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Os Dez Mandamentos (2016)

Sentinela

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OS DEZ MANDAMENTOS - O FILME
DIREÇÃO
Alexandre Avancini
ELENCO Guilherme Winter, Camila Rodrigues, Sérgio Marone
PRODUÇÃO Brasil, 2015, 12 anos
QUANDO em cartaz


Como cinema, Os Dez Mandamentos é um fracasso completo

Quando criança, eu costumava assistir a filmes da coleção de Super 8 de um amigo. Eram títulos incríveis, como Guerra nas Estrelas, Tubarão e Superman – O Filme. Cada filme, porém, era editado para se encaixar em 16 minutos, tempo máximo de projeção no formato. Claro que coerência narrativa, desenvolvimento de personagens e entendimento geral da trama iam para o espaço, sobrando uma coleção de melhores momentos, como um trailer estendido de algo que, em sua concepção original, poderia ser uma experiência completa. Assistir a Os Dez Mandamentos no cinema remeteu imediatamente ao projetor de Super 8. Com suas quase 300 horas criadas para um folhetim televisivo editadas em duas horas de cinema, o épico bíblico é um suspiro do que poderia ter sido com planejamento, respeito e visão.

Como cinema, porém, Os Dez Mandamentos é um desastre absoluto.

É preciso, claro, dar um passo para trás e esquecer toda a engrenagem em torno da qual o projeto foi construído. Sendo primariamente mais um produto bíblico da Rede Record, que por sua vez pertence à Igreja Universal, Os Dez Mandamentos estreou na TV e foi um sucesso. Merecido, diga-se. Apesar de uma certa pobreza visual e da inadequação de elenco e cenários (a trama se passa num Egito Antigo onde todos são caucasianos e usam rímel), a história de Moisés e sua luta para libertar o povo hebreu da escravidão no Egito ganhou, na telinha, maior projeção e valores de produção que, apesar de longe da perfeição, quebraram um cenário dominado pelas novelas produzidas em série e sem muita novidade pela Globo. Fez barulho, deu audiência e, apesar da barriga quando a trama foi espichada para tentar manter seus números no alto, criou um novo núcleo de dramaturgia na Record – mesmo que a fonte das histórias seja, com o tempo, limitada.

Continua:
Mas cinema é um animal diferente. Um filme precisa de personagens bem definidos, uma âncora que conduza a plateia pela trama. Claro que, em Os Dez Mandamentos, esta figura é Moisés (interpretado com esforço por Guilherme Winter). Mas a versão para cinema em nenhum momento se preocupa em desenvolver sua jornada, sua descoberta que, apesar de viver no luxo do palácio, ele é filho de escravos e tem um destino a cumprir. Em poucos minutos seu passado é revelado a ele, sua família é redescoberta e, de imediato, ele abraça sua missão divina. Os realizadores obviamente contam com a familiaridade do público com a história – recontada centenas de vezes em todas as mídias – para preencher as lacunas. Mas um filme precisa funcionar como entidade hermética, e a falta de cuidado com seu protagonista é apenas a ponta do iceberg dos problemas.

A montagem segue histérica de ponta a ponta, com nenhuma cena tendo chance de respirar antes de mais um corte abrupto. As sequências das pragas do Egito são um bom exemplo. Não vemos a tragédia do povo opressor causada pela força divina: o que sobra em Os Dez Mandamentos é Moisés avisando o faraó Ramsés (Sérgio Marone, alternando voz aveludada e gritos de fúria… e só) de cada praga, retornando segundos depois para falar da seguinte. É como um videogame em que o chefe da fase anuncia seu ataque. Ramsés, por sinal, é outra vítima da edição picotada. Ele passa de melhor-amigo-quase-irmão de Moisés a déspota sangrento e intolerante sem o filme dar nenhum contexto do gatilho para as mudanças.

Personagens aparentemente de peso surgem e desaparecem com uma frase, nacos inteiros da jornada do protagonista viram pó. Para dar algum sentido, Os Dez Mandamentos sofre com uma narração incômoda. A trilha, que poderia ajudar a compor a narrativa, é barulhenta e inadequada. Deus, que felizmente é retratado como a divindade furiosa e vingativa do Velho Testamento, conversa com seu profeta com a voz do Cid Moreira em uma opmpa que causa constrangimento. E Moisés, em vez de conversar com qualquer outro personagem, parece proferir um discurso sempre que move os lábios, como se estivesse em constante pregação.

A história do êxodo bíblico é um dos contos mais belos que existe, uma saga de tragédia e triunfo, de violência e fé. O cinema já retratou a mesma história de forma definitiva em 1956, quando Cecil B. DeMille fez o seu Os Dez Mandamentos, com Charlton Heston, Yul Brynner e cenas de tamanha beleza que parecem uma pintura – por sinal, é sintomático a abertura do Mar Vermelho de um filme que completa seis décadas ser mais crível do que uma produção ainda cheirando a tinta. Príncipe do Egito, animação de 1998, conseguiu traduzir a mesma história em um formato “para toda a família'' coerente do começo ao fim. Até uma escorregada do mestre Ridley Scott, Êxodo: Deuses e Reis, de 2014, emprestou reverência, realismo e, acima de tudo, uma visão clara da saga que estava retratando.

Todos são filmes superiores, por léguas, à versão da Record. O público parece concordar. Apesar de alardear bilhetes esgotados e uma estreia napoleônica, eu assisti ao filme em um dos mais movimentados shoppings de São Paulo na noite da sexta-feira, em pleno fim de semana de estreia. Com folga, já que não havia nem um terço de lotação. Ao fim da projeção, um único entusiasta tentou puxar aplausos, mas logo se recolheu timidamente. É o provável destino de um projeto apressado que joga fora a oportunidade de recontar, com nossa visão de pátria devota (não importa sua crença), uma bela história.

Fonte: http://robertosadovski.blogosfera.u...ma-os-dez-mandamentos-e-um-fracasso-completo/

Outra crítica: Título do filme deveria ser 'Os Dez Mandamentos - O Pesadelo'
 
Eles usaram cenas da novela e acrescentaram novas?
Parece que são poucas novas, a maioria são as das novela mesmo.

El Pais disse:
Como atrativo, a campanha de marketing de Os Dez Mandamentos - O Filme fala em cenas adicionais (que enlaçam a segunda temporada da televisão, que vem aí, em 60 capítulos a partir de março). Mas só o mar Vermelho dividido em dois no telão salva. Ou talvez nem isso.

http://brasil.elpais.com/brasil/2016/01/28/cultura/1453938129_062179.html

Estou tentado a assistir esse filme só pra dar umas risadas.
 
Última edição:
Uma das coisas que mais ouvi a respeito (se é fato ou boato o tempo dirá depois) é de alguns pastores terem feito uma grande compra antecipada de ingressos, dando a impressão que o filme despertou um enorme interesse e foi sucesso de bilheteria, mas as salas em nenhum momento estiveram completamente cheias.
 
acho que é verdade @Fúria da cidade , eu vi fotos de salas bem vazias mas todos os ingressos tinham sido vendidos.
Só não sabia que tinha sido os pastores que tinham comprado.
 
Eu não assisti a novela, apenas alguns trechos enquanto minha mãe assistia.
Não posso falar de enredo, mas posso falar de qualidade técnica e artística.

A verdade é que os cenários, a maquiagem, o figurino e as atuações, não convencem nem um pouco. Não convencem nada. Nadinha!
Todos (desde o faraó até o mais pobre escravo) são impecavelmente limpos, usando roupas bem lavadas, alvejadas, engomadas e brancas como a neve recém caída.
Alguns objetos de cena (como facas, espadas, escudos, móveis) são mal produzidos e não refletem em nada a realidade de 5 mil anos atrás.
As ruas das cidades são impecavelmente limpas, assim como as casas e palácios.
É como se fosse uma novela do Manoel Carlos, mas passada no Egito Antigo.

Mas há um mérito (e não é só dessa novela): o fato da Record vir fugindo do tradicional novelesco brasileiro (que retrata a classe média do Rio-SP ou história de época do período colonial-imperial brasileiro) e produzindo temas totalmente novos na TV nacional. "A História de Ester", "Sansão e Dalila", "Rei Davi", "José do Egito", "Milagres de Jesus" e agora "Os Dez Mandamentos" são produções que (mesmo não sendo do meu gostos e, particularmente, achando ridículas) estão injetando um novo gás na programação nacional, fazendo com que as concorrentes revejam conceitos e criando um novo público, específico desse tipo de conteúdo. E isso é muito bom pra TV aberta do Brasil.

Agora vamos aos problemas do filme que vão além do que está na tela: falcatrua e lavagem de dinheiro.

A IURD fez uma campanha gigantesca sobre o filme, convocando seus fiéis a irem assistir. Mais que isso, ela cobrou doações, para que se pudesse pagar ingressos aos necessitados que não poderiam comprar e assim ver as cenas inéditas no cinema. E os fiéis pagaram, óbvio.
Apenas no Recife, um único pastor comprou 22 mil ingressos com dinheiro de doação.
Ao todo, foram 3 milhões de ingressos vendidos.
A Record noticiou que era o maior sucesso de bilheteria da História do Brasil, que estava batendo todos os recordes do cinema e seria a maior bilheteria do ano.
A IURD realmente comprou muitos ingressos e os colocou à disposição de seus fiéis, totalmente gratuitos. Nem assim o pessoal quis ir ver o filme no cinema. Resultado: ingressos esgotados e salas vazias em diversos cinemas do país.

O que eu acho disso? Edir Macedo lavou dinheiro na frente do país todo, esfregou o dinheiro lavado na cara de todos e saiu dando risada.
Ele pede doações para comprar ingressos. O povo doa milhões e ele repassa tudo às suas empresas através da compra de ingressos de um filme que não teve custo nenhum de produção e que já havia lucrado tudo o que tinha de lucrar com publicidade televisiva durante a novela.

É o milagre da legalização do dinheiro sujo. Amém!
 
Resumo da ópera: tem tudo pra ser o maior campeão de bilheteria com público fantasma do cinema brasileiro de todos os tempos!
 
Não vai ser o campeão de bilheteria, mas com certeza será a maior estreia do ano.

Eu vi uma notícia de que nem o elenco sabia dessa história de filme. Não havia nada planejado no início das filmagens e só bem próximo ao final começaram a noticiar que haveria um filme.
 
Fui dar uma olhada no app do ingresso.com a sessão das 18:00 de amanha no maior cinema do bairro e tá lotado, só com uns poucos assentos vagos nas duas primeiras fileiras... Vontade de ir só pra ver o troço todo vazio :dente: tá amarrado, nem de graça eu vou ao maior festival de vergonha alheia da história desse país

(e o filme aparece em primeiro lugar nos "filmes em destaque" no app :rolleyes: )
 
Não vai ser o campeão de bilheteria, mas com certeza será a maior estreia do ano.

Eu vi uma notícia de que nem o elenco sabia dessa história de filme. Não havia nada planejado no início das filmagens e só bem próximo ao final começaram a noticiar que haveria um filme.


Aí eu faço aquela pergunta? Vai rolar os direitos de imagem pela exploração da obra nos cinemas?
:squid::squid::squid:
 
Aí eu faço aquela pergunta? Vai rolar os direitos de imagem pela exploração da obra nos cinemas?
:squid::squid::squid:

Boa pergunta. Até o diretor da novela achou estranho essa ideia do filme. Sei lá, vai que eles assinaram um contrato em que isso tá bem vago?
 

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