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Material chamado grafeno desponta como candidato ao lugar do silício

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CLAUDIO ANGELO
Editor de Ciência
da Folha de S.Paulo

Pergunte ao físico André Geim o que o levou a criar o grafeno, uma nova forma de carbono descoberta há apenas dois anos e que já promete revolucionar a microeletrônica. Sem um pingo de constrangimento, o diretor do Centro de Nanotecnologia da Universidade de Manchester, no Reino Unido, responderá: despeito. Leia mais (21/08/2006 - 09h06)

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Materiais do futuro podem causar uma revolução no mundo tecnológico

Mônica Matsumoto
20/09/2018 04h00
Por: Luiz Gustavo Pimenta Martins

Você provavelmente já deve ter ouvido falar do grafeno. O grafeno é o material mais fino que existe, tendo apenas um átomo de espessura, sendo formado por átomos de carbono fortemente ligados uns aos outros.

O curioso é que mesmo tendo um átomo de espessura é possível enxergá-lo a olho nu (confira a figura abaixo)! Essa é apenas uma, da longa lista de peculiaridades desse material. O grafeno já tem sido utilizado em diversas áreas como em telas touch screen flexíveis, células solares, sequenciamento de DNA, reforço em asas de avião e na dessalinização da água do mar. Ele é também o material mais forte, mais elástico, mais impermeável e o que melhor conduz calor e eletricidade. Essa última característica se deve principalmente ao fato de os elétrons no grafeno se comportarem, sob algumas condições, como se não tivessem massa, assim como os fótons – partículas elementares que compõem a luz- alcançando assim velocidades altíssimas.

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Figura: Monocamada de grafeno (coloração acinzentada) sob um substrato de Teflon. Mesmo absorvendo pouca luz, cerca de 2.3%, ainda assim é possível percebê-lo pelo contraste com o substrato branco. Fonte: Luiz Martins.

Todas essas características do grafeno só podem ser explicadas por meio de uma das teorias mais bem sucedidas da história da ciência: a mecânica quântica. A mecânica quântica se propõe a explicar o comportamento do mundo diminuto dos átomos, moléculas e partículas subatômicas. E ela é a principal ferramenta que os cientistas usam para tentar entender como os elétrons e outras partículas se comportam nos materiais e assim prever quais as propriedades resultantes.

Esse entendimento é essencial para que a gente possa utilizar todas as potencialidades desses materiais, tanto para aplicações tecnológicas quanto para o avanço da fronteira do conhecimento. Por exemplo, desde sua descoberta em 2004, o grafeno tem sido cotado como possível substituto do silício na eletrônica atual. Porém existem alguns entraves para que isso aconteça, e um dos principais é o fato de o grafeno não ter "gap". O gap é uma propriedade de certos materiais, (chamados semicondutores), que nos permite ''ligar'' e ''desligar'' a condutividade elétrica desses materiais. De uma maneira simplificada, ele é a energia que se deve fornecer aos elétrons nos semicondutores para que ele passe de um estado onde corrente elétrica não flui para um estado onde corrente elétrica flui. Isso é importante para podermos criar os valores binários (0-não passa corrente e 1-passa corrente), que são a base da computação, por meio do fornecimento ou não dessa energia extra em dispositivos chamados transistores.

Aí entra a pesquisa básica: fundamentando-se em mecânica quântica, cientistas vêm desenvolvendo mecanismos diferentes de se gerar e controlar o tamanho do gap no grafeno para que ele possa desenvolver todo o seu potencial na indústria eletrônica. Com isso teremos computadores mais rápidos e que consomem energia mais eficientemente.

O grafeno não é o único nessa lista de materiais exóticos, que só vem aumentando. Tomemos como exemplo os metais de transição dicalcogenados (TMDs em inglês). Esses materiais têm uma propriedade bastante interessante, mas antes de explica-la vamos relembrar o conceito de spin. O spin pode ser entendido como o sentido em que o elétron gira, (na verdade não é bem assim, mas vamos lá…). Na imensa maioria dos materiais, os elétrons têm spins aleatórios e em uma corrente elétrica não é possível selecionar elétrons de um determinado spin. No caso dos TMDs, se esses materiais forem iluminados com uma luz circularmente polarizada (em que o campo elétrico da luz gira em um sentido específico), essa luz será absorvida somente por elétrons com um determinado tipo de spin. Em outras palavras, é possível selecionar o spin do elétron apenas usando luz. Lembra do gap? Os TMDs têm gap, e usando essa luz polarizada com a energia do gap podemos gerar uma corrente elétrica, com o diferencial de os elétrons nessa corrente terem todos o mesmo spin. Tal corrente é chamada spin-polarizada, e seu potencial tem sido enormemente explorado em spintrônica, uma área que pretende usar o spin do elétron, além de sua carga, para processar informação. A ideia por trás é que, de acordo com a mecânica quântica, o spin pode estar em uma superposição de estados, e isso pode ser explorado para que a informação seja processada de uma maneira mais eficiente e segura.

Existem ainda os materiais que são previstos por teoria mas ainda não foram descobertos, como é o caso do hidrogênio metálico. O hidrogênio como conhecemos se encontra na forma gasosa, porém sob pressões altíssimas, da ordem da pressão no centro da terra (ainda sim possíveis de se atingir em laboratório!), ele é previsto a se transformar em um metal. E o mais surpreendente: um supercondutor a temperatura ambiente. Um supercondutor é um material em que os elétrons fluem sem nenhuma resistência. Mas isso geralmente requer temperaturas baixíssimas, muitas vezes próximas ao zero absoluto, com poucas aplicações práticas. Um supercondutor a temperatura ambiente iria provocar uma verdadeira revolução tecnológica, com a possibilidade de transmissão de energia praticamente sem perdas. Em janeiro de 2017, pesquisadores de Harvard dizem ter observado a sua formação, porém esse resultado foi bastante contestado na comunidade científica.

A lista de materiais "quânticos" ainda inclui os isolantes topológicos (materiais que são isolantes em seu interior e condutores na superfície), os pontos quânticos (agregados de átomos que se comportam como um só grande átomo) e por aí vai. O entendimento desses materiais e suas possíveis aplicações tecnológicas estão intimamente atrelados a mecânica quântica, e eles têm uma presença cada vez maior no nosso cotidiano.

Sobre o autor: Luiz Gustavo Pimenta Martins é doutorando no Departamento de Física do Massachusetts Institute of Technology (MIT) nos Estados Unidos. Tem graduação em Engenharia Química e mestrado em Física pela UFMG. Sua pesquisa é focada em optoeletrônica de TMDs e descoberta de novos materiais bidimensionais através de altas pressões.
 
Tenho ouvido muito dizerem que isto aí é o futuro, e que será o petróleo do século atual, mas ainda não consigo entender direito como isto pode ser aplicável e massificado sem ser anti-lucrativo...
 
Só o fato de conduzir melhor eletricidade já é boa grande vantagem, mas se vier a substituir o silício nos semicondutores aí que as aplicações se tornarão imensas e mais vantajosas.

Um diodo de silício por exemplo tem queda de tensão entre 0,6V e 0,7V. A princípio parece pouco, mas em altas correntes representa muita perda de potência na forma de calor (Ex: 0,6V x 100A = 60 Watts). Se for possível reduzir esta queda em 10x já fará uma diferença enorme na chamada eletrônica de potência, reduzindo drasticamente o tamanho dos componentes eletrônicos.
 
Só o fato de conduzir melhor eletricidade já é boa grande vantagem, mas se vier a substituir o silício nos semicondutores aí que as aplicações se tornarão imensas e mais vantajosas.

Um diodo de silício por exemplo tem queda de tensão entre 0,6V e 0,7V. A princípio parece pouco, mas em altas correntes representa muita perda de potência na forma de calor (Ex: 0,6V x 100A = 60 Watts). Se for possível reduzir esta queda em 10x já fará uma diferença enorme na chamada eletrônica de potência, reduzindo drasticamente o tamanho dos componentes eletrônicos.

Espera aí, quer dizer que este material permitiria construir motores elétricos e geradores mais eficazes?!!! Uau!! Eu tenho interesse nisto aí, então! Digo isto porque quero criar um super gerador elétrico e patentear, além de uma super bateria e uma super pilha... me inspiro em Elon Musk.
 
Espera aí, quer dizer que este material permitiria construir motores elétricos e geradores mais eficazes?!!! Uau!! Eu tenho interesse nisto aí, então! Digo isto porque quero criar um super gerador elétrico e patentear, além de uma super bateria e uma super pilha... me inspiro em Elon Musk.

Num estágio evolutivo mais avançado sim! :) É um campo de estudo muito bom pra se pesquisar e investir.
 
Num estágio evolutivo mais avançado sim! :) É um campo de estudo muito bom pra se pesquisar e investir.

Sim! Totalmente, e eu quero criar uma empresa inovadora e disruptiva neste setor, com uma rodada de investimento-anjo. Tenho umas teorias para otimizar o funcionamento do dínamo, bobinas e poder de geração energética elétrica... Gostaria de encontrar parcerias para dividir os ônus e bônus de toda esta grandiosa jornada científica-empresarial (industrial e comercial)... :)
 
Sim! Totalmente, e eu quero criar uma empresa inovadora e disruptiva neste setor, com uma rodada de investimento-anjo. Tenho umas teorias para otimizar o funcionamento do dínamo, bobinas e poder de geração energética elétrica... Gostaria de encontrar parcerias para dividir os ônus e bônus de toda esta grandiosa jornada científica-empresarial (industrial e comercial)... :)

Pensar assim me fez lembrar na hora exatamente do grande gênio Nikola Tesla. Um homem a frente do seu próprio tempo e que merecia ter sido bem mais valorizado.
 
Como amante do eletromagnetismo e trabalhar desde os 16 anos com transformadores não preciso nem dizer que ele é o meu maior ídolo da ciência.

Com todo respeito a Newton e Einstein, mas o trabalho de criação e pesquisa científica do Tesla é tão imenso e profundo ou maior do que os deles.
 
Última edição:
Quando fiz o curso de química há uns dois anos atrás, o grafeno já chamava a atenção dos químicos pela abundancia e facilidade de extração, pois é encontrado nos vapores que saem dos minérios de aço sob a forma de fulereno em fornos de alta temperatura.
 
Grafeno aplicado a tecidos pode servir como repelente a pernilongos


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Os mosquitos não são apenas irritantes. Eles podem espalhar doenças e vírus perigosos e, por isso, tem um pessoal estudando como combatê-los. Pesquisadores da Universidade Brown podem ter encontrado um repelente perfeito contra pernilongos: roupas forradas com grafeno.

Como o grafeno é feito

Para quem não está familiarizado, o grafeno é um material feito de apenas uma camada de átomos de carbono dispostos em uma malha hexagonal bidimensional. Ele é leve, mas 100 vezes mais forte do que o aço, e tem sido usado para diversas aplicações: adesivos para monitoramento dos níveis de glicose, pneus de bicicleta com aderência adaptável e até mesmo para ilusões de ótica.

Num artigo publicado nesta segunda-feira (26) na revista Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, pesquisadores da Universidade Brown detalham como tecidos revestidos com óxido de grafeno que estavam sendo desenvolvidos para servir como uma barreira a produtos químicos tóxicos também protegiam as pessoas de ataques de mosquitos de duas maneiras diferentes.
Para começar, descobriu-se que os pernilongos não tinham força o suficiente para que sua probóscide – o apêndice que usam para perfurar a pele e retirar o sangue – realmente penetrasse a fina camada de óxido de grafeno.

O material age como uma espécie de campo de força impenetrável para as picadas, mas também acaba funcionando como um atrativo para os mosquitos, uma vez que os sinais químicos da pele humana ainda passam pelo tecido e alertam os insetos.

Porém, quando os indivíduos desgastaram uma camada fina do tecido protegido com a camada extra do óxido de grafeno, os mosquitos nem chegaram a pousar nas pessoas – mesmo que houvesse trechos de pele exposta, funcionando como um repelente.

Ou seja, ao usar uma roupa com esse material, você nem precisaria se preocupar com o zumbido irritante dos pernilongos perto do seu ouvido.
Apesar dos benefícios, o material não era perfeito. O material com óxido de grafeno utilizado no estudo só repeliu os pernilongos com eficácia quando estava totalmente seco. Se o tecido molhasse, todas as propriedades repelentes iam embora.

Para contornar isso, os pesquisadores descobriram que uma outra forma de óxido de grafeno com conteúdo de oxigênio reduzido era efetivo independe se estivesse seco ou molhado – porém, mudar a composição significava que o material não era mais respirável. Ou seja, você ficaria a salvo dos pernilongos, mas ia se sentir dentro de uma sauna.

Essa é uma grande notícia para quem odeia pernilongos, mas uma notícia ainda melhor sob o ponto de vista da saúde global. A Organização Mundial de Saúde estima que “milhões de mortes a cada ano” são causadas por mosquitos que espalham uma variedade de doenças aos seres humanos.
O próximo passo para o time de pesquisadores é encontrar uma maneira de estabilizar a camada protetora do óxido de grafeno regular para que ele seja resistente a todas as condições – esteja seco ou molhado – e seja confortável de se vestir. Se conseguirem isso, será o paraíso para quem curte trilhas e acampamentos.
 

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