A história é fofa, mas o contexto me interessou muito mais do que o drama das protagonistas.
O ponto alto do episódio pra mim foi o que fizeram com a tecnologia. Achei bem legal que a tecnologia considerasse o alívio de pessoas em sofrimento, porque até então as tecnologias estavam centradas em geral no bem-estar/controle social, apesar dos resultados nefastos (
mesmo o White Bear [S01E02] tinha muito mais tendência a gerar bem-estar nas pessoas que faziam justiça com as próprias mãos do que em fazer justiça propriamente dita). Aquele sistema era um tipo de opióide digital do bem, rs. Mas quando veio a informação de que San Junipero era na verdade um Paraíso feito por mãos humanas, fiquei muito intrigada e comecei a ver o episódio de outra forma. Fazer do Paraíso um tipo de Ibiza é tão... raso. Eu sei que havia outras cidades, que a menina entrou em coma ainda sendo adolescente e tal, mas... Pra mim deu mais inquietação do que sossego. Então o paraíso é isso, hedonismo intenso até o colapso dos sentidos? Não me espantaria se em dois tempos San Junipero se tornasse uma carnificina onde você nem sequer consegue morrer pra se livrar dela. O fato desse tal paraíso ser artificial também me deixou com um amargo na boca. Desconsiderando
como o paraíso poderia/deveria ser, tê-lo artificialmente me parece ser a alienação mor da realidade. Primeiro, pq o fato de digitalizem sua consciência, por assim dizer, não seria garantia de que
você de fato migraria para o digital ao morrer - e se o episódio propõe o oposto, deveria ser mais eficaz em me convencer disso, pq não teve verossimilhança suficiente. Segundo, se não há garantia de q
você migre para o paraíso digital, você estaria conscientemente se autoiludindo, o que é bem deprimente. Terceiro: quem garante que as gerações futuras vão se dar ao trabalho de manter os servidores ligados? Que paraíso frágil... Ok, agora eu paro pra não ser chata. Espero não ter estragado o episódio pra vc