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Joy Division e suas 'crias'

.Gabil-Nala.

Bloody member
Bom, como todos ja devem ter percebido eu nao abro muitos tópicos nao. Apenas o faço quando são coisas de que eu realmente gostaria de falar e que ainda nao foi falado aqui no forum.
Resolvi criar esse aqui porque escrevi um pequeno texto retratando o meu ponto de vista sobre a figura de Ian Curtis naquele tópico de cantores que foram mas marcaram ou qualquer coisa assim, lembrei tambem que nao havia nenhum tópico falando sobre o Joy Division.

Eu tenho reparado que hoje em dia as pessoas nao tem dado a devida atenção às origens das coisas. Se gosta de algo, se sabe muito sobre aquilo, de forma especifica, porem nao se sabe de onde surgiu, nao se conhece o processo responsavel pela produção disso.

Falei sobre isso porque essa banda é a a principal origem de tudo o que se conhece de pós-punk, gótico, new wave britanica. Assim é a principal influencia de varias bandas muito conhecidas e adoradas nos ultimos 10, 15 anos. O que me chama a atenção é a forma paradoxal como Ian Curtis caiu no esquecimento e seu legado perdurou e perdura de forma tão vigorosa ate hoje.

Ian Curtis
Não apenas pelo cantor que o cara foi, não apenas pelas musicas que ele compos, mas sim pelo ícone que ele se tornou. Foi através desse que surgiram inumeras bandas maravilhosas, foi pelo seu jeito de se cultuar a tristeza, a melancolia e a solidão que foi criada uma ideologia, uma nova forma de percepção do mundo.
Algo que começou sem grandes pretensões, um som descompromissado, nem um pouco virtuoso, pelo contrario, cru e essencial, porém nao tão explosivo e raivoso como o Punk. Era um dialogo entre o mundo exterior que nós conhecemos e introspecção, o mundo pintado em tons de cinza, distante e frio, rodeado pelos mais diversos tipos de fantasmas e espectros distorcidos do poeta.
Era uma nova expressão da insatisfação dos jovens ingleses. Uma revolta silenciosa, um manifesto poético. Porém os conflitos físicos, a desordem nas ruas foram substituidos por uma alto-martirização e o dilaceramento do propria alma, através do qual se nutria um gosto pela propria tristeza.

Entre suas "crias" ilustres podemos citar Siouxie and the banshees, The Cure, Depeche Mode, Sisters of Mercy, Fields of Nephilim, kiling Jake, Smiths, The Cult, Bauhaus, etc...podemos ir ate um pouco mais longe e considerar que todas essas bandas de doom metal, dark metal e afins de hoje tem, mesmo que incoscientemente, uma influencia fortissima de Joy Division.

A discografia do Joy Division é algo meio complicado, pois albuns, ao vivos e coletaneas se misturam. Pelo que eu saiba existem mesmo dois albuns, o "Closer" e o "Substance".

Posso dizer que essa banda retrata a situação daquele fim da década de 70, onde o movimento punk começa a se difundir. Ian Curtis e companhia representavam muitos dos jovens, principalmente na grã-bretanha, e suas percepções, sentimentos, ideologias, etc.
Era o começo do que veio a ser chamar de gótico. Infelizmente ele viveu pouco, se suicidou em sua casa...com um tiro na cabeça ou enforcado, nao me lembro. O importante é tudo que ele deixou, inclusive a mulher dele escreveu uma biografia.
 
Gabil, falou tudo, Joy Division é A banda!!

Quero dizer aqui q Joy Division tb inspirou bandas brasileiras, é latente a influência deles em todo o trabalho do Violeta de Outono e nos primeiros álbuns do Legião Urbana (Soldados, Indios e Fabrica são muito Joy Division!).

Ian Curtis talvez seja a grande perda da música em todos os tempos, mas seu legado continuará sempre a encantar quem descobrir a banda Joy Division.
 
Boa lembrança Golgo!!!! Violeta de outono cara!

Uma excelente banda nacional.

É verdade essa comparação que vc fiz com a legião, mas o album deles que eu mais gosto é o V, pois parece MUITO com o Pornography do Cure.
 
Nossa Gabil, que texto lindo, eu me emocionei... vc conseguiu exprimir tudo o que eu sei e sinto por essa banda... já pensou em escrever prá alguma revista de música? Vc tem futuro...

E o Ian Curtis se suicidou por enforcamento...
 
*Estel* disse:
Nossa Gabil, que texto lindo, eu me emocionei... vc conseguiu exprimir tudo o que eu sei e sinto por essa banda... já pensou em escrever prá alguma revista de música? Vc tem futuro...

E o Ian Curtis se suicidou por enforcamento...

Hum...errr, nem tanto :oops:

Depois eu venho colocar algumas informações mais específicas da banda aqui. Tem muito sobre o que se falar em relação a isso :D
 
Acho impressionante como apenas dois discos lançados por uma banda obscura tenha tido tamanha importancia sobre tudo o que se produziria a partir de então na decada de oitenta. Não é exagero dizer que toda a cena "underground" dessa época deva muito a Ian Curtis e sua música, nascida diretamente das cinzas do punk. O que é mais incrivel é que, passados mais de vinte anos após a trágica morte de Ian - ele nem viveu o suficiente para ver o tamanho e influencia de sua obra - os discos do Joy Division ainda mantém aquele impacto inicial de quando foi lançado; sua música continua visceral, melancólica, atemporal. Como todo bom clássico.


E sobre a discografia do Joy Division... foram apenas 2 discos de estúdio - Unknown Pleasures(1979) e Closer(1980), duas boas coletaneas (Substance e Permanent) e diversos álbuns de apresentações ao vivo (Still, The Complete BBC Recordings, The John Peel Sessions...).


Para quem quiser conhecer um pouco mais sobre a história do Joy, aqui vai um bom texto sobre eles - é um pouco extenso, mas muito interessante, vale a pena ler.


Amor, epilepsia e a transformação de tristeza em beleza :


Revendo o Joy Division.


com Peter Hook e Tony Wilson.

Começos são promissores apenas em seu retrospecto. Em um verão chuvoso de 1976,enquanto as indústrias falidas alastravam-se, a Inglaterra agachou-se em um sono úmido e cinza, quatro jovens rapazes com cabelos arrepiados pulavam para cima e para baixo num palco improvisado, tocando com suas guitarras velhas com a fúria dos ingênuos. O quarteto cantava, cuspia, zombavam com mau humor da política desatualizada que era tanto quanto um ato inteligentemente fabricado como um verdadeiro desafio para toda a amaldiçoada e impenetrável burocracia. Eles eram mais símbolo do que banda - uma elegante representação interpretada de tudo que era errado na Inglaterra, uma cusparada e uma reação visceral contra a economia miserável do país e o crescimento de raiva fermentando sob as costelas da juventude britânica.

A banda era os Sex Pistols naquela noite de 1976,eles ainda tinham que mudar o mundo. Havia apenas 40 pessoas esquisitas na platéia, a maioria ida apenas por curiosidade. Mas, foi o suficiente. Pete Shelley e sua recente banda os Buzzcocks estavam lá. Uma personalidade da TV local Tony Wilson contemplava Sid e Johnny com um grande sorriso .E no centro da sala, dois amigos de infância chamados Peter Hook e Bernard Sumner e um magricela, jovem de ampla visão chamado Ian Curtis mudaram a música com uma incerta aprovação. Os Sex Pistols tocaram horrível àquela noite de 1976 e era a razão deles serem bons. Era a música que pessoas como Peter e Bernard e Ian podiam entender, o tipo de musicas que eles podiam compor. Um mês mais tarde, um bilhete escrito à mão colocado na Virgin Records levou Ian de volta a Hook e Sumner. Eles estavam à procura de um vocalista e Ian foi a eles, pálido, itenso e esperançoso. Sem o incomodo formal de testes, o Joy Division acabava de nascer.
Peter and Bernard tinham se conhecido para sempre. Eram garotos trabalhadores, Hook vulgar, musculoso e barbado; Sumner delicado e loiro. Eles adoravam música, beber e farrear um pouco. Ian era diferente. Ele surgiu da classe media baixa nos arredores de Manchester, em Macclesfield, um vilarejo num ponto alto afastado da cidade. O lugar era pequeno e perto de pastoreios, o alcance da orla rochosa dos Pennines apenas visível acima da paisagem em ruínas. Ian era mais esperto que a maioria, o que o fazia melancólico e arrogante. Ele lia Burroughs e Ballard. Ele ouvia The Doors e o Velvet Underground. Ele gostava de ostentar que ele não tinha nenhuma intenção de viver após os 25 porque a maioria dos seus ídolos cometeram jovem e trágicas escapadas. Ele se ferrava na escola. Ele se encontrava em problemas habituais. Ele anotava seus pensamentos em cadernos esfarrapados e ingeria toda droga que encontrava e quando ele tinha apenas 14, teve de fazer lavagem estomacal pela primeira vez.
No começo, o nome da banda era Warsaw, após a afiada,esotérica musica "Warszawa" do álbum Low de David Bowie. Eles aumentaram os amplificadores, criavam sem querer musicas e continuaram procurando um baterista para por o chão abaixo de seus pés. No verão de 1977, após algumas poucos testes, eles encontraram Steve Morris. De boa índole e amigável, Steve tinha ido a escola com Ian e lembrava, com a admiração de um jovem, como curtis tinha sido expulso por ingerir xarope para tosse.
A nova turma tocava em enfumaçado, sujo, bares de operários e tocavam mal demais. Para uma banda pós-punk de um vilarejo morto da Inglaterra no final dos anos 70, a carência de habilidade era meramente uma vantagem. Ian não sabia cantar. Morris batia na bateria, Bernard vazia a guitarra gemer e Hook tocava seu baixo como se ele estivesse a ponto de explodir. Eles se empurraram fora do caminho e cada um tocava no centro da música e alguma coisa sobre a luta em busca de atenção trabalhava. Warsaw se tornou Joy Division, nome dado depois que uma mulher judia mantia-se viva para satisfazer os insaciáveis prazeres dos oficiais nazistas durante a guerra. Era uma lembrança da arrogância ,da crueldade e perigosa força e exibição de coragem dos fascistas. Um nome de arregaçar sobrancelhas, pulsos e acusações.
A sombra da guerra ainda grudava-se a Inglaterra firmemente e ate mesmo com uma idade de jovem anarquista e indiferente, os fantasmas estavam em todos os lugares, nas fabricas vazias e abrigos de bombas abandonados e nos assombrados fundo dos olhos de pais e avós. Joy Division em sua ignorância cega e arrogância infantil, escolheu um nome que cuspiria na cara do passado.
Em junho de 1978, uma musica ao vivo, "At a Later Date", fez seu trajeto a coletânea da virgin records, Live at the Eletric Circus, ao lado de The Fall, Steel Pulse e os Buzzcocks. No mesmo mês, abastecidos pelo veneno dos Sex Pistols e o fogo dos Stooges, a banda lançou um EP de 4 musicas, An Ideal for Living. Na musica inicial,"Warsaw", na introdução aguda de Ian ("3,5,0,1,2,5,GO!"), era pela primeira vez um começo de algo. Joy Division estava falando da desordem punk e transformando em um som deles próprios, abandonando todo o bagunçado caos musical em favor da sensibilidade lírica e intensa sensibilidade pop.
A banda adquiriu mais segurança, Bernard orquestrava as melodias, hook e Morris preenchiam os espaços e Ian ouvia com seus bem afinados ouvidos, colhendo preciosidades no meio da barulheira no local de ensaio. O resto da banda seguia sua trilha e ia à direção que ele apontava, não porque eles não queriam nada com aquilo, mas porque eles confiavam nele, porque eles sabiam que ele podia decifrar o que era de melhor do que eles faziam.
Em janeiro de 1978, Joy Division tocou no concurso Stifftest / Chiswick de bandas. A banda havia encontrado seu som ideal. Eles sabiam o que queriam ou pelo menos tinham uma noção, e este inusitável mas concreto desejo que fez Ian Curtis confrontar Tony Wilson numa esquina escurecida : "você é um escroto sacana !" .Por que você não nos colocou na TV ?", ele reclamou .
Foi a maneira certa de conquistar Wilson. O jovem jornalista era um caça talentos e era muito franco. Seu programa de TV "Granada Report" já havia revelado algo de melhor que o mundo podia oferecer : Lou reed e Iggy Pop para iniciantes. Após ver o Joy Division tocar naquela noite, ele adicionou-os para sua já impressionante lista : algumas bandas estão no palco porque querem ser rock stars" , Wilson disse mais tarde. E algumas bandas estão no palco porque elas devem estar." Joy Division era uma dessas bandas".
Também na platéia naquela noite estava um homem chamado Rob Gretton, um industrial, um jovem sujeito organizado que se tornaria eventualmente o empresário tão desejado pelo Joy Division. Por volta da primavera de 1978,sob a orientação de Gretton, a bola começou a rolar . a banda gravou um disco de 11 musicas para a RCA. Eles estrearam no "Granada Reports, tocando o single bastante sinistro "Shadowplay",com um efeito poderoso - Ian no meio de imagens de um documentário sobre a CIA, iluminando atrás da imagem da banda. Eles tocaram no Clube Factory de Wilson e no verão eles abandonaram o projeto RCA, lançando-os nas mãos de Gretton e Wilson lançando a Factory Records. Mais tarde naquele ano, um produtor local chamado Martin Hannet foi emprestado ao Joy Division para gravar 2 novas musicas ("Glass" e "Digital") para a coletânea A Factory Sample.
Hannet era excêntrico, exigente e intuitivo no estúdio, ele via como preencher os espaços vazios devido a falta de experiência da banda, um esqueleto vulnerável. Ele não tinha medo de ousar, e o Joy Division, em parte por causa da carência e em parte por causa da ingenuidade, isto fez ele fazer as coisas do jeito dele. Eles eram um presente para um produtor ,Hannet disse uma vez, "porque eles não tem indicio de hemorragia". Mas aquilo era que a fazia bela. Da falta de experiência do Joy Division veio um tipo de naturalidade que tinham informado seus heróis musicais: reed e os Stooges e previamente os Doors.
"Como pessoas, nós não éramos arrogantes sobre isto", refletia Peter Hook no principio do Joy Division. Nos não realmente entendemos. Éramos muito ingênuos; uma qualidade apagada. Eu acho de alguma forma, era a melhor coisa, o Joy Division não sabia o que estava fazendo. Não era inventado, fabricado mas vinha de nossa alma."
Ian começou a cantar em baixo tom. Um ano mais tarde ele cantaria o sucesso "love will tear us apart" após ouvir Sinatra, prendendo com uma exaustão de improviso que o fazia parecer tanto patético quanto sábio. No refrão ,("Love, love will tear us apart...again") era essa pausa antes de "again"que soava cansativo de verdade, isto quebra você. Como o cure depois deles, o Joy Division sabia transformar dor em prazer, e o ritmo da musica era quase alegre. Era uma musica que você podia se transar, dançar, cortar seus pulsos...
Al letras de Ian eram sobre Manchester, seu aço, fumaça,ferro e vidro : sua marcha lenta, rios poluídos. Eles surgiram do adornado e peso urgentes da história de dias melhores, da melancolia inglesa. Sua linguagem era corajosa, nunca perdida no balanço hipnótico do baixo e da bateria. Não há mergulho no primor com o Joy Division porque a poesia de Ian nos mantia na superfície, pés chutando no calor escuro, mas os olhos arregalados.
No final de 1978, Joy Division tocou em Londres pela primeira vez. Em janeiro de 1979, a banda gravou 4 musicas para o programa na BBC de John Peel. Em março, eles gravaram 5 demos na genetic records, mas como as musicas da RCA, foram eventualmente abandonados (apesar da oferta lucrativa oferecida pelo selo) em favor de trabalhar novamente com Tony Wilson e a Factory.
"É estranho", lembra Wilson, "porque eu não componho música, não canto, não toco guitarra propriamente, não desenho capa de discos, sou um péssimo DJ. Eu tenho um talento particular : sou obcecado em motivar pessoas que são bastante inteligentes. Entusiasmo é o que dou elas".
Wilson também deu liberdade de criação a eles e uma atmosfera de casa noturna. De acordo com Paul Morley, um jornalista de Manchester que segui a carreira da banda de perto, Factory records era "nem era tanto uma gravadora de discos como idéia principal. Uma combinação de vilão, benfeitor, madrasta má, palhaço, amante e irmão."
Wilson juntou novamente a banda com Hannet na primavera de 1979, Joy Division começou a gravar seu álbum de estréia Unknown Pleasures sem nenhum contrato assinado, apenas uma grana para dar o pontapé inicial. Com a Factory dinheiro seria sempre um problema. O fato desagradável era que Wilson e a companhia não tinham absolutamente idéia do que eles estavam fazendo. Mas o Joy Division nunca pareceu se perturbar com isto.
"Não pensávamos que poderíamos fazer daquilo nosso modo de vida", admite Hook. "A grande coisa de fazer parte da Factory records era que você não fazia daquilo um modo de vida longo, longo tempo, embora você fosse independente e vender uma porrada de discos. Eles nos mantinham pobres. Mas trabalhando com a Factory conservava puro, e em retrospecto, eu tenho que dizer que amadureci. Você ver musicos jovens agora fazendo milhões aos 21 e só os muda. Quando as pessoas ficam satisfeitas, tende a mudar as coisas. Nós certamente nunca fomos satisfeitos".
Apesar da dificuldade financeira, a família Factory era unida e leal as falhas. Eles descobriram uns aos outros num desses raros momentos quando as coisas milagrosamente se unem. "Estava acontecendo muito rápido, mas parecia muito devagar naquele tempo", lembra Wilson. "o que eu lembro sobre aquele tempo é que meu parceiro chamava a faculdade de descobrir as coisas por acaso” - a incompetência casual que leva ao acontecimento de coisas prazerosas. Tudo era sempre um desastre e depois mudava maravilhosamente no fim."
A uma distancia , era uma bela dança para assistir, do show dos Pistols ao encontro de Ian com hook, Sumner e Morris vagueando, das ruas para os 4 passeando em encontro a Wilson e ganhando a lealdade de Gretton. Martins Hannet e o jornalista paul Morley existiam no mesmo lugar e tempo, e tudo de alguma forma deu um jeito de todos se encontrarem, faz qualquer um acreditar no destino. E tudo isto em um úmido ambiente de melancolia de Manchester, um lugar cuja essência da criatividade estava mal respirava.
"Manchester naquele tempo era miserável, muito industrial e muito triste", lembra Hook. "Estávamos fazendo musica para tentar escapar daquilo. A coisa engraçada é a seguinte, assim que você melhora, Manchester melhora também. Então foi difícil de escapar disto realmente".
Curtis, em particular, queria o pior que podia haver. “Ele era sempre o nosso guia,” "diz Hook, "o que nos guiava, o que era faminto por sucesso, o que me empurrou, Bernard e Steve nesse caminho".
Mas até mesmo o pequeno sucesso começava a ter seu alto preço nas vidas deles. Ian, sempre o mais frágil emocionalmente dos quatro era particularmente vulnerável. Seu casamento, entrelaçado de uma pobre paixão adolescente e intenção desorientada, estava rapidamente começando a se esclarecer. Ele não era um bom marido. Ele era ciumento, egoísta e confuso. Deborah estava gravida do primeiro filho do casal e ele estava oprimido por um sonho que estava preste a se tornar verdade e a realidade o assustava. Pior de tudo, havia algo se formando dentro dele; uma desagradável escuridão ofuscando na mente dele.
Em dezembro de 1978, no caminho de casa de um show bastante cansativo, Ian Curtis teve seu primeiro ataque epiléptico e levaram-no para o hospital. O seu organismo estava virando-se contra ele. Apesar de usar tranquilizantes fortes, ele continuava a Ter frequentes ataques durante os próximos meses.
Em abril de 1979, sua filha Natalie nasceu. O pai dela parecia esquisito com sua chegada, medroso, na maioria das vezes, devido a seu estado de saúde e o fim do casamento com Deborah. Nem a epilepsia nem o nascimento de nasalei afetaram o progresso da banda, Joy Division havia começado sua jornada de sucesso, que não mostrava sinais de lentidão. Eles continuavam afazer shows e Ian continuava a encher em cadernos com seus rabiscos. Em maio de 1979, Unknown Pleasures foi lançado. O resultado da colaboração entre Factory / Joy Division foi estrondoso, maravilhosamente produzido, uma madura e marcante estréia. A capa assombrosa e acizentada elaborada por peter Saville, enquanto o som do Joy Division estava formado e completamente definido.
Qualquer um podia ver a trilha que a banda tomou e o os lugares que eles passaram. Eles copiaram o ritmo do Nothern Soul de NF Porter "Keep ON Keepin 'On" que inicia Interzone, mas comparada à conhecida veio belamente amalucada. O Joy Division estava num chão jamais pisado e isso era bom. Em "she's lost control", a voz de Ian era profunda, preguiçosa e bela. Tudo por causa dos experimentos que deram certo de som de Hannet e a marcha metálica percussiva e a guitarra encadeada e vítrea, baixo chocante, surge um som com nada parecido no mundo. "Nós não pensávamos sobre isso, divertidamente o suficiente", diz Hook. "Nós não comentávamos sobre as musicas, só as fazíamos. Não tentávamos fabrica-las. Era uma coisa do subconsciente".
O Joy Division surgiu. E apesar da concorrência e competicao, Manchester estava começando a fazer um barulho maior que Londres, formando uma rouca e fértil cena de si própria, com Ian e o Joy Division como sua referencia. "No começo estávamos nos sentido por fora", admite Hook. “A cena era coisa da classe media e pessoal que estava na escola das artes. Não nos sentíamos parte daquilo, para ser honesto. Mas a grande coisa é que quando a musica é boa, ela atravessa todas as barreiras. Tínhamos a força da nossa musica e de repente podíamos fazer qualquer coisa".
O juntou-se aos Buzzcocks numa turnê de 24 dias que os levaram ao Plan K Art Center em Bruxelas, Bélgica. Ian encontrou uma jovem belga chamada Annick Honoré e começou um intenso caso que efetivamente destruiria o que restava do seu casamento. A banda continuou a trabalhar duro, fazendo vários shows, escrevendo novas musicas e em março de 1980,retornou a Londres para gravar seu segundo disco, Closer.
Os ataques de Ian persistiam, entretanto. Em desafio com a revolta de seu organismo, ele começou a fazer mímicas da distorção de raiva da sua epilepsia, no palco, criando uma completa, magnética e maníaca presença.
Em abril de 1980, enquanto abria para os Stranglers, a mímica de Ian tornou-se uma coisa real e ele teve a experiência de ter seu primeiro ataque epiléptico no palco. Uma semana mais tarde, desanimado e com o orgulho ferido devido a sua vulnerabilidade física, Ian tentou suicídio com uma overdose de barbitúricos. Ele foi levado ao hospital e sofreu uma lavagem estomacal pela segunda vez. Esperado no palco na próxima noite, Ian apareceu, mas achava que não podia continuar. Foi rapidamente substituído por seu colega da Factory Simon Topping do A Certain Radio, mas o publico não gostou e gerou um grande tumulto. Nesta época, uma parada era obvio, mas as coisas estavam se movendo tão rápido que ninguém podia para-los.
"Por você ser tão jovem, você não se da conta do que esta acontecendo", diz Hook da tentativa de suicídio de Ian. "Com experiência, você nota quando as pessoas estão com problemas. Mas o que éramos ? garotos de 20 anos de idade, o que precisávamos fazer se existiam médicos e psiquiatras a disposição dele ? você só presume que tudo está ok".
As coisas andavam péssimas na casa de Ian. Deborah pediu divorcio e Ian saiu de casa, foi morar com Bernard, Wilson e depois com os pais. Sua relação com Annick tornou-se tumultuada. Ainda no meio do caos, a banda floresceu. Eles filmaram um vídeo para love will tear us apart e se preparavam para uma turnê nos estados unidos no dia 19 de maio, para fazer o lançamento do Closer. Eles compraram roupas e prepararam seus vistos e esperaram ansiosamente pela chegada do dia 19. Ian estranhamente permanecia calmo. No sábado antes de partir para os estados unidos, ele foi em casa para ver Deborah. Eles conversaram. Eles discutiram. As coisas estavam erradas entre eles, mas deixar estragar tudo que você sabe é mais fácil dizer que fazer. Deborah saiu para passar a noite na casa de seus pais.
O que aconteceu a Ian após ela fechar a porta, só Ian sabe com certeza, mas a qualquer momento daquela noite, ele fez um grande copo de café forte e ouviu The Idiot de Iggy Pop no aparelho de som. Depois algo sombrio, vazio e desesperançado deve ter enchido seu espaço do seu peito de 23 anos de idade, justo quando o sol ia nascer acima dos vermelho-sangue tijolos das casas de Macclesfield, Ian amarrou uma corda ao teto da cozinha, enrolou firmemente ao seu pescoço, subiu bem alto, e caminhou simplesmente em direção ao esquecimento.
Em 27 de maio de 1980, Closer foi lançado e a marca do Joy Division na musica, em Manchester e no mundo tornou-se permanente. Ian conseguiu o que queria : fama, imortalidade e o martírio do rock & roll melodramático. Entretanto se enforcar foi uma reação ao fim do seu casamento, as complicações com seu caso extraconjugal, sua luta contra a epilepsia, ou seu terror de encarar tudo, não é para ninguém saber. Fomos presenteados com sua musica, mas não sua explicação. Deborah escolheu "love will tear us apart" como a inscrição no memorial de Ian e depois de um período de sofrimento, Hook, Sumner e Morris continuaram sem ele.
O trio formou o New Order no fim de 1980, lançando seu primeiro álbum em 1981 pela Factory records. Apesar do sucesso do álbum e o fato que um single de 1983, "Blue Monday", vendeu acima de 3 milhões de cópias em todo o mundo, o New Order continuou a perder dinheiro com o arriscado mas bem intencionado investimento de Tony Wilson na cena da musica de Manchester. Mesmo assim a Factory permaneceu uma parte integra da renascença da cidade.
"A Factory estava lá para a madrugada do punk à morte do acid", lembra Wilson. "Com Manchester, penso como mal podia ter sido - podia Ter sido uma merda. É interessante como tudo veio ao mesmo tempo junto. Eu sempre digo que não há problema, se você faz boa musica e ela é especial, você ira aparecer. Não existem exemplos de 1976, quando isto começou, de um álbum que alguém descobriu 10 anos mais tarde. Sim, talvez apenas uns 100.000 descobriram pela primeira vez, mas não há exemplo de alguma obra-prima ignorada, porque se você tiver, se chegar lá, torna-se público".
Com o passar dos anos, houve brigas, falências, nascimentos,encerramentos, reuniões; até aqui e agora onde a família espalhada espalhada está toda vivendo em uma razoável felicidade desde então. O New Order está gravando um disco novo e planejando uma turnê mundial. Eles estão finalmente ricos e com tanto sucesso quanto suas carreiras mereciam. Factory records e Tony Wilson estão para ser imortalizados em uma longa metragem, 24 Hour Party People, o tipo de pico de vida de gloria reservado aos falecidos. E a triste e melancólica Manchester foi reerguida novamente como a capital da cultura do nordeste da Inglaterra. Ian Curtis, que ajudou a começar tudo, manipulou para perder tudo isso.
Estou certo que ele teve alguns risos lá em cima, sentados em sua nuvem , especula Hook agradando.As pessoas me dizem, 'Como são as coisas sem Ian ?' e a única coisa que posso dizer categoricamente, é que nunca estive sem Ian. Ele sempre fez parte de nossas vidas e penso que ele estaria muito orgulhoso de nós. Eu acho que expor os problemas e estarmos juntos agora após tudo o que passamos, eu acho que nos deu uma nova maneira de encarar a vida".
"Parece que nascemos de novo novamente como Joy Division de alguma forma", continua Hook. "Eu nunca pensei quando eu peguei no baixo pela primeira vez para tocar, que não me livraria dele por tanto tempo, eu não sou orgulhoso dos erros que cometemos. Nos éramos estúpidos e ingênuos, e não me orgulho disso. Mas o certo é que você tem que agradecer suas estrelas da sorte que você pode cometer um erro e se recuperar. O que se deve fazer da vida é gargalhar. Senão você apenas só se lamentaria".
 
Lindo, lindo lindo! :mrgreen:

Po, verdade! o substance é coletanea! album mesmo só o closer(eu tenho q achar pra comprar original! :disgusti: ) e o Unknown Pleasures...

A Niniel falou uma coisa muito importante: a capacidade assustadora de se tornar influencia do joy division apenas com 2 albuns.
Pensem: que classicos vcs conhecem que chegaram a esse nivel com uma quantidade( atente que isso nao tem nada, absolutamente, com a qualidade) pequena de produção?!?!?!? 8O

Por isso Joy division é F*** demais.

P.S: adorei seu avatar Niniel, Bowie rules! :mrgreen:
 
O Gabil quase me bateu por telefone quando eu disse que nunca ouvi nenhuma musica do Joy Division :mrgreen:
Eu vou ouvir ta? :P Mas antes de ler qualquer coisa que postaram aqui, eu quero ouvir musicas.... Mas pelo o que eu lembro que meus amigos me disseram, Joy Division é o puro goticismo nas musicas? :? Eu nao tenho certeza, pro isso me corrijam. Eu devo estar confundindo com outro cara. :oops:
Mas eu vou ouvir! Prometo. E quando ouvir posto aqui o que eu achei. Me deem dicas de musica!
 
Acho q goticismo não, vejo o Joy Division como uma banda de rock'n'roll alternativo, é sombrio em alguns momentos mas não tem aquele estilão 'the cure/bauhaus/echo & the bunnymen'.
 
Não conheço muito o Joy apenas algumas músicas, mas o baixo de Peter Hook é sensacional. O New Order, a banda que o Joy se transformou quando o Ian cometeu suicídio tem canções com texturas eletrônicas muito belas, é um grande grupo, mas sem o tradicional clima depressivo do Joy.
 
Golgo13 disse:
Acho q goticismo não, vejo o Joy Division como uma banda de rock'n'roll alternativo, é sombrio em alguns momentos mas não tem aquele estilão 'the cure/bauhaus/echo & the bunnymen'.

Ao contrario, peguei duas musicas, e achei que tem mó estilo the cure...
 
Litzhel disse:
Golgo13 disse:
Acho q goticismo não, vejo o Joy Division como uma banda de rock'n'roll alternativo, é sombrio em alguns momentos mas não tem aquele estilão 'the cure/bauhaus/echo & the bunnymen'.

Ao contrario, peguei duas musicas, e achei que tem mó estilo the cure...

As linhas de vocal são bem diferentes, e no Joy Division tem bastante destaque para o Baixo.
 
Golgo13 disse:
Litzhel disse:
Golgo13 disse:
Acho q goticismo não, vejo o Joy Division como uma banda de rock'n'roll alternativo, é sombrio em alguns momentos mas não tem aquele estilão 'the cure/bauhaus/echo & the bunnymen'.

Ao contrario, peguei duas musicas, e achei que tem mó estilo the cure...

As linhas de vocal são bem diferentes, e no Joy Division tem bastante destaque para o Baixo.

Bem, eu só ouvi duas musicas né, nao posso opnar com precisao ;) Mas que me lembrou The Cure, me lembrou..
 
Ótimas músicas, mas se tiver oportunidade ouça Transmission, Isolation e Atmosphere, essas são clássicas, em especial Transmission e Atmosphere.

E ainda tem muitas outras boas, mas acho q essas 3 mais as duas q vc já ouviu bastam pro Joy Division te conquistar de vez... :wink:
 

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