Vi o filme hoje, digo, ontem, e achei fantástico. Realmente um ótimo filme.
A crítica a seguir eu postei no meu fórum sobre cinema, por isso não se acanhem por eu colocar sinopses inúteis (tendo em vista que todos aqui já devem sabe-la de cor e salteado).
Desabafo: Antes de começar esta crítica, gostaria de expressar minha revolta contra a censura que este filme levou. Sinceramente, é difícil de engolir a censura absurda que dão a esses filmes. A Paixão de Cristo, que diga-se de passagem, é muito mais violenta e realística, teve uma censura de apenas 14 anos; por isso é difícil de entender porque Kill Bill 2 recebeu uma censura bem maior: de 18 anos. OK, é verdade que o filme é violento, mas não é tão violento quanto a Paixão de Cristo, que explora a sensibilidade do espectador. Kill Bill tem uma violência cartoon, que me lembra Hermes e Renato.
Dividido em dois filmes, Kill Bill narra a história de uma ex-assassina de aluguel (Uma Thurman) que desperta de um coma com apenas uma motivação: MATAR Bill (David Carradine). O alvo de sua vingança cometeu uma terrível traição bem no dia em que a Noiva (Thurman) se casaria. Lucy Liu, Daryl Hannah, Vivica A. Fox e Michael Marsden completam o elenco e interpretam seus antigos colegas de profissão, que por participarem do massacre também enfrentarão a sua ira.
Neste segundo filme, vemos a tão esperada vingança da noiva.
Depois de eliminar as personagens de Lucy Liu e Vivica A. Fox, agora Manba Negra vai a caça de Budd (irmão do Bill do título) e de Ellen Driver (Daryl Hannah).
Para então, eliminar Bill, o verdadeiro alvo de sua vingança.
Não posso comprara este com o primeiro filme, porque apesar de serem o mesmo filme, só que dividido em duas partes, eles se concentram em aspectos totalmente diferentes. Enquanto que Kill Bill - Volume 1, se concentra na ação frenética e absurda, em Kill Bill - Volume 2, esta da lugar a longos diálogos.
Uma coisa que me agradou na segunda parte da saga da "Mama Negra", foi a maior exploração dos seus personagens, de seu passado, de detalhes que antes estavam obscuros (como a razão de Ellen Driver ter perdido o olho direito, tendo assim que usar um tapa-olho), e como A Noiva aprendeu sua incríveis habilidades em artes-marciais.
Foi neste filme que Quentin Tarantino realizou uma de suas cenas mais memoráveis:
Quando a personagem de Uma Thurman é enterrada viva. Tarantino, mostrando toda a sua habilidade para manipular o público, utilizou-se de um jogo de sons e imagens abstratas, que provocavam desde um pequeno desconforto no telespectador, até uma sensação de agonia. Vendo essa sequência, vejo a vocação de Quentin em dirigir cenas que causam tensão e medo no público.
Imagino esse seu talento empregado em filmes como A Hora do Pesadelo - cinessérie que possui um altíssimo potencial, mas que teve sua imagem destruída por conta de péssimos diretores que só fizeram foi estragar a franquia.
Mais uma vez, a trilha sonora é um dos pontos fortes do filme, sempre contribuindo para com o clímax das diversas seqüências. Desta vez, a maior parte da trilha sonora do filme foi feita pelo amigo-de-todas-as-horas de Tarantino, Robert Rodrigues. E ele fez um ótimo trabalho, diga-se de passagem (mais informações nos extras do DVD).
Os diálogos ambíguos, que são a marca de Tarantino - que no primeiro filme foram poucas - voltaram com força total nesta sequência,
mas em excesso.
Os diálogos deste filme não tiveram o charme daqueles de Pulp Fiction ou Cães de Aluguel. Em determinadas partes do filme, os personagens falavam muito lentamente, como se tudo que eles dissessem fosse cheio de significados.
No fim, todo excesso faz mal. O monólogo de Bill, quando ele faz uma analogia entre A Noiva e o Super-Homem, não teve lá sua razão de existir narrativamente, já que nada acrescenta a história.
Outra boa sequência do filme, foi aquela do treinamento da Mama Negra com o monge Ping-Mei (que conste nos autos, existiu de verdade). Vemos a personagem de Uma sofrer, nas mãos desse estranhíssimo personagem, o mais bizarro que eu já vi.
Ah, e foi o que aconteceu neste templo que acarretou a perda do olho da personagem Ellen Driver.
E falando em Ellen Driver... a luta dela com A Noiva foi a mis brutal e realista que eu já vi, destonando de todo o resto. Aqui não temos aqueles
stops reflexivos, ou indagações filosóficas no meio da luta. É tudo muito rápido, sem enrolação.
E no final, após uma revelação dada por Driver, A Noiva arranca seu olho (!!!) e depois pisa nele (mais uma vez, Tarantino dá destaque aos dedos tortos de Uma).
E por fim, tivemos o tão esperado momento do filme, quando a Noiva finalmente enfrenta Bill, aquele que ela tanto sonhou em matar.
Mas esse embate mostrou-se frustrante. A luta em si não durou mais que alguns minutos. Terminou tão rápido que não foi possível estabelecer um clímax.
Esperava uma batalha de titãs, glamurosa como devia ser.
O personagem que eu mais gostei nesta segunda parte, definitivamente foi Budd, personagem interpretado por Michael Marsden. Apesar dele ter cometido coisas horríveis no passado, e do público saber disso, é quase impossível não simpatizar por ele. E ele, que numa primeira vista, parecia ser o mais fácil de ser morto, revelou-se o único que realmente conseguiu derrotar Mama. Admito, não gostei do final que ele levou. Acho que ele deveria ter sido morto por Mama, ninguém mais.