Skylink
Squirrle!
[L] [Skylink] [Anedota de passagem, epitáfio intelectual]
Ando pelos olhos do tempo; tempo parado, tempo cansado. Enxergo uma névoa branca, fina, um pesar de consumição a enfastiar o mundo inteiro e a mim mesmo nas gotas que se condensam. Oceano, lágrima que brota do frio sopro das saudades; habito ainda o tempo que se arrasta, que se prende e se arrepende.
Porém já é tarde, e os relógios já não tocam, pois não há relógios. O caminho que trilho é um baralho de cartas veladas, sem coringas ou grandes charadas. Caminho intelectual, diriam aqueles que me assistem do passado. Peça de enfoque digital, diriam os do futuro; e rir-se-iam, talvez, se ainda lhes houvesse os dentes.
Mas a maré não me atinge aqui; o dia me é estacionário, assim como as estações, as paixões, as decepções. Tudo um belíssimo arranjo mofado de velhas memórias, dois brincos, uma pérola! Jóia maior não há, visto que os ébrios enfeites da melancolia são apenas decoração neste mundo, parado, esquecido, vazio...
Mas torno a empinar um charuto de caramelo, caramelo amarelo, veja bem; e com ele já se vai meu grande chamariz, meu próprio e único nariz... Ah, narizes, narigüidade! Meio tarde para outra volta em tua cidade. Mas observa então, a astúcia e a prolixidade dos formadores da república, dos proclamadores da independência emocional. Sim, olha-os bem, remira-os empinados e satisfeitos por um momento, antes que os volteios da vida curvem-nos sobre os próprios egos e o mundo desabe.
Mas então, por fim, veja-me a dizer-me a mim mesmo, enquanto caio:
- Sim, és belo!
Ando pelos olhos do tempo; tempo parado, tempo cansado. Enxergo uma névoa branca, fina, um pesar de consumição a enfastiar o mundo inteiro e a mim mesmo nas gotas que se condensam. Oceano, lágrima que brota do frio sopro das saudades; habito ainda o tempo que se arrasta, que se prende e se arrepende.
Porém já é tarde, e os relógios já não tocam, pois não há relógios. O caminho que trilho é um baralho de cartas veladas, sem coringas ou grandes charadas. Caminho intelectual, diriam aqueles que me assistem do passado. Peça de enfoque digital, diriam os do futuro; e rir-se-iam, talvez, se ainda lhes houvesse os dentes.
Mas a maré não me atinge aqui; o dia me é estacionário, assim como as estações, as paixões, as decepções. Tudo um belíssimo arranjo mofado de velhas memórias, dois brincos, uma pérola! Jóia maior não há, visto que os ébrios enfeites da melancolia são apenas decoração neste mundo, parado, esquecido, vazio...
Mas torno a empinar um charuto de caramelo, caramelo amarelo, veja bem; e com ele já se vai meu grande chamariz, meu próprio e único nariz... Ah, narizes, narigüidade! Meio tarde para outra volta em tua cidade. Mas observa então, a astúcia e a prolixidade dos formadores da república, dos proclamadores da independência emocional. Sim, olha-os bem, remira-os empinados e satisfeitos por um momento, antes que os volteios da vida curvem-nos sobre os próprios egos e o mundo desabe.
Mas então, por fim, veja-me a dizer-me a mim mesmo, enquanto caio:
- Sim, és belo!
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