não querem ser compreendidos.

Certo, sou obrigado a admitir que uma menina de 16 anos (^^) sabe mais do que você em relação a isso.
Seguindo sua linha, minha opinião é a seguinte: Você é muito focado em definições acadêmicas, e as aceita como verdade. Pois bem, assim que você observar que o mundo é meio nulo de verdades e que as ditas cujas servem apenas de guia, seu criticismo irá evoluir.





Lord Seth disse:
Tem um ditado estadunidense que diz: "faça direito e eles virão".

Pois desenvolva suas próprias verdades! Essa coisa de querer ser cobaia, imitar e tudo mais... argh! Desenvolva suas próprias opiniões e deixe de depender de ditados simplistas de outra cultura para expô-la!

Whatever, ainda gosto de ditados, do pano de fundo cultural que eles representam, etc, etc; apesar de o seu estar inadequado, pois não responde a minha pergunta e ainda mantém sua postura arrogante.

De resto, eu fui intencional no primeiro paragráfo ao repercutir parte das suas palavras noutro tópico e deixar claro que estou fazendo isso e ainda acho tosco (tosco, realmente, mas divertido).


Lord Seth disse:
Eu nunca vesti terno. Me adaptei, sim, às situações mas o terno eu queimei depois que fiz 18 anos e peguei minha carteira de Reservista.

Jornalismo não lhe ensina a escrever, nem muito menos a pensar.

Hm, então, eu considerei duas possibilidades de interpretação para o terno: paro de aprender no dia que eu morrer e tal. Ou, mais de acordo com sua visão de mim: paro de aprender no dia que tiver num programinha pseudo-intelectual recebendo prêmios!

Eis aí você, encontrando sua significação, independente do meu querer ou não. Mas bah, eu deixei vago de propósito... E o jornalismo eu sei, por conta de conversar com pessoas que fazem faculdade, etc. Só comentei por conta de ter visto você dizer algo relativo em outro tópico.

Lord Seth disse:
Ha apenas dois tipos de artistas: os que vivenciaram, e os que não vivenciaram.
No Japão, pessoas mais velhas são valorizadas pois suas experiências são preciosas.
No Brasil, terra de egos, críticas e conselhos são sempre vistos como confrontos ou "inveja".

Eu acho curioso que a sua falta de nacionalismo e o seu preconceito lhe toldem a visão. Mal dos velhos, eu penso; mas ainda assim valorizo e muito, pois realmente a carga de experiência de uma pessoa com 47 anos, por exemplo, é absurdamente impressionante.

Só acho besteira que os mais velhos não valorizem os mais novos; mas se deus quiser, meu estado de espírito se conservará e serei um velhinho bobo e curioso, além do receptáculo de vida comum, é claro.


Lord Seth disse:
Suas opções são: melhorar, aprimorar ou desistir.
No meio delas, ha nuances que lhe levam a outras coisas.

Se você for sábio, saberá ouvir e, acima de tudo, saberá calar.

Só calo quando necessário. Vê alguma vantagem, no momento? A própria discussão me engrandece, mesm que eu apanhe nela, ou que vc apanhe; é experiência em ambos os casos.



Lord Seth disse:
Sua maior ilusão é deixar-se levar por quem diz que gostou do que você escreveu.

Não, não é ilusão. É consideração.



Lord Seth disse:
Você não tem certezas porque vive em um ambiente seguro, a salvo das dores do mundo.
Não deu a cara a tapa, não saiu de casa, tudo em sua vida é planejadinho, controlado, arquitetado.
Seus sonhos são os dos outros, suas palavras não são suas, sua pessoa é aquilo que lhe moldaram para ser.

Isso se reflete em seu texto que mostra você sendo um autor de talento e capacidade, mas ainda extremamente aprisionado a estilos mirabolantes, idéias heróicas e ultrapassadas, e fórmulas muito simplórias.

Ou seja: você é sincero mas não aprendeu a falar a língua das pessoas de fora de seu mundo. Pois é na segurança de seu mundo que você tenta medir o resto das pessoas, e inequivocamente seus erros se tornam maiores.

A medida que você amadurecer como pessoa, seu texto amadurecerá.

Esse processo precisa começar logo.

Diante disso, eu me rendo. Sua visão é pequena, além de presunçosa; e acho uma pena isso, considerando sua idade... =]

Mas infelizmente, tu não me conhece pra ver como sou um arquétipo perfeito de desleixamento, falta de ordem e de cuidados. Não sabe das experiências de vida que eu tive, embora obviamente eu não compare com o volume das suas (=P), entre outras coisas... É uma pena, mas não vale mais a pena discutir.

Adendos:

Milaborantes, heróicas: Uhuuuuu! Temos um crítico em relação à fantasia e as idéias profundas que elas podem conter! Temos um superficialista acadêmico!

Sonhos dos outros: Hm, é, em relação a uma pessoa, posso dizer que sim ^^

Meu mundo: Uhm, e você mede tudo no fluxo de conhecimento engessado no seu. Estáriamos quase na mesma bosta, se fosse exatamente assim... Mas acredito na possibilidade de você não ser assim, apesar de demonstrar =~~

Ish, eu já desisti de medir as pessoas assim desde de uns 11 anos... Mas passei um puta tempo tentando criar fórmulas práticas pra definir as pessoas de vez, até perceber que isso não servia pra mais que um momento. E podia acabar virando uma bela merda. Por conta disso, deixei de ser tãããão egoísta =]

Bem, mas obrigado pelo incentivo do amadurecimento. Espero atender às suas expectativas, e se possível lher ser agradável. Pra mim não é incômodo, e não coloco nenhum tipo de irônia neste último paragráfo.
 
Eu tive paciência de ler essa discussão toda.
E, sabe, Skylink, talvez o meu gosto seja péssimo, mas eu acho que gosto das suas histórias justamente por causa dessas firulas, enfeites e exageros. xD
É o seu estilo? Então continue escrevendo assim.
 
Gaerwen Greenleaf disse:
Eu tive paciência de ler essa discussão toda.
E, sabe, Skylink, talvez o meu gosto seja péssimo, mas eu acho que gosto das suas histórias justamente por causa dessas firulas, enfeites e exageros. xD
É o seu estilo? Então continue escrevendo assim.

Ha quem goste.
Eu não desgosto e nem gosto.
Faço apenas uma análise técnica, deixando sempre meu Ego de lado.

Afinal, quero o aprimoramento do garoto como artista e, quem sabe, como profissional.
Não quero a manutenção de meu próprio interesse mesquinho e minha satisfação egocêntrica.

Por fim: elogios são bons, mas o aprimoramento é sempre melhor.
 

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